Fanfic: Inocente Traidora-AyA (Finalizada) | Tema: Ponny

Ela ouviu a voz de Umberto dando as boas-vindas ao patrão, quando já estava quase pronta. Mirava-se no espelho, perplexa com a própria imagem. Jamais usara um vestido mais ousado, mais provocante. Um profundo decote em “V” revelava o colo alvo e uma parte dos seios, enquanto uma abertura lateral na saia deixava à mostra a coxa esguia. Por outro lado, a tonalidade quase turquesa do azul realçava o cabelo castanho-acobreado e contrastava com o verde-escuro dos olhos. Pela primeira vez, Anahí teve consciência de ser uma mulher muito bonita e sensual. Perturbada com a descoberta, pegou a estola e a pequena trousse e saiu do quarto.

Alfonso entrou na sala de estar pouco depois dela e arregalou os olhos com aprovação ao vê-la.

— Desnude os ombros. Quero admirá-la.

— Agora, não. Não está na hora de irmos? — Anahí mudou de assunto, embaraçada.

Alfonso, entretanto, contemplava-a abertamente, os olhos brilhando de prazer. Anahí sentiu-se despida e corou.

— É, você cresceu mesmo! — Alfonso murmurou. — Por que enrubesceu assim? Afinal, já não é nenhuma menina. Deve estar, agora, com... quase vinte e quatro, não é?

Anahí assentiu, sem lhe dizer que, em termos de vivência, aqueles anos nada significaram. Alfonso continuava sendo o único homem que conhecera, seu primeiro marido. Talvez fosse por isso que não conseguia resistir-lhe às carícias.

A recepção foi um tédio para Anahí, pois não havia um rosto sequer que lhe fosse familiar. Alfonso arrastava-a de grupo em grupo, apresentando-a aos amigos, o braço pousado com firmeza em seu ombro. Quando um conhecido colunista social se aproximou, Alfonso confidenciou-lhe seus planos de casamento.

— Espero que não publique isso — ele brincou, sorrindo. Na verdade, fazia questão que a notícia se espalhasse, e depressa.

Anahí tomava uma taça de champanhe atrás da outra, com um sorriso afivelado no rosto. Alfonso percebeu e repreendeu-a:

— Pare de beber. Já se esqueceu das loucuras de que é capaz quando se embriaga?

Ela sentiu vontade de pegar a bolsa e ir embora para sempre.

Entretanto, ficou onde estava, rindo como se o “noivo” lhe tivesse dito algo espirituoso.

— Desculpe, eu não quis ser rude. Porém, ainda acho que não deve continuar bebendo — Alfonso murmurou.

— Está certo. Você sempre pisa em mim, de qualquer modo. Conhece meus pontos fracos e não hesita em atingi-los.

— Já pedi desculpa. Se falei, foi para o seu bem. Agora, é melhor encerrarmos essa discussão antes que alguém note.

— Você jamais confiará em mim, não é?

— Como poderia? Não sabe o quanto lamento esse fato, mas a culpa não é minha. Contudo, cabe-lhe esforçar-se por mudar mais uma vez minha opinião a seu respeito. Dependendo do seu comportamento...

— Acha mesmo? Ora, você não liga a mínima para mim! Se eu tivesse morrido naquele acidente, até ficaria feliz. Na verdade, creio que, se não fosse minha gravidez, naquela época, você teria me matado com as próprias mãos!

Alfonso ficou pálido.

— Nunca mais repita isso! — ele sibilou.

— Não gosta de ouvir a verdade? Todos esses anos me espezinhando, e agora, sua vingança está prestes a se realizar — Anahí espantava-se com a própria coragem. Talvez tivesse bebido mais do que imaginava. — Pois fique sabendo, Alfonso Herrera, que quem jamais o perdoará sou eu!

Alfonso conduziu-a com disfarçada fúria até o hall, onde pegou o sobretudo e as coisas de Anahí no roupeiro. Anahí percebeu que o colunista se aproximava deles, farejando alguma notícia, e condenou-se por ter perdido o controle. Contudo, jamais assumiria de novo uma atitude passiva diante dos comentários ferinos de Alfonso.

— Nunca me perdoará... Alfonso comentou, quebrando o silêncio tenso que reinava na parte de trás da limusine. — Você arruinou nosso casamento, manteve-me longe do nosso filho, e eu é que sou o vilão da história? Como piada, até que é boa...

— Sei que exagerei, Alfonso — Anahí ponderou, recuperando o bom senso. — Mas não sabe o quanto sofri quando me vi grávida, completamente só e abandonada... Era muito jovem e jamais tinha esperado um filho, antes.