Fanfic: Inocente Traidora-AyA (Finalizada) | Tema: Ponny

— É, talvez eu tenha sido demasiado duro com você.

— Talvez, coisa nenhuma! Com certeza. Você quase me destruiu. Eu te amava tanto!

— Se me amasse mesmo, não permitiria que outro homem a tocasse, sóbria ou bêbeda! — Alfonso retrucou, ressentido. Toda a frieza o abandonara, agora que estavam a sós. — Não me fale de amor. Você não passava de uma adolescente, empolgou-se com a novidade, só isso. Mas a “brincadeira” cansou-a em pouco tempo.

— Não é verdade — ela protestou. — Embora fosse infeliz, em nenhum momento me arrependi de ter me casado com você.

— Pois eu me arrependo desse casamento — Alfonso contrapôs, implacável.

Anahí se perguntou por que ele insistia num relacionamento tão sem futuro como o deles. Não havia a menor chance de dar certo, com todo aquele rancor e mágoa.

— Não pretendia lhe falar desse modo — ele prosseguiu, suspirando. — Sei que também cometi erros. Para começar, não devia ter ouvido meus instintos, que me faziam desejá-la com uma intensidade incontrolável. O ideal teria sido um noivado longo, que lhe desse tempo para amadurecer, para se preparar para um estilo de vida diverso daquele a que estava habituada. Sei que fui egoísta, pensando só em mim e nas minhas necessidades. Talvez, se tivéssemos morado aqui na Inglaterra, perto da sua família, as coisas pudessem tomar outro rumo. Enfim, não adianta chorar sobre o leite derramado.

A generosidade daquela autocrítica comoveu-a. Alfonso não costumava admitir os próprios erros. Agora, porém, ele demonstrava uma surpreendente capacidade de analisar o próprio comportamento, assumindo sua parcela de responsabilidade no fracasso do casal.

— Eu te amei — Anahí murmurou. Alfonso esboçou um sorriso sarcástico.

— Pela última vez: não quero ouvi-la tocar nessa palavra. Se aquele sentimento era amor, então devemos evitá-lo, pois não nos levou a parte alguma, no passado. Tudo o que espero de você, daqui para a frente, é uma postura condizente com o seu estado civil.

Profundamente ferida, Anahí virou-se para a janela, contemplando a neve que caía impiedosa sobre o asfalto.

— Aceita um cálice de xerez? — Alfonso ofereceu, quando entraram no apartamento.

Anahí sacudiu a cabeça.

— Vou para o quarto. Afinal, o espetáculo acabou.

Alfonso fitou-a, o olhar cor de mel emitindo chispas douradas.

— Aí é que você se engana. Na verdade, mal começou...

Ela estremeceu. Em seguida, deu-lhe as costas e abandonou a sala sem replicar.

Alguém, decerto Umberto, deixara uma camisola de seda azul-marinho sobre a cama. Anahí despiu o vestido e colocou-a, arrepiando-se com o contato agradável do tecido macio sobre a pele. “Mulher fogosa.” Fora assim que Alfonso a chamara. Sem querer, Anahí sorriu. Depois, tornou a ficar séria. Fogosa ou não, precisava evitar que ele a humilhasse de novo. Para isso, era preciso mantê-lo bem longe dela.

Cheia de determinação, deitou-se. Não havia motivo para preocupação, pois, afinal, Alfonso não era o tipo de homem que a fosse violentar. Se ela não quisesse, nada aconteceria entre ambos. Só precisava controlar os próprios instintos, mais nada.

De repente, a porta se abriu e Anahí, assustada, recostou-se nos travesseiros, arregalando os grandes olhos verdes sob a fraca luz do abajur.

Alfonso entrou e fechou a porta num gesto decidido. Aparentemente, não usava nada por baixo do robe de chambre cor de vinho.

— Resolvi não esperar. Afinal, seria até ridículo — ele declarou em tom casual.

— Você não pode fazer isso. — Nós... não somos casados! — Anahí contemplava-o com incredulidade, desconcertada pela atitude desavergonhada de Alfonso.

— Mas já fomos, e breve seremos de novo — ele retrucou, sentando-se na cama, desamarrando a faixa do roupão com toda a calma.

— O problema não é esse! O fato é que eu não quero — Anahí objetou com veemência. — É impossível!

— “Impossível” é uma palavra que não consta no meu vocabulário. E “não” é uma palavra que não consta no seu — Alfonso replicou sem se abalar.

No instante seguinte, Anahí quedou-se imobilizada perante a nudez do corpo másculo e atlético de Alfonso. Tomada por súbita timidez, tentou desviar os olhos, mas sentiu-os presos àquela visão, como se ele a tivesse hipnotizado.

— Não — ela sussurrou, reagindo à aproximação de Alfonso. — Não seria direito...