Fanfic: Para Sempre Carrossel | Tema: Carrossel

Capitulo 15

–Alô, Valéria? – Disse Marcelina.

– Sim, iai Marcelina, o que conta de bom? – Disse Valéria.

– De bom eu não sei, mas a Alicia e eu estávamos aqui na praça. – Disse Marcelina.

– Hum... Fala . – Disse Valéria já impaciente.

– Ai nós vimos o Davi correndo junto com o Daniel. – Completou Marcelina.

– Sim eu sei, ele me disse que correria. – Respondeu Valéria.

– Ah, e ele disse que ficaria dando asa para as garotas também? – Perguntou Marcelina.

– O que? Como assim? – Perguntou a garota.

– É isso mesmo, ele tava babando em uma garota lá. – Respondeu Marcelina.

–Aonde vocês estão? – Perguntou Valéria.

– Quase em casa. – Disse Marcelina.

– O Davi me paga. – Disse Valéria desligando o telefone. Paulo que estava perto balançou a cabeça.

– Fofoqueira. O que tem o Davi olhar outras garotas. – Perguntou ele.

– Olhar ? Nada. Mas a forma com que se olha que é o problema. – Disse ela indo para o quarto.

Longe dali Daniel e Davi chegavam na sorveteria.

– Olha tenho que continuar correndo com você. – Disse Davi.

– Quando quiser. – Disse Daniel pedindo um cascão de baunilha com cobertura de chocolate..

– Essas gatinhas sempre aparecem pra correr também? – Perguntou Davi. Daniel levantou a sobrancelha.

– A Valéria ouvir uma coisa dessa, vai querer me bater achando que estou te levando pro mal caminho. – Disse Daniel.

Enquanto Davi sorria do amigo seu celular tocou, ele olhou na tela e viu que era Valéria. Fez uma careta para Daniel e atendeu.

– Que historia é essa de ficar dando moral para outras garotas, senhor Davi. – Foram as primeiras palavras de Valéria no telefone.

– Calma amor, eu não estava dando moral pra ninguém. – Respondeu ele.

– Ah, não , por que me contaram o contrario então?- Perguntou Valéria.

– Deve ter sido a Alicia ou a Marcelina não foi? – Perguntou Davi.

– Não interessa quem foi, só me explica isso ai. – Disse Valéria. Davi teve que pensar rápido.

– Calma amor, as duas estavam tão longe que se enganaram. – Disse Davi. – As garotas aqui estavam dando moral para o Daniel. – Completou olhando para o amigo.

– Ai sempre que nós passávamos uma garota ou outra mexia com ele, e como eu estava perto, acabei pagando o pato. – Disse Davi.

–Você promete? – Perguntou Valéria mais calma.

– Claro. – Disse ele. Não gostava de mentir, mas odiava entrar em brigas.

– Beleza então, amanha a gente conversa melhor. – Disse Valéria.

– Claro amor. – Disse Davi, desligando o celular.

– Me colocando na confusão não é? – Perguntou Daniel sorrindo.

– É a gente faz o que pode. – Disse Davi.

– Ela parecia brava. – Disse Daniel enquanto comia o sorvete.

– Rapaz, pense em uma mulher brava. É a Valéria. – Disse Davi sorrindo.

–É estou vendo. – Disse Daniel.

Os dois conversam mais um pouco e decidem ir embora., cada um para sua casa.

No outro dia, Jaime vinha novamente lendo o bendito livro de xadrez e de tão concentrado acabou esbarrando em uma garota.

– Nossa, Carmem me desculpa. – Disse Jaime todo sem jeito.

– Não foi nada. – Disse ela se ajeitando.

– Não te machuquei não né? – Completou o garoto.

– Claro que não Jaime. – Disse ela- Espera ai, você está aprendendo xadrez?

– Na verdade eu já jogo, mas estou me aperfeiçoando para o campeonato. – Respondeu Jaime.

– Quer jogar comigo depois? - Perguntou Carmem, que nunca imaginaria Jaime jogando xadrez.

– Claro que sim, quando e aonde quiser. – Disse ele com felicidade estampada no rosto.

– No intervalo então. Pode ser? – Perguntou Carmem.

– Combinado. – Disse ele estendendo a mão pra garota. Carmem sorriu e apertou a mão do garoto.

Do outro lado do pátio Davi esperava Valéria, afinal ainda ouviria mais um pouco por causa do dia anterior. Olhava a porta a espera da amada.

– Mas não é possível. – Disse para si mesmo quando viu Lana entrando na escola. Estava mais linda do que nunca de uniforme e andava com charme do mesmo jeito com que corria. E de longe viu enquanto Jorge e Maria Joaquina se dirigiam ao encontro dela.

– Sabia que você estudaria aqui. – Disse Jorge.

– É, e quem é você? – Disse Lana .

–Ah desculpe meus modos, meu nome é Jorge Cavalieri e está é minha namorada Maria Joaquina Medsen. – Disse ele todo pomposo enquanto apertava a mão da garota.

–Prazer. – Disse Maria Joaquina.

– O prazer é meu. Disse Lana com um leve sorriso.

– Eu estive na sua casa antes de ontem. Talvez não se lembre de mim. – Completou Jorge.

– Ah sim, me lembrei. – Disse Lana enquanto olhava os arredores .

–Maria Joaquina, pode me mostrar o colégio? – perguntou a garota.

– Claro. Disse Maria Joaquina sorrindo. As duas deixaram Jorge praticamente falando sozinho atrás delas.

Enquanto Maria Joaquina mostrava as dependências para a nova aluna, Valéria chegou.

– Iai vai me explicar olhando nos meus olhos agora. – Disse ela para Davi.

– Claro amor, calma , eu...- Dizia ele quando o sino tocou.


Logo todos estavam na classe.Todos repararam na nova garota que sentava perto de Maria Joaquina. Alicia e Marcelina a reconheceram mas acharam melhor não falar nada. Valéria já estava muito brava, não queriam piorar a situação.

A aula seria de literatura e logo o professor chegou. Apesar de não ser o preferido pelos alunos ele conseguia manter a paz na sala enquanto lecionava.

– Muito bem. Lana Arnaut. – Disse ele. – Venha até aqui.A garota se levantou com seu habitual charme e foi em direção ao professor

– Quero que dêem boas vindas à nova colega de vocês.- Disse ele meio sem jeito quando todos gritaram um “ BEM VINDA” bem alto. Era costume fazerem isso em todas as aulas.

– Bem pode se sentar. – Disse o professor esperando a garota ir para sua carteira.
– Bem, hoje nós estudaremos Vinícius de Morais, alguém pode ler o soneto da fidelidade que está na pagina cinqüenta e três ? – Perguntou o professor. Ninguém se voluntáriou.

– Ninguém? – Disse ele enquanto todos os alunos o olhavam.

– Daniel, pode ler para a turma. – Disse ele. Daniel se levantou e começou a proclamar.

“De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor que tive
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.”

Enquanto Daniel recitava o soneto, ouviam-se suspiros por toda a classe. E assim que terminou, olhou de relance para Maria Joaquina. A garota percebeu e corou. Lana foi a única que conseguiu captar o momento e viu o que tinha acontecido. A garota tinha ficado impressionada com o poder de persuasão que o garoto tinha.

– Muito bom Daniel. – Disse o professor. – Quero mais um . Alguém se habilita?

– Eu. – Disse Davi para espanto de todos.

– Muito bem Davi , leia o soneto do amor total. Davi então começou a proclamar

“Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saud...”

Neste momento o garoto reparou que Lana o olhava e então começou a gaguejar, e a falar errado. E depois alguns minutos, enfim conseguiu terminar de ler. Todos na sala davam pequenas risadas.

– Ehh, muito bem, agora vamos interpretar. – Disse o professor. Davi estava com muita vergonha. Logo a aula passou e era hora do intervalo. Mario aproveitou que Alicia ainda não tinha saído da sala para que conversassem.

– Alicia, espera ai. – Disse Mario.

– O que foi? – Perguntou a garota.

– Nada, queria saber se... Não quer sair comigo depois. – Perguntou o garoto na lata.

– Não obrigada. – Disse Alicia também na lata deixando o garoto. Mario não pareceu satisfeito com a resposta e ficou irado por dentro. Por que Alicia não queria sair com ele?

Enquanto isso as meninas bombardeiam Lana com perguntas. Todas parecem gostar da garota que fala muito bem e não é metida por ser rica. É charmosa e sabe se expressar. Todas menos Valéria que ficou com um pé atrás.

Do outro lado do pátio os garotos conversam.

– Eu vi essa garota correndo com um shortinho e ela é demais – Disse Paulo.

– É verdade. – Completou Davi.

– A sala tava precisando de sangue novo mesmo. – Disse Paulo, quando Mario chegou com a cara ruim.

– Que foi? – Perguntou Cirilo.

– Não é da sua conta. – Respondeu Mario.

– Eu só quis dizer. – Disse Cirilo Todos riram.

– Mas iai Jaime ta treinando ainda? – Perguntou Kokimoto.

– Estou sim, inclusive eu vou treinar com a Carmem durante os intervalos, alis to indo.
– Disse o garoto saindo apressado.

– Iai o que achou da Lana. – Perguntou Jorge para Maria Joaquina em um canto do pátio.

– Ela parece ser uma boa garota. – Respondeu a garota.

– Claro, pessoas da nossa classe sempre são assim. – Disse ele. – Apesar dela estar dando muita bola pra esse povinho.

–É. – Disse ela, não queria discutir.

Lana do nada subiu em um banco ficando visível para todos no pátio.

– Pessoal, pessoal. – Disse ela tentando chamar a atenção

– Queria convidar a todos para uma festinha lá em casa. – Disse ela enquanto os alunos faziam algazarra.

– Quero conhecer melhor todos vocês e uma festinha é uma ótima maneira. – Completou.

Parece que essa foi uma ótima idéia, pois todos pareceram muito animados. Mal terminou de falar e pegou o celular, fez algumas ligações para que a festa fosse preparada. Logo o sinal tocou.

Chegando em casa, a garota não perdeu tempo. Mandou o mordomo providenciar tudo, desde comes e bebes ao Dj ao vivo, queria uma pista para dança e uma decoração de primeira. Queria uma festa para ninguém esquecer.

Lana passaria a tarde se arrumando, afinal como anfitriã deveria estar impecável. Esperava conhecer melhor os colegas e quem sabe, decifrar um por um. A expectativa era grande.

Com a ansiedade que rolava solta, não demorou para que a noite chegasse e com ela, os primeiros convidados. Lana estava linda, vestia um short que deixava sua pernas a mostra e usava uma camiseta com uma alça só. Apesar de ser muito rica, não tinha nada que esbanjasse ou que mostrasse sua condição.A garota recebia cada um dos convidados, fazendo questão de dizer a todos que se sentissem em casa.

– Bem vindos a minha humilde residência. – Disse a garota quando Jorge e Maria Joaquina chegaram. Jorge era a cara de qualquer mauricinho enquanto Maria Joaquina estava mais bela do que nunca. Se de uniforme ela já arrancava suspiros, imagina toda produzida. Estava com uma bermuda jeans e uma blusa com gola role que caia muito bem. Usava uma maquiagem perfeita que realçava seus lindos olhos verdes.

– Com certeza essa festa estará longe da humildade. – Disse Jorge enquanto Maria Joaquina agradecia as boas maneiras da anfitriã.

– Estejam a vontade para beber e comer. O Dj já está tocando e preparei uma pista para que possamos dançar.

– Com certeza tudo com muito bom gosto. – Disse Jorge que não perdia uma oportunidade para elogiar a garota ou a festa. Maria Joaquina olhava aquilo e ria por dentro. Como ele podia tratar as pessoas tão diferentemente baseado tão somente na situação financeira? Será que ela já foi assim? Se foi preferia esquecer.

Logo a maioria dos convidados havia chegado. Alguns comendo, outros dançando e alguns conversando. Jaime e Adriano faziam a festa com salgadinhos, tinha para todos os gostos, Laura no entanto estava sentada . Alicia conversava com Carmem enquanto Marcelina conseguia puxar o irmão para dançar um pouco.

Todos sabiam que Paulo era um mala, mas amava a irmã. Davi e Valéria também dançavam enquanto Lana olhava tudo que acontecia do hall de cima. Era uma ótima telespectadora e não perdia um lance.
Lana reparou muito bem que Mario olhava a todo instante Alicia. Que essa não tirava os olhos de Marcelina e Paulo.Reparou que Jaime apesar de concentrado na comida, vira e mexe dava uma olhada em Carmem. Notou que Cirilo fitava Maria Joaquina e reparou no clima que rolava entre Kokimoto e Bibi que conversavam amistosamente. A garota estava se divertindo, muitas informações que poderia usar.

Mas o que mais chamou a atenção da garota foi a chegada de Daniel. Lana esperava aquele momento para confirmar sua tese e foi exatamente o que aconteceu.

Enquanto Daniel adentrava a festa, Lana notou que Maria Joaquina o perseguiu com o olhar. Notou também que Jorge nem reparou enquanto a namorada fitava Daniel. Viu de longe que Daniel não parou até ver aonde Maria Joaquina estava e o mais importante, reparou quando os dois se olharam.

– Aí tem coisa. – Disse ela para si mesmo. A garota estava muito entusiasmada.

A festa só estava começando e as expectativas feitas por ela já haviam sido excedidas.

– Isso vai ser muito bom. Disse a garota olhando todos lá de cima.

[Continua]