Fanfic: Inocente Traidora-AyA (Finalizada) | Tema: Ponny

— Não sei...

— Alfonso é o chefe da família, assumindo o lugar de papai com muita competência. Nunca nos faltou nada, ao contrário. Os negócios jamais prosperaram tanto. Com isso, acostumamo-nos a vê-lo como uma pessoa forte, sem direito à vida própria nem a qualquer demonstração de vulnerabilidade.

Anahí assentiu. Sempre fora da opinião de que a família exigia demais dele. Todos se apoiavam em sua generosidade e a maioria não fazia outra coisa além de esperar a vultosa mesada que s Alfonso lhes provia.

— Creio que em breve perceberá que muita coisa mudou por aqui — Carina murmurou, deixando-a embaraçada. Não queria ouvir mais nada sobre o marido, nem estava interessada nos problemas do clã.

Após o jantar, todos se dirigiram à biblioteca, onde o café foi servido. Anahí desligou-se da conversação generalizada, absorta em seus pensamentos. Tudo indicava que ela e Alfonso pernoitariam naquela casa, e a idéia não a agradava nem um pouco.

Distraída, não percebeu que Athene sentara-se ao seu lado no sofá.

— Sei que tivemos nossas desavenças no passado — Athene disse, assustando-a. — Mas agora, você é novamente esposa do meu Alfonso, e será melhor que deixemos nossas... diferenças de lado. Quero que saiba que jamais desejei que vocês se divorciassem. Cheguei a suplicar a meu filho que reconsiderasse. Afinal, na nossa família não costumam ocorrer divórcios e, além disso, você estava grávida — antes que Anahí pudesse replicar, ela acrescentou: — Prometo que não voltaremos a esse assunto.

Anahí ficou aliviada com a chegada de Maria e Contadina, as duas outras irmãs de Alfonso.

Como de hábito, os homens se instalaram num extremo do aposento e as mulheres, no outro. Era um costume que Anahí não apreciava nem entendia. Considerava as conversas masculinas mais interessantes do que as femininas, das quais era obrigada a participar. Não achava a menor graça em tagarelar sobre a vida dos outros, ou a respeito das dificuldades com os criados e mil outras futilidades. Pouco lhe importava saber qual a melhor loja para comprar perfumes franceses, por isso quase sempre se distraia prestando atenção no que os homens falavam. Adorava discutir sobre economia e política, mas as Herrera não permitiam.

A hora de dormir se avizinhava e Anahí ficava mais ansiosa a cada momento. Não havia dúvidas de que ela e o marido seriam acomodados no mesmo quarto, e, o que era pior, na mesma cama.

Confirmando seus temores, pouco depois Athene anunciou:

— Você podem ocupar a suíte de sempre. Já está pronta e à disposição. Quando quiserem...

Anahí enrubesceu.               

Alfonso tomou-a pelo braço, despediram-se do pessoal e começaram a subir a ampla escadaria de mármore.

— Onde está Nicky? — ela perguntou, tentando vencer o constrangimento.

— Já o coloquei na cama. Agora, é a vez da mãe.

Anahí constatou que o aposento fora redecorado, e mal podia reconhecê-lo. Ela também já não era a mesma adolescente que, anos antes, entrara ali pela primeira vez, trêmula de excitação e amor. Sem dúvida, para alguma coisa o sofrimento servira. Não seria mais uma presa fácil nas garras cruéis e hipócritas da sogra. Como Athene conseguia mentir de forma tão descarada? “Não desejava o divórcio”... Alfonso lhe contara o quanto ficara feliz, naquela época. Agora, seria forçada a admiti-la de volta ao “sagrado” seio da família Herrera... Sem dúvida, sonhara com uma nora bastante diferente, rica, sofisticada e... fútil. Pois bem, teria de contentar-se com Anahí Portilla!