Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

A casa não era como as que estou acostumado. Era bem simples. Não era feia, somente simples. Tinha dois andares, e era bem cuidada. Até que era bonita. Tinha um jeito diferente e a pintura também. Tinha desenhos, nuvens, sorrisos, crianças, enfim, felicidade estava desenhada na parede da frente da casa, como se ali fosse um lugar feliz. Bati na porta de madeira, e ouvi um “já vai”. Catheryne apareceu alguns segundos depois e deu um sorriso.

–Oi. – cumprimentei. Ela estava linda e simples. Sem maquiagem alguma ; adoro garotas assim. Com uma blusa simples e um shorts curto (que eu adorei, a propósito) com um tênis converse branco – Me imitou – apontei para o tênis idêntico ao meu e ela riu.

–Não imitei nada. – ela falou e arrumou o cabelo. Percebi que ela usava o cabelo no rosto, escondendo metade dele. Não entendi por que; um rosto tão lindo. – Entra.

A casa por dentro também tinha a pintura da felicidade, mas em si, ela não parecia nem um pouco feliz. Estava arrumada, mas faltava algo. Uma espécie de luz que casa com famílias tem. Percebi que não tinha fotos, pinturas ou qualquer coisa que desse uma aura familiar para o lugar.

–Vamos assistir aqui? – perguntei apontando para a televisão da sala, mas ela negou com a cabeça.

–Vamos pro meu quarto. Lá é melhor. – ela deu de ombros.

–Trouxe pipoca – falei levantando o saco e ela pegou.

–Valeu. Vou fazer. Pode ir lá pra cima.

Subi as escadas e fui para o quarto dela. Era bem fácil saber qual quarto era de Catheryne; tinha uma porta azul e seu nome escrito em letra cursiva. Entrei. O quarto de Cath parecia uma fuga, uma fuga para um lugar claro. As cores ali se misturavam nas paredes, nos poucos moveis e a cama. Nas paredes haviam rostos, pinturas, esboços, rabiscos. Era como liberdade. Percebi que ela não era exatamente arrumada, e pela porta do armário entreaberta, vi umas bagunças e ri sozinho. Um caderno estava aberto no chão. Ela escrevia uma frase: “Uma ilha de esperança....” e não terminou. Deve ter sido na hora em que foi me atender. Me sentei na cama e percebi, sorrindo, meu casaco ali. Hm, então ela tinha dormido com ele. Peguei o caderno dela para ler mais alguma coisa.

–Ei – ouvi a voz de Cath e ela apareceu no quarto. Tentei esconder o caderno, mas ela viu e pegou de mim – É particular.

–Desculpe – murmurei fazendo cara de culpado, mas ela deu de ombros.

–Não, tudo bem. Coloca o filme. Eu vou pegar a pipoca – ela deu um sorriso fraco e desceu. Encarei a televisão e o aparelho de DVD. Era fácil manusear, então coloquei o filme num minuto e fiquei esperando por ela para começar. Catheryne apareceu com um pote de pipocas e duas latas de refrigerante nos braços. Sorri e ajudei ela. Cath fechou as cortinas e as janelas até o quarto ficar totalmente escuro.

–Vamos assistir aonde? –perguntei e ela apontou para a cama que era de frente para a televisão, então estaríamos bem confortáveis. Ela se sentou ao meu lado, ambos apoiando as costas na cabeceira macia. Dei play.

–X-men : primeira classe? – ela perguntou assim que começou.

–É já assistiu?

–Não. Disseram que é bom, mas nunca consegui assistir. – ela falou depois se levantou repentinamente e trancou a porta – Pro caso do meu pai chegar. – acrescentou.

–Certo – achei estranho, mas concordei. Ela se sentou novamente ao meu lado e começamos a assistir.

Nos esbaldamos de pipoca, isso eu sei. O pote era grande, e me assustei quando acabou, mas Cath deu risada. Esse filme tem poder; apesar de já ter assistido umas quinhentas vezes, ainda dou risada e fico concentrado nele. Tão concentrado que mal percebi a cabeça de Cath caindo em meu ombro. Olhei para ela que tinha os olhos cinzas voltados para a televisão, sem sequer piscar. Ela se acomodou mais em mim e puxou o casaco pra se cobrir.

–Meu casaco – sorri e ela riu.

–É – ela disse rindo. Até que ficava bem nela.

–É seu se quiser. – falei e ela se virou pra me olhar.

–Sério?

–Sério.

–Obrigada – ela disse feliz dando um grande sorriso. Vi como ela era mais simpática depois que a conhecia.

O filme estava quase no fim, depois de boas risadas de ambos, e percebi que ela tinha adormecido. Eu já tinha assistido esse filme quinhentas vezes, então decidi parar e desligar o aparelho. Deixei ela dormir confortável na cama, e arrumei sua cabeça no travesseiro, quando ela se virou e deixou uma mancha roxa na testa a mostra. Me assustei e olhei mais de perto ; era um hematoma. Recente. E bem feio. Talvez fosse pela queda de Hachi, mas eu não tinha certeza. Deixei ela dormir e comecei a mexer em meu celular. Detalhe: tirei uma foto dela. Na verdade, uma não, várias. Até ela acordar.

–Hmm – ela se espreguiçou – Oi.

–Oi – respondi dando um meio-sorriso.

–Eu dormi né? – ela perguntou confusa depois se sentou rapidamente – Sério? Eu dormi mesmo? O filme já acabou? Nossa como eu sou tapada!

Ri do desespero dela.

–Não, tudo bem, o final nem é tão legal assim mesmo – falei e ela deu de ombros, se aconchegando no novo casaco.

–Tá frio né? Você não está com frio?

Pensei um pouco.

–Acho que não – dei de ombros – Deveria estar?

–Deveria – ela riu – Eu to congelando. Mas sempre fui friorenta mesmo.

–Quer mais um casaco? – perguntei pronto pra tirar o que eu estava usando, mas ela negou rapidamente com a cabeça.

–Acho que é esse quarto que é gelado mesmo – deu de ombros.

–O que aconteceu na sua testa? – perguntei de supetão, já que estava curioso. Ela se assustou com a pergunta e rapidamente escondeu o hematoma com o cabelo.

–N-nada. – gaguejou – Caí.

–Sério? – ergui as sombracelhas e ela concordou.

–Foi. – ela respondeu simplesmente e puxou o travesseiro pra abraçar ele.

Silencio constrangedor. Ela arrumou um colar no pescoço e percebi algo de singular nele. Era idêntico ao que Ally tinha me dado antes de morrer, era o colar que ela vivia usando e que agora estava no meu pescoço. Apertei o meu colar olhando o dela.

–Que foi? – ela perguntou dando um sorriso fraco.

–Seu colar. É bem legal – comentei escondendo o meu. Ela tirou ele pra me mostrar. A mesma pedra azul. Ally tinha dito que era única, mas ali estava uma exatamente igual balançando na minha frente.

–Ganhei quando ainda era um bebe. – ela deu de ombros – Não é muito importante, mas eu gosto de usar. Dá um toque peculiar na coisa, apesar de ser extremamente idiota porque eu não sei de onde ele veio.

–Não sabe? – perguntei.

–Meu pai, quando não era tão bêbado, costumava dizer que veio da minha mãe. – ela suspirou e ante ao meu olhar completou – Eu não tenho mãe. Ela morreu.

–Morreu? – estreitei os olhos e depois percebi como estava sendo indelicado, mas ela deu de ombros.

–Meu pai disse que ela morreu quando eu era só um bebe. Acidente de carro. Ela também bebia, ele diz. Então, parece que isso é de família e to torcendo para não virar uma drogada também – ela não parecia muito magoada. Parecia conformada. Corajosa e guerreira. Gostei dela.

–Sinto muito.

–Eu também. Mas não faz diferença agora.

Novamente o silencio. Ela colocou o colar de novo e se levantou da cama.

–E aí? – perguntou dando um meio-sorriso. – Não gosto muito de assuntos depressivos e tal, então tem alguma idéia mais feliz para conversarmos?

–Hm, não – falei e ela deu uma risadinha – Mas estou me sentindo sufocado tanto tempo preso dentro de um quarto.

–Imagino que o senhor super estrela deve estar acostumado a ficar preso bastante tempo dentro de um quarto com uma garota – ela debochou.

–Ei – protestei – Não é assim.

–Hm, sei. Por que não me contou que era famoso?

–Porque ia debochar de mim ou me ignorar e nunca mais querer me ver e... O motivo principal: eu esqueci!

–Esquece assim que é Harry Styles, o desejo de todas as garotas de doze anos?

–Olha, já começou – resmunguei e ela sorriu.

–Ow, eu to só brincando. Sua vida deve ser bem chata, a propósito.

–Sério? Por quê?

Ela riu.

–Agradar todo mundo! Que chato! Ser controlado pela mídia, fazer tudo o que os empresários querem, sabe...Ser controlado! Isso é péssimo!

Fiquei sem reação, com os olhos arregalados.

–É isso que pensa?

–Não é isso que é?

Pensei na conversa de ontem e de como Simon queria controlar o namoro de Zayn e de Perrie apenas pra ibope da Little mix; os dois se amavam, não tinha duvidas disso, gostavam mesmo um do outro, mas até do amor parecem tirar proveito. Especulei se eu mesmo não estava sendo controlado pela mídia, e dei um sorriso ao perceber que ainda não. E nenhum dos outros garotos também.

–Não. Bom, pelo menos pro One Direction não. Ainda somos os mesmos garotos do The X-Factor lutando pelos seus sonhos.

Ela revirou os olhos sorrindo.

–Mesmo?

–Mesmo. Continuando, estou sufocado. E com um pouco de fome. O que acha de sairmos pra lanchar, sei lá? – perguntei e ela pensou um pouco.

–Não sei. Meu pai pode voltar e... Acho melhor outra hora. – ela disse desanimada.

–Vamos, por favor – pedi suplicante.

–Para de fazer bico – ela reclamou e eu ri.

–Então você vem?

–Não disse isso.

–Por favor, por mim – supliquei e ela suspirou derrotada.

–Que seja bem rápido – avisou e abriu a gaveta para pegar dinheiro. Achei esquisito, mas dei de ombros.

–Claro. E então, onde vamos comer? Alguma sugestão?

–Sei lá – ela riu e saímos.