Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

Catheryne Dawson

Ok, talvez eu não tenha noção do que eu estou fazendo. E se meu pai chegar em casa e perceber que não estou?! Bom, isso não seria o maior dos meus problemas, contanto que ele não ligasse para Alex e mandasse-o sair a minha procura. Sim, ele já fez isso e foi uma ocasião extremamente traumática, da qual não gosto muito de lembrar.

–E então? – Harry perguntou se virando pra mim. Estávamos no carro dele e tínhamos acabado de parar em um semáforo. Ele sorria pra mim e eu tentava fazer o mesmo, mas permanecia assustada com a minha desobediência.

–Ahn?

–O restaurante – ele revirou os olhos rindo. E que risada linda... Ok, vergonha na cara Catheryne.

–Restaurante? Não vamos a um restaurante. – ele arregalou os olhos – Vamos a uma lanchonete, sei lá. Restaurante não.

–Qual a diferença?

–Restaurantes são tipo... Lugares chiques para pessoas ricas. E eu não sou nenhum dos dois!

–Mas você está comigo.

–Agora eu que pergunto: qual a diferença? – ele deu um sorriso divertido.

–Você é chata ein – ele deu de ombros – Então em que lanchonete vamos?

–Eu quero sorvete – comentei e ele sorriu.

–Achei que íamos comer – deu um sorriso maroto.

–E sorvete é o que?

–Doce. Não é comida. Você costuma comer coisas saudáveis? Sabe é só por perguntar, porque realmente não parece – ele comentou estacionando em frente a um restaurante praticamente vazio. Revirei os olhos pra ele.

–Hm, não. Eu não gosto muito. – dei de ombros e ele começou a rir.

–É sério isso? Pessoas normais costumam comer pelo menos um mínimo de comida saudável! Chega! Hoje você vai comer de verdade – ele falou abrindo a porta e saindo. Fui tentar fazer o mesmo, mas a minha porta estava travada.

–Que merda é essa?! – resmunguei quando ele apareceu ali para abrir a porta pra mim.

–Sou um perfeito cavalheiro – ele sorriu.

–Obrigada – fui sincera e ele sorriu abertamente.

–Vem – ele pegou em minha mão, mas eu soltei dele.

–Longe demais, pouco tempo – murmurei e ele assentiu, concordando desanimado.

–Desculpe – ele sussurrou constrangido – Estou acostumado. Só isso.

–Que costume... – comentei e ele riu.

–Boba.

Ele abriu a porta do restaurante pra mim. Tinha pouca pessoas ali, mas todas olharam para nós assim que entramos, e juro que vi alguns sacando celulares e câmeras. Estreitei os olhos e Harry deu de ombros. Sentamos numa mesa mais afastada, num canto bem escondido.

–Legal isso de se esconder – provoquei e ele me mostrou a língua.

–Engraçadinha. Escolhe alguma coisa logo.

Encarei o cardápio.Não sabia se aquilo ali era o preço ou o número de calorias das opções. Não sabia que prato escolher, afinal, não tinha tanta grana assim. Harry percebeu.

– E então? – me apressou.

–Hm, não estou com fome – falei tacando o cardápio pra ele que riu.

–Sério? – ele riu desconfiado.

–É serio! – resmunguei – Só sou uma dama de companhia, sei lá, uma coisa assim.

–Damas de companhia costumam comer – ele provocou, e eu revirei os olhos.

–Mas essa dama de companhia não... Espera, eu não sou uma dama, qual é. Não me chama assim, me incomoda – resmunguei.

–Dama, dama, dama, dama, dama, dama, DAMA! AI GALERA, ESSA GAROTA AQUI COMIGO É UMA DAMA – ele berrou no restaurante silencioso fazendo diversas cabeças se virarem para olhar. Afundei na cadeira, me escondendo.

–Garoto, você tem problema? Retardadice crônica? – resmunguei jogando um pãozinho de recepção que estava na mesa nele. Bateu em seu rosto e caiu ao lado de seu pé.

–Uau, valeu, estava mesmo com fome – ele disse pegando o pãozinho do chão e erguendo em direção ao rosto.

–Não. Se.Atreva.A.Colocar.Isso.Na.Boca. – falei ameaçadoramente e ele deu um sorriso – AH, não! Harry, não! Que nojeira, na boa!

Harry riu feliz e largou o pãozinho no chão novamente e eu chutei. Os dois. O pãozinho voou pra longe e Harry fez uma careta.

–Bem feito.

–Você não bate direito – ele reclamou, depois percebeu o que disse e começou a rir alto.

–Sério? Tem jeito certo de bater em alguém? Me ensina, que eu não to sabendo.

–Não, foi mal – ele riu – É que eu estou acostumado com... – e parou de falar, fazendo uma cara desanimada e depois deu um sorriso firme – Nada. Não vou falar sobre isso hoje, nada de assuntos tristes certo?

–Aham – concordei animada.

–Então, dama de companhia...

–Se gritar de novo, eu enfio esse garfo na sua garganta – avisei e ele assentiu.

–O que vai ser? Comida japonesa, italiana, chinesa, britânica, americana?

–Quantas comidas. Não vou querer nada. Só uma coca.

Ele estreitou os olhos.

–Sério? Não tem graça assim.

–Comi muita pipoca – repliquei – E não to a fim de comer aqui, então... Só uma coca, por favor. – falei quando o garçom se aproximou. Ele assentiu dando um sorriso.

–Bom, pois eu vou de sushi. Com bastante molho agridoce. E hm, um pouco de batatas com ervilha – ele riu – Sei, não combina nada, mas tudo bem. Obrigada.

O garçom se retirou avisando que voltaria em breve e Harry me encarou por cima do copo de água.

–E ai?

–Que foi? – perguntei assustada e ele sorriu.

–Nada, nada. – Harry mordeu os lábios – Posso te ver amanhã?

–Ow, sério? Ainda nem fui embora. – ele riu.

–É, mas... Eu quero só ter certeza, sabe...

–Amanhã é sábado, provavelmente vou estar ocupada com... – Alex. Ele insistia em me ver todo final de semana. E a desculpa de estudar não colava mais com ele. Sessão de tortura a caminho – meu namorado.

Ele revirou os olhos.

–Namorado, namorado, namorado... – resmungou e eu ri – Não vai passar o dia inteiro com ele né?

–Provavelmente vou – tentei falar o mais animadamente possível.

–Quero conhecer seu namorado – Harry disse subitamente.

–O QUE? – gritei assustando o garçom e o fazendo quase derrubar a bandeja com a comida e a minha coca. – Foi mal – encolhi os ombros e ele assentiu colocando tudo na mesa. Assim que ele saiu, eu encarei Harry horrorizada – Não. A resposta é não. Não vai conhecer meu namorado.

Harry enfiou um grande sushi na boca antes de responder.

–Não pedi autorização. Quero conhecer seu namorado. Vou conhecer seu namorado.

Encarei ele.

–Não, não vai. Não tem nada com meu namorado e não vai conhecê-lo – falei brava e peguei a latinha na minha frente, abrindo com um estalo seco. Servi no copo e continuei olhando Harry que ria da minha cara.

–Só ver de longe. Pode?

–Não, não pode.

–Uma foto? Isso pode?

–Continua não podendo. Não vai saber absolutamente nada do meu namorado – resmunguei e ele estreitou os olhos.

–Parece que tem vergonha dele – comentou.

–Não, não é isso – bebi a coca – É só que... É minha vida particular e privada, você é um artista, vai entender isso.

–Ah, é. Vida particular sempre secreta e privada; até que começam a chamar sua namorada de prostituta de luxo – Harry deu de ombros.

–Sério? – perguntei arregalando os olhos.

–É. Diziam que ela estava tendo relações com todos os garotos além de mim. Tudo era motivo de alarde e tals. Mas ela nunca foi nada disso – ele parou de comer repentinamente e colocou seu prato na minha frente – Come – mandou.

–Não – reclamei – Não quero.

–Come vai. Para de frescura. Tem alguma coisa contra sushi? – perguntou.

–Claro que sim – afastei o prato de mim vendo o conteúdo – Que nojo. Eu odeio isso! Quero longe de mim. Me dá vontade de vomitar. Essas coisas cruas não são comigo.

Ele pensou por um momento e sorriu.

–Hm, odeia sushi e te dá vontade de vomitar. Me diga uma coisa Catheryne, você toca piano?

Bom, nunca toquei piano tão bem. Até porque eu não tenho um piano. Mas Connor tinha um na sua linda casa de veraneio, e na única vez em que estive lá, toquei um pouco na obra de arte. Mas tenho impressão de que não é exatamente o tipo de coisa pra mim.

–Um pouco – admiti. Embora, nas únicas vezes em que tinha tocado (Connor me achou uma espécie de paranormal), não gostei. Como sushi, não era ‘minha praia’.

Harry arregalou os olhos.

–Qual seu sonho?

Pensei um pouco o fazendo sorrir.

–Não tenho sonhos – disse por fim. Harry pareceu se aliviar e ao mesmo tempo se decepcionar e eu não entendi.

–Muito perfeito pra ser real – ele falou baixinho, mas eu ouvi, apesar de ter quase certeza de que não devia.

–Hm – falei a única coisa que me veio à cabeça.

–Harry, o que sabe sobre mim? – perguntei sinceramente, porque toda vez que nos falávamos, ele parecia esperar um pouco mais.

Ele sorriu.

–Que é muito linda, doce, meiga, simpática.

Dei uma risada.

–Listou exatamente as coisas que não sou. Acho que maligna inteligente e sexy deviam estar nessa lista.

–Sexy é? – ele ergueu uma sombracelha e eu assenti.

–Poisé, deviam mesmo.

Ele riu e ficou me chateando pra me fazer comer. Eu sempre respondia e bebia mais coca, pra não ter que falar nada. Ele desistiu e começou a comer normalmente. Ouvi um barulho.

–Seu celular está tocando – Harry me avisou e eu olhei para o retângulo azul tremendo em cima da mesa.

–Ok – suspirei e peguei olhando no visor. “Pai”. Ô, beleza. – Oi.

–Catheryne? – ouvi a voz rouca do meu pai e um pigarro ao fundo. Pelo visto o coroa está acompanhado. Tremi pensando em quem poderia ser.

–Não, o papai Noel. Sinto dizer que não foi um bom garoto. – ironizei, e Harry me olhou, mas eu sussurrei um “nada não” e ele voltou a se concentrar na comida, fingindo que nem ouvia a conversa.

–Para de gracinha Catheryne. Preciso de grana. Agora.

Arregalei os olhos.

–Agora? Não dá! Onde você está?

–Num beco.

–Muito especifico. – resmunguei – Que beco Charlie?

–Não me chame de Charlie, sabe que não gosto...Estou num beco no...No...

–Você sequer sabe não é mesmo?

Senti a garganta esquentar. Que ódio! Harry me olhava preocupado.

–Eu vou pra casa. Mas antes preciso da grana. Catheryne, preciso desse dinheiro.

Eu tinha pegado tudo pra sair com Harry hoje. Sorte que só pedi a coca mesmo. Não era muito, mas tinha que bastar não é mesmo? Tinha que bastar.

–Pra quem? – perguntei.

–Pro pai de Alex, John. Eles dois estão aqui esperando. Estou na casa deles – ele resmungou. Essas duas figuras moravam num beco. Como esqueci isso, não é mesmo.

–Não posso acertar depois? – perguntei já desesperada. Certo, Alex me esperando.

Ouvi conversa do outro lado da linha e alguns resmungos.

–Não, não pode – ele falou voltando para o telefone.

–Ok – falei sentindo as mãos começarem a tremer – Eu estou indo te buscar e arrumar isso. Fique onde está.