Fanfic: Meu Destino (Vondy) - Terminada | Tema: Rebelde (Vondy)

Assim que começaram a jantar, começaram as provocações. Parece que Érica tinha eleito a noite para relembrar os bons tempos de infância que vivera com Ucker. Ele sorria abertamente se lembrando de tudo e, por alguns momentos, Dulce chegou a achar que ele tinha esquecido que ela estava ali com ele. Os tios, obviamente, sorriam junto e lembravam mais histórias, algumas até interessantes, mas Dulce estava ocupada demais tentando ignorar as voltas que seu estômago dava toda vez que Érica falava algo, sorria exageradamente e tocava o braço ou o ombro de Ucker, com uma intimidade que fazia Dulce questionar se ela realmente tinha passado tantos anos do outro lado do globo terrestre.

Érica: Oh, como é bom lembrar isso tudo! O Chris não queria mesmo admitir, mas ele era louquinho por mim, hahaha – Dulce se irritou além da conta com o comentário. A garfada de comida que acabara de comer pareceu voltar até a garganta e ela teve que se esforçar para omitir o desconforto. Mas pior foi o comentário de Ucker, logo a seguir.

Ucker: Eu não escondia, você é que me ignorava friamente! – sorriu brincalhão.

Érica fez-se de ofendida: Perdão, monsier, prometo não ignorá-lo nunca mais! – O que foi aquilo? Um modo discreto de dizer “se quiser me comer estou à sua disposição”? Ah não! Aquilo estava começando a provocar náuseas em Dulce. E só depois de meia-hora Ucker notou que Dulce quase não tinha conversado durante o jantar.

Ucker: Está tudo bem, amor? Está tão calada! Está tímida? – sorriu com carinho e isso de algum modo acalmou um pouco os sentimentos descontrolados de Dulce.

Dulce: Oh, não! – esforçou-se para sorrir – é que seus tios têm histórias tão boas para contar que acabei me concentrando nelas! – Eles sorriram satisfeitos. Ótimo. Por hora havia conseguido disfarçar o incômodo aparente que sentia. Ucker estava tão deslumbrado com a presença estrangeira em sua casa, (“principalmente a loira”, Dulce pensou) que não notou o ciúme fervilhando no olhar de Dulce quando Érica praticamente se jogava em cima dele. Quando o jantar acabou, ela agradeceu aos Céus por não ter cortado o pescoço da francesinha fresca que achava que tinha “direitos” sobre seu namorado com a faca de mesa.

Dirigiram-se para a sala conversando muito. Só Dulce não estava muito animada, mas ninguém percebeu isso. NINGUÉM e isso incluía o Uckermann, Dulce pensou, sentindo seu estômago embrulhar mais uma vez. Antes que todos se sentassem, ela deu meia volta, aproveitando-se do tumulto e da distração de todos e caminhou para a cozinha.

Dulce: Oi, Tita! – soltou um pequeno e desanimado sorriso para uma das empregadas.

Tita sorriu carinhosa: Oi, bonita! A senhorita está bem?

Dulce: estou sim, só me sinto meio... deslocada.

Tita suspirou lançando-lhe um olhar que dizia claramente “Eu sei exatamente como está se sentindo!”

Tita: e por que não pede para o Senhor Christopher levá-la em casa? Ele já ficou tempo suficiente conversando com a loirinha, ache um pretexto para ficar a sós que ele!

“Uh La La! Empregada bem maldosa e bem espertinha”, Dulce pensou. Lançou-lhe um sorriso cúmplice.

Dulce: Bem que eu deveria, mas acho que preciso ficar sozinha...

Tita: hum... tem um jardim lá fora. Se quiser ficar um tempinho a sós... – abriu a porta da cozinha e Dulce sorriu, agradecendo-lhe em silêncio. Foi para o jardim e deparou-se com um belo teto de estrelas. Estava escuro. Perfeito. Ela havia passado o jantar inteiro apagada, mesmo com toda a iluminação da casa, que mal fazia ficar um tempo no escuro?

Olhou para o céu e lá estava Órion. Ela suspirou, profundamente chateada. Como era possível que Ucker tivesse mudado tanto seu comportamento diante daquelas pessoas? Era possível que fosse só empolgação, afinal, tê-los em sua casa era uma novidade depois de tanto tempo. Infelizmente tentar pensar assim não reduziu a frustração de Dulce. Fazia poucos dias Ucker estava em sua casa, sentado ao seu lado no chão da sala, abraçando-a, cobrindo-a de beijos e agradecendo a Deus por ela estar sã e salva do acidente e agora ele parecia sequer enxergá-la! Por que parecia tão entretido com a presença de Érica? Ela era só uma paixonite patética de infância, é claro que isso já não tinha importância! Ou pelo menos era o que Dulce pensava até ver como ele sorria cheio de satisfação para aquela garota. Que ódio, que ódio, que ódio! Os sentimentos de Dulce estavam a mil e ela não entendia por quê. Afinal, não costumava ser tão impulsiva.

Quando sentiu um nó tapar sua garganta obstruindo o ar, percebeu que a frustração estava virando tristeza e ela queria desesperadamente chorar agarrada a seu travesseiro. Pegou o celular e discou o número de Alfonso.