Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

Era tão bom beijar June que eu quase esquecia que estava com raiva dela. Fomos recuando até o sofá, onde nos sentamos, sem sequer separar os lábios. Nesses momentos, eu agradeço pelo irlandês ter sono forte.

June recobrou seu instinto de querer me matar um bom tempo depois, mas infelizmente eu queria que não fosse assim. Ela me empurrou, mas não tinha força suficiente para me tirar de cima dela, porém eu mesmo saí.

-Viu como é bom? Acho que devia tentar assumir seus sentimentos um pouco agora. Sente algo por mim – murmurei.

-Isso não...Harry, você não pode fazer isso comigo. Não pode me fazer sofrer mais! – June disse, se abraçando e tremendo.

-Como assim, June? Nós encontramos algo lindo aqui e agora. Esse momento que tivemos juntos foi perfeito. Será que você não consegue enxergar isso ou não quer?

-E vai me dizer que também não teve momentos perfeitos com a sua adorada Cath?

-Você está com ciúmes – confirmei, mas June balançou a cabeça.

-Eu não tenho ciúmes, Harry. Eu tenho tristeza. Você não assume o que sente e fica fazendo duas pessoas sofrerem por você, isso é ridículo.

-Eu estou tentando assumir aqui e agora – tentei puxar ela para um beijo novamente, mas June socou meu peito.

-Não, você não. – ela disse com lágrimas nos olhos. – Harry você só ta dessa maneira com a Cath porque ela mudou, por causa da briga...Se não fosse isso estaria se agarrando com ela que eu sei. Você só procura conforto em mim. Você quer ser amado, quer carinho e vem buscar isso em mim porque sabe que eu tenho sentimentos ocultos por você, mas é muito mais que isso e você não tem o direito de fazer isso comigo.

-June, eu juro pra você que é verdade – me ajoelhei em frente dela – Eu vou ter que me humilhar pra você ver?

-Como eu posso acreditar? – ela soluçou – Sendo que você parecia tão apaixonado pela Cath? Paixão assim não muda de uma hora pra outra. Vi como você olhava ela.

-E por acaso já tentou ver como eu te olho? Sinto que posso voar. Você é uma das pessoas mais importantes pra mim agora!

-Agora! Você disse bem. Agora! Porque antes não era nada. Não quero que seja assim. Não quero que goste de mim porque não sobrou mais ninguém.

-Eu não estou fazendo isso e você sabe!

-Você nem percebe quando mente! Caramba, tudo o que...Eu meio que vivi com você parece que não significou nada, isso é porque você não sabe quem eu realmente sou e as coisas podiam ser diferentes, mas é assim agora.

-E lá vem você falando cheia de códigos!

-Me desculpa, Harry. Você é um cara lindo, divertido, bondoso, gentil e...Você é tudo pelo quê eu me apaixonei todo santo dia de um tempo para cá. E eu juro que não me arrependo, mas...Enquanto não souber de verdade seus sentimentos a respeito de mim e Cath, isso não vai dar.

-Eu gosto de você, June! Pronto, falei! Eu te amo!

-Forçado assim? Foda-se, não é essa a questão aqui, Harry!

-E qual é? – explodi, dando um grito.

-É que você também ama a Catheryne! – ela disse e saiu correndo para as escadas. Eu nem tentei ir atrás delas. Suas palavras tinham sido como socos. Eu sabia que ela estava repleta de razão, mas...Não queria admitir isso.

[...]

-Harry – Niall pulou todas as escadas de uma vez – Sabe o que aconteceu com a June?

Levantei os olhos do celular.

-Por quê?

-Ela não quis abrir a porta do quarto pra mim. – Niall deu de ombros, se jogando no sofá e pescando o controle remoto.

-Sei lá – falei me levantando e enviando uma última mensagem a Gemma – Ela deve estar com TPM, você sabe como são as mulheres.

-June é uma criança. – Niall disse.

-Eu sei, mas...Funciona para todos os jeitos – expliquei, pegando meu casaco em cima do sofá.

-Aonde vai?

-Pra casa. Visitar minha mãe e Gemma.

-Hm, que legal. Mande um abraço pra elas.

-Não. – respondi e Niall fechou a cara pra mim. – OK.

Eu não visitava minha mãe tinha...Bastante tempo mesmo. E acho que sentia falta dos biscoitos que só ela sabia fazer ou mesmo de passar um tempo com minha irmã – além de que, Hachi estava com minha mãe.

Chegar até o apartamento de minha mãe foi novamente estranho. Tinha estado tanto tempo longe daquele lugar que mal podia chamar de casa. Eu tinha uma casa, mas veja bem...Eu nunca estava nela. Ou eu estava num hotel, ou estava na casa de Zayn ou...Bom, vários lugares, mas nunca em casa. Eu não tinha um ponto de paz, digamos.

-Harry – minha mãe sorriu assim que me viu e veio me dar um longo abraço.

-Calma lá, dona Anne – ouvi uma voz feminina familiar – Não vai querer matar o Harry antes que eu dê um abraço nele também.

-Gemma! – me soltei de Anne e corri para dar um abraço em Gemma. Girei-a pelo corredor. – Saudades.

-Ei, saudades também garoto, mas não precisa me apertar tanto assim, sabia?

-Ah, para de reclamar, maninha – apertei ela até soltar um arquejo e me dar um belo tapa e depois a soltei. – Ai, doeu – falei colocando a mão no rosto.

-Acho bem feito – Gemma respondeu, dando um sorriso sarcástico. Fui atacar ela, mas minha mãe se interpôs entre nós.

-Parecem duas criancinhas! – disse abanando as mãos para nós dois – Agora já pra dentro, andem!

Gemma e eu trocamos um olhar cúmplice e demos risada. Nossa mãe realmente nos tratava feito crianças.  Essa parecia ser uma tarde divertida. E assim que eu entrei em casa, Hachi pulou em cima de mim.

[...]

Depois de comer os biscoitos e chocolate quente feitos pela minha mãe, na companhia de Gemma, me sentia quase bem. Anne lembrou de meu quarto assim que me viu bocejar e sugeriu uma soneca. Não hesitei e já corri para me jogar na cama.

Acordei várias horas depois, completamente enrolado no cobertor. Ouvi risadas vindas da sala, mas não eram só risadas femininas. Tinha masculinas também.

-Harry! – Liam disse feliz, quando me viu entrando na sala com os cabelos bagunçados e a cara amassada – Wow, você está péssimo.

-Eu sei – bocejei olhando em volta – O que fazem aqui?

-Procuramos você, oras – June respondeu. Ela estava sentada no canto do sofá ao lado de Louis, com Hachi dormindo tranquilamente em seu colo. – Os agentes do One Direction não param de ligar. A turnê já vai voltar.

-Sério?

June e todos os outros meninos assentiram. Minha mãe me olhou triste e Gemma afundou no sofá. Elas odiavam quando eu tinha que ir. Ficaria novamente bastante tempo longe delas.

-Tudo bem. E quando temos que ir? – perguntei.

-Amanhã – todos responderam juntos.

-Certo. – murmurei – Posso me despedir da minha irmã e da minha mãe?

-Claro – eles responderam novamente juntos e saíram. Hachi bocejou e pulou do colo de June para se enrolar em minhas pernas. Cachorro esquisito.

[...] June POV’s.

Hachi estava magro, quase como no dia que eu o encontrei. E eu quase comentei isso, porém, mordi minha língua no ultimo instante.

Vendo o lado bom, a mãe de Harry e Gemma me adoraram...De novo.

Então, Harry apareceu com seu ninho de ratos que ele chama de cabelos e que eu, particularmente amo e pediu um tempo a sós com a família. Claro que deixamos e saímos do apartamento, descendo e esperando na calçada.

-Acha que ele está triste? – Liam perguntou me chamando a atenção.

-Quem?

-Harry.

-Ah...Acho que sim. Vocês também estão, não é? – comentei, depois de ter presenciado a cena deles se despedindo pelos celulares de suas famílias e se desculpando porque não poderiam vê-las.

Eles ficaram em silencio por tanto tempo que me arrependi do que tinha dito, mas fui salva de ter que me desculpar por Harry aparecendo na portaria e vindo ao nosso encontro.

-Oi. – ele disse – Onde está o carro?

-Andar faz bem – Louis respondeu – Viemos andando porque é mais saudável.

-Isso é mentira – Niall delatou Louis – Louis quebrou o motor do carro e não conseguiu chamar nenhum taxi.

-Vocês estavam todos juntos? – Harry perguntou quando já começávamos a andar.

-É – Niall respondeu – Liam e Louis chegaram juntos lá na cobertura e depois que Zayn teve um rápido encontro com Perrie, ele também apareceu por lá.

-Hm – foi a única coisa que Harry respondeu.

As ruas escuras estavam vazias e o vento soprava chegando a fazer um barulho alto. Harry e os meninos que estavam de casaco se aconchegavam. Porém, eu que estava sem, me sentia completamente idiota e morria de frio, mas não deixava isso transparecer.

-Gente – Louis disse depois de um tempo – Acho que vai chover.

-Não vai não – falei aumentando o passo – Coisas da sua cabeça, Lou, coisas da sua cabeça.

Depois de um tempo andando, Harry veio pro meu lado. Ele andava com as mãos no bolso do casaco e parecia despreocupado.

-Acho que podemos adotar você como mascote – Harry comentou.

-Que lindo – comentei sarcástica.

-É sério, June, onde estão seus pais? Ou seus responsáveis? Digo, é realmente muito estranho você ficar só com a gente. Chega a parecer que você não tem família.

-Eu não tenho família, Harry. Não mais – falei andando mais rápido e me afastando dele, porém as pernas de Harry eram longas e me alcançaram facilmente.

-Eu vou entender se não quiser falar sobre isso, mas seria legal às vezes se deixasse que nós entendêssemos um pouco da sua vida para não ficarmos totalmente confusos em relação a ela.

-Sério, Harry? – parei de andar – Quer falar sobre isso aqui? No meio da rua?

-Estamos na calçada – Harry lembrou.

-Estou dizendo que não é lugar, não é hora, não é momento e que eu também não quero falar sobre isso. - falei baixo para os outros meninos, que também conversavam, não olhassem pra gente.

-Acho que devia falar sobre isso.

-Atravessar a rua – Liam gritou para nós dois que ficamos pra trás.

-Ok – gritamos de volta. Andei mais rápido pra acompanhar os outros quatro.

-Você está me irritando! – falei brava.

-Está irritada porque não quer admitir que gosta de mim. Isso está te irritando. Eu pensei no que falou e não tem problema eu gostar de Cath porque você também gosta do Louis!

-Harry!

Bufei pra ele e fui correndo atrás dos outros, já bem na frente. Esperei o sinal fechar e comecei a atravessar a rua. No meio da travessia, Harry puxou meu braço.

-Para de me ignorar!

-Eu vou te ignorar porque você só sabe me deixar nervosa! – respondi, puxando meu braço que ele segurava na mão direita – Me larga, Harry.

-Então admite June! Admita o que você sente. Você briga comigo, mas também não sabe o que sente.

-Eu sei o que sinto – rosnei – E agora sinto raiva de você.

-Sabe expressar seu sentimentos tão bem quanto eu...Ops! Você não sabe! – Harry falou jogando a cabeça pra trás em uma risada.

-Está admitindo que nem você sabe.

-Isso já é óbvio. Agora você, quer ser a senhorita perfeição.

-Não quero não – fervi de raiva e dei um soco no peito dele.

Pelo canto do olho, vi uma pequena bolota de luz amarela vindo em nossa direção. Ou era laranja? Meu corpo tremia de raiva de Harry. Tanto que a cabeça não conseguia registrar o simples fato de que vinha um carro em nossa direção.

-Só me diga o quão real é o que você sente por Louis! – Harry insistiu.

-Não te interessa! – respondi, e então o carro estava próximo demais. Vi em um lampejo Louis e Liam olharem horrorizados na calçada. Zayn não se mexeu de choque e Harry parecia desnorteado. Uma fração de segundo, eu arrumei força sabe lá de onde e empurrei o corpo de Harry, duas vezes maior que o meu, para longe e senti o impulso que fez com que ele praticamente voasse até a calçada e então, não tive tempo para correr também. Apenas senti a luz amarela me cegar e meu corpo voou. E depois dos gritos, tudo ficou escuro.