Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

POV`s Ally

Eu fazia força para não me entregar à escuridão. Meus olhos ficavam negros, mas eu tentava com todas as forças enxergar a única luz restante, ao qual eu estava conectada pro resto da minha vida, mesmo que não fosse muito : Harry.

Sentia seu peito arfar lentamente e tentava me concentrar contando sua respiração. Tudo estava tão quente ali que eu acho que minha pele devia estar derretendo. Hachi estava ali também, enroscado ao lado de Harry, que mantinha uma mão colocada protetoramente em cima de sua cabeçinha. Eu tentava respirar, mas estava ficando difícil e meu pulmão já parecia estar em chamas.

–Harry – chamei debilmente. Ele não respondeu – Harry! – balancei ele com força. Nada.

As lágrimas invadiram meus olhos antes que pudesse constatar que ele mal respirava, o ar era mesmo muito tóxico. Eu nunca tinha feito isso. Coloquei minha boca na dele e lancei uma lufada de ar. Senti seu peito se erguer mais na respiração. Tinha dado certo. Lancei outra lufada tentando manter um ritmo perfeito, e seu peito respondia. Agora quem estava ficando sem ar era eu. Eu ia morrer de qualquer jeito mesmo, mas Harry não. Continuei com a boca colada na dele mandando ar para seus fracos pulmões, até sentir que não podia mais prosseguir. Eu estava encharcada de tanto suor e mal sentia meu corpo, parecia que eu estava derretendo. E devia estar mesmo. Deitei calmamente em seu peito que respirava bem mais e bem melhor que eu e fiquei esperando. Não sei o que, mas continuei esperando alguma coisa, qualquer coisa ....

[...]

–Tubo de oxigênio!

–Desfibrilador agora!

–Ela é doente, vale a pena salva-lá? Acho que já está muito prejudicada!

–Se afastem! E qualquer pessoa vale a pena, Sophie, o que há com você?

–Ela é uma vadia.

–Podem por favor tirar essa enfermeira daqui? Certo, desfibrilador.

–Potencia doutor?

–Média. Vamos, andem logo, ela está mais pra lá do que pra cá.

–Potencia ligada, doutor.

–SE AFASTEM! EM 1 2 3

–Sem respostas doutor. Novamente.

–EM 1 2 3

–Mais uma vez.

–EM 1 2 3

–Ela voltou senhor!

[...]

Abri os olhos lentamente encarando a luz forte e branca. Tentei desviar o olhar, mas estava exatamente em cima de mim. Ergui o braço pra afastar a luz, mas alguém agarrou ele no ar.

–Ai – reclamei e vi uma loura de olhos verdes venenosos me encarando. Ela tinha garras no lugar de unhas.

–Cuidado, benzinho. Você está muito machucada – ela disse soltando meu braço que caiu levemente do lado do meu corpo.

–Eu sei com o que devo tomar cuidado aqui, e com certeza não é com essa porcaria de luz, senhora.

Ela franziu a testa irritada.

–Não me chame de senhora! – ela disse rispidamente.

–Quer que eu chame de senhor? – perguntei inocentemente.

–Avisei que não devíamos salvar você. Devíamos te-la deixado morrer. Falei que não valia o incomodo. – ela disse com uma careta de prazer.

–Awn, eu sinto muito pelo senhor então – falei docemente.

–Não tem nada que não possa ser consertado – ela falou e eu senti uma agulha no meu braço.

–O que foi que você... – e abaixei a cabeça inconsciente.

[...]

Abri os olhos novamente e a luz tinha sido retirada, mas meu braço ardia demais. Liam me encarava. Ele estava limpo e arrumado, então já deviam ter passado muitas horas desde o incêndio. Onde estariam os outros? Percebi que Liam girava alguma coisa entre os dedos, quando me viu de olhos abertos.

–Meu isqueiro – falei surpresa apontando pro pequeno objeto na mão dele.

Liam me olhou com os olhos castanhos intensos.

–Seu isqueiro – ele disse girando o objeto nas mãos e fazendo uma chama rapidamente aparecer ali.

–Eu perdi ele – lembrei.

–Ou se livrou dele? – Liam perguntou ainda girando o isqueiro entre os dedos. O QUE? ELE PENSAVA QUE EU... EU... EU FIZ AQUILO?

–O que quer dizer Liam? – perguntei fria.

–Falei com os bombeiros – ele disse sério agora se aproximando – E o incêndio foi começado do corredor atrás da sala de entrada. Podia muito bem ter sido você.

Olhei horrorizada pra ele.

–Mas não foi! Eu ia me matar assim! – falei indignada com Liam.

–A menos que tivesse um bom plano pra passar pela porta antes que as chamas dominassem tudo e aparecer magicamente na arena. Eu falei com os bombeiros e vi, Ally! Era praticamente impossível que você com seus cento e sessenta centímetros pulasse aquela porta sem sofrer sérias queimaduras.

–Mas eu pulei!

–Ou não – ele suspirou se sentando numa cadeira em frente a mim. Encarei ele – Não acredita mesmo nisso né?

–Podia ter se matado. – ele falou me encarando também.

–Não fui eu!

–Como não Ally? As provas estão bem aqui. Nesse isqueiro!

–Então por que você está tocando nele? – perguntei séria. – Estaria apagando minhas digitais.

–Eu não ligo pra isso – ele falou com o isqueiro na mão – Só ligo pro por que.

–Pro por quê? – perguntei indignada.

–Não é como se eu fosse te entregar pra policia, porque sabe que eu não faria isso.

–Não faria? – perguntei confusa – Mas se acha que fui eu...

–Foi você – ele me interrompeu. – Mas eu quero saber o motivo.

–Antes de tudo, não foi eu, e se quer um motivo ai vai : eu beijei o namorado de uma garota e ela fez isso pra se vingar – dei de ombros e ele me encarou sério.

–Tá tentando jogar a culpa na Anna?

Praticamente me levantei irritada da cama.

–Ela me ameaçou Liam! Me ameaçou! – falei nervosa quase de pé. Liam me empurrou de novo pra cama e eu não consegui levantar de novo.

–Quando? – Liam perguntou erguendo as sombracelhas. Fiquei com vontade de socar essa carinha de anjo!

Contei tudo sobre o breve encontro com Anna, mas tenho certeza que Liam mal me ouvia. Ele ficou sentado com as mãos na cabeça e depois evitou olhar pra mim.

–O que está pensando Liam? – perguntei. Eu sempre tinha me dado muito bem com Liam. Na verdade sempre me dei bem com todos eles, mas agora Liam estava me assustando.

–Você usou a gente, certo? – ele perguntou ainda com as mãos na cabeça.

–Como é que é? – perguntei confusa e ele levantou os olhos tristonhos pra mim.

–Usou a gente. Você queria chegar em Simon não é mesmo? Tudo faz sentido agora! – ele disse com os olhos tristes.

–Tudo faz sentido? LIAM! ME EXPLICA ISSO! – gritei e o aparelho ligado a mim começou a berrar percebendo meu humor. Arranquei violentamente a agulha do meu braço ignorando a fenda ali que começou a sangrar.

–Você não queria ser nossa amiga, nunca quis! Você sabia que trabalhávamos com Simon! E sabia que Simon com certeza tinha contato com Matthew, afinal, eles são amigos e todos no mundo da música meio que se conhecem! EU DEVIA SABER! Você não queria ser nossa amiga!

–Como assim? – perguntei já com lágrimas nos olhos. Liam nunca foi grosso assim comigo.

–Você só queria a Broadway, qual é Ally. Pode assumir. Era isso a única coisa que você queria, que vissem seu vídeo e te aceitassem e nos usou pra isso! – Liam disse com algumas lágrimas caindo do olho – E pensar que eu realmente te considerava quase uma irmã!

Comecei a chorar feito uma débil. Esperava que ele começasse a rir e gritasse “pegadinha” e me desse um longo abraço como só ele sabia dar, mas ele não fez isso e continuou a me encarar.

–Nunca fiz isso – falei baixinho.

–Ah não?

–Não, Liam! Não faria também. E nessa sua hipótese, porque eu colocaria fogo no estúdio?Não faz sentido, pensa – falei séria, mas ele balançou a cabeça.

–Talvez tivesse a esperança que algum de nos morresse!

Levantei da cama me soltando de um monte de aparelhos e comecei a socar ele que recuou tentando se defender.

–Eu nunca faria isso – gritei enquanto socava ele.

–Não faria é? MAS VOCE FEZ ALLY! VOCE PODIA TER NOS MATADO. NÃO MEDIU AS CONSEQUENCIAS? – ele gritou comigo me fazendo recuar dessa vez.

–EU NÃO FIZ ISSO LIAM! VOCE TEM QUE ACREDITAR EM MIM!

–VOCE FEZ, VOCE FEZ, ISSO AQUI TE DENUNCIA – ele tacou o isqueiro em mim que me desviei.

Eu já estava ficando sem ar. Sentei novamente na cama respirando fundo e olhando pra ele.

–Para,por favor. Sabe que eu nunca faria isso. – falei séria, mas ele me ignorou.

–Como posso saber? – ele perguntou pegando o isqueiro do chão.

–Você me conhece, sabe que eu não faria isso. – falei baixinho, algo um pouco mais alto que um sussurro.

–Achei que conhecia. E sinceramente agora eu não sei quase nada, apenas o essencial.

Encarei ele.

–O que você sabe? – perguntei.

–Que One Direction acabou? Aquele estúdio era tudo pra gente e você mesmo assim nem ligou! Eu queria saber só o porquê, o por que você querer nos atingir dessa forma. Sabe Ally, eu vi que você voltou pro Harry e não abandonou ele. Isso eu não entendi.

Liam estava desolado e eu tinha uma enorme vontade de abraçá-lo, mas eu sei que ele me ignoraria.

–Eu não o abandonei Liam, porque eu o amo – falei simplesmente. Vi os olhos dele vacilarem e senti que estava quase mudando sua decisão a respeito do incêndio.

–Não muda o fato de que você fez o que fez.

–Não fiz – falei nervosa.

–Pode parar de mentir – ele disse colocando o casaco que estava no sofá que tinha ali – Só vim falar isso. Tenho que ver como estão os outros. Não se preocupe a respeito da sua casa, já saímos de lá.

Senti algumas lagrimas caindo timidamente do meu olho.

–Já? – perguntei com a voz rouca e ele assentiu.

–Pode ficar tranqüila, tiramos tudo que é nosso de lá. – ele falou com a cabeça baixa e se dirigiu a porta, já quase saindo.

–Liam. – chamei e ele me olhou.

–Fale

–Se o tempo que passou comigo significa realmente alguma coisa então, por favor, acredita em mim! Acredita que não fui que fiz aquilo. Por favor, acredita. – pedi chorando.

–Sinto muito – ele falou e saiu fechando a porta. Uma enfermeira muito estúpida entrou logo depois dele e reclamou que eu parecia uma criança e do trabalho que dava recolocar todos os fios de volta no lugar.

–Então me deixa sem logo – falei grossa e ela me ignorou, me espetando com mais força. – Ai quem sabe eu já não morro, não é mesmo?