Fanfic: Per(feito) Para Mim | Tema: One Direction
Ela sente alguns raios de sol invadindo os seus aposentos. A luz, de uma certa maneira, a incomoda. Então, abre os olhos de modo vagaroso, um por vez. A dama espia de canto, encontrando a sua criada favorita (apenas dois anos mais velha que ela) a observando - com certeza para avisá-la dos eventos importantes que provavelmente terá neste novo dia.
– Bom dia, princesa.
– Bom dia, Kath! - já sentada, a menina espreguiça-se - Por favor, eu já pedi para não usar formalidades como essas comigo... Duda está de bom agrado, e, Eduarda, seria um ótimo começo.
– Se é de tua preferência, Duda, está tudo bem.
– Obrigada! E meu irmão, Louis? Onde enfiou-se nesta manhã?
– Como ainda está bem cedo, pode estar sendo acordado ou aprontando-se para a refeição matinal, acredito.
– Oh, sim. Claro! - uma pequena pausa é feita por Eduarda, que respira profundamente, já preparando-se para os futuros e prováveis desapontamentos - Muitos planos para hoje? Espero realmente que não.
– Sem planos, poderás permanecer no castelo o dia todo. Agora vamos, vamos logo. Creio que já estejam esperando-te para o café da manhã e suponho que não seja de bom tom atrasar-te.
Duda levanta-se e, a cada passo dado, Katherine está em seu encalço. Fato muito comum, já que é uma princesa da Dinastia Tomlinson, pertencente à Inglaterra. Dinastia esta que tivera início em 1763, com o bisavô dela. Atualmente, em 1812, seu pai é o Rei - um homem bom de coração, mas muito rígido. Deve-se acrescentar que nunca se viu um Rei com tamanha vontade de manter-se no poder, colocando até própria filha no meio de tudo.
É neste ponto em que a princesa Eduarda entra: desde muito nova está noiva de um príncipe do reino mais próximo existente. Não é da vontade dela e não é o que pediu em um poço dos desejos com uma moeda; não chega nem perto do que ela gostaria que acontecesse. Harry, o noivo de Duda, está prestes a passar o verão com a garota. Mal conversaram, na realidade. Ele é lindo, charmoso e, talvez, tudo o que qualquer menina de quaisquer reinos do mundo quisessem. Contudo, a princesa sentia que não era a ele que amava.
Dois anos para o casamento, apenas dois anos, pensa a menina, perdida nestes devaneios sobre rumo que sua vida toma sem poder mudá-la - ou ter uma ideia de como mudar. É despertada, então, por Kath, que mostra à ela o espartilho que deve vestir juntamente com um vestido rodado azul. Ela prende a parte da frente do cabelo, deixando os cachos finos e modulados à mostra, caindo sobre os seus ombros. Calça um salto simples, exigência de sua mãe.
A princesa dirige-se até a enorme mesa no centro da casa. Avista o Rei Henrique e a Rainha Laura, seu irmão e, do lado dele, um lugar vago, cujo é guardado para ela todas as manhãs.
– Bom dia à todos - Eduarda sorri, passando os olhos por cada um.
– Bom dia - respondem-na em uníssono.
– Louis, estava pensando em cavalgar hoje, o que tu achas? - a menina sugere, com esperanças de que o irmão aceite.
– Eu, certamente, adoraria. Mas penso que hoje não será possível.
Ela estabelece uma feição com um misto de tristeza e surpresa, o que é melhor para os dois do que uma tarde juntos? Louis sorri pesaroso, em uma tentativa falha de acalmá-la.
– Deixe-me explicar, por favor, Duda. Não quero que fiques magoada comigo, papai me pedira para buscar nosso primo, Niall, no porto. Chega hoje da Irlanda, daqui a uma hora. Por acaso alguém avisaste que ele passará o verão conosco, junto a teu noivo, aqui, também?
Eduarda balança a cabeça negativamente, desgostosa por ouvir a palavra “noivo” que a lembra “meu noivo, noivado, futuro casamento“ e afins. Este assunto, particularmente, nunca fora o seu favorito.
Suspira chateada.
– Posso eu, pelo menos, acompanhar-te?
– Eduarda, tu não vais ao porto - reclama a Rainha, por que sua filha tende a ser tão teimosa? – Quantas e mais quantas vezes eu terei que repetir-te que lá não é lugar para uma princesa, querida?
– Desculpe, mamãe - a menina torce a boca, decidindo calar-se por um tempo. Ao que parece, todos decidiram calar-se junto à ela. Um silêncio desconfortável toma conta do lugar. Já que Louis é da família, o silêncio pouco dura.
– Creio eu que não há problemas em levar minha irmã comigo, mãe. Eu quero que ela vá.
Laura bufa, um pouco nervosa. Como podem ser tão cúmplices e desobedientes? Oras! Com toda a certeza, a Rainha pode afirmar que nunca vira tamanho companheirismo, pelo menos.
– Louis, não ouse desrespeitar Laura - o pai brada.
– Não estou a desrespeitando, - continua o garoto, com um sorriso brincando nos lábios – apenas não vejo motivos para tal irritação em fazer uma gentileza tanto a mim quanto a nosso primo...
– Cuide bem de sua irmã, então - diz a mãe, deixando a entender que lhes foram consentida a permissão.
Os irmãos trocam olhares alegres, a menina agradece com um movimento da boca tom de cereja. Louis apenas beija sua testa, levantando-se logo depois.
Eduarda termina sua torrada com manteiga apressadamente quando percebe que pouco falta para seu primo chegar. Primo este que não vê há oito anos, e tampouco lembra-se dele, já que as lembranças dos seus dez anos de idade não são tão claras quanto queria. Recorda-se de um menino de doze anos, loiro de olhos azuis safira; um tanto quanto magro e mais alto do que a mesma.
Louis aponta na porta da sala de jantar.
– Estás pronta, irmãzinha?
Niall tivera uma viagem que pode-se chamar de conturbada. O menino passara mal por quase todo o tempo e, como se não bastasse, foram seis horas de navio para ir de Dublin, Irlanda, até Liverpool, na casa de campo de seu tio.
Para ajudar o irmão a cuidar das colônias da Inglaterra, o pai de Niall fora obrigado a mudar-se. Não que o garoto tivesse aceito, mas isso não cabia a ele decidir. Portanto, fora separado de toda a sua família e amigos mais queridos: seus primos. Adorava conversar horas com Louis e cavalgar com ele e Eduarda, além das demais brincadeiras e travessuras escondidas, nenhum dos ‘adultos‘ poderia descobri-los brincando de esconde-esconde! Por isso resolvera passar uma temporada de volta a terra natal. Para matar as saudades.
Niall, todo afobado, desce do navio as pressas. Não aguentaria sequer mais um segundo dentro deste trambolho enorme. Com as bochechas mais rosadas do que o normal, o menino tenta avistar alguém que possa ajudá-lo a informar-se. Dando algumas voltas e giros pelo porto, encontra uma garota, de costas, que tem certeza não ter visto em alto-mar.
– Com licença, senhorita, - chama à menina de vestido azul - tu poderias ajudar-me?
A moça vira-se, e, instantaneamente, reconhece o rapaz que pedira por seu auxílio. O cabelo loiro arrumado para o lado e mesmo assim um pouco despenteado, dando-lhe um charme incomum; os inalteráveis olhos azuis safira.
– Niall?
– Duda?
Ambos sorriem, sem graça, movidos por tamanho acaso. Eduarda, não sabendo muito bem como se portar diante da situação, avança no primo, devagar, e o abraça.
Atrás dos dois, Louis pigarreia, chamando-lhes a atenção. Duda desvencilha os braços da cintura de Niall e, ele, por sua vez, retira as mãos que afagavam-na o cabelo.
– Primo! - Niall exclama, sorridente, aproximando-se de Louis - Há quanto tempo!
– Sentimos muito a tua falta por aqui - ele oferece a mão e Niall aperta-a - Se não te importas, gostaria de apresentar-te aos meus melhores amigos - o loiro faz um gesto para que Louis prossiga: - Este é Zayn, - ele mostra um garoto de topete castanho, levemente mais bronzeado que os demais, com um sorriso radiante e um par de olhos brilhantes castanho-claros - e aquele é Liam e a namorada dele, Isabella - o casal sorri em resposta, manifestando simpatia.
– É um prazer conhecê-los.
– O prazer é todo nosso, Niall, acredite - responde-lhe Zayn.
Iniciam-se aquelas conversas empolgantes, as quais apenas amigos de longa data conseguem ter. Até mesmo na carruagem, de volta para o castelo de verão, as risadas são tão incessantes quanto os assuntos.
– Como estava tudo na Irlanda? - questiona Liam.
– Bem entediante, para ser sincero. É um bom lugar para se viver, mas não é exatamente o lugar que eu quero estar.
– Já passei por lá algumas vezes, meus pais viajam muito - conta Isabella - Em todas elas, quase congelei! Tu já deves estar acostumado com o frio excessivo, não?
– Digamos que sim, Bella - Niall sorri de canto - Como anda meu tio? E a tia Laura?
– Os idênticos nervosos de sempre - Duda rola os olhos e sorri abertamente, quase contendo um riso.
– Eduarda! - Louis a repreende, entretanto gargalha em seguida.
– Senhores e senhoritas, chegamos - avisa o cocheiro, formalmente.
Duda nunca se acostuma com todos esses tratamentos exclusivos devido a sua posição social. Para ela todos estes são dispensáveis e nem um pouco importantes, na realidade. A menina tenta abrir a porta que está ao seu lado, vendo que todos já desciam do cupê, mas sente uma mão sobre o seu braço, impedindo-a de fazê-lo.
– Deixe que eu abro-a para ti - ela ouve a voz grave e rouca de seu primo ecoando próxima de seu ouvido. Eduarda coloca a mão sobre o peito, como de costume quando sente-se assustada. Solta um riso baixo e aceita a gentileza do menino.
– Estou muito agradecida, nobre cavalheiro.
– E eu estou a seu dispor, Duda.
A menina os induz até o quarto de hóspedes reservado a Niall, para que ele pudesse tomar o tão esperado e, agora, querido banho. Chegam ao ambiente sem passar pela sala principal, onde evidentemente estão os pais de Eduarda, e, o que a menina menos quer no momento, é deixar seu primo exausto com as perguntas entediantes que seriam direcionadas à ele.
– Creio que logo trazem as tuas malas, Niall... E eu pedi para que Kath aprontasse seu banho, está tudo de acordo. Achas que falta algo?
– Não, Duda. Obrigado! Nunca imaginei que tu poderias ser tão boa anfitriã, baixinha - a menina rola os olhos ao rememorar-se do apelido que ele a dera. Com um sorriso correspondido por ele, Eduarda dá as costas ao primo, procurando por Isabella.
Andando lenta e preguiçosamente, a princesa depara-se com Katherine exasperada e pronunciando algo como "vás até o salão principal". E, mesmo não sendo nem um pouco da espontaneidade dela, assim o faz. Agora, com os passos duros e impacientes, acelera o ritmo. Encontrar Kath naquele estado não é típico.
À espreita, cerrando os olhos, próxima à entrada, Eduarda tenta descobrir o que está acontecendo. Consegue visualizar o característico coque de sua mãe e os cabelos grisalhos de seu pai. Isto ela, imediatamente, esperava. Que diabos, então, há de estar errado? Apodera-se de coragem e ultrapassa a porta do salão.
De ímpeto, a morena freia. Sorri de nervoso, de ânsia. Pende a cabeça rapidamente para o lado. Estreita os grandes olhos, como se para enxergar melhor ou crer no que está vendo.
– Princesa, estás bem? - tenta certificar-se Harry com o sorriso cordialmente doce de sempre, mostrando os dentes perfeitamente brancos alinhados.
Harry. Harry chegara mais cedo. Harry voltara. Eduarda pisca um pouco mais forte, voltando ao seu normal.
– Claro, estou ótima, obrigada - retorna o sorriso que à ela fora concedido - Que bela surpresa tu aqui, príncipe!
– Devo dizer que estou muito feliz por poder ver-te novamente, Eduarda.
Ela cora. Mesmo que não tenha detectado alguma afeição demasiada por Harry, ao menos este lhe transmite dedicação para conquistá-la. Algo que ele realiza com êxito total. E o que deixa Duda cada vez mais intrigada quanto aos seus sentimentos. Como tivera pensado, não o amava. Não sentia isso. Ou sentia?
– Harry, por favor, não deixe-me encabulada! - a jovem sorri amavelmente.
Eduarda repara nas roupas sempre muito finas e elaboradas do príncipe, que caem otimamente bem em seu corpo precisamente forte. O cabelo de cachos encantadoramente jogados para o lado. As covinhas que provém do sorriso sempre muito bem posicionado em seus lábios carnudos. Ele é um belo rapaz. Ele é apaixonante.
Aproxima-se, também, de seus pais e, consequentemente, do menino. Os reis oferecem ao casal que sentem-se e assim é feito. Eduarda não presta atenção nenhuma no diálogo que se instala. Ela, realmente, não quer saber como vão os negócios da família Tomlinson e, muito menos, Styles. A menina não se importa com política. Este tema é altamente dominado pelo príncipe. E ela, mais uma vez, não se importa.
O que toma sua atenção, nesse caso, é o loiro que desce os degraus da escadaria primordial. Os cabelos até agora molhados, são mexidos sem cuidado por uma das mãos dele, trazendo o comum aspecto desordenadamente perfeito à tona. A camisa social encontra-se com os três primeiros botões abertos e, as mangas, apertadas, exatamente marcando ainda mais os bíceps definidos, estão dobradas de maneira aparentando três quartos.
Captando o olhar de sua prima sobre si, Niall sorri entre o malicioso e o brincalhão. Ela não consegue distinguir. Entretanto, o sorriso some ao notar Harry no mesmo cômodo em que ele está.
– Boa noite.
Os presentes na sala olham para Niall, acenando com a cabeça e murmurando alguns `boa-noites` de volta. Niall senta-se em uma poltrona de tecido vermelho, muito confortável, que está de frente ao sofá em que os quatro - ou três - estão conversando.
– Então, Horan, o que o trouxeste até aqui? - Harry pergunta e sorri. Um sorriso que pode ser classificado como irônico.
– Eu iria perguntar o mesmo à você, Styles! - o menino range os dentes, adquirindo uma sobrancelha arqueada.
Os príncipes rolam os olhos. Laura, sem entender, resolve por um fim no ambiente tenso:
– Harry, querido, gostaria de aprontar-te para o jantar?
Este, por sua vez, assente logo com a cabeça e retira-se.
Os questionamentos sobre a Irlanda do Norte entediam Eduarda tanto quanto à Niall. O menino adorava fugir do castelo e das reuniões quando tinha a chance. Não era do interesse dele as abordagens sociais do Reino. Aliás, não enxergava motivos para gostar de algo que o afastara da vida que costumava ter. Porém, com toda a educação que sempre recebera, suas respostas não soam nada mais, nada menos do que com muita classe.
– Niall, filha, eu e Laura temos coisas a fazer. Deem-nos licença - os reis levantam-se, restando apenas os primos, encarando um ao outro.
Ela envergonha-se com a intensidade que é observada pelo menino e, por isso, comtempla ao chão. Brinca com os dedos, como todas as vezes em que está sem o que dizer ou fazer. De rabo de olho, constata que Niall continua a fitá-la e ela sorri, sem motivo aparente.
– Duda. Perdoe-me por esta cena. Eu realmente não quisera estabelecer um clima ruim, mas... Mas... - ela finalmente mira o primo, encorajando-o a continuar - Mas eu simplesmente o detesto. Ele não perde a chance de mostrar-me que o que eu mais quero, nunca terei. Tu sabes melhor do que ninguém que eu não suporto este principezinho, não?
– Eu realmente não entendo-te, Nialler. O que ele fez? Tu nunca contaste-me o real motivo para tudo isso.
Ela suspira. Ele suspira. Os olhares encontram-se, chocam-se. Ambos desatam a rir.
– Não tens noção do quanto senti-me sozinho por ficar sem esses momentos, Duda.
Niall a olha por uma última vez, sorrindo amoroso. Levanta-se, andando até Eduarda. Oferece-lhe a mão e, sem hesitar, ela aceita. Puxa-a desmazeladamente forte, colidindo o seu corpo com o dela em um abraço desajeitado. Ele beija-a estalado na bochecha direita e, posteriormente, separa-os. O príncipe segue os passos até a escada, que darão acesso ao corredor dos quartos reais.
– Niall?
– O que há, Duda? - sorri ladino.
– Não irás jantar, não? - retribui o sorriso, mordendo o canto da boca.
– Deixe para a próxima, estou cansado. Boa noite, princesa.
– Boa noite, príncipe.
Eduarda joga-se no sofá, totalmente descuidada dos bons modos que aprendera por toda a sua vida. Aspira uma pequena quantidade de ar e, sem perceber, suas pálpebras que estavam um pouco pesadas, fecham-se e levam-na para o sono tranquilo que o dia surpreendente pedia.
Autor(a): dudaveroneze
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