Fanfic: Inocente Traidora-AyA (Finalizada) | Tema: Ponny

— Você... amava Alfonso? — indagou num fio de voz.

— Não exatamente. Mas ele me atraía de forma irresistível.

— Vicky parecia contemplar o passado. — Nunca pensei em termos de “amor”, mas, creia-me, eu o queria, e me empenhei demais para conquistá-lo. Foi uma verdadeira caçada! Sabe como me senti quando você o cativou tão depressa? Humilhada! Ele não lhe contou, não é? Não mencionou que eu o perseguia pelo prédio, pelas ruas, fazendo papel de imbecil.

— Oh... Vicky — lágrimas de solidariedade e pena deslizavam-lhe pelo rosto pálido. — Eu não fazia idéia. Tenho certeza de que você não “fez papel de imbecil”...

— Pare de ser boazinha, Anahí! — Vicky atalhou-a. — A última coisa que posso suportar agora é essa sua generosidade.

Ela levantou-se e encheu outro copo de uísque. Depois, tornou a sentar-se e prosseguiu:

— Arranjei aquele emprego em Veneza porque planejava atrapalhar a vida de vocês. Estava tão cega de ódio! Por Alfonso que não me quis, e por você que o conquistou no meu Lugar. Achava que, se ele tivesse me dado uma chance, não iria olhar para nenhuma outra mulher, nem mesmo para você. Se eu o tivesse convencido a fazer amor comigo, seu casamento jamais teria acontecido.

Dessa vez, foi Anahí quem se serviu de uma boa dose da bebida forte. Por mais que conhecesse o sofrimento, coisa alguma a chocara tanto como as palavras da irmã. Se não fosse ela mesma a contar-lhe aquela história sórdida, não acreditaria. De repente, começou a montar as peças do quebra-cabeça, lembrando-se de detalhes a que, na época, não dera importância.

Por exemplo, a recusa de Vicky quando a convidara para ser dama de honra, alegando qualquer desculpa pouco convincente. E Alfonso, que sempre demonstrara antipatia pela cunhada, chegando a chamá-la de “má influência” para a jovem esposa. Estivera tudo ali, todos os fatos, e ela não enxergara nada!

Por outro lado, compadecia-se da irmã. Já era ruim o bastante ser rejeitada pelo homem por quem se apaixonara. Vê-lo casar-se com a irmã caçula, alguém com quem sempre rivalizara, ah, isso passava dos limites. Podia entendê-la, mesmo tendo sofrido as conseqüências daquele amor mal-sucedido. Não quisera magoar a irmã, mas o fizera. Ferira-a muito fundo.

— Queria que tivesse me contado isso há muito mais tempo — Anahí finalmente falou, a voz revelando amargura. — Teria evitado que eu tocasse no nome de Alfonso com tanta freqüência. Imagino o quanto foi duro para você.

Vicky acendeu um cigarro com as mãos trêmulas.

— Duro foi saber como ele se sentia em relação a você. Detestava a ternura com que ele a fitava! Então, resolvi me vingar. Conhecia seu ponto fraco, e decidi atingi-lo — ela continuou. —Alfonso temia a diferença de idade entre vocês e, por isso, mostrava-se extremamente ciumento, a um ponto quase doentio. Na noite do meu aniversário, quando você telefonou para ele, eu estava na extensão e ouvi tudo, cada palavra desairosa que Alfonso proferiu a meu respeito. Fiquei morta de raiva, embora no fundo admitisse que não podia culpá-lo. Afinal, mesmo depois do casamento, deixei claro que continuava disponível!

Vicky fez uma pausa, limpando a cinza que deixara cair na roupa. Tomou um gole de uísque e prosseguiu: