Fanfic: SiMpLeSmEnTe TiTa | Tema: Reprise

3º Capítulo

Quando Meire está afundando a cabecinha de Tita na banheira, Felix a aborda a paisana e salva a filha da morte. Meire, enfurecida, tenta atacar o companheiro que para evitar uma tragédia, finca as mãos contra os ombros de Meire que o encara com olhos selvagens, como se estivesse possuída por um espírito ruim.

Felix (decepcionado) – O que você pensou que ia fazer? (Meire não o responde) Fala, sua louca. (enxuga Tita e a coloca no colo) O que você ia fazer com essa pobre criança?

Meire – Leva essa porcaria pra longe de mim. (berra como louca) Leva ou eu faço mesmo!

Felix (quase chorando) – Como é que você pode ser tão cruel, Meire? Como é que você pode tratar sua própria filha desse jeito? Ela é só um bebê, não tem culpa de nada.

Meire (aponta para a porta) – Tira essa criança daqui.

Felix – Meire, pensa um pouco.

Meire – Eu não quero pensar em nada. (repete o pedido feito anteriormente) Tira essa criança daqui.

Felix – Eu vou sair, Meire, mas saindo aqui eu não volto mais. Não volto.

Felix sai com Tita no colo. Meire, surtada, atira um pente contra o espelho e o quebra. Encostando-se aos gelados azulejos do banheiro, deixa o peso de seu corpo leva-la para o chão, onde se encolhe e chora. Música Foolish games – Jewel.

Tita (narrando) – Depois daquela discussão, papai nunca mais voltou pra casa, nunca mais. Eu tive que ficar com mamãe, tive. Não tive outra escolha. A propósito, eu sempre odiei o meu nome e como meu falecido avô me chamava de Renatita, eu atendia por Tita. Atendia e gostava.

Tita, se equilibrando, aprende a andar. Meire retruca.

Meire – Vê se não vai quebrar nada, sua pestinha.

Meire coloca Tita sentada no sofá.

Meire – E vê se não sai daí.

Tita, desanimada, coloca uma almofada no colo.

Tita (narrando) - Fitinha rosa na cabeça, cabelo devidamente escovado, vestidinho na altura do joelho, meia calça transparente e sapatilha cor de rosa. Sentada no sofá era uma legítima bonequinha de porcelana com meus sorridentes olhos castanhos. Eu era a filha que toda mãe queria ter, exceto a minha.

Tita está sentada no chão do quarto desenhando quando Meire arromba a porta e já parte pra ignorância.

Meire – Não era pra estar sentada nesse chão imundo. (pega Tita pelo braço e a empurra contra a cama) Menina mal educada, porca, parece um animal...

Tita – Me larga, mamãe, ta doendo.

Meire (machucando Tita) – E é pra doer mesmo...

Tita já está com 5 anos e usa um vestidinho lilás com mangas bufantes. É uma menina linda, mas está particularmente triste porque não gosta do que está vestindo.

Meire (autoritária) – Engole esse choro se não quiser apanhar mais. Meu casamento com Horácio é daqui a pouco. Melhora essa cara, pelo menos.

Tita – É a única que eu tenho.

Meire (dá um tapa na boca de Tita) – Respondona!

Tita (chora mais ainda) – Você é muito má...

Meire – O que você pensa não me importa nem um pouco, pirralha nojenta. Só trata de não estragar o meu dia.

Tita (berrando) – Eu quero o meu pai... Eu quero o meu pai...

Meire – Seu pai é o Horácio.

Tita (bate o pé direito) – Meu pai é o Felix.

Meire – O pai que só te vê nos fins de semana e te compra com bobagem, né? Ingrata.

Meire sai do quarto e bate a porta com força.

Igreja. Noite.

Tita é a daminha de honra de Meire e Horácio. O casal troca as alianças e um beijo. Música Reach – Gloria Estefan.

Tita (narrando) – Pra quem quer saber, eu odiava aquele vestido. Nunca fiz questão de ver as fotos. Gostava mesmo é do fim de semana, quando o papai vinha me buscar e a gente fazia tudo juntos. Passeava, brincava, sorria. Eu era a princesinha dele no nosso mundinho encantado e era lá que eu queria viver pra sempre, se pudesse...

Os noivos saem juntos da igreja e Tita, atrás, joga pétalas de rosas pelo caminho. A menina anda devagar e sorri só para não apanhar novamente de Meire.

Passeio Público. Dia.

Felix e Tita passeiam de mãos dadas. Felix segura um balão feito de gás hélio com as formas do Mickey e Tita come um algodão doce azul.

Tita – Papai, você gostava da escola?

Felix – Fui muito feliz lá.

Tita (contente) – Sabia que amanhã eu vou pra escola?

Felix (surpreso) – Mas já?

Tita – Já fiz 6 anos, papai. Amanhã é meu primeiro dia de aula. To tão feliz. (ansiosa) Você vai me levar?

Felix (educado) – Não posso, princesa. Tenho que trabalhar.

Tita – Vai me buscar, né?

Felix – Também não vou poder... (se acocora para ficar do tamanho de Tita) Sua mãe não vai gostar...

Tita (cabisbaixa) – Ah, que pena...

Felix (negocia com a filha) – Hummm, por que não fazemos o seguinte? Amanhã depois da aula eu te ligo e você me conta como foi.

Tita – Não é a mesma coisa...

Felix – Então a gente sai pra tomar um sorvete?

Tita (se anima) – Sério?

Felix – Mas é claro que é sério, Tita. (faz cócegas nela, que começa a rir) Promete que vai se comportar direitinho e fazer muitos amigos?

Tita (abraça o pai) – Prometo!

Casa de Meire. Dia.

Tita termina de fechar a lancheirinha. Meire para na porta do quarto.

Meire – Já terminou? (olha as horas) Se chegar atrasada, a professora te dá uma surra. (mente)

Tita (arregala os olhos) – Sério?

Meire – Pergunta pra qualquer um lá dentro que você vai saber. (hostil) Agora vamos...

Tita apanha a mochilinha e a lancheira. Meire segue na frente.

Tita (narrando) - Vi alguns pequenos chorando compulsivamente em frente ao portão e não entendia por que. Consequentemente, a magia durou mais alguns segundos apenas.

Escola. Dia.

Tita (decepcionada) – É aqui?

Meire (debochada) – É.

Tita – Lugar feio.

Meire – Feio é ser que nem você. (entra com Tita) Sou amiga da professora e ela vai me contar tudo que você fizer. Se aprontar, já sabe. (fecha os punhos) A gente vai conversar bem sério lá em casa.

O parquinho está fechado com cadeado e o primário estuda misturado com o ginásio, então as crianças mais novas estão à mercê dos mais velhos. Algumas meninas mal encaradas olham para Tita, que abraça as pernas da mãe e é repelida.

Meire – Nem pense que vai voltar pra casa.

Meire e Tita chegam até a sala de aula.

Meire – Vai, entra.

Tita – Não vai me dar um beijinho?

Meire – Eu não sou mãe de novela. Agora vai, entra. E vê se não me dá desgosto...

Tita entra na sala e procura um lugar. Cássia, uma menina loira e com cara de antipática, a encara e cochicha com uma menina com feições orientais que está sentada no mesmo lugar na fileira da direita. Elas olham rindo para Tita que sorri. Cássia continua rindo. Tita escolhe uma carteira, mas Cássia imediatamente coloca a lancheira em cima do lugar pretendido por Tita. 

Cássia – Aqui não.

Tita tenta sentar no lugar da frente, mas a menina com feições orientais coloca a lancheira. Cássia e a amiga olham com nojo para Tita. Nesse momento a professora entra e ao ver Tita de pé, implica com a menina.

Professora – Por que ta de pé? Não devia estar sentada não?

Tita (abaixa a cabeça) – Desculpa, tia.

Professora – Eu lá por acaso sou sua tia? (as outras crianças começam a rir) Deus que me livre e guarde. Agora senta se não quiser começar o ano na sala da diretora. Garanto que você não vai gostar nada de lá.

Tita procura um lugar vazio, mas onde vai sentar, alguém coloca a lancheira de propósito.

Tita – Posso sentar aqui?

Erick (grosseiro) – Já tem gente.

A professora se irrita com Tita.

Professora – To vendo que temos uma criadora de caso por aqui.

Todo mundo ri de Tita que vai ficando desapontada e começa a chorar.

*Dedicado as minhas novas leitoras Chrismilly e Caremady. Chrismilly, eu criei outra conta e vou repostar Simplesmente Tita que vai ter 5 temporadas, caso a galera participe. Espero que essa versão seja aceita. Se você tiver curiosidade de saber o que houve no final de ST, tem a reprise de Abril postada (ela terminou dia 10 de junho) e o ebook no Recanto das Letras. Espero que acompanhem a vida da Tita, os antigos leitores matem a saudade e os novos conheçam a história dessa garota que vai sofrer muito até conseguir dar a volta por cima.