Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

Eu achei que nada mais me surpreenderia, mas quando Liam falou que o pai de Catheryne tinha acabado de morrer, eu já pensava em responder algo como “Sim, e eu sou Zeus”, mas a única coisa que saiu foi um “Hã...ok”.
-Não acredito – Liam murmurava – Ele não era assim tão velho...Digo, é que....Não era umas das pessoas que precisava se preocupar com fim do mundo, porque sabia que ia morrer, mas...
-Liam, cale a boca. – falei – O que mais Logan falou?
-Bom, acho que vão levar o corpo pra Londres, algo assim – Liam disse assustado – E que...Bom, disse que...Não, foi só isso, eu acho.
Forcei meu rosto a continuar sem expressão, mas era difícil. Eu sentia uma estranha vontade de chorar. E eu não tinha idéia do por que. Era quase como se eu tivesse um laço emocional com uma pessoa que nunca chegara a conhecer. De que maneira eu podia ser conectada a ele? Era impossível.
-Acho que devíamos contar para o Harry – Liam murmurou e eu assenti.
-Você conta pra ele. Eu conto para Zayn, Niall e Louis.
Liam e eu fomos para direções opostas no corredor. Bati na porta de Niall e não obtive resposta;abri assim mesmo e encontrei o irlandês loiro tirando uma soneca.
Bati em seus ombros diversas vezes até finalmente conseguir acordá-lo. Niall olhou surpreso pra mim e esfregou os olhos, como se eu fosse uma miragem. Depois piscou diversas vezes, como se esperasse que tudo fosse um sonho.
-Oi? – ele perguntou finalmente convencido de que estava acordado.
-Hm, tenho que te contar uma coisa – falei e Niall entendeu a importância e imediatamente se colocou sentado.
-Pode dizer.
Suspirei e contei que o pai de Catheryne tinha acabado de morrer. Niall ficou de boca aberta e correu imediatamente pelo celular. Ele discou algum numero e ficou esperando, mas aparentemente ninguém atendeu. 
-Ela não atende. – Niall jogou o celular longe.
-Claro que não. Ela deve estar de luto – conjecturei e Niall assentiu, colocando o travesseiro no rosto.
-Não acredito! Pobre Catheryne! Já sofreu tanto pelo pai pra ter que sofrer mais – ele murmurou com a voz abafada pelo travesseiro.
-Hm – murmurei apenas e Niall tirou o travesseiro do rosto e se sentou na cama, para poder me fitar com os intensos olhos azuis. – Que foi?
-Você não gosta da Catheryne, não é?
Pensei em várias respostas, coisas como tipo “é claro que não, seu retardado” ou “ela é uma idiota. Eu me pergunto é como alguém pode gostar dela”, mas o que acabou saindo foi um :
-Pfff, por favor, de onde tirou essa idéia? 
Niall não mudou sua expressão; eu não tinha convencido o irlandês, afinal.
-Ok, não gosto nem um pouco dela. – admiti.
Niall deu um sorriso sincero.
-Obrigada por dizer a verdade, isso é importante. – Niall respondeu – Mas, por que você não gosta dela?
Suspirei. Agora que meu melhor amigo estava a fim de mim, eu realmente não podia mais contar com ele para conversas sobre meus sentimentos no momento, o que era realmente duro, porque eu tinha que ficar guardando tudo para mim. Mas Niall parecia uma pessoa legal e eu tinha certeza de que podia confiar nele. 
-Sei lá...Tem tanta coisa, Niall...Mas não é hora pra isso – falei séria – Onde estão Louis e Zayn?
-Quer mesmo ver Louis? Eu posso avisar, sem problemas – Niall se ofereceu e eu lhe dei um sorriso. Era tão fácil conversar com ele.
-E Zayn? – questionei.
-Também aviso – Niall deu de ombros, engolindo um bocejo.
-Obrigada – dei-lhe um beijo na bochecha e sai, observando suas orelhas ficarem vermelhas e seu rubor.
[...]
Quando estava a um passo de entrar no quarto de Liam, escutei vozes ali dentro e hesitei. Ele estava contando para Harry. Ergui a mão para bater na porta.
-Tenho que ir ver Catheryne – ouvi a voz de Harry dizer.
Suspirei e deixei a mão cair, virando e me dirigindo automaticamente para meu quarto escuro. Fui me jogar na cama, mas para minha surpresa, já havia alguém lá.
-Louis! – sufoquei um grito, observando seus olhos azuis confusos. – O que pensa que está fazendo aqui?
-Vim pedir desculpas – ele disse inocentemente. Imediatamente senti-me culpada por ter gritado com ele. Acho que quem deveria pedir desculpas agora sou eu.
-Certo – foi a única coisa que disse – Obrigada. Desculpado. Desculpas também. – despejei tudo de uma vez e ele assentiu.
-Certo...Hm, Niall me contou o que aconteceu e... – lhe lancei um olhar severo.
-Sério? O que isso tem a ver com a gente? Digo, é o pai da Cath e nós nos sentimos mal por ela, mas não precisamos falar sobre isso agora. Me sinto mal por ela também, mas...Não quero falar sobre morte. Esse é um assunto delicado para mim.
Louis assentiu novamente, me fitando um tanto preocupado.
-Sim, deve ser. Mas eu estava pensando em ligar para ela, para lhe dar meus sinceros sentimentos. Achei que você também devesse falar alguma coisa, afinal, perder alguém é muito duro. 
-Ele está em um lugar bem melhor – falei sinceramente.
-Por que acha isso?
-Eu sei. 
-E por que você sabe?
-Porque eu acredito. – murmurei por fim e me deitei na cama, empurrando ele e enfiando a cabeça no travesseiro, dando um sinal claro de que não queria conversar mais. Louis entendeu e saiu do quarto apagando a luz, mas eu sabia que essa conversa ainda não tinha acabado. E temia pelo que provavelmente viria mais tarde.
[...] 
Fiquei apenas rolando na cama a madrugada inteira, já que tinha dormido praticamente o dia inteiro. Logo nas primeiras horas da manhã, já tinha levantado e vestido uma roupa simples para passar o dia.
Não sabia o que fazer; decidi ir no restaurante do hotel para tomar café-da-manhã, e encontrei todos os meninos já acordados e bem arrumados, sentados numa mesa, conversando algo que parecia ser bem sério – eu sabia que era sério porque Niall tinha um prato de panquecas intocadas em sua frente.
Eles pararam de conversar assim que me viram. Estranhei a atitude. Era regra clara que eles não me escondiam nada, mas agora agiam de maneira completamente estranha.
Liam acenou, chamando-me a me sentar junto com eles. Dei de ombros e fui, me sentando entre Harry e Louis – o único lugar disponível.
-Bom dia – Liam disse animado para mim e foi copiado pelos outros, que não demonstraram a mesma animação.
-Sobre o que estavam conversando? – perguntei e Zayn engasgou e começou a tossir, enquanto todos os outros me olhavam um tanto arregalados.
Imaginei que estivessem se acostumado ao fato de que eu sempre ia direto ao ponto...Bom, pessoas erram.
-Nada muito importante – Niall disse rapidamente, dando tapas nas costas de Zayn.
-Harry, sobre o que eles estavam falando? – perguntei. 
Harry arrumou os cabelos de maneira nervosa, depois se levantou, puxando o prato junto.
-Vou pegar mais bolinhos! – falou e saiu praticamente correndo da mesa. 
Virei-me com um sorriso radiante para Louis, que me fitou também.
-Sobre o que estavam conversando, Louis? – perguntei novamente, erguendo uma sobrancelha de uma maneira que eu esperava que fosse ameaçadora.
-Eu... – ele ameaçou se levantar, mas eu coloquei uma mão em sua perna, impedindo que o fizesse. 
-Não vai escapar. E então? 
Louis lançou olhares para os outros, que imediatamente se concentraram em outras coisas. Niall começou a comer de cabeça baixa, Zayn colocou fones de ouvido e começou a mexer no telefone e Liam começou a encarar as próprias unhas.
-Conte pra ela – Liam praticamente ordenou me lançando um olhar sério.
-Vamos para Londres – Louis disse por fim.
-Certo – disse calmamente – E por quê?
-O enterro do pai da Catheryne – Liam quem respondeu minha pergunta, apesar de eu ter me dirigido a Louis – Ela meio que...Nos convidou para ir, afinal, fizemos um pouco de parte da vida do pai dela e...Bom, é isso. Ela disse que se você quiser ir...Mas não é bom, porque você é uma criança e...É um enterro, né!
-Não sou uma criança – rosnei e Liam deu de ombros.
-Então não é. – ele disse dando um sorriso tímido e eu assenti – Quero ir. Desejar meus pêsames. Por mais que eu ainda não suporte muito ela, Catheryne me ajudou quando...Bem, quando estávamos presas vocês sabem onde,e...É hora de retribuir o favor.
Niall deu um sorriso diante de minha atitude, e parecia que Zayn não estava ouvindo nada com os fones afinal, porque ele se esticou para dar tapinhas nas minhas costas, com seu sorriso travesso.
Harry voltou à mesa com o prato cheio de bolinhos e se sentou. 
-Obrigada por me contar, Harry – sorri aborrecida e ele assentiu.
-Para essas coisas – ele disse tímido.
-Mais um detalhe – Louis disse tocando meu braço, me tirando a atenção de Harry e seus cupcakes e me fazendo olhar para ele.
-Sim?
-Vamos viajar hoje. O enterro é amanhã.
-Isso me traz más recordações – Harry murmurou baixo demais, mas todos na mesa ouviram e imediatamente o clima mudou. Todos ficaram cabisbaixo e logo inventaram motivos idiotas para se levantar da mesa e sair, me deixando sozinha com um prato cheio de cupcakes.
Desconfiava que eles tinham saído para poder chorar a vontade, afinal, todos eles estavam com os olhos meio úmidos e nariz vermelho. Fingi não ver nada e continuei ali na mesa até todos terem saído para pensar no que isso significava.
[...]
-Sua mala? – Louis perguntou.
-Arrumada. – confirmei.
-Roupas de frio? Casacos?
-Tudo dentro da mala.
-Remédio para asma?
-Na mala também.
-Identidade? Celular? Passaporte? 
-Tudo com Liam – respondi – Terminou?
Louis pensou um pouco,mas depois suspirou e tirou uma folha de papel verificando todos os itens.
-Acho que foi tudo sim! – ele responde. – Hm...Toucas?
-Na mala – respondi dando uma risada – Agora chega, né?
-Mais uma coisa – ele disse antes que eu saísse do quarto. – Tem medo de turbulências?
Pensei sobre o assunto; na verdade não pensei. Eu pensava se dizia : “Turbulência? Pff, eu como turbulências no café da manhã” ou se dizia simplesmente a verdade. Decidi optar pelo mais difícil ; a verdade.
Esperava que a reação dele fosse diferente, mas Louis começou a rir. Rir é pouco; o desgraçado estava gargalhando, jogando a cabeça para trás e colocando a mão na barriga. Dei-lhe um pisão no pé e Louis imediatamente parou.
-Você é uma criatura extremamente malvada. 
Dei de ombros. Já tinham me chamado de coisa pior mesmo. Peguei a mala e sai arrastando pelo corredor, com um Louis mancando logo atrás.
-Espera – Louis colocou as mãos no meu ombro antes que eu saísse do hotel. Ele me fez virar na direção completamente contrária.
-Ei. – protestei, mas Louis deixou nossas malas paradas lá na frente e me arrastou pelo braço em direção a loja de presentes do hotel.
-Você tem medo de turbulências! – foi a única explicação que ele deu enquanto me arrastava entre fileiras de camisetas com o nome do hotel e algumas com bandeiras do Estados Unidos.
-Eu sei. – respondi, revirando os olhos.
-Eu sei que você sabe – Louis respondeu se enfiando na loja – Achei!
-Seu senso? Porque devíamos estar lá fora! Vamos nos atrasar e perder o avião, Louis! – reclamei e Louis se esticou para pegar algo acima da minha cabeça.
-Fica calma, ainda vai demorar para o avião sair. Aqui está – ele pegou um urso gigantesco e cor de rosa em cima da prateleira e me deu.
-Legal – disse sinceramente e apertei o bicho junto ao peito. Era realmente fofo e macio. – E pra que serve isso mesmo?
Louis revirou os olhos.
-Se sentir medo no avião durante uma turbulência serve para abraçar bem forte! – ele deu de ombros.
-Obrigada – abracei Louis, me erguendo nas pontas dos pés e poder dar um beijo em sua bochecha. Infelizmente, ele entendeu outra coisa e tentou beijar meus lábios. Recuei – Vamos pagar...Né?
Louis suspirou e veio logo atrás de mim. Achei várias outras coisas interessantes no caminho até o caixa, mas resisti até chegar lá para não pegar nada, porém...
-Que globo de neve lindo! – quase gritei, com a voz aguda. Dois cisnes estavam no centro e a neve caia docemente cada vez que eu balançava o globo. Notei que só tinha um globo como aquele pela loja.
-Eu pago – Louis disse já tirando a carteira do bolso. Imediatamente tentei sacar meu cartão de crédito, mas ele estava na mala. 
-Esqueci meu cartão! 
-Eu pago, pode deixar – Louis disse já entregando o dinheiro para a caixa.
-Que droga – murmurei baixo.
-Ahá! Bem feito – Louis disse feliz me entregando o globo e o urso de pelúcia.
-Eu vou te devolver o dinheiro – falei de maneira insolente.
-Não vai não. Eu não vou aceitar. – ele respondeu, me mostrando a língua.
-Caramba Louis – usei meu novo urso para bater nele – Você é um chato,e...
-Não termine! Tínhamos que estar no carro! Vamos nos atrasar – Louis falou me puxando novamente pelo braço e saímos correndo como loucos pelos corredores do hotel.
[...]
-Atrasados novamente – Liam comentou, enquanto entravamos no avião.
-Desculpe, Liam – disse sinceramente – Desculpe mesmo.
-Sem problemas – Liam deu de ombros, se arrumando em seu lugar ao lado de Niall. Será que eles sempre sentam juntos ou é impressão minha?
Zayn se sentou numa janela, então ficamos eu, Louis e Harry parados no meio do corredor. Harry veio falar comigo enquanto Louis arrumava as malas.
-Hey June...Quer sentar comigo? – ele perguntou.
Louis imediatamente apareceu no meio da conversa.
-Como assim “sentar comigo?” – ele imitou a voz de Harry revirando os olhos. Harry o olhou confuso – Achei que ia sentar comigo.
-Gente, eu...
-Mas ela ainda pode querer sentar comigo! – Harry devolveu.
-Sério, eu...
-Bom, mas eu acho que ela vai sentar comigo! – Louis respondeu.
-Não vou sentar com ninguém – guinchei. – Vocês dois sentam juntos e eu vou me sentar com Zayn.
-Ganhei uma briga em que nem estava concorrendo – Zayn comentou e Liam e Niall soltaram risadinhas.
-Não provoca, Malik – murmurei e Zayn assentiu.
-Só estava brincando.
Harry e Louis resmungaram alguma coisa, mas se sentaram lado a lado. No fim, acho que conversavam sobre alguma coisa banal e até deram risadas. Zayn e eu acabamos conversando um pouco, mas logo a cabeça de Malik tocou meu ombro e eu percebi que ele tinha adormecido. Roubei seus fones de ouvido e fechei os olhos, esperando dormir também.
E então começou uma turbulência desgraçada.
[...]
Zayn tinha acordado no meio da turbulência, enquanto eu quase gritava. Em cada tremida, parecia que o avião descia cinco metros. Zayn acordou bocejando e esfregou os olhos, então percebeu meu desespero.
Em uma mão, apertava o globo de neve e no outro, abraçava meu novo urso junto ao peito. Zayn passou o braço pelos meus ombros e me abraçou fortemente. Agradeci internamente a ele por isso.
A turbulência não acabava. Eu achava mesmo que íamos cair. Harry apareceu do lado de Zayn e indicou sua cadeira. Louis dormia em seu lugar e eu não sabia como ele conseguia ter essa capacidade.
-Oi – Harry disse se sentando ao meu lado. Não tirei o rosto de meu urso rosa, caso contrário, começaria a gritar.
Zayn se sentou ao lado de Louis, que sequer se deu ao trabalho de acordar.
-Você tem medo de turbulências?
Não respondi essa pergunta, porque deveria ser obvio pelo meu pânico no momento.
-Certo, você tem medo de turbulência. Sabe, eu também tinha uma... – ele pensou bem antes de falar a palavra – Uma pessoa muito especial que tinha medo de turbulências também...Mas você precisa ficar calma. Isso é só uma coisa de nada.
Continuei sem responder, porque ainda não queria gritar. O avião tremeu mais forte e as luzes piscaram. Quando dei por mim, já estava abraçada em Harry.
Ele disse que tudo ficaria bem e beijou minha cabeça; depois disso, acabei adormecendo.