Fanfic: Meu Destino (Vondy) - Terminada | Tema: Rebelde (Vondy)

“Christopher”. Mais uma vez o chamou assim só quando brigavam. Chamá-lo de “Christopher” era a prova de que estava extremamente chateada.

Ucker tentou retomar a calma: eu sei que é difícil, Dul, sei que é quase impossível de acreditar, mas eu só te peço que confie em mim.

(Leia ouvindo “Ingenua”)

A voz de Dulce pareceu extremamente magoada: eu confiei. Confiava, Christopher. Confiava quando me entreguei a você. – um nó tomou conta de sua garganta e muitas lágrimas caíram – confiava quando arrisquei tudo. Achava... que você era meu destino.

Ucker: Dul...

Dulce: por favor, não me chama assim. É um apelido que adoro, ele faz eu me sentir amada. Só meus amigos e as pessoas que mais amo me chamam assim.

Ucker tremeu e sua voz também: mas eu te amo, Dul.

Dulce fechou os olhos com força e apertou os dentes: não! Você ama as mulheres, todas elas. Você nasceu pra ser de todas elas e eu deveria ter entendido isso desde o maldito momento em que você me pediu meu telefone, desde o maldito pedido para almoçar, desde a maldita hora que te deixei por os pés na minha casa e você quase me despiu com os olhos!

Ucker tentou se aproximar com os olhos embargados: Dulce, não amaldiçoe esses momentos, por favor!

Dulce: se são malditos, o que posso fazer?... você foi tão convincente, meu Deus! Já pensou em estudar Direito? Daria um excelente advogado, você tem talento pra mentir e enganar as pessoas, até aquelas que vivem em estado de atenção, que vivem na defensiva como eu vivia, mas eu baixei a guarda... com todo aquele papinho de Peter Pan, de eternidade, de amor e confiança! Como pude jogar tudo pela janela em tão pouco tempo?

Ucker: você não jogou nada pela janela, meu amor. Você só ouviu seu coração, pelo amor de Deus, Dulce, acredita em mim! Acredita no que eu te digo. Eu JAMAIS trocaria você por qualquer uma mundo afora. Eu não quero nada delas, tudo que eu preciso está em você.

Dulce: Tudo o que precisa está em mim? Engraçado... eu nunca precisei de você. Eu quis você. Não precisava. Acho que não significou absolutamente nada pra você eu ter me entregado. Tem consciência de como isso era importante pra mim? Tem noção do quanto eu estava magoada com o amor quando você apareceu? Sabe o quanto eu temi isso? Eu esqueci, Ucker, eu passei por cima de tudo, eu ignorei qualquer alarme, qualquer aviso, qualquer BERRO que minha mente me dava para não aceitar, para não baixar a guarda e  não me apaixonar por ninguém. Ignorei meu medo por sua causa e você foi mais desprezível, mais cafajeste que todos os outros.

Ucker: Dul, por favor, para. Tá me machucando mais do que imagina.

Dulce: você não sabe o que é dor, Ucker. Não sabe o que é ser machucado. Você não foi usado como um brinquedo só porque tinha um rostinho bonito, um belo par de seios e uma ingenuidade além da conta. Não te embebedaram pra te estuprar... não te usaram como apetrecho sexual pra depois te jogar no lixo quando surgisse algo melhor. Ninguém te fez promessas na beira da praia pra depois jogar tudo à sarjeta diante dos seus olhos como vi aqui. Ninguém nunca vai magoar você como magoou a mim. Então nunca vai saber o que é dor.

Ucker chorava como uma criança. Como aquilo tinha acontecido? Como tudo fugiu de seu controle tão repentinamente? Queria tanto, tanto, tanto avançar naquela mulher, obrigá-la a olhá-lo nos olhos e gritar que a amava, queria tanto vê-la abrir aquele sorriso de sempre, o sorriso que ele tinha se acostumado a ter... queria tanto que o que estava acontecendo não fosse verdade, fosse só um sonho ruim. Entendia sua dor. Lembrava bem o que tinha sentido quando viu Dulce beijando Alexandre outro dia. Sabia que a dor dela era muito maior do que aquela que ele sentira no mencionado dia. Ele não tinha confiado nela naquele momento e agora não tinha direito algum de cobrar confiança. Ela estava certa em não acreditar nele. Quantas vezes aquilo já tinha acontecido com ela? Quantas vezes tinha voltado a confiar em alguém pra ser magoada depois? Ele era a última tentativa, Ucker sabia disso. Ele era a última chance que ela dera ao amor. Estava acabado. Ela estava destruída. Estava morta assim como o brilho dos seus olhos. Tudo estava chegando a seu fim.

Dulce suspirou, olhou para o chão e retomou as forças: eu vou sair daqui. Preciso.

Ucker suplicou: não vai ainda, por favor...

Dulce o olhou nos olhos sentindo muita dor, sua visão ficou embaçada pelas lágrimas e a voz saiu fraca demais: você não entende, não é? Eu simplesmente ... não agüento! – o coração de Ucker partiu em mil pedaços – não posso mais, Ucker!

Ele se desesperou ao ouvir aquilo e se aproximou, segurando seu rosto com carinho e cuidado. Ela não tentou afastá-lo, apenas tocou as mãos dele sobre a pele dela.

Ucker: me perdoa!... amor, me perdoa, por favor, me perdoa!

Dulce: eu quero... mas infelizmente eu te amo demais pra conseguir fazer isso. Irônico, néh? Dizem que o amor perdoa tudo, mas na verdade ele é quem se ressente mais. Eu só não posso ficar aqui... – tirou as mãos dele de seu rosto – eu não posso mais te olhar... porque se eu fizer isso Ucker... se eu não morrer, eu te cubro de tapas! Acabou a magia, Peter Pan. A garota perdida quer voltar pro seu mundo. Ela decidiu que quer crescer. Não posso ser uma criança pro resto da vida, como você... – suspirou – sou uma estranha. Uma estrangeira na sua vida. Uma ingênua. Não quero mais isso.

Ela enfim soltou suas mãos, enxugou o rosto e virou as costas, dando passos largos e difíceis até a porta. Assim que pisasse fora daquela sala era para nunca mais voltar. Tudo tinha sido um sonho muito bom... bom demais para que logo ela estivesse vivendo. “Pequena?”, foi a última coisa que Dulce ouviu Ucker pronunciar antes de fechar a porta atrás de si.