Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

Eu não conseguia dizer nada, estava completamente paralisado encarando aqueles olhos.

–Ally? – perguntei e ela me mirou, como se fosse um gesto involuntário, mas depois se recuperou do susto e encarou o braço machucado fazendo uma careta – Ally?

–Não, meu nome não é Ally – ela disse depressa pegando os livros e correndo pra se afastar de mim e de Hachi, que pulava freneticamente ao seu redor. Peguei sua coleira e o prendi numa arvore (um gesto nem um pouco certo, mas que é o que você faz quando está numa situação de desespero) e fui atrás dela.

–Ei, você morreu – falei simplesmente, já que não tinha mais nada pra dizer.

–Não, não morri – ela revirou os olhos.

–Morreu sim! Você morreu! Você tinha câncer – insisti aumentando a voz uma oitava e apontando pra ela freneticamente, atraindo vários olhares.

–Não morri, garoto – ela disse se desviando de mim – De que manicômio exatamente você fugiu?

–O louco aqui sou eu? Olha só quem fala. Foi você quem levantou do caixão! – protestei.

–E ainda acha que não é louco? Vem cá, garoto, isso aqui é a idéia que você faz de uma brincadeira? – ela perguntou irritada.

–Brincadeira? Brincadeira é você morrer e voltar depois de um tempo! –falei nervoso segurando o braço dela só pra ter certeza de que era real.

–Ei! – ela disse se soltando de mim com agressividade – Eu tenho namorado, seu idiota.

–Não, você morreu! Entende isso!

Ela deu uma gargalhada.

–Eu morri? Não, eu acho que não. Agora, me dá licença.

–Ally, por favor...

–Meu nome não é Ally – ela quase gritou, batendo no meu peito com um livro pesado.

–Qual seu nome então?

–Não vou dizer para um louco! – ela me empurrou com o ombro e saiu andando. – Para de me seguir, cara!

–Isso é uma alucinação. Voce não é real! – falei piscando diversas vezes.

–Eu sou uma alucinação? É serio isso? Que piadinha é essa?!

–Não é piadinha! Qual o seu problema?

–Qual o meu problema? Eu fui abordada no meio da rua por um louco que diz que eu morri! Esse é meu problema! Voce é meu problema! Por que não para de me seguir?

–Eu te vi morta – apontei o dedo pra ela acusadoramente.

–Eu...Não...Morri! – ela disse respirando fundo. O que Ally estava fazendo? Eu sabia que ela não era assim. Ela já devia estar rindo ou brincando, mas a garota a minha frente que eu julgava ser ela estava nervosa pronta para tacar todos os livros que carregava em minha cabeça. E eu não entendia o por que disso. Reparando bem, comecei a ver algumas diferenças entre ela e Ally. Eram pequenas mas estavam ali ; uma pequena cicatriz na testa, um piercing no nariz e uma tatuagem no pulso. É, eu não percebi isso antes. Ally teria saído do caixão direto para um estúdio de tatuagem e piercings?!

–Quem é você?

–Uma pessoa – ela deu de ombros. Eu não via isso fazia muito tempo e me deu vontade de chorar. Ela me encarou como se eu fosse maluco e aprumou seus livros nos braços e continuou andando.

–Pra onde você vai?

–Escola – ela respondeu.

–Qual seu nome?

Vi todos os livros que ela carregava caírem no chão e então ela avançou em mim.

–Garoto, qual seu problema? – ela disse me batendo – Você é um louco,pirado, maluco! Por que quer saber tanto sobre mim? Foi meu pai que te mandou né? Foi Charlie, aquele louco quem te mandou né? O que ele fez agora? Eu não vou pagar nada que aquele drogado tenha comprado – Cada frase ela pontuava com um soco em meu peito. E eu tentava associar tudo enquanto ela tentava me matar.

–Não, ninguém me mandou! – falei me desviando de seus socos. Ela batia razoavelmente fraco, quase como se não fosse acostumada a isso, que era completamente diferente de Ally, que socava como Anderson Silva.

–Ah bom – ela disse se recuperando e arrumando os cabelos bagunçados. Depois respirou fundo e se abaixou pra pegar os livros do chão, que eu já empilhara pra ela – Desculpe por...Se bem que, não, não desculpe! Isso foi bem feito pelas perguntas inconvenientes e por dizer que eu morri!

–Ow,eu ainda estou confuso! Você não é mesmo a Ally? Eu nem sei o que pensar – falei com as mãos nas têmporas.

–Quem é essa Ally afinal? E por que pensa que eu sou ela? – ela perguntou curiosa e irritada ao mesmo tempo, mas a raiva parecia ceder a curiosidade.

–É um longa historia – falei.

–Pode me contar...Depois, quem sabe – ela falou – Eu quero mesmo saber. Eu não costumo ser muito confundida com uma morta, apesar de ser meio pálida, mas é falta de respeito comentar isso.

–Não tem idéia de quem seja Ally Cunha?

–Não mesmo. Mas tive um sonho muito esquisito um tempo atrás quando estava meio que... Ahn, meio mal.

–Meio que o que?

–Nada – ela disse e saiu novamente apressada. Tentei segurar seu braço, mas ela se desviou.

–Ei. – chamei.

–Que foi?

–Sinto muito. Sou Harry Styles, a propósito. – estendi a mão e ela equilibrando os livros com um braço, apertou. Sua mão era tão pequena que eu tinha medo de quebra - lá.

–Catheryne Dawson.

–É um belo nome.

Dei um sorriso e ela deu uma piscada tímida.

–Não se esqueça que ainda estou brava com voce – ela falou dando um sorriso mínimo e saindo.

–Ei – chamei novamente, mas ela não se virou e eu fui atrás dela.

–Que foi?

–Como vou te achar de novo? – perguntei.

–Sorte.

–Sorte não tem nada a ver com isso – respondi e ela deu de ombros.

–Sempre que eu volto da escola passo por esse parque.

–Daqui a quanto tempo volta da escola?

–Umas sete horas. Estou fazendo reforço de matemática – ela disse desanimada e eu assenti solidário. Sabia muito bem como escola poderia ser chata.

–Quer que eu te leve?

–Eu tenho namorado – ela relembrou e eu senti uma pontada no coração.

–Eu só quero conversar – menti. Não era somente isso, mas no momento era o mais importante.

–Você é meio louco sabia? – ela disse enquanto caminhávamos lado a lado pelas ruelas rodeadas de arvores e crianças brincando do parque.

–Sério?

–Claro. Primeiro você disse que eu estava morta. E depois, você começa a falar com uma desconhecida como se fosse a coisa mais normal do mundo!

Bom, isso é meio normal pra mim. Vivo falando com desconhecidas, mas geralmente as chamo de fãs ou directioners.

–Você também – dei de ombros e ela riu.

–Bom, isso é meio diferente. Foi você quem começou.

–Mas continuou. E eu não vi você reclamar.

–Meus socos foram sutis demais pra você, né lindinho? – ela comentou.

–Me acha lindinho?

Ela corou e me olhou irritada.

–Não, é só jeito de falar. Eu tenho que ir – e dizendo isso saiu correndo pelo seu caminho, sem se incomodar em olhar pra trás. E eu pensei em ir atrás dela, mas demorei um minuto demais hesitando e ela sumiu entre as pessoas que também andavam pelo parque. Encarei o exato ponto onde ela tinha sumido e pensei se tornaria a vê-la. Bom, daqui a sete horas. Eu tinha esperado dois meses. Com certeza podia esperar mais algumas horas. Agora eu tinha umas preocupações mais importantes na cabeça. Por exemplo? Hachi sumiu.