Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

[...] Harry Styles POV’s.

Acho que tudo não durou um segundo. Vi o carro quando era tarde demais e ele vinha muito rápido. Tive apenas um segundo pra pensar e não consegui pensar em nada. Então senti meu corpo ser jogado pra trás ao mesmo tempo que meus olhos não desgrudavam da cena.

O carro bateu em June, jogando a pro alto e depois fazendo-a escorregar do capô e cair no chão, como uma boneca de pano. Ouvi os gritos de Liam, os berros de Louis e os soluços de Niall. Zayn estava ao meu lado me ajudando a levantar. Eu ainda me sentia meio zonzo por ter batido a cabeça no poste.

-J-June – Liam gaguejou indo se ajoelhar ao lado dela – June, fala comigo.

O carro deu ré a toda velocidade e saiu da rua.

-Ele vai fugir! – Zayn disse indignado.

-Não vai não! – Niall falou e desatou a correr atrás do carro. Não sabia o que ele estava pensando, mas talvez fosse uma maneira esquisita de encarar o sofrimento caso fosse algo sério. Ele tinha um objetivo. Quase me levantei para correr atrás dele.

Louis também se ajoelhou ao lado de June. Zayn continuava ao meu lado me encarando.

-Cara, tem sangue saindo da sua cabeça.

Percebi que June tinha me empurrado com uma força surreal. E que eu tinha arrebentado minha cabeça no poste. Isso eram pequenos detalhes.

-Alguém já ligou para a ambulância? – notei como minha voz estava pastosa e sonolenta. Minha mente girava a uns quinhentos quilômetros por hora, porém meu corpo, não acompanhava mais o ritmo acelerado. Zayn me estendeu a mão para me ajudar a levantar.

-Estou ligando – Liam disse desesperado. Zayn me levou até June. Não tinha sangue, não parecia ser grave. Se bem que...Eu acho que a mão dela deveria estar virada para o outro lado. Alguns arranhados nas costas das mãos e vários no braço. Um arranhado extremamente grande no rosto também. Mas os danos podiam ser piores – estava escuro demais para que eu enxergasse alguma coisa.

Me ajoelhei ao lado de June. Era culpa minha ela estar estendida no meio da rua agora. Eu tinha segurado seu braço, eu tinha impedido que ela continuasse a atravessar a rua. Ela podia ter corrido para o outro lado, mas tinha escolhido me empurrar e ser atropelada no meu lugar.

-Me desculpe, June – dei um beijo na testa dela – Você vai ficar bem. Vai ver como vai ficar bem. E em alguns dias, já vai estar pulando e brincando com a gente, certo?

Não houve nenhuma resposta. A rua continuava escura, silenciosa e fria.

-A ambulância vai demorar, Liam? – perguntei, nervoso.

-Vão vir o mais rápido possível. Meu deus, como isso foi acontecer? June, pobre June! E se for grave? O que vamos dizer aos responsáveis por ela? Ao pai dela? Vai querer nos matar. E se nos matamos ela? Meu deus, e se matamos ela? – Liam já começava a pirar.

-Tem pulso – falei verificando. Nunca tinha feito isso antes, mas sentia algo ali. – Fica calmo, Liam. Eu acho que ouço a respiração.

Zayn se levantou subitamente apontando pro começo da rua.

-Ambulância chegando – Zayn disse e todos nos levantamos também.

Acho que deveríamos ter feito alguma coisa. Ela tinha ficado deitada ali na rua por vários minutos e nem tínhamos tocado nela. Acho que era melhor assim. A ambulância parou em frente a nós e os vários paramédicos saíram de dentro dela.

E então, eles colocaram June numa maca e nos metralharam de perguntas.

-Ela é alérgica a algum medicamento? Tomou algum remédio especifico ultimamente? São os responsáveis por ela? Poderiam assinar os papeis? Tem algum hospital particular para o qual ela pode ser levada? Ela tem algum plano de saúde? Se tiver, gostaríamos de saber qual seria para atendimento. 

E então, outra mulher com uma nova prancheta nos metralhou de perguntas sobre o acidente. Mas ela não era paramédica. Era uma policial. Então percebi que a policia também estava ali.

-Acho que este senhor tem de ir para o pronto socorro também – uma mulher comentou me analisando – Corte superficial na cabeça.

-Não é nada – murmurei, mas eles me puxaram para dentro da ambulância também. Lá dentro, eles faziam uma espécie de exame básico em June.

-Sem traumas internos, um corte superficial na parte inferior da cabeça, sem sinais de hemorragia interna – uma médica disse enquanto analisava June – Vários arranhões superficiais pelo corpo. Uma leve torção na mão...Acho que tem mais danos – ela disse apalpando o tronco de June – Tenho quase certeza de que tem mais danos aqui. Vamos pro hospital.

-Como assim “mais danos”? – percebi que tinha repetido o sotaque australiano da mulher.

A médica finalmente reparou em mim.

-Tem um galo na sua testa! – ela disse, abrindo um estojo cheio de suprimentos de primeiro-socorro.

-Eu bati a cabeça.

-Isso é ótimo, garoto – a mulher disse molhando uma gaze com um liquido de cheiro acido e limpando minha testa. Aquilo ardia.

-Por que é ótimo? – perguntei sem entender.

-Melhor pra fora do que pra dentro. Se tem um galo, então é porque não há nenhum hematoma interno. – ela disse – Vamos fazer um curativo assim que chegarmos ao hospital. Você é o responsável pela moça?

-June? – olhei pra pequena forma deitada com um inalador – É grave?

-Ainda não tenho certeza, mas vou precisar que assine uns papeis para podermos iniciar o tratamento.

Liam colocou a cabeça pra dentro da ambulância junto com Louis.

-Não vamos poder ir com vocês. – Louis informou. Ele parecia emburrado.

-Harry, eu vou tentar entrar em contato com o pai da June...Seja lá quem ele for. Enquanto isso assine os papeis para o tratamento. Você é o responsável por ela, agora!

-Nos encontramos no hospital – Louis disse e então os dois se afastaram da ambulância e os dois outros paramédicos fecharam as portas.

-Está se sentindo sonolento? – a médica perguntou. Assenti. Eu estava quase desmaiando – Não durma.

Assenti e fiquei olhando June. A preocupação venceu o sono. Ela era tão pequena e já tinha se metido em tantos problemas por minha causa. Não sei o que era mais incrível. Ela ainda ser minha amiga ou ainda estar viva.

A ambulância chegou ao hospital e eles me obrigaram a usar uma maca também, apesar de eu me sentir muito bem. June foi levada para longe de mim, enquanto a médica me fazia assinar vários papéis. Eles me levaram para a clinica onde fizeram um curativo em minha cabeça e depois me deixaram na recepção novamente.

Liam apareceu um tempo depois e me encontrou sentado no sofá. O cheiro de hospital me deixava enjoado. Percebi que Liam tinha tomado banho e trocado de roupa. E eu continuava sujo.

-Pode ir trocar de roupa e dormir se quiser. Louis foi comprar algo para comer, Zayn foi atrás de Niall. Só Deus sabe aonde aquele irlandês foi! E ele nem atende o celular! – Liam murmurou apertando os nós nos dedos.

-Quero ficar aqui – murmurei baixo.

-Eu sei Harry. Mas você está completamente sujo. Precisa mesmo de um banho. – Liam respondeu e eu me rendi – Pode ir pra cobertura se quiser. Deixamos a porta aberta.

Assenti e sai andando.

[...]

Voltei cerca de uma hora depois, e Liam me informou que June estava completamente fora de risco. O acidente não tinha sido nada de mais. Niall já tinha voltado, porém não conseguira pegar o motorista a tempo e ele e Zayn viriam ao hospital assim que amanhecesse; por ora, dormiriam na cobertura. Louis estava sentado com uma expressão fixa e muito quieto – coisa que estranhei, já que Louis nunca calava a boca; principalmente em tragédias. Era aí que ele falava mais para tentar levantar o astral.

-Esta tudo bem agora! – Liam disse – Podem relaxar.

Olhei pra Louis que não parecia nem um pouco relaxado e logo em seguida pra Liam que sorria grande.

-Podemos ir para o quarto dela? – perguntei e Liam chamou uma enfermeira, e apontou para mim – Podemos ir ver nossa amiga June?

A enfermeira olhou nos registros de sua prancheta e assentiu. Ela nos indicou o quarto.

[...] Louis POV’s

Abrir a porta foi praticamente como um dejá vu instantâneo. Eu lembrava muito bem da primeira vez que tinha encontrado June naquele estado – e foi nessa ocasião em que eu me apaixonei por ela.

June estava praticamente do mesmo jeito também. Deitada de forma angelical. E aqueles olhos...Quanto tempo eu esperara para que ela os abrisse naquele dia. Meu coração palpitava com a lembrança.

Porém June não abriu os olhos. Ela continuava a dormir tranquilamente. Harry se sentou no sofá a direita da cama, o único sofá do quarto, e eu me sentei com ele. Liam observou June por um tempo, depois deu um beijo em sua testa e foi embora. Harry não foi, assim como eu.

Começamos a jogar conversa fora como velhos amigos, até Harry parar por um momento.

-Você gosta da June? – Harry perguntou sem olhar pra mim. Os olhos fixos na pequena.

-Você gosta? – repeti a pergunta. Harry me deu um sorriso.

-Perguntei primeiro.

-Eu nasci primeiro. – respondi.

-Isso não vale.

Suspirei.

-Gosto. Gosto dela sim! Agora responde a minha pergunta.

-Também gosto. Gosto muito. – Harry franziu as sobrancelhas – De que jeito você gosta?

-Tem jeito pra se gostar? – perguntei, fingindo inocentemente.

-Você sabe do que estou falando – ele respondeu frio.

-Não quero falar sobre isso – disse, por fim. Harry olhou sério pra mim. Seus olhos verdes eram penetrantes.

-Achei que melhores amigos não tivessem segredos – Harry murmurou.

Aquelas palavras me atingiram. Ainda mais; elas doeram.

-Harry...Eu sei que eles não tem, mas...Eu não quero falar sobre isso. É algo muito pessoal. Até demais.

-Então você gosta dela – Harry suspirou – Daquele jeito. Pra namorar.

-Por que acha?

-Se gostasse dela apenas como amiga, não veria problema nenhum em dizer. Mas é algo mais. – Harry disse...Ele parecia irritado com esse fato, o que me fez perceber que...

-Você gosta dela também!

Harry não me olhou, mas senti que concordava.

-Isso é uma droga – falei por fim e Harry soltou uma risada verdadeira.

-Concordo com você. – ele respondeu.

Não discutimos mais o assunto, mas senti que Harry não tinha gostado nem um pouco dos meus sentimentos por June. E eu tampouco tinha gostado dos dele. Depois de um tempo, meus olhos pesaram e eu adormeci. E imagino que Harry tenha feito o mesmo.

[...] June POV’s

Pisquei várias vezes. A sala branca e bem iluminada por uma janela pela qual entrava uma luz pálida, porém forte, me fez suspirar aliviada. Eu estava bem.

Estendi as mãos diante dos olhos para ver se tinha algo sério. Alguns roxos, uns arranhões aqui e ali, mas nada grave. As pernas ainda se mexiam tranquilamente e eficazmente e meu pescoço e minha cabeça continuavam intactos. Eu estava bem.

-Oi – alguém disse. Olhei para a origem de um metro e oitenta da voz.

-Oi, Liam. – respondi.

-Tudo bem? Foi um acidente feio.

-Alguém gravou? – perguntei esperançosa. Liam arregalou os olhos pra mim – Queria ver.

-Foi assustador. Que bom que está tudo bem com você. – Liam disse sério.

Respirei fundo.

-Vocês têm que viajar hoje, não? As passagens já foram compradas e tudo... – murmurei.

-Temos. – Liam disse tímido – Já temos show depois de amanhã, e não podemos cancelar.

-E eu não vou ter alta hoje – completei, apenas observando a expressão chateada de Liam.

-Era isso que eu ia falar. Você não vai poder ir com a gente.

-E quando vocês voltam pro Reino Unido? – perguntei, tentando não deixar transparecer o pouco de tristeza.

-Novembro.

-O quê? – me sentei bruscamente na cama, fazendo um dos aparelhos disparar.

Harry e Louis, que apenas agora eu tinha percebido, que estavam dormindo num sofá deram pulos. Eles esfregaram os olhos e depois olharam pra mim.

-Ah, oi June! – Harry disse.

-Bom dia – Louis disse também e eu assenti pra eles.

-Hm, meninos... – Liam disse apontando pra porta – Precisamos conversar.

-Ele vai dizer que vocês têm que viajar hoje e eu não vou poder ir junto porque não terei alta, só que vai fazer isso de forma delicada para que vocês não teimem em não ir! – falei antes que os meninos respondessem.

Louis e Harry viraram para Liam com as mesmas expressões confusas. Liam apontou novamente pra porta. Os meninos olharam pra mim.

-Podem ir – suspirei e eles levantaram e saíram.

Eu ainda podia vê-los através das frestas da janela da porta. Pareciam discutir. Harry usava muito as mãos enquanto falava, e Louis tinha uma careta no rosto.

-Olá – uma voz disse ao meu lado, e por alguma razão, não me assustei ao ver Ele. Era quase como se já o estivesse esperando.

-E aí – cumprimentei erguendo a mão. – E agora? Como vou cuidar deles?

-Sinto que estou exigindo demais de você, criança. Essa foi feia – ele comentou olhando os arranhões grandes em meu braço – Acho que tem o direito de descansar um pouco.

Bocejei.

-Descansar. Eu adoro essa palavra.

-Já descobriu? – Ele perguntou e eu pensei sobre o que se tratava. E então lembrei.

-Não acho que minha família tenha segredos obscuros. Se bem...Vi minha mãe e minha irmã no enterro de Charlie e não tenho a mínima idéia do que as duas estavam fazendo lá – falei confusa – Isso é uma pista?

-Não sei. É uma pista? – ele repetiu e eu pensei mais um pouco.

-Não sei – dei de ombros – E agora?

-Descanse. Depois você pensa no resto. Não sofra por antecedência. Viva o presente, afinal. Isso é uma segunda chance de viver. – e dito isso, ele simplesmente desaparece no ar e Harry colocou a cabeça pra dentro do quarto.

-Estava falando sozinha?

-Sim – respondi e ele deu de ombros e fechou a porta novamente.

[...]

Depois de ficarem mais de uma hora conversando, os meninos finalmente voltaram pro quarto. Ambas as expressões eram tímidas e cautelosas.

-Tem algum responsável que possamos chamar? – Liam perguntou.

-Na verdade, não. Entrei em contato com ele... – murmurei e olhei o celular na cômoda – Ele meio que me ligou, mas enfim...Eu vou voltar pra cobertura, vai ficar tudo bem.

-Isso é loucura – Harry murmurou.

-Eu sei – suspirei – Digo, uma garota que parece ter surgido simplesmente um dia do nada no mundo e que conheceu cinco meninos, viraram amigos e então eles eram famosos e levaram ela pra turnê e antes disso ela salvou a garota de um deles de seqüestradores e quase morreu sendo atropelada tão pouco tempo depois. Nossa, parece uma historia louca. Se realmente fosse, eu só ia querer matar o autor por viver me ferrando.

Eles riram e eu também não pude evitar de sorrir. Era bom estar com eles.

-É, mas dessa vez você não volta pra turnê com a gente – Louis disse e seus olhos se desviaram para uma agulha enfiada no meu braço, quase como se temesse que eu tirasse a agulha de lá e jogasse nele.

-É – assenti – Tentem não morrer enquanto eu estiver fora, certo?

-Nossa, isso vai ser difícil – Harry brincou se sentando na ponta da cama. – Acho que vou sentir sua falta na turnê.

-Eu também – Louis disse se sentando na outra ponta da cama. Fechei os olhos tranquilamente.

-Tudo bem – dei de ombros – É só...Por um tempo.

-Dois meses – Liam falou.

-Vai passar voando, vocês vão ver. Aproveitem a viagem. – falei por fim, percebendo que eles tinham que pegar um avião e eu aqui estava, atrasando-os.

-Vamos aproveitar. Niall e Zayn mandaram um beijo pra você. – Liam comentou.

-Certo, mande pra eles também. – estendi a mão para Harry, Liam e Louis apertarem. Eles negaram e me deram abraços fortes.

-Até daqui a pouco, June – Harry disse antes de fechar a porta.

-Até daqui a pouco, Harry.