Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

–Agora ela só esta dormindo – Louis falou fechando os olhos dela.

Assim que chegaram, os garotos também caíram de joelhos e começaram a chorar por ela como eu.

–Eu sou o culpado – falei. Eles me olharam horrorizados.

–Ela tinha câncer Harry. Como você pode ser o culpado? – Liam perguntou entre soluços.

–Eu fui idiota com ela. Caramba Ally, eu sinto muito. Eu sinto tanto – falei me agarrando ao corpo dela.

Simon chegou com alguns seguranças.

–Meninos – ele deu tapas em nossos ombros – Vai ficar tudo bem.

–O corpo precisa ser levado daqui Simon, há muitas pessoas – um dos seguranças falou.

–Claro, já estou providenciando – Simon falou nervoso.

Eu mal ouvia a conversa. Simon falou de uma ambulância que já tinha chegado e esperava na porta lateral do teatro. Eles falaram sobre os familiares de Ally já estarem lá.

–Sinto muito – falei e peguei-a no colo cuidadosamente. Os familiares de Ally estavam mesmo ali e todos estavam chorando. As mulheres pareciam guaxinins pela maquiagem borrada, mas todos soluçavam com vontade.Eles beijaram o rosto dela,um por um, depois Ally foi posta na ambulância e levada. E eu não pude ir.

–Ela é doadora de órgãos – Amanda me falou soluçando e olhando a ambulância se afastar.

Senti que ia desabar e fui procurar minha mãe. No fim, todos foram para a casa. O corpo demoraria pra ser liberado e Amanda tinha que marcar os detalhes do enterro. Todos foram embora chorando muito. Eu so queria encontrar minha mãe.

[...]

Ally realmente tinha ido embora. Porem os momentos em que vi ela dar seus últimos suspiros eram intensamente particulares e eu sabia que nunca falaria sobre isso com ninguém. Ficar ao seu lado enquanto ela deixava o mundo foi um presente que ela havia me dado. Somente a mim, e eu jamais esqueceria aquele momento solene e intimo.

–Cantei pra ela o máximo que pude mamãe. Mas ela estava tão fraca. No final, acho que nem estava ouvindo. – apertei os olhos me perguntando quantas lagrimas haviam sobrado. Eu já tinha chorado tanto.

Minha mãe abriu os braços para que eu me aconchegasse. As lagrimas também lhe afloravam os olhos.

–Eu sei que ela te ouviu, querido.

Apoiei a cabeça no peito dela, como fazia quando criança.

–Nunca se esqueça o quanto você e os meninos a fizeram feliz – ela disse acariciando meu cabelo.

–Ela também me fez feliz. Aprendi muito com ela. Eu a amava tanto. Gostaria de ter dito isso mais vezes. Isso e um bilhão de outras coisas – fechei os olhos – Mas agora é tarde.

–Ela sabia.

Chorei no ombro dela.

–Você acha?

–Claro. Ally era muito inteligente.

–Ally foi como... – doía usar essa expressão. “Foi” – Como um anjo. Acho que essa é a palavra. Era um anjo na minha vida.

E eu sentia falta permanente dela.

Ally detestava a idéia de esquecermos dela um dia. Nunca esqueceríamos dela. E se tinha algo definitivo na minha vida agora é que eu nunca amaria outra garota como eu amei ela. Eu podia casar, ter filhos e amar verdadeiramente alguém, mas eu acho que jamais seria como Ally Cunha. Eu pensava na garota do avião que ela outrora fora. Ela foi a parte da minha vida que eu jamais deixaria ir.

–Você ainda ama ela – minha mãe falou.

–Sempre.

–Ela era linda – minha mãe comentou.

–Pena que ela nunca tenha enxergado isso.

–O que você vai fazer? – minha mãe perguntou.

–Falar com Amanda – falei e sai do quarto. Estávamos todos na casa, mas ninguém se atrevia a entrar no quarto de Ally. Eu ainda estava com seu sobretudo. Desci e encontrei Amanda na sala falando no telefone e parecia brigar com alguém, mas assim que me viu desligou.

–Oi – falei desanimado.

–Oi – ela falou. De todos, Amanda parecia a pior. Parecia pior até que eu. Ela estava com olheiras, os olhos vermelhos de tanto chorar e pálida. Mas não era simplesmente isso. Ela parecia depressiva. Do tipo de pessoa que passa por você e depois se joga de um prédio. Parecia morta, como se toda sua vida estivesse ido junto com sua filha. – Estou arrumando tudo. O enterro, quero dizer.

–Vai ser quando? – perguntei.

–Daqui a dois dias. Na Califórnia. – ela falou simplesmente depois começou a chorar – Eu não posso mais viver com isso Harry. Eu só quero te agradecer por te-la feito feliz, muito obrigada.

Ela abriu os braços pra mim e eu a abracei. Ficamos chorando os dois abraçados até ela avisar que tinha que terminar de arrumar tudo e eu fui pro meu quarto. Minha mãe estava dormindo no mesmo quarto que eu, em outra cama. Me deitei na minha e comecei a chorar em silencio, abraçado ao sobretudo, pensando em seu sorriso, até adormecer.

[...]

Minha mãe veio me acordar avisando que o corpo já tinha sido liberado e estava sendo transportado hoje para Los Angeles, cidade natal de Ally, onde ela seria enterrada. O avião sairia amanhã cedo. O enterro seria no final da tarde, a hora preferida de Ally.

O dia foi bastante triste. Ninguém falava nada até todos se sentarem na sala para conversar e Nessa aparecer com um álbum de fotos. Em todas aparecia uma garotinha sorrindo sem todos os dentes. E depois ela adolescente. A mesma garotinha por quem eu me apaixonei por todos os dias. Mesmo contando varias historias engraçadas de Ally, eu não conseguia sequer sorrir. E não era o único. Amanda passou o dia inteiro de cama até o anoitecer,quando finalmente levantou para avisar o horário do vôo e pedir para alguém dizer algumas palavras. Fui dormir chorando novamente e pensando nisso. Chorei mais. Eu achava que simplesmente não podia viver sem ela.

Liam Payne

Era tudo meio surreal. Voltando 24 horas no tempo, Ally ainda estaria viva. Harry não estava nem um pouco bem. Na verdade, ninguém estava. O corpo já estava em Los Angeles, por vontade da mãe dela, onde Ally seria sepultada e enterrada. Um avião saiu comente com os familiares e nos, os amigos. E ali estávamos nele.

–A ultima vez em que estivemos em um avião – Louis lembrou – Ela estava com a gente.

Harry não estava nem sequer prestando atenção. Ele olhava pro nada e ficava em silencio. Eu nunca tinha o visto sofrendo assim. Ele não falava e nem conversava. Se você perguntava algo, ele respondia, mas não esticava conversa.

–Hey Harry – chamei ele virou os olhos pra mim.

–Sim?

–Tudo bem?

–Não.

E se virou novamente pra janela do avião e ficou assim até chegarmos em Los Angeles. Todos nos estávamos devastados, mas Harry era o pior. Tinha algumas fãs no aeroporto, mas nós nos recusamos a tirar fotos. Era uma espécie de luto. Eu lembrava de Ally dançando pros fãs no aeroporto.O céu estava tempestuoso, cinza e azul, como os olhos de Ally, como se a natureza protestasse. Eu sentiria tanta a falta dela. Todos voltamos para a casa de Amanda em Los Angeles e ali o baque foi maior ainda. A casa inteira lembrava Ally. E o sofrimento que estávamos sentindo. Alguns simplesmente correram para o quartos de hospedes prontos pra se jogar na cama e chorar mais, mas eu pedi licença pra Amanda pra ir até o quarto de Ally. Fiquei olhando. Como ela era bagunceira. Vi um pote derrubado e varias coisas no chão e pensei que ela devia ter derrubado quando estava saindo daqui.

Harry apareceu na porta e me encarou.

–Oi – ele falou e eu dei um aceno – O enterro. É daqui a algumas horas. Não sei o que quero falar. Me ajuda.

[...]

A capela estava praticamente vazia. Além dos familiares e nós, havia poucas pessoas. E já teve problemas logo na entrada. Algumas garotas apareceram por ali e Kelly ficou possessa e saiu no tapa com algumas. Amanda separou a briga e expulsou as garotas de lá. Quando pedimos explicação, descobrimos que eram garotas que praticaram bullying contra Ally, mas eram fãs do One Direction. Ficamos bastante nervosos.

–Eu e Ally tínhamos uma relação meio diferente. – Kelly disse sem forças pra encarar o caixão – Ally foi uma heroína e sinto por não ter tratado ela como merecia. Era um anjo. Era pura, doce, inocente, amável. Ally não precisava de muito. Se lhe desse seu coração, ela faria o mesmo. Foi a pessoa mais perfeita que eu já conheci. E eu sempre vou amar ela, mesmo que se passem mil anos – ela ergueu o braço e ali estava uma tatuagem em que se dizia “Ally”. Todos se espantaram, mas aplaudiram o gesto. Kelly se aproximou do caixão e deu um beijo na testa da irmã. Depois foi se postar atrás da mãe. Quando praticamente todos terminaram de falar, era vez de Harry. Ele foi até lá com o papel de rascunho, mas no fim desistiu e amassou o papel.

–Escrevi algumas palavras. Poucas na verdade. Ally foi a única garota capaz de despertar um sentimento novo em mim. Algo que eu nunca tinha experimentado. Ela me amou com toda intensidade, assim como eu a amei. Ally sempre foi perfeita, doce, amiga, fiel, companheira, confiável e leal. Eu me apaixonei por ela todos os dias. Todos os dias ela me encantava com seus doces olhos cinzas. Não tenho palavras para descrever a felicidade que Ally trazia para todos que estavam próximos dela. Ela ajudava a qualquer um que a ela requisitasse. Ally encontrou uma garota certa vez. Essa mesma garota pôs fogo em nosso estúdio. E Ally estendeu a mão para ela ao perceber o quanto ela se sentia culpada. Ally era simples, mas tinha um coração que batia por nós. Por todos nós. Ela era corajosa, determinada, justa, batalhadora e sempre lutava pra felicidade dos outros, mesmo que isso significasse sua tristeza. O coração dela, sempre foi um mar de segredos, que eu me aventurei a desvendar. Sempre vou me lembrar dela. Não importa. E pode parecer loucura, mas ainda vou esperar ela voltar. Ally morreu como viveu, tão disposta a estender a mão para um desconhecido, como quando a conheci.

Harry estava chorando desconsolado e todos se levantaram para aplaudir. Harry olhou para a porta e arregalou os olhos. Assim como todos os presentes e eu vi o que todos estavam olhando.

Harry Styles

Terminei o discurso mal me agüentando em pé de tanta dor. Olhei para a porta e vi um desconhecido entrando. O mais estranho, ele olhou diretamente pra mim e eu gelei. Os olhos dele eram cinza azulados. Eram idênticos aos da Ally. Ele estreitou os olhos quando reparou que todos estavam olhando e se aproximou do caixão postando uma rosa ali. Depois aproximou de Kelly.

–É uma pena menina – ela falou – Que não pude ser seu pai.

Kelly se assustou e correu a se esconder atrás da mãe. O homem deu um beijo na testa de Ally e saiu chorando. Não consegui dizer nada. Me recuperei do choque e dei um beijo de despedida na bochecha dela. Ela estava com as mãos em cima do coração, mas eu sabia que esse órgão não estava mais ai.

Todos olharam por uma última vez e então o caixão foi selado. Ela tinha partido. Para sempre.

[...]

–Tchau Harry – Louis disse me dando um abraço.

Eu tinha decidido voltar pra Londres e ficar na cobertura, sozinho por um tempo. Com Hachi.

–Tem certeza que não quer que fiquemos com ele? – Amanda perguntou. Hachi tinha chorado e uivado de saudades de Ally. Eu queria ele. Ele sempre teve uma ligação com Ally. Ela o amava.

[...]

Cheguei em Londres e fui para o hotel. Subi até a cobertura e encontrei Anna ali.

–O que está fazendo? – perguntei.

–Arranjando forças pra entrar –ela sorriu sem graça – Amanda me ligou.

–Eu também. – abri a porta – Mas acho que já encontrei.

Assim que abri a porta senti um vento quente sair dali. Achei estranho. Mas naquele momento senti que ela estava ali.

–Acredita em vida após a morte?

–Não – disse simplesmente.

–Ally acreditava.

–Eu sei – dei de ombros.

–Não sentiu o vento? A presença? Era ela!

–Não tenho tanta certeza – falei me sentando no sofá com Hachi enquanto ele uivava.

Ana conversou um pouco comigo depois disse que tinha que ir e eu me despedi dela. Ia ser bom ficar sozinho por um tempo.

Andei por toda a cobertura. Era como ver ela ali. Tinha seu cheiro, seu jeito, sua bagunça. Subi até seu quarto, tinha uma bagunça no chão, como se ela tivesse derrubado tudo ao sair as pressas, e eu sabia que era esse o tipo de coisa que ela faria. Hachi vasculhava a casa feito louco e se sentou no sofá, esperando alguém que jamais voltaria.

Sentei em frente ao piano e toquei umas notas. Tenho certeza que Ally me espancaria se ouvisse isso. Hachi começou a choramingar e no fundo eu queria fazer o mesmo. Me sentei no sofá ao seu lado e ele deitou em meu colo, enquanto eu acariciava sua cabeça.

[...]

Um mês depois

–Um show? – perguntei sem entender.

–Sim, um show – Simon respondeu. Algumas directioners começaram a dizer como estavam felizes pela morte da Ally, e eu tinha desativado meu twitter recentemente. Estava a praticamente um mês isolado na cobertura do hotel com Hachi, sem ver os meninos. E hoje os meninos e Simon simplesmente brotaram aqui na porta falando de um show beneficente.

–Ajudar pessoas. – Louis lembrou.

–Para pessoas com câncer – Niall acrescentou. E agora eles sabiam que eu toparia.

[...]

Eu estava nervoso antes de começar o show. Mas então senti novamente aquele vento. Aquela espécie de presença e soube no meu coração que ela estava ali. E subimos no palco pra cantar One Thing e apresentar Through the Tress, que agora era um hino pras directioners que gostavam de Ally. Senti que ela estava ali durante todo o show. E depois quando já estava no hotel. Era como uma sensação quente em meu coração.

[...]

Já fazia dois meses desde sua morte, e eu parei de sentir o vento e a presença de Ally por perto, o que me desanimava. Decidi sair pra passear com Hachi pelas ruas de Londres. Colocar ele numa coleira não era tarefa fácil, mas eu consegui e saímos para passear num parque que tinha por perto. Vi uma juba de cabelos castanhos um pouco a frente e pensei que estivesse imaginando coisas, até Hachi latir e escapar da coleira e pular na garota que estava a nossa frente. Hachi não é grande, mas é gordo, então se aquela baleia pula em cima de alguém, a pessoa desmonta. A garota caiu com tudo no chão derrubando o monte de livros que carregava. Eu pensava reconhecer ela.

–Ai – ela disse olhando o braço ralado.

–Me desculpa – falei me abaixando para ajudar a pegar seus livros.

–Não tem problema – eu reconhecia aquela voz. Senti o coração gelar. Entreguei os livros pra ela e nossas mãos se tocaram e eu me arrepiei. Então ela ergueu o rosto pra mim de olhos fechados. Ela era idêntica a Ally, mesmas feições, mesmas bochechas rosadas, mesmo sorriso. Então ela abriu os olhos cinza azulados.

The End - Dare to Dream

 

"Another chapter in the book can`t go back but you can look" - I`ll Always Remember You.

"A despedida é uma dor tão suave que te diria Boa Noite até o amanhecer" (Romeu e Julieta).