Fanfic: Inocente Traidora-AyA (Finalizada) | Tema: Ponny
Anahí encontrou a mãe na cozinha, assando um bolo de chocolate com passas. As feições de Ellen Portilla assemelhavam-se às da filha, os mesmos olhos verdes, o mesmo nariz um tanto arrebitado. Quando ouviu-a entrar pela porta dos fundos, voltou-se para ela com ansiedade:
— Você está bem?
— A cabeça dói um pouco, mas isso é tudo. — Ciente de que não fora muito convincente, mudou de assunto, depois de retribuir o beijo afetuoso da mãe: — Onde está Nicky?
— No alpendre, com o avô. Alfonso foi vê-la ontem? — a voz de Ellen traía expectativa.
Anahí assentiu com um gesto de cabeça, despindo o sobretudo. Na cálida segurança da casa dos pais, o confronto com Alfonso lhe parecia distante, quase irreal.
— Ele passou por aqui, a caminho do hospital — Ellen confidenciou. — Nunca o vi tão abalado, pobre rapaz! Também, você e Nicky correram sério risco. Sabe o quanto ele gosta do filho...
— Tem razão — Anahí aquiesceu, apreensiva com o rumo da conversa.
Ellen retirou o bolo do forno e pôs-se a guarnecê-lo com creme. Após um momento de silêncio, em que fitava a filha de soslaio, prosseguiu, com cautela:
— Devo dizer que ele não me pareceu indiferente a você. Vicky costuma dizer que eu e o seu pai somos tolos, mas a vida me ensinou que, às vezes, uma crise pode unir as pessoas.
Se ouvisse aquele comentário na véspera, Anahí riria. Naquele dia, porém, precisou esforçar-se para não chorar. Por alguma razão, afligia-a a idéia de que, se ela tivesse morrido, Alfonso não sofreria. Ao contrário, ficaria aliviado. Afinal, o dilema se solucionaria da melhor maneira; poderia ficar com Nicky sem ter que aturá-la.
— Além disso — Ellen acrescentou, — ele não voltou a casar-se. Chegou até a dizer a John que não acreditava em divórcios.
“Provavelmente não. Ou não teria me traído, durante as viagens, de forma tão despreocupada”, Anahí pensou com ressentimento.
— Alfonso me quer de volta — uma gargalhada desprovida de humor pontilhou o anúncio abrupto da novidade. — Na verdade, seu objetivo é Nicky, mas, para ficar com o filho, torna-se necessário levar-me de contrapeso.
Ellen não fez nenhum comentário por um longo tempo, e a tensão pulsava no silêncio.
— Ele a... quer de volta? — perguntou, por fim, terminando de lavar a tigela de creme. Sem esperar respostas, saiu na direção do alpendre. — John! Preciso contar-lhe uma novidade.
Anahí sorriu com amargura. Pobre de sua mãe... ficara tão feliz! Se imaginasse o sofrimento que a proposta de Alfonso lhe causava...
— Você concordou, é claro... — Ellen já voltara, torcendo um lencinho entre as mãos nervosas.
— Acha mesmo que Alfonso aceitaria um “não” como resposta? Nesse momento, John Portilla entrou na cozinha, com uma expressão de beatitude no rosto envelhecido.
— Da primeira vez, você era jovem demais, com apenas dezoito anos. Eu aconselhei Alfonso a esperar um pouco mais, mas ele não me deu ouvidos. Agora, porém, tudo será diferente.
Anahí parecia viver um pesadelo. O próximo a se regozijar seria Nicky, completando o quadro de pessoas felizes ao seu redor. E quanto aos sentimentos dela? Quem se importava com o fato de ela estar sendo chantageada, induzida àquele casamento indesejado para servir de alvo à fúria vingativa de Alfonso, que se utilizaria da “esposa” enquanto necessário, jogando-a fora assim que pudesse descartá-la sem prejuízo para o filho?
Assim que encontrou uma oportunidade, Anahí escapuliu da casa dos Portilla. Nicky ficara contente ao vê-la, mas não se incomodou por permanecer com os avós mais um dia.
— Você tomou a decisão certa — Ellen assegurou-lhe, debruçada na janela do carro esporte de Steven, despedindo-se dela.
— Nicky precisa dos dois juntos. Aguarde e verá como tenho razão...
Anahí deu partida no motor e arrancou, aliviada por se ver novamente sozinha. Sua mãe ficara tão eufórica, que se pusera a tagarelar, deixando-a zonza:
— Faz bem em deixar Nicky conosco. Você estará muito ocupada, arrumando as malas, empacotando as coisas. Devia aproveitar, também, para ir ao cabeleireiro...
Empacotar. Esse verbo lhe provocava arrepios. Desmontar uma casa que simbolizava sua auto-suficiência...
E quanto a Steven, o que faria? Não podia deixá-lo na mão, ele não dispunha de recursos nem de talento para tocar os negócios sozinho. Além disso, num futuro não muito distante, ela precisaria retornar à sociedade.
Steven reagiu mal quando Anahí comunicou-lhe que se afastaria para casar-se com Alfonso pela segunda vez.
— Então, resolveu me passar uma rasteira, não é?
— Não é isso. Por favor...
— Ora, vamos, Anahí. Olhe para si mesma. Você não tem o aspecto de uma “noiva feliz”. Também, pudera! Você odeia Alfonso, não faz sentido unir-se a ele de novo! — Steven argumentou, irado. — O que diabo pretende fazer da sua vida?
Anahí não soube responder. De qualquer modo, o problema era dela, e ninguém mais tinha o direito de interpelá-la daquela forma, ainda que estivesse com a razão.
— Você não pode me abandonar numa situação como a que a loja vem enfrentando. Eu não dou conta de tudo, sabe muito bem disso!
— Steven, eu não vou sair da sociedade. Só que terei de ajudá-lo a distância, pelo menos por algum tempo... Por que não traz alguém para trabalhar com você? Bárbara, por exemplo. Sua namorada sempre deu a entender que ficaria em Londres, se encontrasse algum emprego fixo por aqui.
— Bárbara? Mas...
— Por que não? Ela possui grande senso de organização, é inteligente, pode aprender os “macetes” do negócio num instantinho. Eu aprendi — Anahí salientou, ignorando-lhe a falta de entusiasmo.
— Nós íamos tão bem... — Steven lamentou-se.
Quando Anahí chegou em casa, sentia-se exausta. O sócio reclamara e protestara até fazê-la perder a paciência. Já era tempo de Steven tornar-se mais independente! Talvez a ausência dela acabasse por beneficiá-lo, no final das contas, e até o levasse a desposar Bárbara...
Anahí preparou um sanduíche e comeu sem apetite. Depois, tentou falar com Vicky, mas o telefone dela não respondia. Desanimada, abriu um livro, revirando-o nas mãos sem conseguir ler, imaginava-se entrando no escritório de Alfonso no dia seguinte e a idéia enchia-a de revolta. Seria uma rendição humilhante, da qual não teria como fugir...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 226
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al.andrade Postado em 30/11/2014 - 18:09:45
comecei a ler e me apaixonei na historia. Mto linda mesmo!!
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elizacwb Postado em 12/01/2013 - 18:48:23
até quem enfim eles se entenderam e a vdd foi dita,aleluia, adorei o final da web foi linda demais, valeu adorei mmo
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elizacwb Postado em 12/01/2013 - 18:48:23
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elizacwb Postado em 12/01/2013 - 18:48:23
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elizacwb Postado em 12/01/2013 - 18:48:23
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elizacwb Postado em 12/01/2013 - 18:48:22
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elizacwb Postado em 12/01/2013 - 18:48:22
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elizacwb Postado em 12/01/2013 - 18:48:22
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elizacwb Postado em 12/01/2013 - 18:48:22
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elizacwb Postado em 12/01/2013 - 18:48:22
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