Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

Ally Cunha POV`s

Dormi na sala hoje. Os garotos não calavam a boca por um segundo. Acho que desmaiei de sono quando Niall começou a falar da textura das massas das comidas do Nandos (“São crocantes, mas ao mesmo tempo macias, parece que se desfazem na boca, quando você dá a primeira mordida”). Tenho certeza que dormi no sofá, então foi muito estranho quando acordei na minha cama. São tipo aqueles mistérios de criança. Era melhor levantar. A cabeça já começava a doer. Engoli o remédio e me vesti(http://www.polyvore.com/cgi/set?id=52978390&.locale=pt-br). Eu tinha que ficar decente pra entrar numa loja de pianos. Mas uma dúvida: Como é que eu ia levar um piano pra cobertura? Hm, interessante. Melhor falar com a recepcionista. Hm, acho melhor deixar o One Direction trancado de novo. Desci lentamente as escadas. É, eles foram dormir no quarto. Já estava quase saindo quando ouvi uma voz.

–Nem pensa nisso – era a voz de Liam.

Eu ri.

–Pensa em que? Eu devia mesmo deixar vocês trancados. Vocês merecem. – dei de ombros.

–Aonde vai? – ele perguntou. Liam estava sentado na bancada, que era uma das únicas coisas de pé desde a visita de Perrie aqui.

–Hm, pra loja de pianos – olhei pra carcaça do meu antigo piano – Depois vou compor uma música nova. Sei lá, tentar né.

–Eu tinha gostado da outra – ele disse triste.

–Eu também. – suspirei – Mas é bola pra frente, escrever outra música.

–Você é incrível sabia? – ele perguntou rindo.

–Não – comecei a rir – Sério, não sou nem um pouco incrível.

–Mostrei a música pra Simon, por email – ele apontou pro meu laptop – Ele adorou. Falei que foi você que nos ajudou a compor e ele disse que você é incrível e que poderia produzir você.

Eu ri. Eu gostaria disso em outras circunstâncias, digo, se eu não fosse morrer em questão de algumas semanas.

–Ahn, sem chance Liam – falei – Digo, se ele puder arranjar um lugar pra mim no espetáculo da Broadway daqui a quatro semanas, eu agradeceria muito, mas sem chance.

–O que é esse espetáculo afinal? – ele perguntou se acomodando na bancada.

–Ah, digamos que vários artistas desconhecidos, numa noite especial, tocam na Broadway diante de vários artistas e pessoas “importantes” – risquei as aspas no ar com os dedos o fazendo rir – músicas originais escritas por eles. E do nada essas músicas ficam super famosas e todos amam. – ele riu – Mas ninguém canta. Só tocam. E isso os eterniza às vezes, pelo menos diante das pessoas que assistiram. E pra própria Broadway. Sei lá, eu quero isso, quero ser eterna. Ah, e depois alguns deles tem a chance de gravar a música. E ai sim, ela fica eterna. E para de rir de mim. – mostrei a língua pra ele.

–Por que quer ser eternizada agora? Sabe, sempre que olho você tenho impressão que ta escondendo alguma coisa. Por isso, fiquei aqui hoje. – ele falou se levantando e ficando na minha frente.

–Não to entendendo. – dei de ombros.

–Tem certeza que não ta? – ele colocou a mão no bolso do casaco e tirou meu estilete dali.

Recuei.

–Onde achou isso? – perguntei tremendo.

–Eu sabia que não era só isso – ele tirou um dos meus remédios do bolso. Era o que menos me acusava. Hidrocodona – Você se droga?

Ele olhava nos meus olhos. Senti as lágrimas caírem.

–Onde achou isso? - repeti.

–Seu quarto. Fui deitar você ontem. Vi que tinha algo debaixo da cama. Não sabia se devia mexer. – ele falou secando minhas lágrimas.

Ele pegou meu pulso esquerdo e levantou delicadamente a manga da minha blusa. Os diversos cortes estavam ali. Ele olhou com dor pra mim.

–Não faça mais isso – ele disse pra mim.

–Não posso Liam. – tentei pegar meu estilete – Meu remédio me devolve.

Ele colocou o remédio no bolso.

–Você precisa dele? – ele perguntou.

–Preciso – falei.

–O que você tem? – ele perguntou preocupado.

–Dor. – respondi e ele me abraçou. Ele me soltou e fiquei olhando em seus olhos.

–Sentiu dor todo esse tempo? – ele perguntou confirmei com a cabeça e ele me abraçou mais forte. – Como é que ta a cabeça?

–Bem, eu acho – falei acariciando o ponto onde eu tinha batido a cabeça.

–O que você tem? – ele insistiu.

–Não é nada. Só dor. Me devolve meu remédio – pedi – E o estilete.

–Nem pensar. – ele falou.

–Mas eu preciso do remédio. Sério, preciso mesmo. – falei.

Ele me olhou em duvida e por fim tirou o frasco de comprimido do bolso.

–Por que precisa dele? Pesquisei sobre o Hidrocodona, só é utilizado em casos de dor crônica, tipo câncer e essas outras coisas – tremi de leve – O que você tem?

–Nada Liam. Só dor. – falei tentando pegar o remédio de sua mão – Me devolve, por favor.

Ele continuou a me encarar.

–Estou doente. – falei por fim.

–O que você tem? – ele perguntou preocupado.

–Nada de mais, sério. É só uma dorzinha na cabeça. Estou me recuperando de uma batida muito forte que causou um trauma – eu era uma ótima mentirosa ou não?

–Sério? – ele perguntou me olhando com os olhos profundos.

–Sério – falei – Me devolve Liam. Eu preciso.

Ele não me deu o frasco e me olhou curioso.

–Certo, mas não respondeu minha primeira pergunta. – ele falou

–Qual?

–Por que ser eternizada agora? Esse aparente desespero? Tem algum plano pra depois da grande apresentação na Broadway? – ele perguntou.

Dei um soco no estomago dele.

–Au. Não doeu só pra você saber. – ele comentou.

–É, essa sua careta contorcida aí é so de ver meu lindo rosto, to sabendo. – falei sarcástica.

–Não respondeu ainda. – ele falou massageando a barriga.

–Meu soco foi sutil demais? – perguntei irônica – Eu não to pensando em suicídio! Você me ofende assim, Liam Payne.

Ele me lançou aquele olhar que só ele sabia dar.

–Então é sério o lance do trauma na cabeça?

–Sim.

–Por que não acredito em você?

–Porque você é um idiota – ele me olhou cético – Tá bom, não é idiota, mas ta agindo feito um.

–Estou preocupado. – ele deu de ombros.

–Uau, valeu Liam James Payne preocupado comigo. Me senti agora. – ele me deu um abraço de urso.

–Caramba Liam, você vai me matar assim – reclamei.

–Awn, que meiga você é. – ele debochou. – Por isso que Harry ama você.

Comecei a rir.

–Tomou meu remédio? Aparentemente você está delirando Payne.

Ele bateu de leve na minha cabeça.

–Você é muito irritante. – ele falou e eu dei de ombros.

–Eu sei. Agora, sério, tenho que ir. – falei abaixando a manga.

–Vou com você.

–Sério? – perguntei levantando a sombracelha. – Posso ser chata vendo pianos.

–Tipo uma garota comprando roupas? – ele riu.

–Acho que sim. – ri também.

Ele me olhou sério de novo.

–Por que se preocupa tanto comigo? – perguntei olhando em seus olhos castanhos.

–Por que não me preocuparia?

–Me conhece há tão pouco tempo. – falei e ele riu.

–Sei disso. Mas acho que foi desde aquele dia no avião. – ele falou.

–Desde aquele dia no avião – dei uma risada – Por que será que nunca vou esquecer?

–Acho que é porque somos uma lembrança permanente – ele falou e eu ri.

–Tá se achando demais. – dei um soco de leve na barriga dele.

–Então vamos? – ele perguntou abrindo a porta.

–Posso deixar eles trancados? – pedi e ele riu – Por favor.

–Como vai fazer isso? Perrie arrombou a fechadura.

–Eu consertei – sorri mostrando a fechadura intacta e ele me lançou um olhar surpreso.

–Não vi nada – ele me disse. Tranquei a porta rindo.

–Então o que vai fazer depois da Broadway? – ele perguntou quando estávamos no elevador.

Essa era uma pergunta interessante. Eu ainda não tinha certeza se estaria viva até a Broadway, ou se conseguiria chegar a tocar lá. O que faria depois? Aproveitaria os últimos momentos.

–Não penso muito nisso – dei de ombros.

–Sério? – ele perguntou sorrindo.

–Por quê? O que o One Direction vai fazer? – perguntei sorrindo pra ele.

–Recebi umas propostas de Simon ontem à noite. Ainda não tenho certeza. Mas vou combinar tudo com ele. – Liam deu de ombros.

–Propostas? – perguntei.

–Sabe estamos tentando gravar o novo CD. E sua música é incrível. Pode até ser o nome do álbum.

–E as letras? – perguntei quando o elevador abriu.

–Estão todas no estúdio. – ele falou – Assim como tudo sobre One Direction. Acho que estaríamos acabados sem aquele lugar.

–Então nem deixem a Perrie chegar perto. – fui pro balcão da recepcionista – Quero ir lá um dia. – avisei e ele riu.

–OI. – falei pra recepcionista simpática – Eu to a fim de comprar um piano pra por na cobertura. E tirar aquele outro de lá pra dar lugar pro novo. Ahn, como eu faço isso?

–Tem o elevador de carga. – ela disse sorrindo – Vou mandar tirar o piano agora mesmo.

–Ainda não. – falei – Espere eu voltar com o novo.

–Sim senhora. – ela falou e eu sorri agradecendo.

Fui pro estacionamento com Liam. Ele entrou no carro em silencio.

–Sabe que ainda não terminamos de conversar né? – ele perguntou.

–Sobre a música? – perguntei e ele negou com a cabeça.

–Sobre seus pulsos. – ele me olhou sério.

–Ok Liam. Eu não quero falar sobre isso. – falei ligando o carro – Vai me fazer bater.

–Pra onde vamos? – ele perguntou confuso.

–Oxford, claro. – dei de ombros – Mas não vamos falar sobre isso.

–Vamos sim.

–Pelos deuses, você é muito irritante.

–Tenho outro assunto se não gostar desse. – ele falou dando de ombros.

–Qualquer coisa. – falei.

–Harry.

–O que quer saber sobre meus pulsos mesmo?