Fanfic: Meu Destino (Vondy) - Terminada | Tema: Rebelde (Vondy)

De um modo inexplicável, sentir a preocupação de Ucker e principalmente ouvi-lo chamá-la de “meu amor” outra vez fez com que Dulce sentisse brotar uma força sobrenatural dentro de si. Empurrou, empurrou sem cessar, até quando o ar acabou ela jogou a cabeça para trás e continuou, empurrou mais e mais até que um choro agudo entoou pelos ares e ela sentiu toda sua força temporária cessar e caiu deitada no leito do hospital. Não sentia mais nada, apenas confusão. Mal distinguia as vozes ao seu redor, mal mantinha os olhos abertos, mas um único som preenchia sua mente e a emocionava de um modo absurdo. Aquele chorinho. Todo o resto era zumbido e vultos, a única coisa que ela era capaz de perceber era seu filho sendo erguido em sua frente, lindo, pequeno, desprotegido, glorioso. Uma lágrima desceu de seu olho quando ela compreendeu a frase que Ucker sussurrara em seu ouvido: “Ouviu isso, amor? Nosso bebê é um rapazinho!”. Ela sorriu fracamente. Não soube distinguir quanto tempo se passara, mas seus olhos abriram imediatamente quando Ucker parou ao lado dela e estendeu os braços com cuidado, colocando sobre seu seio a coisa mais linda que ela já havia visto na vida.

Seu filho, seu filhinho. Um menininho lindo de olhos grandes que a fitavam fixamente. Ela olhou dentro daqueles olhinhos e sentiu um fio magnético se estabelecendo entre eles, uma ligação mágica, inexplicável. Sentiu seu coração inundar de amor. Só amor, nada mais. Amor absurdo e incondicional, sem porquês, sem poréns, sem ponto final, nem vírgula, mas apenas uma reticência que simbolizava o quão eterno era aquele sentimento. Nada se comparava àquilo. Nenhum amor no mundo, nenhum era como aquele. O instinto de mãe e filho foi se cheirar, um cheirou a pele macia do outro, o bebê pequeno e indefeso, a mãe emocionada, sua protetora, seu anjo.

Ucker sentiu as lágrimas caírem de seus olhos enquanto contemplava aquela cena. Era a coisa mais linda que já havia presenciado. Aquela imagem ficaria em sua mente pra sempre. Ele se sentou ao seu lado na cama, acariciou seus cabelos ruivos, enxugou uma lágrima que descia vagarosamente a maçã de seu rosto exausto. E depois de muito admirar aquele pequeno menino a única coisa que conseguiu fazer foi dar um longo e carinhoso beijo na testa de Dulce quando ouviu o que ela sussurrou:

“Bem-vindo, meu amor! Nós somos sua família! E você será nossa alegria agora!”.

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Dulce acordou se sentindo um pouco desnorteada. Parecia ter dormido por mil anos e tudo o que via à sua volta era paredes brancas. Sentiu um vazio imenso quando tocou a barriga e notou que seu neném não estava mais lá dentro e também não estava mais em seu seio. Não lembrava de ter visto tirarem ele de seus braços. A última coisa de que se lembrava era do beijo de Ucker em sua testa e daquele par de olhos brilhantes observando-a e pedindo carinho e proteção, os olhos de seu filho. Estava a ponto de cair em desespero quando ouviu a voz de Ucker e só então percebeu que ele estava no quarto com ela.

Ucker: Ei! – ele disse em tom carinhoso enquanto levantava da pequena poltrona e caminhava até ela – que bom que acordou!

Dulce se esforçou para levantar o corpo e sentar: meu filho! Cadê meu bebê? – olhava para todos os lados e só via paredes e mais paredes brancas – onde está meu bebê?

Ucker acariciou seu rosto e lhe presenteou com um amável sorriso: ele está bem! Foram fazer a pesagem, as medições, avaliar a saúde dele e já vão trazê-lo para mamar... fica tranqüila...

Ouvir aquilo realmente a aliviou. Ucker tinha nos olhos um brilho incrível de amor e emoção. Não, era mais que isso. Parecia gratidão.

Dulce: quando vão trazê-lo? Ele está bem mesmo? Por que não me lembro de o tirarem de mim?

Ucker: Porque você apagou quando ele ainda estava em seus braços. A enfermeira disse que foi só o cansaço e que acordaria logo... é instinto, sabe? Uma mãe não pode ficar muito tempo desmaiada porque sua consciência berra que ela tem uma cria pra alimentar. – Brincou e aquilo arrancou um sorriso de Dulce.

A enfermeira entrou trazendo o bebê entre paninhos, tão pequeno, tão indefeso! Dulce quase saltou da cama para recebê-lo e quando enfim ele estava em seus braços novamente, seus olhos embargaram. Ela o colocou no seio e sentiu uma dor aguda assim que o bebê sugou com toda a força procurando por leite. Sempre lhe disseram que a primeira amamentação era dolorosa e desconfortável, mas também diziam que era um dos momentos mais emocionantes entre mãe e filho. Mais uma vez ela sentiu aquele fio de amor se estendendo entre eles e ficando mais espesso, mais forte. Ucker levou o dedo indicador delicadamente ao rostinho do neném e acariciou, cheio de amor.

- Obrigado por me dar esse presente! – a voz de Ucker soou cheia de emoção, fazendo Dulce fitá-lo.