Fanfic: Inocente Traidora-AyA (Finalizada) | Tema: Ponny

— Está certo. Mas por que me excluiu? Sou a mãe dele, tem de discutir comigo tudo o que se refere a sua educação!

— Decidi deixar Nicky aqui por uma razão muito simples: temos problemas muito sérios para resolver. Se ele convivesse conosco nessa fase difícil, ficaria ainda mais confuso. Não permitirei que isso aconteça.

Sem querer, Anahí recordou o comportamento exibido de Nicky na noite anterior. Sem dúvida, algo precisava ser feito em benefício do menino. Então, por que ela ainda tinha a estranha sensação de que Alfonso a estava punindo por meio do filho, por tê-lo desafiado na véspera?

— Não a consultei por saber que discordaria de mim, embora, no fundo, concordasse com a minha decisão. Afinal, você resolveu adotar uma postura contrária a mim, mesmo que isso prejudique nosso filho.

— Você é um mestre na arte de envolver e manipular as pessoas, distorcendo os fatos a seu favor — Anahí acusou-o.

— Não quando Nicky está envolvido — Alfonso rebateu em tom glacial.

— Ah, não? E o que usou para me obrigar a casar de novo com você? — Anahí indagou, com ar de triunfo.

Por um momento, Alfonso deu a impressão de que lhe pularia no pescoço. Em vez disso, empurrou a cadeira e saiu da sala.

Anahí subiu para o quarto com uma curiosa sensação de vitória. Conseguira impor-lhe a verdade e deixara-o sem rumo. Encurralara-o, como ele fizera com ela. A diferença é que ela apenas apontara um fato irretorquível, ao passo que Alfonso valera-se de uma sórdida chantagem.

— Quanto tempo ficaremos em Kordos? — Anahí perguntou enquanto voavam para Atenas.

— Uma semana, talvez duas — Alfonso fitou-a com implacável frieza. — Para o bem de Nicky, espero que, ao voltarmos, as coisas tenham mudado entre nós.

— Ora, quem diria, você acredita em milagres? — Anahí ironizou.

 O olhar sardônico que recebeu a fez enrubescer.

Você se esforçará como eu estou me esforçando. Não creio que goste de viver nesse tormento sem fim, por mais que tente convencer-me do contrário.

Anahí sentiu um nó atravessado na garganta. Alfonso tivera uma esposa apaixonada, disposta a tudo para fazê-lo feliz. Não era culpa dela se ele, com sua falta de compaixão, preferira jogar tudo fora. Agora, era tarde demais. A jovem que o amara com tanta loucura não existia mais. Em seu lugar, surgira uma mulher amarga e desiludida.

A revelação de Vicky teve o condão de exacerbar seu desdém, seu desprezo pelo marido. Saber que nada fizera para merecer um tratamento implacável havia sido a gota d’água. Se Alfonso não lhe tivesse dado as costas naquele momento, se confiasse nela, Vicky não teria saído vitoriosa daquela trama mesquinha.

No lugar dele, Anahí teria agido de outra forma. Não teria se afastado sem sequer ouvi-lo, pois isso significaria abandonar o que lhe era mais caro na vida. Felizmente, porém, aquele sentimento morrera, e ela estava livre do peso de uma paixão perigosa e nefasta que quase a destruíra.

Anahí não chegara a conhecer Kordos. No passado, planejaram diversas vezes visitar a ilha, mas os negócios e os problemas da família sempre haviam atrapalhado.

Comovida com o esplendor do cenário, observava do helicóptero o paraíso verde-esmeralda perdido na imensidão azul do mar.

À medida que se aproximavam, Alfonso apontava para baixo, chamando-lhe a atenção para detalhes do relevo, o vilarejo constituído por casinhas brancas com terraços para o mar, separadas por ruas estreitas e tortuosas que serpenteavam pela colina verdejante.

Desceram no heliporto da propriedade de Alfonso, a maior da ilha.

Sofia e Spiros, que cuidavam da casa, vieram recebê-los, juntamente com um grupo de criados que os ajudavam.

Ao entrarem na refrescante penumbra da varanda que circundava a mansão, Alfonso tocou-lhe o cotovelo, guiando-a.

— Venha, vou lhe mostrar o seu quarto.

— Sério?! — Anahí indagou com espanto e incredulidade. — Jura que terei um só para mim?

— Por que achou que eu gostaria de dividir meus aposentos com você? — Alfonso retrucou, sarcástico. — Prezo muito minha privacidade. Não poderia negar-lhe a sua.

Aquela era uma concessão inesperada. Sofia também surpreendeu-se e protestou, alegando que o outro dormitório não fora devidamente preparado.

Alfonso insistiu para que fizessem os arranjos necessários e sumiu no interior da casa, deixando-a sozinha com o próprio desapontamento. Afinal, por que se sentia insultada? Devia estar dando pulos de contentamento, e, no entanto...