Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

Eu passei a manhã inteira estudando. Eu estou me esforçando ao máximo, desde que enviei uma carta para futuras faculdades nas quais eu gostaria de entrar. Também economizava bastante. Não suportava a idéia de morar mais um ano com meu pai e Alex sempre espreitando minha casa. Falando em Charlie, ele tinha saído estranho algum tempo atrás e voltado chorando muito. E eu não entendia o por que. Quando tentei perguntar, ele quase me espancou, então deixei estar. Ele que sofra sozinho. Desci com a mochila nas costas e arranjei algo para comer, naquela casa vazia. Charlie era deplorável. Tudo ele vendia para comprar drogas ou bebida; se não trancasse meu quarto antes de sair de casa, era capaz de ele roubar a própria filha.

Coloquei o casaco de Harry mesmo, ignorando o pequeno roxo que tinha ficado na minha testa da queda de ontem. Arrumei o cabelo na frente do rosto e pronto; ninguém precisava saber de nada.

–Ei, Catheryne – ouvi a voz rouca de meu pai e me virei.

–Que foi? – disse docemente, apesar de ele não merecer nem um pouco isso.

–A briga com Alex ontem foi feia ein?! Por que não pede desculpas ahn?

–Só porque é ele quem arranja suas droguinhas? – empurrei ele com força, o fazendo vacilar para o lado. Sabia como ele era capaz de me bater, mas não me importava. Não agora – Eu não vou pedir desculpas simplesmente porque não fiz nada de errado.

–Por que ainda está com esse casaco?

–Porque eu quero – cuspi na cara dele e ele avançou, mas eu fui mais rápida e recuei – E só pra você saber, eu já sou maior de idade. Dê graças a deus que eu não tenha te deixado pra morrer, porque é graças a mim que tem comida, água e luz nessa casa.

–Não pode me abandonar – ele riu sarcástico.

–Quer pagar pra ver? Aposto como consigo me sustentar sozinha. – deixei minha ameaça fazer efeito e sai arrumando os cabelos de um jeito a esconder o machucado o máximo possível. Como não comi nada em casa, decidi comprar um suco no caminho do colégio.

Andei pelo parque e me sentei sozinha em um banco, simplesmente para observar. Vi que alguém sentou ao meu lado.

–Como está? – ouvi a voz rouca de Harry e pulei pra fora do banco. Ele riu – Que foi?

–N-Nada. – falei nervosa me afastando.

–Ei, Cath...

–Ahn, eu tenho que ir Harry – falei andando mais rápido e vi que ele me seguia. Claro, as pernas dele devem ser bem maiores que a minha, de forma que é fácil me acompanhar.

–O que aconteceu? Teve problemas com seu pai ontem?

–Não quero falar sobre isso Harry. Por favor – pedi e me afastei ainda mais rápido e dessa vez vi que ele não me seguiu.

[...]

Cheguei bufando no colégio e fui direto para o refeitório. Connor já estava ali. Connor é meu único amigo. Já falei que as pessoas costumam não gostar de mim? Acho que é simples : eu sou estranha e pobre, sem nada de especial como a maioria das pessoas aqui, então acredito que esse desprezo seja normal. Além de ser uma das únicas bolsistas no terceiro ano, mas as outras tinham talento e beleza e eu não.

–Bom dia flor do dia – Connor me cumprimentou.

–Oi – dei de ombros e me sentei ao seu lado. – E ai?

–Fez tarefa?

Bufei.

–Desde quando eu não faço tarefa? – perguntei sarcástica.

–Ok sabichona, então pegue o caderno ai para eu corrigir minhas respostas.

Tirei meu caderno da mochila e entreguei pra ele.

–Valeu – ele pegou e começou a ler – Não entendi o que fez nessa conta aqui...

–Tanto faz Connor – suspirei e retirei o cabelo do olho. Um gesto involuntário, mas muito errado. Ele apontou pra minha testa.

–O que foi isso?

–Não foi nada – falei cobrindo a testa novamente – Ah, que cálculo não entendeu?

–Catheryne – ele disse docemente – foi seu pai. Não foi? Ou foi Alex de novo?

–Alex – desabei na mesa e comecei a chorar silenciosamente enquanto ele dava palmadinhas tranqüilizadoras em meu ombro. – Minha vida é um inferno.

–Não, Catheryne, não pensa assim. Pensa que daqui a poucos meses nós vamos para a faculdade dos nossos sonhos. E lá não vai ter seu pai ou Alex. Pensa nisso.

–E se eu não conseguir? Não sou a mais inteligente – funguei.

–Você é sim. Por que acha que é a primeira da sala? Por que todos querem ser você?

–Porque são todos otários. E isso é resposta pras duas coisas – resmunguei apoiando o braço sobre a mesa.

–Ow, não foi só o rosto então. O que aconteceu no seu braço?

–Ah, isso é completamente diferente. Você faltou ontem. Ficou machucado o dia inteiro. Fiz essa faixa depois da aula – menti, na verdade, ocultei Harry da sentença.

–Sério, acho que devia se cuidar melhor. Você cuida até do seu pai mais do que si mesma. E você odeia seu pai.

–Não odeio tanto assim Connor – falei e ele afagou minha bochecha.

–Só quero que fique bem certo?

–E isso é tão difícil não é mesmo? – ironizei de cabeça baixa e Connor concordou com a cabeça. Ouvi o sino estridente – Hora da aula.

–Não to te achando muito bem. Não precisa assistir à aula hoje. Eu te passo os conteúdos mais tarde, sei lá. Volta pra casa.

Ergui o rosto.

–Acha que eu tenho a mínima vontade de voltar pra casa?

–Então ande por aí – ele sugeriu, mas eu sacudi a cabeça.

–Prefiro ficar na aula.

–Você é quem sabe. Mas parece que vai capotar daqui a pouco. Anda se alimentando bem ultimamente ou está vivendo a base de suquinhos? Sério, acabou de passar por uma cirurgia muito arriscada e...

–Connor, eu sei pelo que eu passei e sei também o que eu faço. É simples assim. Eu estou bem.

–Sei – ele resmungou o quanto eu era irresponsável depois fomos para sala de aula. Aula de química. Pelo menos hoje sairia mais cedo, daria tempo pra ir procurar um emprego.

[...]

–Srta Dawson – ouvi e levantei a cabeça. O professor me encarava, trazendo as risadinhas dos demais colegas.

–Sim?

–A senhora poderia fazer o favor de prestar a atenção?

–Estou prestando – falei e todos riram mais. Connor me lançou um olhar solidário.

–Dormindo na mesa? – ele perguntou sarcástico, incentivando a risada de todos.

–Não estava dormindo – menti.

–Sei... Bom, meio ponto senhorita Dawson, e no futuro tente prestar mais atenção na aula, ou eu temo em pensar que a sua tão estimada faculdade nunca a aceite – e dando um sorriso vitorioso ao ver meu rosto se abaixar na mesa, ele voltou a explicar a matéria inútil que eu me esforcei pra ouvir, enquanto as outras garotas me lançavam risadinhas e sorrisos venenosos.

–Maquiavélicos! – murmurei para Connor quando saímos da sala em direção a próxima aula.

–Eu disse pra você ir embora – Connor mostrou a língua pra mim.

–Não tenho pra onde ir – resmunguei novamente, embora achasse desnecessário.

–Tem a minha casa.

Encarei-o piscando.

–Mesmo?

–Mesmo – ele sorriu divertido.

–Sei lá Connor. Somos só amigos, não rola mais, você sabe né?

Ele deu risada.

–E acha que eu quero? – me fiz de ofendida e dei um tapa em seu braço – Digo, não que você não seja gata, mas eu gosto de ser seu amigo, Catheryne.

–Eu tenho namorado – mordi os lábios nervosa – O que Alex vai pensar?

–Ele precisa pensar alguma coisa? Catheryne termina logo com esse cara, ele só abusa de você! Estou cansado de te ver chorando por causa de um idiota como esse. – ele falou e eu lhe apertei as bochechas.

–Não é tão fácil assim. E ainda tem meu pai. Você não tem noção de como é, então não fale nada porque sua vida é perfeita. – ele revirou os olhos, mas eu sabia que era assim.

–Então você topa?

–Acho que sim. – sorri marota.

–Afinal, de quem é esse casaco? Estou querendo perguntar faz tempo, porque meio que parece de homem e Alex não faz bem o tipo de...

–É de um amigo – dei de ombros e Connor sorriu malicioso – Ei, não é nada disso.

–Não pensei em nada.

–Sei.

–Não pensei mesmo.

–Você é um idiota.

–Um idiota que você ama.

–Continua sendo idiota.

–Besta – ele resmungou e eu o puxei para um abraço apertado.

–Valeu por estar sempre ao meu lado.

[...]

A aula estava um saco e eu já começava a passar mal de fome. Pedi licença para a professora (que por sorte gostava de mim) e fui para a enfermaria. A enfermeira disse que eu deveria ir embora e eu concordei, sem vontade alguma de recusar. Eu tinha que encarar minha casa afinal. Chamei um taxi e fui para casa, pois estava muito cansada par andar. Nem sinal do meu pai, então subi e tranquei a porta, me jogando na cama e adormecendo logo em seguida.