Fanfic: SiMpLeSmEnTe TiTa | Tema: Reprise

4º Capítulo

Tita tenta argumentar com a professora.

Tita – Professora, ninguém quer me deixar sentar.

Professora – Mentira. Você é quem está criando caso. É ou não é, crianças?

Tita (desesperada) – Mas profe...

Professora – Comigo choro não comove, menininha. Vai procurando um lugar e calando essa boca porque eu não tenho paciência com criança e isso já vale pra todos. Um pio e vai pra fora da sala, estamos entendidos?

Enfim Tita encontra um lugar e atrás de um garoto flatulento. As outras criancinhas caçoam da protagonista, que abaixa a cabeça na carteira e chora.

Professora (para Tita) – E engole esse choro. Ninguém apanhou por aqui.

Crianças (para Tita) – Chorona, chorona, chorona...

Enquanto a professora escreve no quarto, começa a tocar Reach – Gloria Estefan. Tita se desenha ao lado do pai com giz de gera em uma folhinha de caderno.

Tita (narrando) – Eu não consegui fazer nenhum amigo. Ninguém gostou de mim. De mágica a escola não tinha nada, mas fora dali eu era a princesinha. Benditos sejam os fins de semana. Benditos sejam!

Tita e Felix brincam em um carrossel, assistem ao teatro de bonecos. Tita come pipoca e ri muito. Tita, usando uma tiara e um vestido de princesa, rodopia em gramado. Ela sempre chora quando o carro de Felix estaciona em frente à casa de Meire.

Tita (chorando muito) – Não quero voltar...

Felix – Mas amanhã você tem aula, princesa. Uma menina inteligente como você não pode faltar.

Tita – Eu não gosto de lá.

Felix – Não fala isso.

Tita – Me deixa ir com você. (choro compulsivo) Eu quero ir com você...

Felix abre a porta do motorista, ergue o banco e Tita se recusa a sair.

Felix – Tita, colabora.

Tita – Eu quero ficar com você.

Mesmo contra a vontade de Tita, ela volta para casa e vira a noite com febre.

Tita (narrando) – A febre era meu jeito de dizer que algo estava errado, mas mamãe nunca percebeu. Pelo contrário...

Meire (furiosa) – Sempre armando ceninhas, né, menina mimada? Pois a mim você não convence nem um pouco.

Tita, febril, vira de um lado ao outro da cama, suando, como se pudesse expulsar todo medo que sentia por saber que seria agredida e humilhada na escola.

Tita (narrando) – 6, 7, 8 anos. Eu crescia a olhos vistos.

Música Wannabe – Spice Girls.

Tita (narrando) – Logo que as Spice Girls ficaram mundialmente famosas, fã delas me tornei.

Tita, já sentada no banco do passageiro ao lado de Felix, aumenta o volume e tenta cantar junto com os ídolos. Felix ri.

Felix – Quero que conheça alguém muito especial...

Tita (dá atenção ao pai) – Uma amiguinha?

Felix (disfarçado) – Bom, é sim.

Tita continua cantarolando.

Tita (narrando) – Uma amiguinha? Eu bem que adoraria. Sentia-me tão sozinha no colégio, ainda mais estudando com a mesma turma desde sempre, com as mini-patricinhas e suas mochilinhas cor de rosa, os babacas que puxavam meu cabelo e me chutavam quase todo intervalo. Ter uma amiguinha seria muito legal, pois eu queria muito ter alguém pra brincar comigo, contar segredos, chamar pro meu aniversário...

Passeio Público. Dia.

Felix e Tita caminham de mãos dadas. A música das Spice Girls para de tocar.

Felix (para Tita) – Acredito que vocês vão se dar muito bem.

Tita – É mesmo, pai?

Felix – Sabe aquela boneca que você me pediu?

Tita – Ah sim, a Barbie Ginasta...

Felix – Papai não vai poder te dar agora, só no teu aniversário.

Tita – Ah, mas ainda falta muito tempo.

Felix – Falta não, filha, Passa rápido.

Tita (ansiosa) – E quem iremos conhecer?

Helena, segurando um balão de gás hélio com a cara do Seu Madruga, se levanta ao reconhecer Félix.

Tita (desapontada) – Quem é ela?

Felix (apaixonado) – É dela que eu falava, Tita? A Helena.

Tita – Helena?

Felix e Helena dão um selinho tímido. Felix abraça Helena. Tita não consegue conter as lágrimas.

Helena – O que houve, pequena?

Felix – Tita, o que foi?

Tita não responde, só chora.

Helena – Será que foi alguma coisa que eu disse?

Tita coloca as mãos no rosto.

Tita (para Félix) – Você disse que ia me apresentar uma amiguinha.

Helena (amigável) – Mas eu sou uma amiga.

Tita (histérica) – Não é não. Não é não.

Felix – Tita, seja gentil com a Helena.

Felix tenta abraçar Tita, mas ela se esquiva.

Tita (narrando) - Isso simplesmente não poderia estar acontecendo. Eu era a princesinha do meu pai. Não ela. Não aquela gorda. A única mulher da vida de Felix tinha, por lei, de ser a minha mãe.

Helena se agacha para ficar na mesma altura de Tita e lhe tira as mãos do rosto.

Helena – Uma menininha tão linda dessas chorando.

Tita (narrando) - Se tem algo que odeio é que force intimidade, ainda mais se acabou de me conhecer.

Enquanto Felix e Helena se paparicam, Tita caminha atrás do casal, desanimada.

Tita (narrando) – Aos poucos os passeios foram se restringindo a cada 15 dias e normalmente Helena ia junto.

No carro de Felix, Tita está curtindo Sandy & Junior, mas Helena troca de estação e está tocando Boquinha da garrafa. Tita bufa de raiva. Helena acaricia as mãos de Felix quando ele vai trocar de marcha. Ele sorri para ela. Tita, enciumada, começa a chutar o banco do pai para tentar chamar atenção.

Felix – Tita, para.

Tita finge não ter ouvido o pai e continua chutando o banco.

Felix (irritado) – Tita, eu já pedi pra parar.

Tita continua chutando o banco do motorista até Felix dar um berro.

Felix – Vai parar de chutar ou não vai?

Tita, com os olhos assustados, se encolhe no banco. Felix olha para trás.

Restaurante. Dia.

Felix leva Tita e Helena para almoçar. Tita não suporta nem olhar para Helena. Música Reach – Gloria Estefan. Tita percebe que Helena está usando um anel de brilhantes e pergunta. 

Tita (curiosa) – Que anel é esse?

Helena – Esse anel? (tenta esconder) É um anel especial, querida.

Tita (enciumada) – E o que tem de especial nele?

Felix – Por que não falamos a ela de uma vez por todas, Helena?

Tita – Falar o que?

Felix (contente) – No mês que vem Helena e eu nos casaremos na igreja.

*Dedicado a todas as minhas leitoras. Obrigada pelo carinho e pela atenção. *-*