Fanfic: Despertado

      O tempo esta turvo. Rebeca esta na janela esperando sua hora de dormir. O vento bate em seu rosto. Sinto inveja. Inveja de o vento poder tocar em seu rosto e eu não.  Sinto raiva por poder ver sua expressão de desgosto de si mesma. Como um ser tão lindo pode se achar tão feia?Como pode sentir tanta raiva de si mesma, só por não ter sido escolhida por aquele que nem a merece?

        Seus olhos brilham. Ah, seus olhos cor de mel. O vento meche com seus cabelos revoltados. Suspiro. Seu cabelo tão belo quantos seus olhos, e ainda da mesma cor. Uma folha entre pela janela. Então decide sair da janela. Ela olha para o nada. Sua expressão muda.

      ─ Merda. ─ Diz fazendo careta ─ esqueci de tomar banho.

       Como eu não percebi essa falha em seu horário? A observo há tanto tempo. Que posso dizer como é sua rotina diária. Desde ir ao banheiro a comer. Mas o que seria isso? O que a fez esquecer esses detalhes da pontualidade? Sinto um arrepio. Um medo.

        Ela pega uma de suas toalhas e corre para o banheiro. Observo ela se despir. Seu corpo tão escultural. Se eu fosse um humano, certamente eu estaria hum... Como se diz? Excitado, sim isso mesmo. Não posso pensar nisso. Sou um anjo isso não é permitido. Começo a pensar nos três mil anos de fidelidade coma divindade. Honrei minha promessa de fidelidade. Mas, como muitos anjos, fiquei perto de dos humanos, em especial da Rebeca. Doce rebeca. Atraiu-me, sem nem mesmo ter essa intenção. Meus pensamentos são interrompidos pelo barulho do chuveiro.

        O vapor toma conta do banheiro. Ela esta nua. E só eu posso ver ela assim. Essa visão é só minha apenas minha. Estremeço. Não aguento mais. Irei pular. Irei virar um deles. Um humano fraco, mas com seus bônus... O sabão toma seu corpo. A inveja toma meu corpo novamente. A água passa entre seus lábios. Ela será minha, só minha. O tempo para. Sou puxado.  Tudo apaga.

Esta muito claro. A luz bate em meus olhos. Não consigo enxergar. Engulo a seco. Minha respiração esta exaltada. Estou com medo. Maldito sentimento humano. Fico em pé involuntariamente. Consigo ver... Oh, não. Meus olhos se arregalam. Há um arcanjo em pé. Há raiva e pena em seus olhos.  O medo aumento.   

        ─ Você foi avisado, Ian. Não toleraremos  ─ A frase fica no ar. É Kinan. Meu, hum... Professor, tutor, algo assim .

        ─ Eu sei. Desculpem-me ─ seu rosto desmorona. Ele esta decepcionado. Anjos não pedem desculpa, porque anjos não erram. Sinto vergonha de mim mesmo. Ele me metralha com os olhos. Posso sentir o seu desgosto. ─ eu não...

        ─ Desculpas? ─ Não, por favor, não faça isso comigo. Suplico mentalmente ─ seu tempo com Rebeca acabou...

Urro interrompendo sua fala. Não suportarei ficar sem ela. Não deixarei isso acontecer. Nunca. Ele me olha chocado. As lagrimas tomam conta de meus olhos. Lagrimas, umas das poucas semelhanças com os humanos. Ele segura o meu rosto.

        ─ Olhe o que ela fez com você, Ian ─ viro a cara escapando de seus dedos. Ele parece decepcionado. Mas mais que o que eu esperaria. ─ olha para mim. ─ ordena ele. Seu tom de voz e severo. Quase um grito. O que vão fazer comigo? ─ não deveria se aproximar tanto deles assim. Sabia que isso aconteceria. Não me deu outra escolha. ─ ele suspira ─ eu lamento, mas trocara de humano. Sua missão acabou. Não retornara a vê-la. Eu quero que você...  

                ─ Não! ─ As lagrimas escorem em meu rosto chegando a minha boca. Não, não acabou. Em um salto levanto vôo. Ele me segue. Sinto os olhares dos outros anjos em mim. Olha pra trás. Vejo que quatro anjos se juntaram a Kinan. As lembranças em minha cabeça começam a sumir. Não, tenho que ser rápido. Pulo em um buraco entre as nuvens. Tiro uma adaga do meu sinto. As lagrimas tomam conta de meu rosto novamente. Perdoe-me pai. ─ não vão me separar de Rebeca. De minha Rebeca.

                ─ Pegue ele antes que ele faça uma loucura. ─ diz Kinan atrás de mim. Sua Voz é a de um pai. Sei que quer o que parece certo, mas... Eu a amo. Não posso ficar sem ela.

                Ponho minha mãe em meu peito. Posso sentir. A luz pulsa em meu peito. Adeus, digo a ela antes de enfiar a adaga em meu peito. As lagrimas tornam a brotar de meus olhos.  A dor é insuportável. Mas não tão insuportável quanto perder a Rebeca. Penso na rebeca. As lembranças? Boa parte delas sumiu. Sei apenas coisas básicas. Nada antes de um ano atrás. Estou caindo. Bato as asas. É mais difícil sem a luz dentro de você. Tenho que usar minha própria força. É difícil. Mas consigo.

                Avisto a casa de Rebeca. Estou exausto. Meu corpo esta doendo. Ate uma hora atrás á única dor que eu conhecia era a dor do amor. A janela esta fechada. Desculpe Rebeca. Penso antes de atravessar a vidraça. Cai sobre o vidro. Gemo. Como dói. Vejo Rebeca. Pelo menos seus pés. Levanto os olhos. Sim, é a minha Rebeca. Estremeço. Minhas asas latejam. E perco a consciência.