Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

Acordei tremendo de frio – literalmente. Alguém tinha colocado um cobertor sobre mim, mas ainda sim não era o suficiente e eu não parava de tremer.

Não ouvia uma palavra sequer. Não tinha barulho nenhum no avião. Ele tremia um pouco, mas não o suficiente para me deixar nervosa ou assustada. Apertei ainda mais meu grande urso de pelúcia.

Abri os olhos. Harry ainda estava ao meu lado, mas dessa vez, também dormia profundamente com uma coberta fina idêntica a minha. Aparentemente, todos nessa parte estavam adormecidos.

Levantei e olhei o próximo assento e o outro atrás de nós – Louis, Liam, Zayn e Niall estavam ferrados no sono. Certo, assim sendo, eu estava sozinha. E eu detestava estar sozinha.

Sentei novamente em meu lugar, pensando. Era esse o motivo de eu detesta ficar sozinha; os pensamentos dominavam minha mente. Quando tinha alguém com quem conversar, ficava a vontade. Agora na completa solidão, eu não sabia ao certo o que sentia.

Suspirei e olhei para Harry, depois meus olhos se desviaram para Louis. O que estava acontecendo comigo?

Decidi que não torturaria mais a minha mente e fechei os olhos, esperando que o sono me pegasse.

[...]

Acordei com uma discussão. Na verdade, imagino que seja uma briga. Alguém gritava alto, alguém discutia, alguém mandava que as duas vozes se calassem e uma voz feminina, pedia calma.

Quando um movimento de ar rápido soprou meu rosto, percebi que a briga estava bem em cima de mim.

-O que é isso? – perguntei com a voz arrastada, de quem ainda não acordou completamente.

-Harry e Louis estão brigando – Zayn respondeu, se virando de seu assento para mim. Harry e Louis reviraram os olhos para ele e continuaram sua discussão, em alto e bom som.

-Sobre...? – questionei e Zayn encolheu os ombros e se virou novamente, sem responder minha pergunta.

Harry e Louis estavam de pé em seus assentos e apenas uma poltrona impedia que os dois pulassem um no outro e começassem a se matar.

-Por que estão brigando? – perguntei, resolvendo me dirigir a eles.

-Não é da sua conta – Harry respondeu, bravo.

-Isso mesmo. Não te interessa June! – Louis complementou e então continuou a discutir com Harry, com palavras rápidas demais para que eu conseguisse entender.

-Como assim não é da minha conta? Eu decido o que é da minha conta e se meus dois melhores amigos estão brigando, quero saber o motivo.

Alguma coisa na minha frase fez com que os dois murchassem em suas cadeiras. Harry e Louis trocaram rápidos pedidos de desculpa e depois não se falaram mais. E eu, troquei de lugar com Liam e fiquei sentada com Niall logo atrás deles.

-E aí, June – Niall me cumprimentou.

-E aí, Niall!

Batemos a mão espalmada de brincadeira e demos uma risada. Algo que contagiou os outros, porque logo eles também começaram a rir; e podemos dizer que a partir disso, foi uma viagem feliz.

[...]

Eu nunca tinha estado num enterro antes. Mas pensando bem, eu estava no meu enterro.

Revirei os olhos diante esse pensamento idiota e desenterrei uma roupa preta suficientemente educada para parecer de luto e fui esperar os meninos lá embaixo.

Não tinha dormido praticamente nada durante a noite inteira. Tinha algo me incomodando. Era quase como se eu tivesse que perceber algo que estava na minha frente,mas não conseguisse fazer isso. Era uma sensação que ficava perto da agonia.

-Olá – Louis disse, aparecendo no hall, enquanto eu quase dormia em pé apoiada na parede. Ele me chacoalhou – June!

-Quem? – perguntei, surpresa. Depois dei um tapa em minha própria cabeça – Ah, sim. Sou eu. O que foi?

-Tudo bem?

-Ótimo – bocejei – E com você?

-Também, imagino. Não dormiu bem?

-Não dormir bem seria um elogio. Fiquei me revirando na cama a madrugada inteira – segurei outro bocejo – E você?

-Foi uma das melhores uma hora de sono da mina vida.

[...]

Nunca tinha estado num cemitério antes. Isso era realmente esquisito para mim. E um pouco perturbador também. Os meninos não pareciam mais relaxados que eu. Principalmente Harry, que ficava mexendo nos nós dos dedos das mãos nervosamente.

-Tudo bem? – perguntei, enquanto todos saltavam do carro. Harry se virou para mim.

-Claro. – ele murmurou em resposta e baixou a cabeça, andando a certa distância de mim. Uma distância grande demais.

Logo na entrada, nos grandes portões negros e extremamente assustadores, encontramos Logan. Harry começou a conversar com ele e Louis também.

-Sabe se Catheryne está bem? – Harry perguntou para Logan.

-Acho que sim. Da última vez que falei com ela, estava ótima, na verdade.

Ele apontou para uma garota logo a frente e todos olhamos.

Esperei ver Catheryne com sua expressão desanimada e um vestidinho simples, mas bonito, da maneira que ela gostava, mas o que vi...A juba de cabelos castanhos se viraram rapidamente e então todos os sete paramos de boca aberta.

[...]

-Caramba – murmurei tentando fechar a boca. – Ela está...De luto mesmo.

-Deslumbrante – Liam babou.

-Eu...Esqueci como formar frases completas e com sentido – Zayn falou encantado.

-Uau – foi a única coisa que Louis disse.

-Linda – Logan admitiu.

-Concordo com Zayn – Niall falou também.

-Maravilhosa – Harry arquejou.

Os olhos de Catheryne faiscaram. Realmente, ela estava maravilhosa. Digo...Eu nunca usaria algo como isso, mas...Ela tinha ficado realmente demais com essa roupa (http://www.polyvore.com/10/set?id=66673476), apesar de eu ainda ter certa dificuldade em admitir.

Catheryne veio andando em nossa direção, rápida. Percebi que alguma coisa tinha mudado. Ela não andava mais com os ombros curvados e cabeça baixa. Ela tinha uma nova atitude.

Como os homens ainda estavam todos de boca aberta e babando indiscretamente em cima de Catheryne, eu ergui a mão.

-Oi, Catheryne – murmurei – Eu...Sinto muito mesmo pelo seu pai.

-Claro – ela disse, mas seus olhos cinzentos como os meus outrora foram, estavam pousados no rosto de Harry – Obrigada June.

-De nada.

Catheryne lançou um olhar indagador para os outros meninos. Cutuquei as costelas de Liam com força.

-Hã? Ah, sim. Viemos prestar nossos mais sinceros pêsames. Sentimos muito por Charlie, Catheryne. – Liam disse e estendeu os braços. Catheryne o abraçou rapidamente.

-Bom – ela disse assim que se soltou de Liam – Eu meio que tenho que ir agora, mas...Depois posso falar com vocês, certo?

-Certo. – dissemos todos juntos, em uníssono. Catheryne saiu andando com passos firmes.

-Uau, isso foi...

-Constrangedor – Logan completou pra mim.

-Essa palavra define tudo.

[...]

Catheryne fez um pequeno discurso para o pai dela, mas muito emocionante. E isso fez com que eu me perguntasse o que teriam falado no meu enterro. Acho que a idéia de perguntar isso a Liam seria interessante.

Harry se sentou ao lado de Louis – era bom ver que tinham feito as pazes novamente – e eu tinha sentado entre Niall e Liam, que tinha Zayn do lado. Logan tinha se sentado na frente, com um garoto bonito que eu nunca tinha visto antes. E ao lado dele, se sentavam uma garota e uma mulher, eu acho.

Tinha poucas pessoas ali – poucas, era praticamente um elogio. Além de nós, deviam ter menos de dez outras. Uma pessoa em particular chamou a atenção assim que se mexeu. Ela estivera ao lado de Logan todo esse tempo e eu não tinha percebido. Mas quando ajeitou os cabelos atrás da orelha, percebi que meu dia só podia piorar.

Nunca tinha ficado tão apreensiva em ver minha irmã antes.

-E eu nunca vou deixar de amar ele. – Catheryne finalizou. A verdade é que eu só percebi que ela tinha terminado quando todos se levantaram e começaram a aplaudir. Fiz o mesmo – Obrigada.

Ela veio se juntar aos outros e as ultimas despedidas foram feitas. Harry chegou bem perto do caixão, mas também não teve coragem de tocar nele, assim como todos os outros. Apenas disse algumas palavras e se afastou.

Liam me deu uma rosa e eu depositei no caixão. O rosto de Charlie imediatamente me perturbou. Uma pressão na cabeça me fez recuar. Uma...Lembrança? Eu já tinha visto esse rosto antes de tudo isso, eu tinha certeza. A dor se intensificou e eu decidi me afastar mais, ficando ao lado de Niall.

-Essas ocasiões são horríveis – Niall falou rouco, balançando as mãos nos bolsos do casaco.

-Demais – concordei – Onde estão os outros?

-Liam e Louis foram comer alguma coisa, mas sinceramente estou com o estomago embrulhado.

-Niall Horan, tipo assim, o Niall Horan, o irlandês mais famoso do mundo sem fome? – segurei uma risada – Sinceramente as coisas estão bastante estranhas!

Niall soltou um sorriso também e fomos andando para qualquer lugar, desde que estivéssemos longe disso tudo. Mas no fundo, eu não queria ficar longe. Queria saber o que minha irmã fazia aqui...E com quem ela estava.

[...] Harry Styles POV’s

Não sabia ao certo o que dizer, então apenas disse um obrigado a Charlie e sai. Essa situação realmente estava mexendo demais com a minha cabeça.

Assim que selaram o caixão, os meninos saíram, mas eu continuei lá, observando Cath de longe, sentada de maneira dura, observando o caixão. Quando todos saíram, me aproximei dela.

-Oi Catheryne – falei, depois da difícil decisão se a chamaria pelo nome ou por seu apelido. Preferi o nome. Ela ainda poderia estar, hã, querendo me matar.

-Oi Harry – Catheryne murmurou em voz rouca. Tinha tanta dor em seus olhos que eu me sentia a pessoa mais culpada do mundo. Estava quase correndo para entrar no caixão também e sufocar até a morte.

-Então, será que a gente poderia...Andar um pouco? O clima aqui não está bom para uma conversa.

-Eu adoraria – ela respondeu e se levantou. Andamos até sair do cemitério sem dizer uma única palavra. Cheguei perto do meu carro e abri a porta para ela.

-Achei que íamos andar – Catheryne comentou.

-E vamos...Mas longe daqui. – falei e ela assentiu, entrando no carro. Entrei no banco do motorista e suspirei com as mãos no volante. Catheryne tinha os lábios franzidos em uma linha.

Dirigi até o parque mais próximo, estacionando com cuidado e saindo. Abri a porta para Catheryne e ela saiu também.

Cath não tinha dito uma palavra durante todo o tempo que tínhamos estado juntos – e isso tinha sido praticamente uma hora. Comecei a andar em uma direção e ela me seguiu, com os olhos da cor do céu; cinzentos e revoltos.

-Você está diferente – disse por fim. Cath me observou com cuidado. Ela parecia pensar nas palavras, porque abria a boca, mas não saia som algum.

-Eu não acho.

-Não acha? – perguntei confuso – Como assim? É obvio que você está completamente diferente. Essa roupa...Esse cabelo...Essas jóias, esse jeito. Isso não é a Catheryne que eu conheci. Eu gostava de você antes.

-É realmente uma pena que não seja você quem paga minhas contas. Caso contrário, poderia reclamar. Agora, se me dá licença... – ela disse se virando, mas eu puxei seu braço.

-O que aconteceu com você, Cath?

-Não me chame de Cath. – ela rosnou.

-Você adorava esse apelido – sussurrei, surpreso demais para falar mais alto.

-É uma pena que não adoro mais.

-O que aconteceu com você? – tentei fazer com que a pergunta não soasse ofensiva, mas eu realmente não tinha gostado do novo jeito dela.

-O que aconteceu? O que aconteceu? HARRY, VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO COMIGO – ela soltou seu braço de minha mão bruscamente. – O que você acha que aconteceu? Meu pai acabou de morrer e sabe de uma coisa? ISSO ME FEZ ACORDAR. Eu era uma idiota, Harry. Uma idiota! Eu achava que todo mundo era bom, que todo mundo ia ser legal comigo – ela deu uma risada sarcástica – Idiota demais. Eu deixei as pessoas, como você, pisarem em mim.

-Catheryne, pare. Eu nunca pisei em você.

-Não...Você brincou comigo. Até não querer mais. Porque eu parecia com a Ally, só por isso. Você me usou, Harry, francamente, essa é a verdade.

-Eu nunca quis isso, eu...

-Mas quer saber? Isso acabou Harry. Nunca mais vai ser assim. Eu nunca mais vou ser aquela garota – ela tinha lágrimas nos olhos, mas as secou antes que caíssem – E você seria inteligente se não cruzasse mais o caminho dessa garota – ela bateu no peito com a mão – Porque você não tem a mínima idéia do que ela é capaz de fazer. Agora, se me dá licença...

Catheryne passou, fazendo questão de chocar seu ombro em mim enquanto andava. Tentei ir atrás dela, mas ela rapidamente se misturou com as pessoas que estavam no parque e sumiu de vista. E mais uma vez, essa garota não saia da minha cabeça.