Fanfics Brasil - 4 O Amor é Cego Adaptada LALITER (TERMINADA)

Fanfic: O Amor é Cego Adaptada LALITER (TERMINADA) | Tema: laliter


Capítulo: 4

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Capitulo 2


Lali observou o movimento turvo do salão de baile e suspirou. Transcorrera apenas uma semana do baile dos Morrisey, onde conhecera o conde de Mowbray. Parecia meses. A vida voltara à rotina de sua semi-escuridão e da entediante atenção de Prudhomme. 
    Aparentemente, apesar do pequeno incidente, ele continuava a cortejá-la. 
    Naquele instante, Lali agradecia o fato de ele, como o anfitrião do baile, estar muitíssimo ocupado para lhe dedicar qualquer atenção, mas estava bastante entediada. Entediada às lágrimas. Na verdade, estava um pouco obcecada pela noite em que conhecera Mowbray. E, apesar da proibição da madrasta, ansiava por reencontrá-lo. 
    Observava então os vultos das pessoas que passavam, prestando atenção a suas vozes e risadas. 
    Como se atraída por seu pensamento, aquela voz grave, suave, repentinamente sussurrou em seu ouvido: 
    — Esses eventos são maçantes, não são? 
    Voltando-se sobressaltada, Dulce viu o vulto escuro ao seu lado e piscou incrédula. 
    — Lorde Mowbray! — exclamou radiante, no mesmo minuto temendo ter se mostrado muito ansiosa. Perguntou então: — Maçantes por quê? Estou com cara de entediada? 
    Lali pôde perceber o riso na voz dele ao comentar: 
    —Não pude evitar de vê-la bocejar quando me sentava. 
    — É... Talvez eu esteja mesmo um pouco entediada. — Lali ficou rubra por ter sido pega bocejando. — Estou em Londres há quase cinco semanas e a noite em que o conheci foi a única coisa interessante que me aconteceu. 
    — Não achou interessante incendiar Prudhomme? — Peter a provocou, fazendo-a corar mais ainda. 
    — Não me referia a esse tipo de coisa. Tão-somente que eu me diverti em sua companhia. 
    — Você está me bajulando — comentou Peter , com a voz enrouquecida. 
    — De forma alguma — Lali assegurou, com sinceridade. — É a verdade. Me fez muito bem dançar com você, sem pisões ou tropeços. 
    — Então vamos dançar novamente — ele sugeriu, pegando-lhe a mão para fazê-la levantar. 
    — Oh, não! — Lali exclamou, tirando a mão. Depois, desculpou-se com um sorriso. — Sinto muito, mas minha madrasta deve estar por perto e se nos vir juntos irá... Bem, ela não vai gostar. Espero que não se sinta ofendido com minhas palavras. 
    — Não, de forma alguma — disse Peter , em tom seco. 
    Lali mordeu os lábios, sentindo-se infeliz. Sabia que ele tinha razão de se sentir insultado, mas não sabia de que outra forma poderia ter lhe dito.
    Peter deve ter entendido como se sentia, pois tomou sua mão e apertou-a com delicadeza. 
    — Não se preocupe. Sou forte. Além disso, não é a primeira vez que ouço esse tipo de comentário nesta temporada. 
    As palavras dele foram ditas de maneira meio casual e, até onde sua pouca visão conseguia perceber, ele parecia estar olhando ao redor agora. Talvez estivesse procurando uma desculpa para deixá-la, pensou, quando se voltou de maneira inesperada e apressou-a a levantar-se. 
    — Creio que não vejo sua madrasta e nenhuma das amigas dela por aqui neste momento. Se nos apressarmos, acho que podemos escapar para o terraço sem sermos notados. 
    — Ao terraço? — Lali repetiu confusa, acompanhando-o pela mão. As portas do terraço ficavam bem ao lado do lugar onde estava sentada. — Não me parece prudente. 


    — Quero dançar com você. 


    — Dançar? — surpreendeu-se, ao perceber que ele fechava as portas do salão após passarem, cortando todo o burburinho dos convidados, o som da música e da conversação. — Mas, e se minha madrasta voltar e não me encontrar? Ela certamente virá me procurar aqui. 


    — É verdade — Peter murmurou. — É melhor sairmos daqui então. Venha. Vamos ao jardim onde ela não poderá nos encontrar. Assim poderemos dançar. 
    Peter , ao mesmo tempo em que falava, conduzia Lali aos tropeços para poder acompanhar o passo dele. Nervosa, ela tentou lhe explicar: 
    — Não, milorde, creio que você não entendeu o que eu disse. Se ela der pela minha falta, vou estar em apuros quando voltar. 
    — Isso é fácil de resolver, basta dizer que necessidades urgentes a obrigaram a procurar um toalete. 
    — Milorde! — Espantou-se, não acreditando que ele ousasse mencionar uma coisa daquelas de forma tão crua. Isso não se fazia. 
    — Desculpe, eu só estava tentando... — Interrompendo o que ia dizer, exclamou: — Diacho, alguém está se aproximando! 
    Lali esqueceu no mesmo instante a falta de boas maneiras dele; seu coração disparou de ansiedade. 
    — Será Gime? 
    — Não sei, não dá para ver, mas ouço passos. Venha. 
    Puxando-a para um dos lados da trilha do jardim em que havia um pequeno bosque, os dois infiltraram-se entre os arbustos. Instintivamente, ficaram em silêncio, mantendo-se à espreita. 
    Um minuto depois, puderam visualizar duas figuras caminhando na direção em que estavam. Pura falta de sorte, em vez de seguir adiante, as duas pessoas pararam exatamente em frente ao local onde estavam escondidos e se abraçaram. 
    — Oh, Henry! — a mulher sussurrou. 
    — Hazel querida — fez-se ouvir uma voz trêmula. 
    Lali franziu o cenho, reconhecendo de imediato a voz de Prudhomme. 
    — Diga-me que não é verdade que você tem intenção de se casar com aquela bobinha desastrada? — choramingou a voz feminina. — O que será de nós? Como irá ficar nossa grande paixão? 
    — Eu amo você, Hazel — assegurou Prudhomme. — E meu amor será seu até que eu morra, mas preciso ter um herdeiro. Minha mãe insiste nesse ponto. 
    Dulce riu internamente. Era Prudhomme, tinha mesmo certeza, e a única Hazel que conhecia era lady Achard! 
    — Sim, mas... 
    — Quietinha, meu amor. — Prudhomme procurou acalmá-la. — Deixe-me apenas abraçá-la e fingir que meus sonhos de todas as noites estão se realizando. Que você é minha e que não precisamos ficar nos ocultando. 
    Houve então um ruge-ruge de seda e um breve silêncio. Lali sabia que estavam se abraçando, mas pouco depois ouviu o som de beijos estalados. Curiosa, procurou ficar na ponta dos pés para tentar ver alguma coisa entre os arbustos, mas tudo o que conseguia enxergar eram imagens nebulosas do colorido traje de lady Achard e o vulto mais escuro e esguio de seu acompanhante. 
    Estavam tão colados um no outro que seus rostos pareciam um grande borrão sob uma única peruca branca. 
    Como se beijavam! Lali ficou consternada, pensando em lorde Achard. Não tinha dúvida de que era Hazel Achard. Ela fazia parte do círculo de amigas da madrasta. Com freqüência suas atitudes em relação à Lali eram bastante críticas e frias. Agora entendia a razão. Era ciúme pela corte que Prudhomme lhe fazia,


    — Oh, Henry, vamos fazer amor — sugeriu Hazel, arfando. 
    — Mas acabamos de fazer, meu bem — Prudhomme protestou. — Sou apenas um. Não consigo ter um novo desempenho tão rápido. Preciso me recuperar do fogo que você acende em mim. 
    — Ah! houve um longo suspiro de desapontamento, e então: — Se fôssemos casados... 
    — Se fôssemos casados, poderia tê-la em meus braços, como a tenho agora, todas as noites — Prudhomme proclamou baixinho e depois praguejou: — Dane-se seu marido por ter tão boa saúde! 
    — Sim, que se dane — Hazel concordou. — Queria que ele... 
    — Shhh! — Prudhomme interrompeu-a. 
    — O que foi? — perguntou, soando ansiosa. 
    — Acho que ouço alguém se aproximando. 
    O casal se separou imediatamente; pouco depois surgiu uma outra mulher e parou aparentemente surpresa ao vê-los. 
    — Ora, lorde Prudhomme. Lady Achard. 
    Reconhecendo a voz de Alice Havard, uma outra amiga da madrasta, Lali se encolheu ainda mais entre os arbustos. 
    — Lady Havard! — o casal exclamou em uníssono, como se não estivessem em fervoroso idílio uns minutos antes. 
    — Tomando um pouco de ar fresco, Alice? — Hazel perguntou meio desconfiada. 
    — Estou, sim. Está bastante quente lá dentro — lady Havard confirmou, acrescentando com uma certa ironia: — De fato, foi o que acabei de comentar com lorde Achard um minuto atrás. 
    — Arthur está aqui? — Não passou despercebido o tom de alarme na voz de Hazel
                Mas ele disse que não estava com disposição de vir hoje. 


    — Hum, acho que ele mudou de idéia — murmurou lady Havard satisfeita. — A propósito, ele me perguntou se eu sabia onde você estava, e eu lhe disse que achava que você tivesse se dirigido à mesa para jantar. 
    — Oh! — Houve uma certa hesitação e depois o vulto de Hazel voltou-se para Prudhomme. — Muito obrigada, milorde. Foi muita gentileza sua dispor de seu tempo para me mostrar o jardim. Devo entrar agora. — Ela hesitou por um momento, depois perguntou com muita astúcia: — Me acompanha, lady Havard? 
    — Não, acho que gostaria de ver a nova fonte de lorde Prudhomme. Isso se você não se importar de me mostrar, Henry? 
    — Sim, sim, vamos — respondeu Prudhomme imediatamente. — Será um prazer. 
    — Então vou indo — disse Hazel, obviamente relutante, e seu vulto se afastou. 
    Lali esperava que Prudhomme e lady Havard saíssem logo dali e então ela e Peter poderiam livrar-se do esconderijo e voltar à festa. Quase suspirou de alívio. Mas estava enganada. 
    Assim que Hazel se foi, lady Havard voltou-se para Prudhomme e, com a voz embargada de ciúme, perguntou: 
    — O que ela queria? 
    — Hazel disse que precisava de um pouco de ar fresco e me pediu que lhe mostrasse as novidades do jardim, o que eu não poderia recusar — explicou Prudhomme em tom inocente, fazendo Lali revirar os olhos de indignação. 
           Deus meu, o homem é um mentiroso compulsivo. 


    Ah! — exclamou lady Havard parecendo aliviada, resmungando depois:— Quando os vi saindo, pensei... 


    — Quietinha, meu amor. — Prudhomme tomou-a nos braços. — Saiba que não há mais ninguém para mim. Eu a amo, Alice, e amarei até morrer. 
    — Verdade, Henry? — Ela suspirou ao ser beijada ao longo do pescoço. — É que ando tão enciumada ultimamente. 
    — Não há razão alguma para que você tenha ciúme, meu bem. 
    Lali apertou mais os olhos e se esgueirou um pouco ao perceber que Prudhomme dera um passo para trás. 
    Santo Deus! O homem acabava de despir os seios de lady Havard ali mesmo no jardim, Lali concluiu chocada ao perceber a movimentação das manchas e o ruidoso estalo de beijos. 
    Lady Havard arfou, depois encheu as mãos com a cabeça emperucada de Prudhomme, levantando-a do peito. 
    — E quanto àquela menina? 
    — Mariana ? — A voz de Prudhomme soou cheia de desprezo ao pronunciar o nome. — É apenas uma criança. O que sabe ela de uma paixão como a nossa? 
    — Então é amor mesmo o que sente por mim? — ela insistiu. 
    — Claro! — ele a tranqüilizou. 
    Seus vultos se juntaram novamente, e pôde se ouvir a reafirmação dele: 
    — À noite sonho com você, que você é minha e não precisamos mais de encontros furtivos, e acordo com seu nome em meus lábios. 
    Como sonha esse homem, pensou Lali, e como encontrará tempo para enganar as duas damas? 
    — Oh, Henry — lady Havard não se conteve —, já pensou se eu fosse sua e pudéssemos nos abraçar assim todas as noites? 
    — Nem fale — concordou Prudhomme, em tom apaixonado. — Dane-se seu marido por ter tão boa saúde. 
    Dulce precisou se controlar para não soltar uma exclamação ao ouvir o mesmo refrão. 
    — Agora deixe-me aproveitar esses poucos momentos que a tenho. — Prudhomme, ajoelhou-se subitamente, desaparecendo sob a saia esverdeada de lady Havard. 
    Sem enxergar direito, mas percebendo pelos vultos o que havia acontecido, Lali começou a perguntar, meio sem pensar: 
    —Que diabos ele...
Peter tapou-lhe a boca com a mão e, já tendo conseguido se localizar, imediatamente, puxou-a com delicadeza, conduzindo-a entre os arbustos para que cruzassem o pequeno bosque.
Agarrando-se ao braço dele para não perder o equilíbrio, Lali se voltou mais uma vez para ver os vultos de Prudhomme e lady Havard. Como queria estar de óculos! Embora não tivesse idéia do que ele estivesse fazendo embaixo das saias dela, os gemidos que a mulher emitia eram bem sugestivos.
Eles finalmente conseguiram chegar ao outro lado do jardim e Peter apressou-a em a afastar-se dali.
—Céus o que eles estavam fazendo? - perguntou Lali curiosa e arfante quando Christopher a fez parar em uma outra clareira.
Christopher ficou um tanto desconcertado e fitou-a enternecido:
    —Vou lhe explicar um dia, milady. Não é hora ainda.
    —Por quê? – insistiu ela.
    
—Porque você ainda é muito inocente para entender certas coisas. Ficaria muito constrangida. E acho que devemos voltar para o baile - concluiu Peter aliviado por encontrar outra desculpa.


     —Nem tivemos uma chance de dançar - protestou Lali  , refletindo que, se era para se meter em apuros, melhor ter dançado um pouco.
     —Fica par outra vez – Peter prometeu gentilmente, sorrindo
     —Temo que não haverá outra vez, milorde. Gime tem evitado estar onde você possa aparecer. Só estamos aqui, pois ela pensou que você não aceitaria o convite de Prudhomme.


     —Então é por isso que não consegui encontrá-la em nenhum outro baile esta semana - Peter disse baixinho, e completou secamente – Sua madrasta estava certa, normalmente eu não viria a este baile.
     —Então por que veio? – Lali sustou a respiração depois de fazer a pergunta
     —Porque sei que Prudhomme é seu pretendente e imaginei que você viria.
     —De verdade? – ela perguntou com um sorriso. 
     
—Sim, de verdade.


Lali sentiu que Peter também sorria. Ele então passou delicadamente os dedos sobre seus olhos, para que ela parasse de apertá-los e disse:
      —Eu também gostei muito da nossa conversa no baile de Morrisey e, desde então, estava ansioso para reencontrá-la. 
Um largo sorriso iluminou o rosto de Lali , expressando todo o prazer que sentia diante de tais palavras.
      —Só queria...
      —Me diga, o que quer? – Peter apressou-se em perguntar ao vê-la hesitar
      —Só queria que Gime não antipatizasse tanto com você
Ambos aproximavam-se do salão, pensativos e calados.
Peter fez com que ela se voltasse para ele.
      —Talvez haja uma maneira de contornamos isso.
      —Que maneira? – indagou Peter num misto de esperança e curiosidade.
Peter a fitou em silencio e depois maneando a cabeça em assentimento, como se concordasse com a idéia que tivera. Ele apertou a mão que segurava o braço dela e disse:


       —Mariana...


       —Me chame de lali milorde –ela disse sem graça 


       —Lali, e se meu primo for procurá-la nos próximos dias e se oferecer para levá-la a um passeio, tente envolver sua madrasta na conversação.
       —Seu primo? – ela perguntou, indecisa.
       —Nicolas Riera – Peter esclareceu – vou pedir a ele que a pegue. Sua madrasta vai aprovar. Ele sairá com você e eu os encontrarei no parque.
Lali franziu o cenho, reconhecendo o nome.
       —Acho que já nos conhecemos e será pouco provável que ele concorde em me buscar, milorde.
       —Ele me contou sobre o encontro de vocês.
       —Contou? – ela perguntou, ficando sem graça.
       —Contou, sim, mas não se preocupe conversei com Nico a respeito de sua visão. Ele terá prazer em nos ajudar.
       —Talvez tenha – murmurou Lali em duvida. Depois mordendo o lábio e olhando para o rosto borrado dele, perguntou em tom ansioso: Ele não é um mundano, é?
Ao sentir a hesitação de Peter ela se apressou em explicar:
        —Pois essa é a razão de ime se opor a você. Apesar de que no seu caso, tenho certeza de que ela esta errada, mas se Nico for um...
        —Vai dar tudo certo.
    Dulce sentiu o coração acelerar, desejando acreditar nele, ao mesmo tempo não acreditando que algo tão maravilhoso pudesse acontecer em sua vida.
Tivera muito poucas alegrias nos últimos dez anos. Primeiro a terrível doença da mãe e o terrível caso com o capitão Ochoa... depois a mãe morreu e enquanto ela ainda vivenciava o luto , o pai casou-se com a terrível Gime. Desde então ávida no campo tinha sido um verdadeiro martírio, com Gime fazendo questão de lembrá-la de sua vergonhosa experiência sempre que podia. Era freqüente acusá-la de ter precipitado a morte da mãe com o escândalo que impusera a toda a família.
Lali sabia do ressentimento que Gime sentia por ela e que a culpava pelo pai evitar ir a Londres. Infelizmente, tinha que concordar que Gime tinha razão.
    A madrasta a detestava por isso, pois havia perdido várias temporadas em Londres e não fazia segredo de que não via a hora de livrar-se dela. 
    Lali também sabia que, no que dependesse de Gime , ela tudo faria para que estivesse amarrada ao odioso Prudhomme pelo resto da vida. E devia saber muito bem que horror de homenzinho que ele era. Desconfiava que durante um tempo eles tivessem sido mais que amigos como as atuais circunstâncias mostravam. Ela perguntava se eventualmente Prudhomme não teria também jurado amor eterno a Gime e praguejava contra a boa saúde de seu pai. Não iria surpreende-la nem um pouco. 


   — Dulce!... Dulce! 
    A voz de Gime cortando a noite quase a fez gritar de susto. Embora próximos do salão, ainda estavam na trilha que circundava o bosque e puderam uma vez mais infiltrar-se entre os arbustos. 
    — Psiu... — Peter sussurrou baixinho quando ela abriu a boca para despedir-se dele enquanto ainda dava tempo. — Vá! Ela não me viu. Não mencione meu nome. Diga simplesmente que você saiu para tomar um pouco de ar fresco. 
    — Está bem — Lali sussurrou. 
    — E não se esqueça do acordo com meu primo. Nicolas Riera vai procurá-la amanhã. 
    Sussurrando um boa-noite para Peter, ela reapareceu na trilha e começou a dar alguns passos hesitantes em direção à voz da madrasta. 
    Peter aguardou até que Gime e Lali entrassem na casa para sair do bosque. Não quis mais voltar ao salão. Seguiu pela lateral da casa até chegar ao pátio da frente e solicitou sua carruagem. 
    Já no veículo, instruiu o motorista para levá-lo a uma das casas de jogatina de pior reputação na cidade, na certeza de que encontraria Nico por lá. 
    Como esperado, Peter encontrou o primo jogando e achou graça do choque que ele levou ao vê-lo. 
    — Peter! — reagiu Nico surpreso, ao sentir um tapinha no ombro e se voltar para ver quem era. — Pensei que nunca mais o veria por aqui. Desde que você voltou da guerra, parece que abdicou desse tipo de divertimento. Junte-se a nós, sente-se aqui — ele propôs, visivelmente contente de ter o antigo parceiro de volta. 
    Peter hesitou, depois sentou-se, pouco à vontade para falar sobre a razão de estar ali na frente de todos. Sabia, porém, que se ousasse tirar Nico do jogo, dificilmente teria a ajuda pretendida. Conformado em passar algumas horas naquele ambiente enfumaçado e vicioso, teve ainda de ignorar os olhares curiosos para sua cicatriz e ficou repassando mentalmente os argumentos que usaria para convencer o primo tão logo saíssem dali. 
    — Você deve estar louco! — Nico exclamou. 
    À saída daquele antro infernal, Peter havia convidado o primo para um drinque e, finalmente, fez o pedido ao levá-lo em sua carruagem para casa duas horas mais tarde. 
    Petrer estranhou a reação de Nico . Não era a que esperava. Após ter explicado suas razões, estava certo de que ele entenderia e seria mais colaborador. 
    — Por que louco? 
    — Porque é uma loucura achar que eu de bom grado me exporia a esse perigo — Christian disse rindo, ao entrarem na casa e dirigir-se à biblioteca. — O que será de meus herdeiros, se é que vou tê-los, caso a desastrada provoque novamente um acidente? 
    Peter balançou a cabeça em desaprovação enquanto Nico jogava-se em uma das poltronas de couro ao lado da lareira. Peter encaminhou-se para uma mesinha giratória onde havia copos e uma garrafa de uísque. 
    — Estamos falando de uma moça frágil, não de uma batalha do exército francês. 
    — Na verdade Mriana consegue fazer mais estragos do que todo o exército francês junto — Nico retorquiu. 
    Peter apertou os lábios e permaneceu calado, refletindo sobre um argumento mais convincente enquanto servia um copo de uísque para cada um. Ao terminar, recolocou a tampa na garrafa, pegou os copos e cruzou a sala, dizendo antes de servir o primo: 
    — Eu só queria que você a buscasse e a levasse de volta. Você ficaria muito pouco tempo com ela, Nico . 
    — Eu sei, mas. 
    — Eu agradeceria muito — Peter acrescentou, entregando o copo para ele. 
    Depois de alguns minutos de silêncio, em que ficaram se olhando, Nico pegou seu drinque e deu um suspiro. 


    — Está bem — resmungou, caçoando do primo: — Tudo em nome do amor e do romance... Mas espero que você se lembre disso quando eu precisar de ajuda. 
    — Lembrarei — Peter assegurou aliviado e sentou-se na poltrona oposta à do primo. 
    — Bravo, meu velho. Então pego lady Mariana amanhã e a levo para onde? 
    Peter hesitou para responder, sabendo que essa seria a parte mais delicada. 
    — Podemos pensar a respeito em um minuto, mas antes preciso lhe falar sobre um pequeno detalhe. 
    De sobreaviso pelo tom de voz do primo, Nico arqueou a sobrancelha. 
    — E qual é ele? 
    — É difícil abordar o assunto, mas a madrasta de Lali não gosta de... homens mundanos. — Observando a reação do primo, Peter extravasou seu desconforto mexendo-se na poltrona. — Pensei que talvez você possa usar com lady Esposito a mesma tática de abordagem que usou com lady Strummond para convencê-la a deixar que saísse com a filha. 
    — Que é isso, Mowbray, com efeito! 
    Peter esmoreceu diante da expressão do primo: 
    — Bem, funcionou com lady Strummond. 
    — Sim, funcionou, mas... 
    — Poderá funcionar novamente — insistiu. — Tenho certeza. Só você tem talento para isso. 
    — Primo — disse Nico de cara amarrada —, uma coisa é bancar o almofadinha para se conquistar alguém para si mesmo, e outra bem diferente é para... 
    — Por favor — Peter interrompeu. 
    Nico arregalou os olhos, incrédulo. Peter Lanzani , conde de Mowbray, nunca dizia “por favor”. Jamais. Sentindo-se sem saída, voltou os olhos, com ar pensativo, para as cinzas da lareira e suspirou resignado. 
    — Está bem. 
   


    — Um tal de lorde Nicolas está à porta e quer saber se as ladies Esposito estão em casa, para visitá-las. 


    Lali ergueu a cabeça do encosto do sofá em que estava sentada e, piscando várias vezes, tentou ver por cima da figura do mordomo quem estava à porta.
    — Quem você disse que está aí, Foulkes? — perguntou Gime. 
    — Lorde Riera— o mordomo repetiu, com ar entediado. 
    Lali mordeu os lábios e se controlou para não parecer eufórica demais. Mowbray estava cumprindo o que prometera. O primo viera em seu lugar. De dedos cruzados, ela começou, intimamente, a rezar para que a madrasta não o dispensasse e estragasse tudo. Pela voz, Gime parecia estar confusa: 
    — Pensei que você conhecesse lorde Riera. 
    Lali entendeu a intenção. Se ela já tivera um primeiro encontro com ele, por que cargas d’água ele a procuraria novamente? 
    — Conheço. Ele é um homem muito agradável. 
    — Sei! — Gime não pareceu muito convencida. — Poderia jurar que ouvi dizer que ele... 
    Assim que fez uma pausa, lady Havard que fora tomar chá com elas e acabara ficando para bisbilhotar um pouco, aparteou: 
    — Também ouvi comentários de que ele é meio farrista, Gime , mas acho que é pura maldade. Inveja, muito provavelmente. Ele provém de ótima família e é bastante amigo do rei. 
    Lali entendia muito bem a razão de lady Havard encorajar Alma a permitir as atenções de Riera . Não havia dúvida de que era por causa do ciúme que sentia de Prudhomme. Mas para ela isso pouco importava. Só podia agradecer a interferência da amiga da madrasta e, de respiração suspensa, ficou aguardando o veredicto. 
    — Muito bem, Foulkes, faça-o entrar.


   — Pois não, milady — Foulkes murmurou, retirando-se da sala. 


    Lali aguardava com impaciência, torcendo para que o truque desse certo e pudesse logo estar com Mowbray novamente. Fez-se um súbito silêncio na sala, à espera de que Foulkes abrisse a porta e confirmasse que as senhoras estavam. 
    — Ora viva! Deixe-me entrar então! — Uma voz alegre reverberou. 
    O visitante continuou expressando, aparentemente, sua satisfação de que estivessem na residência, sem que Lali conseguisse entender o que dizia. 
    — Ah, ladies! — As duas palavras foram pronunciadas calorosamente. 
    Lali endireitou o corpo que mantivera erguido, tentando ouvir o que o visitante dizia. 
    Gime , demonstrando-se encantada, levantou-se para recebê-lo. 
    — Lorde Riera, que gentileza sua vir nos visitar. 
    — Ah, que nada, que nada. O prazer é todo meu. — Cruzando a sala, ele se encaminhou para a anfitriã e curvou-se para cumprimentá-la com um beija-mão. Depois, voltou-se para o lado em que Lali estava sentada. — Ah, lady Mariana, sempre encantadora. Muito encantadora. — Tomando-lhe a mão, levou-a também aos lábios e a beijou, dirigindo-se então a lady Havard. — Que prazer em vê-la, lady Havard! Que homem de sorte eu sou. Três lindas mulheres em uma única sala. 
    — Lisonja sua, milorde — Gime derreteu-se, — Gostaria de tomar um chá? 
    — Certamente,  Muito amável. 
    — Sente-se. 
    — Obrigado. 
    Houve um momento de silêncio, quando todos se acomodaram em suas poltronas, com exceção de Dulce que não havia se mexido do lugar, e depois uma troca geral de sorrisos. 
    — Que surpresa, milorde. A que devemos sua visita? — Gime perguntou, servindo-lhe o chá. 
    — Dever? — perguntou ele, mostrando-se espantado. — Não me devem nada. Nunca cobro pela minha presença, por mais prazerosa que seja. 
    Ele gargalhou de maneira quase feminina, fazendo com que Lali arregalasse os olhos horrorizada. 
    Deus do céu! Ela era quase cega; mas não surda. Esse homem tinha o mesmo tom grave de voz do primo. Suas palavras tinham sido adequadas. Não era o mesmo lorde Riera que conhecera, disse a si mesma ao ouvir a reação alegre da madrasta e sua amiga à brincadeira dele. 
    Mas quem seria então, perguntou-se. Com certeza, se aquele não fosse o verdadeiro Riera , Gime e lady Havard, que tinham excelente visão, reconheceriam um intruso, mas nenhuma das duas se mostrou alarmada. Tudo o que Lali podia pensar é que se tratasse mesmo de lorde Riera, fazendo uma encenação, embora não conseguisse entender o porquê de estar se comportando daquela maneira. Francamente, ele mais parecia um almofadinha afeminado. 
    Só quando isso lhe ocorreu, Lali se lembrou de ter perguntado a Mowbray se o primo não era um mundano e tê-lo avisado de que, se fosse, a madrasta jamais permitiria que saísse com ele. Estava claro que os dois haviam decidido sossegar os temores de Gime com um verdadeiro desempenho de ator. 
    Lali maravilhou-se com a habilidade teatral de Riera falando em tom confidencial: 
    — Na realidade, estou estreando minha nova casaca e meu novo chapéu, e estava curioso de saber que efeito causariam nas mais encantadoras damas de Londres. — Após dar a explicação, Riera levantou-se com uma pirueta, para melhor exibir seu traje. 
    Gime e lady Havard riram como duas meninas diante do galanteio e da exibição. 
    — O que você acha? — ele perguntou, postando-se na frente de Lali. — Belo corte, não? 
    Ela forçou os olhos, tentando captar algum detalhe da roupa, mas tudo o que via era um borrão verde-amarelado. Foi Gime quem quebrou o silêncio para salvá-la do constrangimento. 
    — Muito elegante, milorde. Gostaria de ter o nome de seu alfaiate para dar a meu marido. 
    — É notável — lady Havard concordou. 
    Aparentemente satisfeito com os elogios, Nico voltou a sentar-se com um suspiro de satisfação. 
    — Tento estar sempre na moda. Gostaria também de combinar a camisa com as calças, o que as senhoras acham? 
    — Soa perfeito — Gime murmurou indecisa, sendo endossada por lady Havard na mesma entonação de voz de quem não sabe bem o que dizer. 
    Lali , porém, não conteve a curiosidade: 
    — De que maneira, milorde? 
    Nico explicou pacientemente, e Lali ergueu as sobrancelhas ao imaginá-lo usando camisa e calças verde-amareladas, combinando com a casaca da mesma cor.


    Lali reconheceu de imediato a voz de Peter e não se importou de adiar a pergunta que gostaria de ter feito a Nico . Ela sorriu quando Peter se aproximou e com a respiração suspensa foi tirada da carruagem e colocada no chão. 
    — Você está em dívida comigo, primo — murmurou Nico da carruagem. 
    — Sei disso — Peter concordou, e Lali sentiu o riso em sua voz. — Vamos ficar por perto, Nico, assim você nos encontrará facilmente na hora de levar  Lali para casa. 
    — Combinado — Nico respondeu, sacudindo as rédeas para fazer a carruagem andar. 
    Assim que a carruagem desapareceu ao longo do parque, Peter propôs que caminhassem um pouco. 
    — Acho preferível a desfilar de carruagem e ficar olhando para outros nobres, mesmo porque me desfiz de minha carruagem aberta e agora só teria uma fechada — ele justificou-se. 
    Lali hesitou por um momento e, esboçando um sorriso tímido, concordou: 
    — Você acertou. Não estou nem um pouco interessada em “olhar” para outros nobres, como parece ser a moda; de qualquer forma, não conseguiria enxergá-los mesmo. Além disso, acho que não seria nada prudente sermos vistos na carruagem, pois se minha madrasta viesse a saber... 
    — Mas estamos usando máscaras — Peter mais do que depressa interrompeu-a. — ninguém nos reconheceria. 
    Lali inconscientemente levou a mão à máscara que madrasta insistira que usasse antes de sair. Estava na moda, naquela temporada, cavalgar usando máscara, e o que quer que estivesse na moda Gime a obrigava a usar.
    — Será que minha falta de visão não vai nos causar algum embaraço? 
    Peter pegou a mão dela e a colocou em seu braço. 
    — Fique tranqüila,  Lali, não permitirei que seja desastrada. 
    Lali relaxou no mesmo instante diante da atitude dele e sentiu-se feliz ao caminharem por uma alameda, aparentemente linda, cujas árvores e flores lamentavelmente não conseguia enxergar direito. Aguçando os ouvidos, depois de algum tempo, ela interrompeu o silêncio que já começava a incomodá-la. 
    — É o barulho de água que ouço, Peter? 
    Peter olhou ao redor 
    — Não me parece — começou a dizer e fez uma pausa. — Já faz um bom tempo que não venho aqui, por isso não me lembro bem se esses jardins têm cascatas ou fontes. — No mesmo instante, porém, voltou-se para ela e disse sorrindo: — Você tem excelente ouvido, milady. Embora eu mesmo não consiga ouvir, lembrei-me de que há uma fonte próxima daqui. Vamos tentar encontrá-la! 
    Poucos minutos depois, ele viu a fonte e conduziu Lali até ela. Permaneceram ali por algum tempo, ambos sentindo-se estranhamente desconfortáveis um com o outro. 
    Lalo fingiu estar contemplando a água a sua frente, mas sua mente estava toda concentrada no homem a seu lado. Era uma agonia estar tão consciente da presença dele, e agonia maior ainda, o silêncio que pairava entre os dois como uma barreira. Eles pareciam ter se entendido tão bem no baile em que se conheceram e agora que estavam sozinhos nada tinham a dizer. Era muito desconcertante. Ela buscava, desesperada, na mente algo para dizer quando Peter deu uma pequena gargalhada. 
    — O que foi? — ela perguntou, levantando curiosa o rosto para ele. 
    — Nada... — disse Peter , acrescentando depois: — Estava apenas pensando que sou um idiota, parado aqui quase em pânico, procurando desesperadamente algum tópico para conversarmos, mas parece que perdi toda a capacidade de falar. — Antes de qualquer protesto, Peter acrescentou: — Ao menos perto de você, Lali, fico nervoso como um adolescente. 
    — Me sinto assim também — Dulce admitiu tranqüilamente. — E acho estranho. Não houve qualquer problema nas duas vezes em que estivemos juntos e não entendo a razão disso agora. 
    — Nem eu — Peter concordou. — Mas, felizmente, não sou tão bobo assim, por isso trouxe algo para nos distrairmos. 
    Delicadamente, ele voltou a colocar a mão de Lali sobre seu braço e começaram a se afastar da fonte. Observando a expressão curiosa de sua acompanhante, ele enfiou a mão no bolso e tirou um objeto escuro, colocando a mão dela sobre o mesmo. 
    — Um livro? — Lali perguntou surpresa.

    — Sim, um livro. Vou ler para você. 


    — Vai ler para mim? 
    — Lembro-me de você ter me dito que, entre todas as coisas, o que mais sentia falta por não ter os óculos era de poder ler. Então pensei em ler para você. Sei que não a mesma coisa que ler para si mesma, mas espero poder distraí-la um pouco. 
    — Nossa, tenho certeza de que vou adorar — Lali apressou-se em dizer, não somente comovida pela atenção dele, como também agradecida de que tivesse encontrado um meio de compensar a falta de assunto. — E onde se dará essa leitura? — quis saber. 
    — Veja logo ali há um pequeno caramanchão onde poderemos usufruir da sombra enquanto leio para você. 
    — Que livro você escolheu? — perguntou curiosa, assim que Peter escolheu um banco para se sentarem. 
    — Trouxe O Rapto da Madeixa de... 
    — Alexandre Pope. 
    — Isso — ele confirmou, obviamente surpreso por ela conhecer. — Você gosta dele? 
    Lali sorriu e assentiu com a cabeça. 
    — Bem, então vou começar.


   


 


     — Que droga, primo! Onde vocês se meteram? 
    Lali estremeceu de surpresa ao ouvir o comentário irritado de Riera , sobrepondo-se à voz suave de Peter , que parou abruptamente de ler, à chegada da figura verde-amarelada. 
    — Então estavam aí! Deus do céu, faz quinze minutos que estou rodando a procura de vocês. Estamos atrasados. Fiquei de levar Mariana de volta depois de uma hora. 
    — Não acredito que já tenha passado uma hora — disse ela, desapontada. — Estava adorando a leitura de Peter. 
    — A permissão foi só de uma hora? — Peter perguntou com um sorriso amarelo, fechando o livro. — Por que tão pouco tempo? 
    — Quanto você acha que Gime permitiria se, supostamente, só íamos dar um passeio de carruagem? — perguntou bravo Nico, enquanto Peter pegava a mão de Lali para ajudá-la a se levantar. 
    — É, você tem razão — ele concordou, suspirando. 
    — Que livro é esse? — Nico perguntou, mudando de assunto. — É um Pope? 
    — Isso mesmo. Lali não consegue ler por causa da falta dos óculos, por isso resolvi ler para ela — respondeu Peter meio constrangido. 
    Nico não podia acreditar que tal gesto partisse de seu primo Peter , mas não teceu comentário algum para não deixá-los embaraçados. Em vez disso, dando-lhes às costas, apressou-os: 
    — Vamos, a carruagem está à nossa espera e não vejo hora de chegar em casa e trocar essa casaca ridícula. 
    Peter passou a mão de Lali sobre seu braço e seguiram o primo. 
    — Obrigada, Peter . Você tem uma linda voz e a escolha do livro não poderia ter sido mais perfeita. Adorei sua leitura.
    — Obrigado, mas minha intenção era ler um pouco e depois conversarmos. Achei que ficaríamos juntos por mais tempo. 
    Peter parou de falar para ajudá-la a contornar um obstáculo, que pareceu a Lali ser o tronco de uma árvore antiga, depois prosseguiu: 
    — A que festa você vai hoje à noite? 
    — Na dos Devereaux. 
    — Vou fazer o possível de vê-la lá então. 
    — Na verdade — Lali ponderou —, é melhor você desistir dessa idéia. Gime já disse que se você aparecer em outra festa que estivermos, não me deixará ficar sozinha nem por um minuto. Creio que ela desconfiou que estivemos juntos nos jardins de Prudhomme. Lamento muito. 
    — Não precisa se lamentar, nem se desculpar. Vou dar um jeito.
    Antes que Lali pudesse dizer qualquer outra palavra, eles já haviam chegado junto à carruagem e Peter gentilmente a ajudou a subir. 
    — Até a noite. 


 


 


 


    — Lady Esposito. Que prazer o nosso em recebê-la! 
    Lali acordou do tédio em que se encontrava e viu de forma embaçada, como sempre, os vultos azul-claro e pêssego que estavam à porta. Seria maldoso dizer que, com exceção de lady Havard e lady Achard, alguém mais se dirigisse à madrasta de maneira gentil. Pois, de um modo geral, eram as únicas pessoas que falavam com Gime , daí sua estranheza em ouvir a anfitriã alegar prazer em vê-la. 
    A própria Gime parecia surpresa, observou Lali diante da dificuldade da madrasta em retribuir o cumprimento. 
    — Lady Devereaux e lady Mowbray. Boa noite. Muito obrigada pelo convite. Estamos muito contentes de estar aqui, muito contentes mesmo, não é, Mariana? 
    Lali murmurou um assentimento, mas sua atenção estava voltada para o vulto azul, que só poderia ser lady Mowbray, a mãe de Peter , uma vez que quem dera as boas-vindas fora a anfitriã, que usava pêssego, 
    — Então você é a encantadora Mariana— cumprimentou-a lady Mowbray, com um largo sorriso. — Falaram muito a seu respeito, minha querida, tanto meu filho, como meu sobrinho Nicolas. 
    — Nicolas Riera é seu sobrinho? — perguntou Gime interessada, sem fazer qualquer comentário sobre Peter. 
    Mesmo que não quisesse Lali envolvida com Mowbray, a madrasta não era tola de esnobá-lo. A familia  Lanzani eram muito influentes na sociedade, principalmente Alexandra Lanzani, lady Mowbray. Dessa maneira, em vez de exigir que Peter se mantivesse longe dela, seu objetivo passou a ser o de tentar evitar qualquer lugar em que ele pudesse estar presente. 
    — Sim, ele é meu sobrinho — lady Mowbray confirmou, não ignorando a falta de comentário sobre Peter. Pelo menos, foi o que Lali imaginou diante de sua resposta sucinta. 
    — Ele é um jovem encantador — Gime elogiou sorridente. — Ele saiu com Mariana para um passeio no parque hoje cedo. 
    — É, eu soube — respondeu lady Mowbray, em um tom de voz divertido. 
    Lali teve a nítida impressão de que ela sabia do esquema que havia sido montado, mas foi pega de surpresa por suas palavras seguintes: 
    — Na verdade, Nicolas tanto falou de Lali que minha sobrinha, a irmã dele, quer conhecê-la. 
    — Ora, que gentil! Mariana bem que precisa fazer amigas aqui em Londres. Será muito bom para ela. 
    Lali mordeu o lábio, sabendo que a madrasta imaginava que essa amizade poderia significar ascensão ao círculo social dos Mowbray. Mary Riera era considerada um diamante de primeira água. Conviver com ela só poderia elevar qualquer pessoa. 
    — Muito bom — disse lady Mowbray. — Então não vai se importar que eu a roube por algum tempo enquanto ajuda lady Devereaux. 
    — Vai roubá-la? — Gime alarmou-se, receando que Lali pudesse tropeçar ou trombar em qualquer coisa, arriscando-se a perder essa “oportunidade”. 
    — Se me der licença... Mary torceu o tornozelo hoje e é obrigada a ficar em repouso, com o pé para cima, por isso não pode vir até Mariana. Então vou levá-la até a sala em que ela está. Não se preocupe, tenho certeza de que as meninas vão se dar muito bem enquanto você ajuda lady Devereaux. 
    Aparentemente, Gime não havia se dado conta do comentário feito pela primeira vez, perguntando em tom de incerteza: 
    — Lady Devereaux precisa de ajuda? 
    — Preciso, sim — lady Devereaux confirmou. — Disseram-me que você tem um gosto incrível... 


    lma não conseguiu ouvir o resto. Lady Mowbray apressou-se em afastá-la dali e conduziu-a até um hall. Ela a acompanhou em silêncio, sem saber o que dizer. Não conhecia lady Mowbray, nem tinha a mínima idéia do que estava acontecendo. Safar-se das garras de Gime não era tarefa fácil, especialmente depois de ser pega no jardim de Prudhomme. Mas tudo aquilo havia sido muito bem armado. 


    — Chegamos — anunciou alegre a mãe de Peter, abrindo a porta de um salão e fazendo-a entrar. — Lali , apresento-lhe Mary — disse lady Mowbray ao fechar a porta. — Mary, esta é lady Mariana Esposito. 
    Lali procurou ambientar os olhos ao novo ambiente, fixando-os no vulto rosa que estava sentado próximo à lareira, e sorriu ao ser apresentada. 
    — Olá, Mariana. É muito bom conhecê-la. 
    Lali sorriu novamente, confusa ao constatar que o propósito de lady Mowbray era de fato apresentá-la à irmã de Nicolas. Procurando disfarçar o desapontamento, ela disse: 
    — Sinto muito o que aconteceu com seu tornozelo. 
    — Oh, não se preocupe, está tudo bem com ele — Mary retrucou alegre. — Preciso fingir que está torcido somente por esta noite. Amanhã de manhã ele estará milagrosamente curado. 
    Lali arregalou os olhos e não conseguiu disfarçar cara de espanto, preocupando-se com a impressão que estaria causando. 
    Pelo riso espontâneo de lady Mowbray, ela, sem dúvida, achara graça e, postando-se a seu lado, esclareceu: 
    — O problema de Mary foi inventado um pouco antes de virmos para o baile, quando Peter me pediu ajuda para afastá-la de sua madrasta. Ele achou que Gime dificultaria que vocês se vissem. 
    — E a senhora concordou em ajudá-lo? —Lali perguntou, incrédula. 
    — Mas é claro, meu bem. Se o Peter está interessado em você, é com a maior satisfação que farei de tudo para ajudá-lo. 
    Lali hesitou por um momento e corou, antes de se atrever a perguntar: 
    — Apesar do escândalo em que acabei envolvida, milady? Creio que ouviu falar a respeito... 
    Seguiu-se um longo silêncio. Mais uma vez Lali desejou que pudesse ver o suficiente para poder controlar a própria expressão. 
    Tomando-lhe as duas mãos nas suas, lady Mowbray disse, de maneira solene:
    — Ouvi falar, sim, minha querida, sobre seu breve casamento com o capitão Ochoa. Em minha opinião, porém, você não teve culpa alguma. E, sinceramente, também não me importaria se tivesse. Você é a primeira jovem por quem Peter mostra interesse nestes dez últimos anos. Ainda que você tivesse matado o arcebispo de Canterbury, eu o ajudaria também. 
    Cheia de admiração, Lali estreitou os olhos na tentativa de enxergar melhor essa senhora que defendia com tanto ardor o filho. 
    — Agora venha, querida. Mary e eu ficaremos conversando aqui enquanto você estiver com Peter. — Abrindo as portas francesas que davam para fora, passou o braço nas costas de Lali , incentivando-a a sair do salão. 
    — Mas e se Alma... 
    — Nós tomaremos conta de sua madrasta, não se preocupe. Lady Devereaux me devia um favor e fará o possível para mantê-la ocupada enquanto for necessário. Se não conseguir, eu mesma me incumbirei dela. Pode ir... A menos que você não deseje se encontrar com Peter? 
    — Claro que desejo — Lali respondeu prontamente, ao sentir um certo receio na voz de lady Mowbray. 
    — Bem, então vá. 
Lali atravessou um corredor ladeado de cortinas e parou hesitante. Não conseguia enxergar muito bem, mas pareceu-lhe haver uma trilha à sua frente. Começou a caminhar insegura quando, dentre as árvores, surgiu uma sombra que se projetou em sua direção. 
    — Que bom que você veio! 


    Lali relaxou assim que ouviu a voz de Peter. Sabia que ele não permitiria que se sentisse insegura, sozinha na escuridão. 


    — Então sua mãe deu um jeito de me separar de Gime. 
    — Parece que sim — disse ele, sorrindo. 
    — Fiquei bastante surpresa de ela ter conseguido — Lali confessou. — E mais ainda de ouvi-la dizer que não se incomoda com o escândalo de que fui vítima. 
    — Ah, é verdade, o escândalo... — Peter murmurou. — Você precisa me contar o que aconteceu. 
    — Você não sabe nada a respeito? Lali perguntou, preocupada. — Como sua mãe disse que tinha tido conhecimento, pensei que você também soubesse. 
    — De fato, sei o que me contaram, mas gostaria de ouvir de sua boca. 
    — Ah, na verdade não há muito a contar. — Lali suspirou e comentou os detalhes de como fora ludibriada sob a alegação de que sua família precisava de ajuda. 
    — E esse capitão Ochoa se dispôs ele mesmo a se casar com você para ajudá-la a salvar a família — Peter concluiu em tom cáustico. 
    — Pois é. Eu pensei que ele estivesse sendo extremamente bondoso até que mais tarde descobri toda a verdade. — A expressão de Lali era séria. — Não bastasse o escândalo que causou, foi tudo muito cansativo. 
    — Você achou maçante casar? —— Peter perguntou, brincando, e Lali deu de ombros. 
    — Bem, nada houve de casamento. Ficamos na frente um ferreiro negro, na presença de um outro casal, dissemos: “aceito” e assunto encerrado. 
    — E a noite de núpcias? — Peter chegou ao ponto que desejava, não contendo a tensão na voz.
    Lali fechou o cenho. 
    — Não houve noite de núpcias. O casamento não poderia ter sido anulado se tivesse havido. 
    — Quer dizer que ele nem tentou se...? 
    — Ele foi me procurar, sim, mas havíamos viajado muito e eu estava bastante exausta. — Lali abaixou a cabeça para esconder o rosto rubro. Sentia-se muito embaraçada com esse tipo de questionamento. — Ele não me forçou a nada. Foi dormir em outro quarto e me deixou sozinha. 
    A tensão que Peter sentia da mãozinha pousada em seu braço relaxou. Lali o olhou indagativa, desejando, como sempre, poder ver a expressão dele. 
    — Fico feliz em saber — murmurou Peter , imediatamente acrescentando: — Não que eu fosse culpá-la ou desmerecê-la se o casamento tivesse se consumado. Mas fico muito contente de saber que não se consumou. 
    Dulce refletiu um pouco e suspirou. 
    — A cidade toda pensa que sim, não é? 
    — Acho que é a opinião que prevalece. O fato de seu pai tê-la levado para o campo para evitar o escândalo é compreensível, mas mantê-la afastada por tanto tempo suscitou não só esse boato, como também o de que havia sido gerado um filho, que você estava criando no campo. 
    Lali ficou de queixo caído e voltou-se para ele horrorizada: 
    — É isso o que todos pensam? 


    — Talvez não devesse ter lhe contado — Peter ponderou, com evidente arrependimento. 


    — Não. É melhor saber o que se passa do que ficar na ignorância. O único problema é que não tenho como acabar com o diz-que-diz. 
    —Acho não que tem jeito mesmo. Talvez a única saída seja aprender a conviver com o falatório e não ligar para o que as pessoas pensam. 
    — Será que isso é possível? — Lali perguntou, com ar triste. 
    — Não sei. Você se importa com o que pensam? Você me pareceu divertir-se tanto ao me contar sobre as atribulações causadas pela falta de óculos que achei que não ligasse para esse tipo de coisa. 
    — Normalmente não ligo — ela concordou. — Mas só eu sei o que aconteceu e não aconteceu. Sei também do meu caráter. Por isso não agüento quando cochicham atrás dos leques para que eu ouça. Preferia que falassem na minha cara, para que eu pudesse me defender, mas, fora isso, nunca realmente me incomodou o que os outros pensam, com exceção daqueles a quem quero bem. 
    Peter apertou a mão que repousava em seu braço e depois fez com que Dulce parasse, dizendo: 
    — Aqui estamos. 
    Lali voltou-se e estreitou os olhos, tentando visualizar melhor a pequena clareira para onde ele a levara. No chão, havia um grande quadrado de diferentes cores e padrões, uma colcha talvez, parecendo haver diferentes itens sobre ela. 
    — Um piquenique? — ela arriscou, em dúvida. 


    Peter riu e a fez sentar-se em um dos cantos da colcha. 


    — Sim. Lembrei-me que você disse que sua madrasta não a deixa comer e beber em público, em ocasiões como esta, e não quero que passe nem fome e nem sede. Dei então um jeito de remediar a situação. Espero que goste do que eu trouxe. 
    Lali já não enxergava direito e, para complicar ainda mais sua visão, ficou com os olhos cheios de lágrimas, percorrendo assim, quase sem ver, o olhar por todos os itens a sua volta. 
    Imensamente comovida com tanto carinho e consideração, Lali só poderia achar Peter o mais doce dos homens. 
    — E... — Ele mostrou alguma coisa de cor clara, levemente florida. Lali piscou, confusa. — Seu babador, milady — disse, brincando. — Para evitar qualquer incidente que possa nos denunciar. Faça de conta que sou um de seus criados e use-o. Posso ajeitá-lo para você? 
    Lali não podia acreditar em mais aquele gesto atencioso. Entre lágrimas e risos, concluiu que Peter era mesmo maravilhoso. 
    — É um babador improvisado — continuou Peter , colocando um enorme guardanapo em torno do pescoço dela. — Mas foi o que de melhor encontrei para que não haja risco de sujar sua roupa. 
    — Obrigada — Lali agradeceu, observando Peter também se acomodar na colcha. — Está tudo perfeito. E eu estou faminta. 
    — Vamos comer então — ele propôs satisfeito, dissertando sobre o cardápio. —Temos frango assado, presunto, queijo, pão, geléia e frutas.


    O clima entre eles não poderia ser melhor. Comeram, conversaram e riram muito. Lali tinha a sensação de aquele estar sendo o momento mais feliz de sua vida. Já haviam terminado de comer a algum tempo; ela ria de uma história que Peter acabara de contar sobre os problemas com um antigo mordomo muito briguento, quando percebeu que ele endireitava e levantava a cabeça para olhar sobre seus ombros. 


    Ambos pararam de rir e um vulto rosa pálido se aproximou deles. Lali deu-se conta de que era Mary antes que a jovem dissesse, quase se desculpando: 
    — Sua mãe pediu-me que viesse lhes dizer que Mariana precisa entrar agora. 
    Por um momento fez-se silêncio entre eles, rompido então por Peter. 
    — Vou levá-la imediatamente. Agradeça a minha mãe, muito obrigado a você também, Mary, pela ajuda desta noite. 
    — Fico contente que tenham aproveitado. Você tem tido muito pouca distração, primo — Mary comentou, com doçura, deixando-os em seguida. 
    Lali voltou-se para Peter, com pena de que aqueles momentos chegassem ao fim. Ficaram ambos calados. Ele levantou-se e estendeu-lhe a mão para que também se levantasse. Ao chegarem perto da porta onde haviam se encontrado, ela o encarou, séria. 
    — Obrigada, Peter, adorei o piquenique. Não me divertia tanto desde que... bem, desde a última vez que nos vimos. Sinto-me muito afortunada por ter um amigo como você. 
    Ela percebeu que Peter enrijecera o corpo ante suas palavras, mas a reação dele logo ficou clara ao externar seu desapontamento: 
    — Um amigo, Lali? É assim que você me vê? 
    Ela sentiu-se corar e abaixou a cabeça, murmurando: 
    — Não quis ter a pretensão de achar que seu... 
    Peter interrompeu as palavras dela, colocou a mão em seu queixo para levantar-lhe o rosto e, sem que esperasse, cobriu-lhe a boca com a sua. 
    Lali ficou imobilizada ao contato dos lábios dele, que deslizaram suaves, mas firmes sobre os dela, em uma carícia gentil e intensa. Ela entreabriu ligeiramente os lábios num suspiro, possibilitando que ele introduzisse a língua em sua boca. 
    Alarmada, Lali congelou por um momento diante de tal intrusão, sentindo-se tensa. O movimento da língua de Peter dentro de sua boca, porém, era tão delicado e tão doce que seu corpo relaxou e seus lábios se entreabriram um pouco mais em total entrega.


 


 


 


 


  Bom por hoje chega,espero que tenham gostado do primeiro beijo laliter bjs até amanha


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 223



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  • hellendutra Postado em 11/01/2013 - 21:28:46

    HAI MINHAS LINDAS ACABOU NEM ACREDITO queria agradecer por vcs terem acompanhado minha web, beijos e até uma proxima quem sabe

  • lary_laliter Postado em 11/01/2013 - 00:46:02

    hahah não creio que e o final no no no no....AMEI A WEB DO COMEÇO AO FIM (fim? ha vontade de chorar de pensar que e o fim....)foi perfecta e o que tenho para dizer...ha espero que a proxima web ja estaja no forno em....

  • sofiasouza Postado em 10/01/2013 - 20:43:16

    Foi perfeito ,eu AMEI pena que acabou vou sentir saudade

  • sofiasouza Postado em 09/01/2013 - 22:58:42

    É verdade o penultimo cap chegou ,a Lali esta tão calma pra quem esta na frente de alguem que quer a matar ,eu já estaria desesperada kk AMO sua web ansiosa e triste para ver o ultimo cap ,vou sente falta dessa web mais como diz o ditado o que é om dura pouco .

  • lary_laliter Postado em 09/01/2013 - 21:18:21

    ha eu estou de mal de vc pq a web ja esta acabando!uo quantos descobertas posta maissss ansiosa para o ultimo capitulo...ESPERO QUE JA ESTEJA PROVIDENCIADO OUTRA WEB PARA COLOCAR NO LUGAR EM!

  • larissa_pocciano Postado em 09/01/2013 - 15:05:55

    http://www.fanfics.com.br/?q=fanfic&id=21639

  • larissa_pocciano Postado em 09/01/2013 - 15:05:43

    http://www.fanfics.com.br/?q=fanfic&id=21639

  • larissa_pocciano Postado em 09/01/2013 - 15:05:32

    http://www.fanfics.com.br/?q=fanfic&id=21639

  • sofiasouza Postado em 09/01/2013 - 00:33:16

    Ai que triste vou sentir muita falta dessa web ela é uma das minhas preferidas ,mais por enquanto que ñ acabou vou curtindo AMO sua web posta mais

  • lary_laliter Postado em 08/01/2013 - 23:20:52

    bua bua bua ja esta acabando não acredito :( cade a reação do Peter por a Lali usar oculos???? posta maisssssss


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