Fanfic: Inocente Traidora-AyA (Finalizada) | Tema: Ponny

Alfonso lançou-lhe um olhar gelado e comentou com secura: — Não quero discutir com você, hoje.

— E o que há de especial no dia de hoje? Ah, já sei: é o primeiro de uma longa série de dias infelizes...

Por um momento, Anahí pensou que o marido abandonaria a calma e explodiria com toda a violência. Todavia, ele limitou-se a suspirar, e ela, relutante, admirou-lhe o autocontrole.

Entraram na limusine sob uma chuva de pétalas de rosas e dirigiram-se ao hotel onde ofereceriam uma pequena recepção para a família e os amigos mais íntimos.

Anahí afivelou um sorriso nos lábios para ocultar de todos, sobretudo dos pais, a tristeza infinita que a consumia.

Daí a poucas horas, porém, não precisaria sorrir nunca mais...

Voavam direto para Roma.

Parecia que Alfonso mal podia esperar para exibi-la perante toda a família.

— Quanto antes, melhor — ele afirmara, assim que haviam entrado no avião, segurando-lhe a mão crispada. — Creia-me, ninguém ousará magoá-la.

Anahí sorriu com amargura. Os membros do clã não podiam dar-se ao luxo de contrariá-lo, pois todos dependiam dele, em termos financeiros. De qualquer forma, dessa vez a signora Herrera não era mais uma garotinha boba, fácil de amedrontar, e sim uma mulher adulta, amadurecida pelo sofrimento prolongado e intenso. Eles que se cuidassem...

— É a perspectiva de encontrar-se com meus parentes que a preocupa?

Anahí ergueu uma sobrancelha e respondeu, enigmática:

— Nada me preocupa.

Nicky pulou no colo dela e aboletou-se entre os pais.

— Esta é minha mamãe — o menino revelou-se um Herrera em miniatura, ao referir-se à mãe com tanta possessividade.

— Que é, também, minha esposa — Alfonso acrescentou, acariciando os cabelos castanhos-escuros do filho.

— Não é, não — Nicky contrapôs. — Eu é que vou casar com ela, quando crescer. Você já tem Helena.

Anahí forçou uma gargalhada bem-humorada.

— Não achei graça — Alfonso observou com frieza.

— Mas faz sentido — Anahí interveio. — Não pode culpá-lo por ter visto você com tantas mulheres diferentes.

— Só que Helena é uma garotinha de onze anos. E quanto às outras mulheres, não existe mais nenhuma.

Anahí sacudiu os ombros com fingida indiferença, enquanto Nicky escapulia para conversar com os pilotos na cabine.

— É cedo demais para afirmações desse tipo — ela comentou. — Sobretudo se considerarmos que nunca mais partilharei sua cama. Se encostar o dedo em mim, desaparecerei da sua vida para sempre.

Alfonso segurou-lhe o queixo quase com doçura.

— Não faça ameaças tolas.

— Estou falando sério — ela asseverou. — Em público, serei uma esposa exemplar. Mas o espetáculo termina quando a platéia se retira.

— Percebe que quer fazer do nosso casamento uma batalha sem tréguas? — Alfonso questionou. — Dio justo no momento em que eu me dispunha a enterrar o passado e construir um futuro tranqüilo, você resolve criar caso. Entretanto, cara, advirto-a de que não vai funcionar. Contente-se com o que possui, signore Herrera, pois é só o que terá!

O olhar dourado brilhou de raiva.

— Não comece, Anahí!

— Foi você quem começou. Você nos colocou nesta situação tão ridícula quanto absurda!

Alfonso levantou-se e dirigiu-se até o pequeno bar instalado na extremidade do jatinho particular. Seu olhar emitia faíscas perigosas e suas mãos tremiam visivelmente.

— Papai está nervoso — Nicky comentou, voltando da cabine. — Eu fiz alguma coisa errada, pai?

— Não, filho — Alfonso tranqüilizou-o, com uma ponta de remorso.

Anahí aproximou-se do marido.

— Ele já está captando a tensão no ar — Anahí acusou-o, implacável.

Alfonso enterrou os dedos no ombro dela, segurando-a com firmeza. Aproveitando-se do fato de que ela não o enfrentaria na frente do filho, ele beijou-lhe os lábios com raiva reprimida. Anahí prendeu o fôlego, mal acreditando naquele atrevimento.

— Pare com isso! — Nicky exclamou, puxando-lhe a perna da calça, zangado. — Ela é minha, não quero que beije a mamãe!