Fanfic: Inocente Traidora-AyA (Finalizada) | Tema: Ponny

Anahí mordeu o lábio, tentando ganhar tempo. Como era difícil verbalizar certas coisas! Viera com o firme propósito de contar tudo à irmã, pois não havia mais ninguém com quem desabafar, e agora... nem sabia por onde começar.

— Bem, eu...

— O que ele fez para convencê-la? — Vicky cortou-a, ansiosa. — Por acaso a levou para a cama? Deus do céu, esse homem devia estar desesperado, para utilizar um método desses!

Anahí estava atônita com aquela reação. Por que seus problemas a abalavam tanto?

— Fui eu que causei a separação...

— E vai carregar a culpa pelo resto da vida — Vicky complementou, enraivecida. Será que ainda está apaixonada por aquele traste?

— Claro que não! — Anahí percebeu que respondera depressa demais, com excessiva ênfase.

Vicky fitou-a como se pretendesse ler-lhe os pensamentos.

Dirigiu-se até o barzinho num canto do aposento.

— Quer tomar alguma coisa?

— É cedo demais para mim — Anahí recusou com embaraço, pois não esperava aquela atitude tão estranha e injustificável da parte da irmã. Ao que tudo indicava, aquele copo que ela enchia de uísque não era o primeiro do dia...

— A noite da festa... não, é melhor voltar ainda mais no tempo — Vicky murmurou, mais para si mesma do que para Anahí que, confusa, não entendia nada. — Veja, na verdade eu não precisava lhe contar nada...

— Contar o quê? Do que está falando? — Anahí indagou, tomada por uma súbita ansiedade.

Vicky suspirou.

— Na adolescência, eu costumava invejá-la...

— Invejar..., a mim? — Anahí ecoou, incrédula.

— Você era a “queridinha” da casa. Primeira aluna da escola, bonita, rodeada de amigos e pretendentes... sempre certinha, jamais cometeu sequer um deslize, nem um pecadinho” que a tornasse mais.., humana. Claro que eu a invejava! Depois, porém, saí pelo mundo, encontrei meu próprio caminho e cresci. Então, arrependi-me por ter alimentado tanto ressentimento contra você, e decidi consertar as coisas. Afinal, era minha irmã e nunca deixei de estimá-la. Por isso lhe ofereci meu apartamento, como uma forma de nos reaproximarmos.

Anahí nem sabia o que pensar. Durante anos, se não chegara a invejar o charme agressivo e a independência de Vicky, desprezara a si mesma por não ser igual a ela. A irmã mais velha tornara-se o seu ídolo, e ela tentara, em vão, imitá-la. Talvez fosse esse o motivo pelo qual resolvera aceitar o convite dela para morar em Grosvenor.

Contudo, a intuição dizia a Anahí que no caso de Vicky não se tratava de uma simples rivalidade, tão comum entre irmãos, mas de algo próximo do ódio...

— Acho estranho você nunca ter percebido — Vicky prosseguiu. — Nossos pais, com certeza, notaram. Mas eu queria Alfonso para mim — a voz dela fraquejou. — Fazia tudo para atrair-lhe a atenção. Convidava-o para as minhas festas, mesmo sabendo que ele não iria. Cercava-o no elevador, porém, sempre que rios encontrávamos, ele fingia nem me ver. De repente, você se muda para o meu apartamento e, pouco depois, torna-se a “sra. Herrera”. Deus! Como te odiei por isso!

O rosto de Anahí ficou cadavérico, os olhos esbugalhados de horror.