Fanfic: SiMpLeSmEnTe TiTa | Tema: Reprise

2º Capítulo

Felix devolve o copo à mesa. Os olhos de Meire estão cheios de lágrimas, porém trata-se de um alívio conseguir falar sobre isso.

Felix – Quer dizer que você ta grávida?

Meire (desabafa) – É, Felix, eu to grávida, mas to providenciando tudo pra tirar isso logo.

Felix (explode em fúria) – Você perdeu o juízo, Meire? Como é que você decide uma coisa dessas sem me consultar?

Meire – Eu não quero essa criança.

Felix – Concordo que não é o melhor momento, mas já aconteceu.

Meire (histérica) – Eu não quero que essa desgraça arruíne os meus sonhos.

Felix (grita) – Pois esse filho também muda a minha vida, também me faz adiar muitos sonhos.

Meire (protesta) – Mas quem carrega o maior fardo sou eu.

Felix – Eu sei, Meire, mas...

Meire – Não! (bate com o punho na mesa) Você não sabe, não sabe de nada... Não é você que vai ter que desistir do seu sonho pra parir uma criança que nem gosta. Nunca gostei de criança, nunca vou conseguir gostar... Eu não quero ter filhos...

Felix – Eu sei que a gente não queria ter um filho, mas agora já é tarde pra negar.

Meire – Eu também não penso em me casar.

Felix – Mas eu quero que fique claro, Meire: eu quero te ajudar.

Meire – Mas eu não quero sua ajuda.

Felix – Então por que me procurou?

Meire – Pra te avisar que eu vou tirar o quanto antes essa porcaria de mim.

Felix – Meire, você me ama?

Meire – Mas que pergunta, Felix. É claro!

Felix – Você me ama mais que tudo?

Meire – Mais que tudo.

Felix – Você faria qualquer coisa que eu pedisse?

Meire (relutante) – Eu sei aonde você quer chegar.

Felix – Falando sério, você faria qualquer coisa que eu te pedisse?

Meire (chorosa) – Para de me constranger, Felix, por favor.

Felix – Se você faria qualquer coisa por mim, não pode me negar o que mais quero.

Meire – Então você quer ter esse filho?

Felix (apaixonado) – Eu quero tudo que venha de você, Meire. Eu te amo.

Meire e Felix se abraçam e se beijam. Música Foolish games – Jewel.

Meses depois...

Inverno. Folhas caindo. Geada no gramado do Parque Barigui. Felix e Meire contemplam a fachada da casa dele que a promete felicidade e conforto. Felix se ajoelha para beijar a barriga de Meire.

Casa de Felix. Noite.

Meire leva a gravidez adiante e vai morar com Felix. Meire assiste á novela. Numa fase mais avançada da gestação, tudo lhe cansa, lhe irrita. Felix ainda não se tocou que vai ser pai e age como qualquer outro rapaz da idade faria.

Meire (encara Felix) – Não me diga que vai sair?

Felix – Vou dançar, ora.

Meire – E vai me deixar sozinha?

Felix – Poxa, Meire, eu não posso nem mais me divertir?

Meire – Não é justo! Você pode sair pra dançar e eu tenho que ficar aqui. Quer dizer que você pode se divertir e eu não?

Felix – Não é isso, Meire.

Meire (se levanta do sofá) – Se você vai sair, eu vou também.

Felix – Você ficou maluca, Meire? Sair com um barrigão de 9 meses?

Meire – Ué, se você pode sair, eu também posso.

Mas logo na porta de casa, Meire sente as primeiras contrações.

Maternidade. Madrugada.

Meire entrou em trabalho de parto. Felix está na sala de espera com os pais e Olívia, a mãe de Meire.

Sala de parto. Madrugada.

Meire está fazendo toda força que pode para o bebê nascer. Ela não sabe qual é o sexo da criança.

Obstetra – Mais um pouco... Vai, guerreira, mais um pouquinho... (comemora) Isso... Isso...

Ouve-se o choro do bebê. Meire está exausta, suada, nervosa.

Maternidade. Madrugada.

Felix – Já nasceu?

Obstetra – Sim, senhor Felix. Meus parabéns pela linda menina.

Olívia (decepcionada) – Menina?

Obstetra – É a avó da criança, D. Olívia?

Olívia – Sou...

Obstetra – Meus parabéns pela bela neta. Linda e saudável.

Felix chora de emoção e o pai dele o abraça.

Quarto de Meire. Dia.

Enquanto a enfermeira troca a fralda de Tita, Meire é completamente impassível à criança. Quem está profundamente apaixonado pela menina é Felix.

Felix – O que acha de ela se chamar Olívia, como a sua mãe?

Meire (ríspida) – Nem pensar!

Felix – Letícia? Manuela? Bárbara?

Meire (ironiza) – Alguma de suas ex-amantes?

Felix – Credo, Meire. Só estou tentando ajudar.

Meire – Ela vai se chamar Muriel e pronto!

Felix – Se eu não me chamasse Felix, me chamaria Renato.

Meire – Ta aí um nome que eu gostei... Renata...

Felix – Finalmente.

Meire – Renata Muriel.

Felix – Renata Muriel? Não acha que esses dois nomes não combinam?

Meire – Pois eu acho que combinam sim!

Felix – Então ta. Só não sei se nossa filhinha vai gostar de ser chamada de Renata Muriel. (imita uma professora qualquer) Renata Muriel Neves Linhares. (imita Tita) Pois não, professora.

Meire (irritada) – Pois eu não vi nada de errado, Felix. Renata Muriel é um nome muito bonito e nossa filha vai gostar muito.

Casa de Felix. Madrugada.

O berço de Tita fica no quarto do casal. Tita acorda chorando. Meire nem mesmo abre os olhos e já resmunga.

Meire – Sua vez, Felix.

Felix (sonolento, se levanta da cama) – Está bem, Meire.

Meire (reclamona) – E faz essa pestinha calar a boca porque eu quero dormir... Ô criança chata que só sabe chorar, cruz credo. Não sabe fazer outra coisa não?

Felix dá mamadeira para Tita e faz carinhos nela.

Felix – Mama direitinho...

Meire (grosseira) – Ah Felix, para de falar com ela... Ela nem te ouve... É só um bebê chorão e chato...

Casa de Felix. Dia.

Meire está dando banho em Tita enquanto ouve rádio.

Locutor – E hoje sai o resultado do vestibular de verão... Um parabéns todo especial àqueles que lutaram um ano inteiro pra conseguir uma vaga na faculdade e para quem não conseguiu, o importante é a tentativa...

Meire (desliga o rádio com raiva) – O importante é tentar, filho da puta? O importante é tentar? (olha com ódio para Tita) Fala isso porque não sabe o que é não ter vida...

Meire culpa a filha pela vida infeliz que leva ao lado de Felix. Tita bate os bracinhos sentadinha na banheira.

Tita – Da... Da... Da...

Meire – Da... Da... Da... É tudo você sabe falar?

Tita – Ma... (estica os bracinhos e um pouco de água respinga em Meire) Ma... (tenta falar mamãe) Ma... Ma...

Meire – Olha só, menina do diabo... Fazendo bagunça no meu banheiro... Desastrada, nojenta...

Meire range os dentes e belisca a filha que começa a chorar.

Meire – Não chora, seu capeta. Não chora que eu to sem paciência pra você, pirralha azeda, desgraçada. EU ODEIO VOCÊ.

Meire tenta matar a filha afogada, mas Felix a flagra.

*Dedicado a Fah, a primeira leitora oficial. Espero que a história lhe cative e você sempre apareça aqui pra ler. :)