Fanfic: Inocente Traidora-AyA (Finalizada) | Tema: Ponny

— Mamãe, por que Enzo e Marco ficaram zangados?

— Ora, eles não estão zangados de verdade. Acene para eles, querido.

— Pra que? Os dois estão vindo aí, bem atrás de nós...

“Será que não desistirão nunca?”, Anahí se perguntou. Todavia, o fato era que, se os dois consideravam seu dever segui-la até o estacionamento, o problema não era dela. Que o fizessem.

Só não admitiria que lhe dessem ordens. De jeito nenhum.

Não lhes dizia respeito se o casamento dela acabara, e muito menos as causas. Ela merecia ser tratada com dignidade e não se deixaria humilhar por ninguém.

— Acho que eles foram embora — Nicky comunicou, um pouco desapontado, enquanto se encaminhavam para o estacionamento.

Anahí sentiu um certo alívio. Parou um pouco, pousando a mala para descansar o braço e colocou Nicky no chão.

Estava uma manhã fria e encoberta. Anahí pôs o capuz na cabeça do filho e aconchegou mais a echarpe no pescoço. Em seguida, pegando a maleta novamente, caminhou com passos firmes para a caminhonete.

Depois de acomodar-se atrás do volante e ligar o motor, Anahí fitou o filho, estranhando-lhe a quietude. Em geral, ao voltar de qualquer passeio, ele tagarelava horas a fio, contando tudo quanto vira e fizera. Por alguma razão, dessa vez era diferente.

— E aí, divertiu-se muito?

— Foi, sim — ele respondeu com surpreendente laconismo, lançando-lhe um olhar apreensivo.

— E o que você fez lá? — ela estimulou-o a falar.

— A gente pescou, nadou e andou de avião — ele respondeu, o rostinho sério fazendo-o parecer bem mais velho.

Havia algo errado. Nicky deveria estar eufórico. Afinal, ele jamais pescara antes, e as coisas novas lhe despertavam grande interesse e entusiasmo. Além disso, jamais viajara de avião para encontrar-se com o “magnata” do pai. Quando o filho era menor, Alfonso voava até Londres e ficava no carro, aguardando que a babá fosse buscá-lo em casa.

Aos poucos, porém, à medida que Nicky crescia, tornando-se menos dependente da mãe e mais familiarizado com o pai, as visitas foram se tornando mais longas, até ocuparem todo um fim de semana.

Agora, ela já tinha quase quatro anos e tornara-se um garotinho inteligente, saudável e autoconfiante. Alfonso dispensara a babá e o fizera viajar sozinho até a Itália, para passar um mês inteiro.

Seu ex-marido tinha livre acesso ao filho. Podia vê-lo quando quisesse, por quanto tempo desejasse. Anahí sabia que a figura paterna seria fundamental para Nicky, e não lhe cabia privá-lo disso.

Só que lhe custava tanto separar-se do menino! E o pior era o amor crescente que ele dedicava ao pai. Antes, isso não a incomodava, mas o problema se intensificava a cada dia. Não queria nem pensar em como ficariam as coisas no futuro...

Anahí não entendia como Alfonso, tão frio e implacável, conseguiu cativar o filho. Nicky era sensível e meigo, como podia amar e confiar num homem que devotava um ódio tão profundo à mãe dele? Além disso, não dava para imaginar Alfonso brincando com um menino tão pequeno. Não era seu estilo, não combinava...

— Mãe, papai quer que eu more lá com ele.

Nesse momento, Anahí percebeu a limusine prateada virando a curva, seguindo a caminhonete sem sequer disfarçar. O coração dela disparou.

— Não entendi. Você pode repetir?