Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

Harry Styles POV`s

A garota chamada June se ofereceu para cuidar de Hachi enquanto eu e os meninos íamos pra casa de Zayn. Claro que fiquei muito feliz e lhe agradeci ; sabia que agora Hachiko estava em boas mãos.Fomos correndo pra casa de Zayn, apesar de ser Liam quem estava dirigindo e assim que abrimos a porta, o clima de tensão nos atingiu. Um homem estava sentado no sofá, e eu logo adivinhei que devia ser o pai de Cath, apesar de nunca ter realmente visto ele direito. Zayn e Perrie estavam logo no outro sofá, o encarando irritados. Liam me empurrou e eu passei da soleira da porta, sentindo o olhar de Zayn e Perrie em mim.

–Sabia que viria, Harry Styles – ele disse com a voz rouca e então virou a cabeça em minha direção e um flashback imediato tomou conta da minha mente. Ele era o homem que entrara na igreja, no dia do velório de Ally, e dissera pra Kelly que era uma pena que ele não podia ter sido seu pai. Falando em Kelly, ela vinha descendo as escadas tranquilamente quando o viu também e reprimiu um grito. Perrie foi ajudá-la a se sentar.

–O que você fez com Cath? – perguntei e todos se sentaram ainda mais na ponta do sofá para poder ouvir. Ele revirou os olhos.

–Tudo que fiz foi para sua proteção...Mas eles nos acharam. Ela estava segura quando estava comigo!

–Onde ela está? – perguntei já confuso.

–Foi seqüestrada.

–Ahn? – dissemos praticamente todos juntos.

Ele revirou os olhos, como se fossemos idiotas.

–Eu a tinha levado antes...Mas ela estava segura comigo. Estávamos em uma casa, comida, bebida, tudo...Mas Catheryne fugiu. E então foi seqüestrada. – ele tirou um bilhete sujo dobrado de maneira desajeitada. – Recebi um ultimato hoje. Não diz exatamente muita coisa, mas informa a quantia que eles querem pra soltar Catheryne.

–Quanto é? – perguntei estendo a mão para o bilhete – É bastante dinheiro.

A quantia, que agora eu via no bilhete, era realmente imensa. Não imaginava que alguém podia fumar tanto assim...Não sabia se tinha esse dinheiro, bom, devia ter, mas faliria se desse tudo.

–Quer que a gente pague? – passei o papel pra Liam, que passou pra Josh,que passou para Niall, que passou pra Zayn que olhou junto a Perrie e entregou para Kelly. Todos ficaram um tanto boquiabertos com o valor.

–Não dá pra pagar isso! – Zayn protestou.

–Não quero que vocês paguem – ele disse calando todos nós.

–Então porque está nos mostrando isso?

–Tem uma pessoa que eu sei que poderia pagar isso... – os olhos cinzentos se fixaram em mim – Não sei se ela estenderia a mão pra essa filha em particular, mas...Nada custa tentar. Imagino que vocês conheçam a mãe de Catheryne.

–Como? – cocei a cabeça – Se nem ela mesma conhece?

–Ela ajudou sua banda, pelo que sei. Li em um jornal na França e achei que valeria a pena vir aqui para pedir seu telefone. Catheryne é sua filha, mas é minha. Não imagino o porquê ela a ajudaria, mas como disse : não custa nada tentar.

Todos pensamos juntos que mulher tinha ajudado nossa banda, mas Perrie se rendeu primeiro e perguntou curiosa.

–Quem é a mãe de Catheryne?

–Amanda Cunha, claro. – ele disse como se fosse obvio e Kelly passou mal.

–Minha mãe?!

Ele olhou para Kelly e lhe dirigiu um sorriso assustador. Kelly se levantou do sofá indignada.

–Não, não, não, não e não! Ela não é minha irmã! – a maneira como ela disse “ela” foi de extremo desprezo. E não pude deixar de achar engraçado. Se Cath estivesse aqui, ia rir da reação da “Barbie”.

–É claro que é. – ele disse com a voz ainda mais rouca e fraca.

–Não! Tem diferenças! Ela não pode ser minha irmã, ter o mesmo sangue que eu...Eu não admito isso! É absurdo! É ridículo. É mentira – ela apontou o dedo com a unha pontudo na direção do homem. Kelly tinha 16, mas no momento parecia uma criança de 10 anos. – Você está tentando roubar dinheiro da minha mãe. Não vou permitir. – e começou a bater os pés repetidas vezes – A família Cunha está fora. Catheryne é Dawson não é? Não faz parte legalmente da minha família, então não pode ser minha irmã. Não é nada minha!

O pai de Catheryne, se levantou. Parecia um tanto nervoso e um pouco aliviado de realmente não ser pai dela, vai saber.

–Me diga uma coisa, Kelly : você amava Ally?

Ela pensou por um momento. Dá pra acreditar?

–Claro.

–Bom, Catheryne tinha problemas cardíacos e precisou de um transplante...Tinha um coração designado especialmente pra ela,pela sua mãe. O coração de Ally.

Kelly ficou sem reação. Na verdade, todos nós ficamos. Eu não sabia o que dizer, senti as mãos tremerem e as coloquei rapidamente dentro do bolso do casaco. O dia hoje estava cheio de surpresas desagradáveis, pensei comigo mesmo. Acho que conhecer June foi a única coisa boa que me aconteceu nesses últimos dias; não sei ao exato porque, mas ela era como uma chama num túnel escuro, uma esperança que eu tinha de que tudo tivesse um final feliz, para todos. Mas no momento, essa chama ameaçava cada vez mais se apagar.

–O coração de Ally? – repeti engasgando nas palavras. Era como se tivesse areia em minha boca.

–Sim – Charlie assentiu – Lembro-me perfeitamente bem do dia da cirurgia.

“Catheryne estava nervosa. Eu fingia não me importar. Estávamos ambos sentados lado a lado nas cadeiras brancas de espera do hospital quando a enfermeira chamou seu nome. Foram os preparativos enquanto eu somente observava. Assim que ela se deitou, Connor, seu amigo, chegou e disse que ficaria tudo bem; era tudo que eu gostaria de fazer. A cirurgia seria um processo arriscado,e o coração já estava pronto pra ser colocado em seu peito. Eu sabia de quem era aquele coração e vê-lo ali e ainda mais senti-lo, era algo como uma sensação de frio no estomago. Catheryne tremia enquanto lhe aplicavam as seringas com medicamentos que logo a fizeram dormir. Depois, foi uma confusão na sala de cirurgia. Eu olhava tudo da cabine que tinha logo acima da sala” pausa para ele suspirar “Algo havia dado errado. Catheryne estava em perigo. O barulho das máquinas...Era insuportável. Todos trabalhavam sobre muita pressão, ela poderia morrer a qualquer instante. O aparelho que media os batimentos enlouquecia e depois se arrastava. Connor entrou na sala de cirurgia pra acalmar Catheryne, pois a morfina tinha parado de fazer efeito. A dor...Imagino que era insuportável, pois ela gritava tanto...Mas depois de alguns minutos, tudo deu certo e Catheryne adormeceu novamente, sedada. A cirurgia foi um sucesso e todos comemoravam. Connor ficou ao lado de Catheryne o tempo todo, zelando por ela. Quando ela acordou no dia seguinte fraca, mas sorridente, era Connor quem estava ao seu lado, lhe dando um sorriso encorajador que fez com que ela ficasse ainda mais feliz. Enfim, naquele dia algo havia mudado em Catheryne, mesmo que invisível por fora, mas naquele momento... Ela tinha estado mais próxima da irmã do que nunca...Esse coração...Era de Ally Cunha, sua irmã”

Eu não sei qual era minha expressão ; mas imaginava que fosse bem ruim. E esse tal Connor aparecendo tanto na história tinha me irritado um pouco. Mas eu ainda estava muito confuso. Era muita coisa para absorver. Imaginava como estava a mente de Kelly e pensei que não estaria nada boa. Ela estava com o rosto brilhando de lágrimas, e uma careta. Ela arrumou os cabelos a fim de esconder o rosto e percebi que Perrie fazia o mesmo. Zayn confortou ela e Liam,Josh e Niall continuavam boquiabertos. Por puro instinto, ou talvez eu mesmo soubesse que tinha alguma importância, comecei a balançar o colar que Ally havia me dado entre os dedos. Charlie o olhou durante um bom tempo, depois assentiu.

–Ally deve ter lhe dado, não?

Olhei para o colar delicado.

–Foi – assenti e ele balançou a cabeça.

–Devia ter imaginado. Devo lhe perguntar, claro, se sabe qual a história desse colar.

Repassei tudo que acontecera no dia em que Ally me dera esse colar, mas não havia nada. Ela não contara história alguma sobre ele.

–Catheryne tem um igual – falei por fim – Mas não sei o que significa.

–Não – ele suspirou – É claro que não. Nem Catheryne sabe.

–Me conte. – falei.

“Quando conheci Amanda, foi...Digamos, amor a primeira vista. Ela era uma menina simples como qualquer outra, era animada e divertida...Algo que a tornava singular das demais. Amanda sempre teve um jeito um pouco diferente...Ela, da pra perceber, era latina e tinha um pouco disso na maneira que falava, mas imagino que não fale mais assim” concordamos e ele assentiu, continuando a história “Eu a convidei pra sair e Amanda aceitou. Fomos a um parque de diversões e foi incrível ; demos nosso primeiro beijo.” Kelly não parecia nada a vontade com a história. Imagino que ouvir alguém falar de como xavecou sua mãe quando adolescente não deve ser algo agradável “Saímos juntos nos três anos que se seguiram e Amanda sempre conseguia me surpreender. Mas a maior surpresa aconteceu quando ela descobriu que estava grávida. A mãe de Amanda não era uma mulher tão espontânea e doce quanto ela. Pra ser sincero, ela chegava a ser perversa. E por isso, nunca a visitávamos. Enfim, quando descobriu a gravidez da filha mais nova, a expulsou de casa...E foi nesse ano que a tia dela adoeceu. Sabíamos que receberíamos a herança e achamos que seria fácil viver. Mas as brigas...Bom, elas acabaram com a relação pouco a pouco. Quando as meninas nasceram...Aquilo foi praticamente uma sentença de morte para nós ; nasceram prematuras, com apenas sete meses, e ambas eram doentes. Catheryne tinha problemas no coração e Ally poderia desenvolver problemas no cérebro. Amanda ficou semanas internadas e as meninas também. O medico disse que seria cruel deixar que vivessem até a idade adulta, e nós sofremos muito e não conseguimos tomar uma decisão que parecia muito simples na época : desligar os aparelhos. Mas depois de um mês internadas, o médico disse que talvez tivesse uma esperança e elas já não apresentavam tantos problemas como antes. Foi um momento feliz. Não tínhamos palavras pra descrever nossa alegria. O médico disse que jamais vira gêmeas tão lindas e lhe deu esse colar, que era o símbolo da esperança que todos colocávamos nas duas. Quando uma morresse, poderia salvar a outra...Restava ver quem era a primeira; e a idéia nunca nos agradou. Os colares, algum tempo depois, fomos saber sua história. Tinham pertencido a duas garotas que eram irmãs, mas jamais tinham se visto. Elas se conheceram um mês antes de uma delas morrer. E a outra a esperava voltar. E ela não voltou. Então ela morreu de saudades” Arregalei os olhos. Essa história me era familiar. Mas por que diabos eu a ouvi na versão de peixinhos? “Não esperávamos que isso acontecesse com Catheryne e Ally, mas foi o que destino quis. Quando elas tinham três anos, eu e Amanda tivemos a maior briga de nossa vida...Se diz que nunca se escolhe um filho favorito, mas nós escolhemos. Mesmo antes das brigas começarem a aflorar em casa, eu ficava com Catheryne e ela com Ally, era esse o combinado. E eu não podia sequer tocar em Ally. Mas brigamos e eu trouxe Catheryne embora. Ela viveu com problemas durante muitos anos. Ela morria de saudades da irmã, mas Ally não estava ali, e eu jurei que ela jamais a veria de novo. O colar fez uma queimadura, certo dia, no pescoço de Catheryne. Ela não sabia o que tinha acontecido. Mas eu sim. Ally havia morrido. Os médicos disseram que a queimadura fora causado por excesso de sol. Besteira, na minha opinião. Chame de magia, loucura ou do que quiser, mas aquilo era um aviso. Ally tinha partido.”

Estávamos em choque novamente. Eu nunca ouvira falar de algo assim, mas ele parecia completamente sincero em relação a historia e eu só pude concordar com a cabeça, mas Kelly balançava a cabeça e abraçava os joelhos, desesperada.

–Eu quero a minha mãe! – ela falou e Perrie foi se sentar ao lado dela, murmurando algo em seu ouvido – Não, não quero esperar. Quero a minha mãe, já!

–Eu tentei – Perrie murmurou se sentando ao lado de Zayn, que lhe deu um beijo no topo da cabeça.

–Claro que tentou – falou – Mas ninguém ia conseguir. Relaxe.

Pulando essa parte fofa da conversa, vamos a minha parte de confusão.

–Então quer dizer que você é pai da Ally também? Elas são irmãs gêmeas e a Catheryne agora tem o coração da Ally?

–Exatamente – Charlie respondeu, me encarando com os penetrantes olhos cinzas, que me fizeram desviar o olhar para um espelho (estamos na casa do Zayn. Aqui tem milhares de espelhos) e ver como meu rosto estava horrível. Eu estava assustado, mas isso não devia chegar aos pés do que eu realmente sentia. Acho que era confusão. Talvez um deus louco tenha me pegado enquanto eu dormia e me balançado até ter formado essa confusão em minha mente. Minha cabeça doía como se meu cérebro tivesse virado lama de tanto pensar.

–Mas...Não devia ter contado isso. Vira um problema maior ainda do que já é.

–Então quer dizer que... – Liam começou, mas eu levantei a mão, o fazendo se calar.

–Vamos nos focar no que é importante, por favor? Cath foi seqüestrada e temos essa fiança enorme para pagar. Como vamos fazer isso?

–Amanda – Charlie murmurou – Esse dinheiro sequer lhe faria falta.

Kelly levantou a cabeça.

–Perfeito. Perfeito! Vocês vão tirar dinheiro da minha mãe pra salvar a rainha da lixeira! – disse indignada e Josh foi rapidamente se sentar ao lado dela e lhe dizer algo. Ela soluçou uma vez e desistiu de falar o quer que fosse, deitando a cabeça no peito do namorado.

Todos voltamos a atenção para a conversa.

–Então, se salvarmos Catheryne poderemos resolver tudo isso...

–Mas primeiro, Amanda precisa concordar em vir até aqui – Liam lembrou.

–Ela não viria – Kelly avisou – Ela nunca vem. Prefere morrer do que chegar perto de Londres.

–Se ela não vier...Ela desligaria o telefone se começássemos a falar sobre isso...Quando Catheryne estava quase morrendo, muitas vezes desligava assim que ouvia minha voz...

–A outra filha dela também estava morrendo – lembrei.

–Não importa. Precisamos que ela venha até aqui. Somente assim poderemos convencê-la – Liam murmurou.

–Só vejo um motivo pra Amanda vir pra Londres – murmurei e cabeça por cabeça, todos se viraram para Kelly, que percebeu todos os olhares, inclusive o de Josh, em seu rosto.

–Vocês só podem estar de brincadeira – ela murmurou.