Fanfic: Meu Destino (Vondy) - Terminada | Tema: Rebelde (Vondy)

Érica girou o corpo sobre os calcanhares e começou a andar pela sala, provocante. Continuou falando, com seu sotaque parisiense um pouco exagerado demais: e quando é que não temos novidades, Chris? – soltou uma gargalhada até um pouco assustadora, que ecoou pela sala – nossa vida sempre foi bem mais movimentada que a sua, não me leve a mal, claro!

Ucker, ali diante daquela mulher, pôde se lembrar porque os próprios irmãos a detestavam quando criança. Ela sempre foi assim, exibicionista e sarcástica, sempre tentou se gabar da sorte que tinha e para isso colocava os demais para baixo. Mas agora parecia estar mais insuportável. Estava muito mais bonita, com certeza. Os olhos claros pareciam se infiltrar por dentro de sua pele quando ela o olhava. Os cabelos estavam longos e ondulados, ainda castanhos como antigamente, mas parecia mais volumoso e tinha mais movimento. Ela estava bem mais alta, quase mais alta que ele, suas pernas eram compridas e estavam quase inteiramente à mostra no modelito francês extremamente elegante. Sua maquiagem era absurdamente bem feita e bem detalhada, tinha um acabamento impecável. Seu perfume era tão forte que ele quase teve ânsias. Seu sotaque chegava a ser insuportável, mas ela ainda tinha alguma coisa que agradava a Ucker.

Érica: E então? Como vão as coisas por aqui?

Ucker: Muito bem! E seus irmãos, não vieram?

Érica suspirou entediada: não, eles tinham coisas mais importantes para fazer lá em Paris. – voltou o olhar para Ucker um pouco constrangida pelo que acabara de dizer – Oh! Perdoe-me, perdoe meus maus modos, não que não seja importante vir visitar vocês. Eles ficaram tratando de negócios e tudo isso. Você sabe como é!

Ucker forçou um sorriso e enfiou as mãos nos bolsos: claro...

Érica fitou-o novamente, observando-o dos pés à cabeça, com um maldoso sorriso esboçado nos lábios: Está muito ocupado, priminho?

Ucker: Mais tarde terei uma reunião, mas só daqui a uma hora...

Érica falou provocante: e será que enquanto sua reunião não começa eu posso te fazer companhia?

Ucker sorriu, sentando-se em sua grande cadeira, em frente ao computador: Mas é claro! Aproveita e me conta como meus primos estão!

Ela sorriu dissimulada e sentou-se novamente.

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Dulce saiu do banho enrolada no roupão branco e grosso. Logo trocou de roupa, estranhando o pequeno incômodo que sentia no estômago desde que saíra do restaurante. Não havia comentado com Ucker, afinal, devia ser uma bobagem. Mesmo assim, preferiu vestir uma roupa mais confortável. Escolheu um vestidinho acima do joelho, vestiu e pensou em se jogar na cama, a audiência tinha sido cansativa. Porém o mal-estar crescia e ela resolver ir tomar um copo d’água antes de se deitar.

Assim o fez. Logo que se deitou seu telefone tocou, era Ucker. Avisou que seus tios estavam no país e que sua mãe daria um jantar naquela noite para dar as boas-vindas. Convidou Dulce para ir e ela logo aceitou, ignorando (e omitindo) o fato de que estava começando a suar frio, sem saber por quê. Ucker também avisou que em alguns minutos teria uma importante reunião, mas que saindo de lá, passaria para buscá-la. Ela agradeceu e se despediu, jogando o celular sobre o criado-mudo outra vez.

Olhou para o teto e respirou fundo, sentindo seu estômago embrulhar. O que estaria acontecendo? O mal-estar começou a virar um enjôo e ela sentiu a necessidade de ir para o banheiro quando o mesmo se intensificou. Levantou-se de uma vez da cama e isso só piorou as coisas. Ela entontou e sentou-se outra vez com as mãos no rosto. Fechou os olhos e esperou que tudo à sua volta parasse de rodar. Sentindo-se melhor da tontura, mas pior do enjôo, correu para o banheiro e o tempo só foi suficiente para que ela se abaixasse em frente ao sanitário e segurasse o cabelo para trás. Vomitou.

Alguns minutos depois, escovou os dentes e voltou para a cama, sentindo seu corpo tremer sem razão alguma. Teria algo a ver com o almoço fora? Ou pior, teria algo a ver com seu recente acidente de carro. Não. Preferiu ignorar a segunda opção ao perceber que aquele pensamento lhe trazia algum receio. Mesmo tendo vomitado até a alma seu estômago ainda rodava um pouco. Ela olhou para o celular e pensou em ligar para Ucker, mas lembrou que ele estava em reunião. Melhor assim, ela não iria preocupá-lo, certamente foi o almoço que não caiu bem e ela logo se sentiria melhor. Era melhor dormir um pouco, dormir era a cura para qualquer doença, pelo menos era isso que sua mãe costumava dizer. Enrolou-se nas cobertas e ligou o despertador. Alguns minutos depois, conseguiu pegar no sono, ainda com o estômago embrulhado.

Algum tempo depois – Dulce não soube dizer quanto – seu despertador tocou e ela levantou assustada. Se sentia melhor e foi tomar outro banho e se arrumar para esperar Ucker. Aprontou-se, pôs uma bela roupa, soltou os cabelos ondulados, colocou jóias prateadas e um bom perfume. Ucker logo chegaria e ela estava sentindo borboletinhas no estômago. Será que seus tios a aprovariam? Não costumava ficar tão receosa, não ficou assim nem quando foi conhecer a mãe de Ucker. Por que estava nervosa? Era como se soubesse que aquela noite seria importante...

 Sua linha de pensamento foi rompida pelo som da buzina em frente ao portão. Pegou a bolsinha de mão, trancou a porta e foi para o carro. Ucker a recebeu com um largo sorriso e elogiou seu visual. Ao perguntar como ela estava, Dulce soltou o ar ansiosa e disse que estava nervosa, preferindo ignorar mais uma vez o fato de que tinha passado mal pela tarde. Ucker acelerou e foram para sua casa.