Fanfic: Meu Destino (Vondy) - Terminada | Tema: Rebelde (Vondy)

Uma semana passou sem que Ucker tivesse qualquer notícia de Dulce. O celular dela estava sempre desligado, sua casa parecia inabitada, seu escritório estava de “férias”. Depois de ligar muito para Anahí, conseguiu descobrir que Dulce estava com ela e Poncho na praia. Tinham passado a virada de ano lá e ainda ficariam mais um dia antes de voltar pra rotina que levavam na capital.

Com muita insistência, também conseguiu tirar de Anahí uma outra informação: Dulce não estava feliz, nem mesmo no Reveillon, ficava a maior parte do tempo sozinha, pensativa e não conversou muito com ninguém. “Ela tem motivos pra ter fugido de você, mas a culpa não é sua. Você não fez nada de errado. Só estará cometendo um erro se desistir de procurá-la. Não faça com ela o que os outros fizeram, Ucker!”. Essas palavras de Anahí ao telefone foram suficientes para dar à Ucker a certeza e a coragem que faltavam. Ía até lá. Precisava encontrar Dulce e saber o que a feria, o que a assustava. Não ia deixar aquela mulher fugir dele assim tão fácil.

Já eram cinco e meia da tarde e Dulce estava sentada na beira do mar. Sozinha. A praia estava deserta, por incrível que pareça. Dulce contemplava o pôr-do-sol quando se deu conta de que não estava sozinha. Alguém estava de pé ao seu lado. Levantou a cabeça e seu coração parou. Sentiu a espinha congelar e a surpresa tomou conta de si. Ucker estava ali, agora sentando-se ao seu lado. Os lábios entreabertos de Dulce, trêmulos pela surpresa, quase vacilaram quando ela tentou dizer alguma coisa. Só o que saiu foi um fraco e rouco “Ucker?”

Ele a olhou com carinho: não vou te perdoar por ter me deixado sozinho no Ano Novo. – voltou a olhar o horizonte – eu realmente queria ter passado com você.

Vendo que Dulce não sabia o que dizer, continuou: te liguei muitas vezes. Parei em frente à sua casa várias vezes também. Cortinas e portas fechadas. Nenhum movimento. Resolvi ligar pra Anahí e com muita relutância ela me contou que estavam aqui.

Dulce, em tom baixo de voz: e ela disse pra você vir?

Ucker: ela me deu um conselho. Mas ele não serviria de nada se eu não me importasse com você o suficiente para ir te buscar onde você estivesse.

Dulce engole a seco e olha pra ele: Vir me buscar?

Ucker suspirou e abraçou as pernas flexionadas, olhando para o sol que já quase desaparecera. Dulce fitou-o por alguns segundos e imitou seu movimento.

Ucker continuou: ainda não entendo o que acontece entre nós.

Dulce fica mais nervosa, mas prefere esperar e ouvir o que mais ele tem a dizer.

Ucker: você e eu sabemos muito bem que não dá pra fingir o que é óbvio. Eu gosto de você – fita-a – muito. E tenho certeza que alguma coisa mudou dentro de você também quando nos conhecemos. – voltou a olhar o horizonte - Respeito sua primeira decisão, de não querer misturar trabalho e sentimento. Mas você me mostrou que também me queria quando prometeu que terminaria o trabalho o mais rápido que pudesse pra gente ficar junto.  Por que algo me diz que o trabalho não é a única coisa que te impede de se arriscar? – volta a olhá-la – com um sentimento tão bonito nascendo entre nós não seria impossível conciliá-lo com o trabalho, isso não seria um problema... talvez fosse até bom. Eu só quero que confie em mim e me conte o que te machuca.

Vendo Dulce respirar fundo e procurar palavras, imaginou que ela ia enfim se abrir.

Dulce: Quando eu tinha 14 anos, gostava de um menino um pouco mais velho que eu. Ele era o “popular” do colégio. Nunca tínhamos conversado muito, mas eu adorava observá-lo. Não sabia muito sobre ele, mas sabia que ele tinha algo que me encantava... talvez a confiança, a beleza... ou os dois – sua voz quase vacilava – uma amiga minha era amiga dele também. Ela descobriu o que eu sentia e contou pra ele. Fui pega de surpresa no dia em que ele chegou a mim puxando conversa e sendo gentil. Foi do nada... eu fiquei muito feliz... – Dulce engoliu a seco e Ucker começou a ficar preocupado – um dia ele me beijou. Eu sentia borboletinhas no estômago. Era uma menina, cheia de ilusões... ficamos algumas vezes e ele me chamou pra uma festa na casa dele. – uma lágrima caiu de seu olho e sua voz começou a tremer – ele me deu bebida a festa quase toda. Quando os convidados foram embora, só ficamos nós dois e um amigo dele. Eu estava tonta e eles me arrastaram pro quarto. Tudo rodava, eu só percebi o que estava acontecendo quando ele começou a tirar minha roupa – agora as lágrimas estavam descontroladas e ela começava a soluçar. Ucker apertou sua mão e disse que ela não precisava continuar, mas ela quis contar tudo.