Fanfic: Inocente Traidora-AyA (Finalizada) | Tema: Ponny

— Bem, foi você quem me ensinou essa lição. Preciso gritar, se quiser que me escute. Quase morri de tédio quando éramos casados...

— Não na cama...

— Percebe? Duvido que se dirigisse a outro homem com esse descaso — Anahí acusou-o, tremendo de raiva. — Você não o humilharia como faz comigo, nem se gabaria do seu incrível talento para os negócios.

Alfonso suspirou, segurando-lhe as mãos quase com ternura.

— Eu lhe contei tudo para que não haja segredos entre nós. Não tive a intenção de ofendê-la, de forma alguma. Já disse que estou convencido de sua capacidade. As vezes, é você quem não me ouve.

— Não espere gratidão da minha parte. Não lhe pedi nada. Além disso, qualquer dívida que pudesse ter com você, já paguei ontem à noite.

— Você também me queria.

— Sou um ser humano, reajo a estímulos. O que não significa que o desejasse. O respeito que eu ainda pudesse sentir por você morreu ontem.

Nervosa, ela desprendeu-se das mãos dele e foi para o quarto.

Angustiada, sentou-se na cama já arrumada.

Ao acordar, naquela manhã, Alfonso já se havia levantado, fato que a magoara ainda mais. Enfrentava uma tremenda batalha interna, às voltas com sentimentos antagônicos tais como desejo e repulsa, ternura e raiva, por isso esperara que Alfonso demonstrasse sensibilidade, dispensando-lhe alguma atenção especial. Mas esperara em vão. Em lugar disso, ele a brindara com aquelas inesperadas revelações, arrasando-a de vez.

O pior de tudo, todavia, era que os últimos acontecimentos lhe haviam despertado emoções das quais imaginava já se ter recuperado. Julgara não mais amar Alfonso, mas, agora, não estava tão certa. E, na esteira do afeto, vinha a esperança absurda de ser correspondida.

Uma batida na porta interrompeu-lhe as amargas reflexões. Sabia que se tratava de Alfonso, incansável na arte de provocá-la.

— Não devemos continuar brigando dessa maneira — ele declarou, entrando no quarto. — Não fará bem para nosso filho ver-nos envolvidos em constantes discussões.

— Por que não pensou nisso ontem à noite? — Anahí rebateu.

Os olhos dele faiscaram.

— Será que terei de ouvir isso pelo resto da vida? Nós somos adultos. Já fomos casados e em breve o seremos de novo.

— Você se aproveitou da situação! — ela o acusou.

— Eu a desejei, e tinha todo o direito — Alfonso bradou com arrogância.

— Não tinha, não. Ainda estamos divorciados.

— Jamais me senti inteiramente livre! — Alfonso fulminou-a com o olhar, como se a culpasse por isso. — Quando nos reencontramos, era como se o divórcio nunca tivesse acontecido.

As declarações de Alfonso não alteravam em nada a situação. Havia algo, porém, que poderia mudar tudo... Anahí empalideceu ao considerar a possibilidade de ficar grávida em conseqüência do desatino da noite anterior. Sua primeira experiência fora traumatizante, e ela jurara que não passaria por tudo aquilo uma segunda vez. Adorava Nicky, mas sofrera demais para tê-lo, e não desejava reviver os tormentos, físicos e psicológicos, que quase a destroçaram de forma irremediável. Estudou o rosto do ex-marido com um misto de desafio e medo, e murmurou: