Fanfic: Caçadora | Tema: Vampirismo, Vampiros, Caçadores, Mitologia, Monstros,

Olhei-me no espelho pela ultima vez, segundos antes de as portas do elevador finalmente se abrirem, revelando um corredor largo e comprido, fracamente iluminado. A escuridão era, de certa forma, assustadora. Eu me sentia mal ali. Respirei fundo, controlando-me para não voltar pelo caminho de onde havia chegado, e caminhei pelo corredor. Ainda não entendia o motivo de terem me chamado ali. Eu só tinha quatorze anos! O que eu poderia fazer em uma Organização daquele nível?

Deixando meus medos e inseguranças de lado, parei no final do corredor, diante de uma porta preta. Hesitei, pensando se deveria bater ou simplesmente entrar. Optei por bater, mas, como ninguém respondeu, eu mesma a abri, revelando uma sala imensa, com piso branco e paredes cor de creme. A parede oposta a mim se destacava por ser toda de vidro, revelando, além de si, incontáveis corredores, escadas e esteiras rolantes, salas fechadas e pessoas andando de um lado para o outro. Meu queixo caiu: Aquele lugar era uma cidade. Muito maior do que eu imaginava.

Entrei na sala e fechei a porta. Havia poucos móveis ali: apenas dois sofás de couro pretos, dispostos de frente um para o outro, uma mesinha de centro branca entre os dois sofás e uma mesa de secretária no canto, perto da parede de vidro, com um computador, alguns papeis e canetas em cima. Não havia ninguém sentado na cadeira atrás da mesa. E eu não podia ver nenhuma porta.

Quando comecei a considerar que estava no lugar errado, uma parte do vidro da parede de fundo se abriu. Um homem que eu não vira chegar perto do vidro me fitava com curiosidade. Era baixinho, barrigudo e tinha os cabelos e barba castanhos, da mesma cor dos olhos.

- Sou Melanie Wyler. – Apresentei-me, tentando manter minha voz segura e firme. Preciso dizer que falhei? Eu soava insegura e amedrontada. – O Sr. Golder me chamou aqui.

Rugas de expressão se formaram na testa do homem quando ele a franziu, parecendo analisar por que Golder chamaria uma garotinha boba de quatorze anos àquele lugar. Por fim, ele fez sinal para que eu o seguisse e abriu, novamente, a porta de vidro. Era um detalhe mínimo que indicava em que parte do vidro a porta ficava, pois curiosamente não havia dobradiças, e ela se abria para os dois lados, dispensando o uso de maçanetas. Uma ideia simples e engenhosa. Não havia a necessidade de trancá-la, pois seria quase impossível um ladrão entrar naquele lugar e, se entrasse, teria que descobrir a porta secreta. Eu não achava que isso fosse tão fácil.

O homem me fitou com simpatia e pena.

- Sou John Shade. – Apresentou-se. – É um prazer conhecê-la, senhorita Wyler. Curioso que Golder tenha escolhido você entre tantas opções. Nem ao menos sabia que você era uma caçadora. – Ele era extremamente sincero. Não sabia se eu gostava ou não disso, mas com o tempo, eu decidiria. – Ainda assim, seja bem vinda à Central.

Dizendo isso, ele abriu uma porta verde-musgo, no final do corredor pelo qual andávamos. Nem ao menos descemos uma das seis escadas rolantes que haviam no hall além da parede de vidro. Nós simplesmente seguimos um corredor.

Além da porta que ele abriu, havia uma pequena sala, muito mais escura do que o corredor de entrada, com paredes verde-escuras e piso de carpete marrom claro. Havia uma pequena mesa no centro, com quatro pessoas sentadas, uma delas algemada. Os quatro olharam para mim e reconheci Golder na ponta da mesa. Ele deu um sorriso doce, simpático, que não combinava nada com o ambiente ali dentro.

- Mellie. – Ele me cumprimentou, com seu sotaque italiano. – É bom tê-la aqui conosco. Nós nos divertiremos muito juntos.

Se eu ao menos soubesse o que aquilo significava, as coisas seriam totalmente diferentes. Eu teria saído correndo.

Mas, inocente como era, sorri para ele.

Depois disso, a Central tornou-se minha vida. Meu inferno particular.