Fanfic: Menina Veneno | Tema: Restart

Os três entraram no camarim seguidos por Bernardo e Heitor. Pedro, sem se incomodar já foi tirando a camisa e tacou em cima da Lara.

– Nem preciso dizer, não é querida? - Disse ela sussurrando em meu ouvido - Se acostume a isso.

Será que foi porque virei o rosto quando percebi que ele estava sem blusa? Não pensem que sou puritana ou algo do tipo, só que eu não ia passar vergonha na frente dos meus mais novos “chefes”. Naturalmente eu não podia ficar parada analisando como Deus tinha sido tão generoso com ele. Não ia pegar bem...

– Rapazes - Logo Lara se prontificou a chamar a atenção deles. - Essa é Claire, nossa mais nova colaboradora e vencedora do concurso. Comportem-se por favor.

– Como assim comportem-se? - Perguntou Heitor que sempre foi mais na dele.

– Não é com você, claro... Claire esses são ah! Deixa isso pra lá. Vai ser ridículo se eu for apresentar você a eles.

– Mas é claro que não. - Thomas se manifestou e logo se aproximou de mim com aquele sorrisinho dele, por sinal o mais safado da história do rock. Segurou minha mão, que estava escorregadia de tanto suor (eu estava suando frio) e me puxou de uma vez só do sofá. O que fez nossos corpos se chocarem. Beijou meu rosto. - Meu nome é Thomas, mas pode me chamar de Baby, você escolhe Cat...

Eu só consegui arregalar os olhos. Eu estava sem reação ainda. Graças a Deus, Pedro puxou ele.

– Dá pra parar com a palhaçada? Tem como não rolar um processo de assédio no dia em que conhece a garota? - Ele estendeu a mão e eu a apertei. Deus!!! Apertei a mão do Pedro Lucas!! - Me chama de Pedro, prazer em conhecê-la.

Os outros acenaram para mim, e o único que não sorria era o Lanza. Não sei, mas tive a impressão de que ele não gostou de mim. O que me magoou muito, afinal, todos com exceção da Lara eram meus ídolos. Não queria que logo ele, não fosse com a minha cara. Mas fazer o que, né? Ele logo em seguida se sentou na mesa de frente para o notebook e não me deu mais atenção.

Quando eu já me sentia segura eu consegui articular algumas palavras.

– Eu nem sei o que dizer pra vocês. Me desculpa, mas ah! Vocês devem imaginar..

– Relaxa Cat - Sério, não tem como ligar com alguém como o Thomas te chamando de Cat, por mais irritante que isso seja. Ele tem até um jeitão cafajeste, mas passa uma sensação boa. Fui com a cara dele de graça - Daqui a pouco você não vai aguentar olhar pra nossa cara.

– É verdade - Disse Bernardo me empurrando pra sentar com eles na mesa, onde Lanza estava sentado. Pedro e Heitor tinham sumido junto com Lara (nem quero saber o porquê) pela porta do camarim. Bernardo sentou de um lado meu e Thomas do outro.

– Me conta Claire... É esse seu nome, não é? - Thomas jogou um copo descartável que achou na mesa, em Bernardo.

– Mas é claro que é o nome dela, idiota. Não dê atenção a ele, por favor. Adorei sua ideia a propósito. Foi inteligente mesmo, adorei esse lance de site, mas eu queria mesmo falar com você que eu tenho uma vida um pouco tumultuada. Então imagina como seria isso divulgado... Não seria...

– Você não vai encher o saco da garota com isso agora. - Era a primeira vez que eu ouvia a voz do Lanza desde que ele tinha entrado. - Garanto que ela vai ter muito mais o que fazer do que se preocupar com todas as mulheres que dividem a sua cama. - Por alguns segundos senti os olhos dele lendo os meus. Preciso dizer que isso me assustou muito? Porém aconteceu em uma fração de segundos. Em seguida ele já estava com a cara enfiada novamente no notebook.

– Isso é inveja, Cat. O magrelo sempre tem que fazer uma piadinha que só ele entende, sobre minha vida particular.

– Nada em você é particular pra mais da metade das mulheres do mundo, Thomas! - Bernardo disse sorrindo muito inocente o que fez o ego de Thomas inflar. - De repente, de alguns homens também. Vai saber...

Eu tive que rir depois dessa e acho que isso intensificou a raiva de Thomas. Ele conseguiu saltar por cima de mim e grudar no pescoço de Bernardo. Levantei tentando ver o melhor modo de separar os dois. Tarefa impossível, pareciam duas crianças que cresceram demais. O engraçado que a única abalada com isso era eu. Lanza continuava em sua “árdua” tarefa sem nem mesmo piscar. Como se pessoas se matando fosse algo muito corriqueiro. Então a porta se abriu e Pedro surgiu sorrindo. Seu sorriso murchou aos poucos ao se deparar com a cena. Imagino a visão que ele teve. Bernardo vermelho no chão, com Thomas por cima com uma mão no pescoço dele e outra socando sua costela. E eu no meu melhor estilo “completamente lesada” pulando de um lado pro outro tentando separar a briga.

– EU NÃO POSSO DEIXAR MINHAS PUTINHAS SOZINHAS UM MINUTO QUE ELAS JÁ FAZEM MERDA! - Ele gritou e eu parei com os olhos arregalados como se fosse a criança culpada ali. Pedro puxou Thomas pela gola da camisa e Bernardo pode respirar aliviado. - Que porra é essa?

– Essa bicha do D`Avilla cara! Ele é maluco! Todo mundo sabe que esse cara nunca foi normal.

– Se você abrir sua boca de novo Martinez, eu arranco suas bolas e faço você engolir elas.

A ameaça pareceu surtir efeito, Bernardo calou a boca.

– Adoro quando as nossas brigas terminam com um chamando o outro pelo sobrenome. - disse Lanza rindo, sem tirar os olhos do que fazia. Definitivamente, só para mim ele não sorria.

– Mas essa porra acabou agora. - Disse Pedro e se voltou para mim. - Você está bem Baby Doll? - Todo mundo vai me dar um apelido aqui? Meu nome é tão difícil assim de gravar? Seis letrinhas?

– Estou sim, não se preocupe.

– Me desculpe por isso. Acontece sempre, não vou mentir. Mas logo no primeiro dia de contato com agente, presenciar essa babaquice. Sinto muito.

Ele parecia realmente chateado, o que foi incrivelmente fofo. Mais cinco minutos desse Pedro preocupado e eu infarto.

– É serio, não foi nada. - disse sorrindo.

Engraçado é que nesses segundos em que minha atenção estava voltada ao Pedro, Thomas e Bernardo já estavam bebendo e rindo juntos. Preferi ignorar.

– A Lara pediu mil desculpas, mas teve que ir. Ela não está se sentindo muito bem e achou melhor ir para casa. Mas amanhã ela vai à sua casa conversar com sua mãe. Precisamos da autorização dela, afinal..

– Como assim autorização da minha mãe?

Ele balançou a cabeça e sorriu. Aquele sorriso cheio de covinhas que só ele tem.

– Baby Doll, menores de idade não podem sair em turnê com astros pervertidos do rock. Sua mãe precisa assinar alguns papéis...

– Para tudo. - Eu disse levantando as mãos - Quem é menor de idade?

– Você! - O Lanza se manifestou olhando para mim entediado.

– Mas eu não sou menor de idade. Eu tenho vinte anos.

Thomas que estava com a garrafa de cerveja na boca, cuspiu tudo o que tinha acabado de beber quando eu falei.

– Como disse??? Vinte? Mentira...

– Eu jurava que você tinha uns dezessete.

– Desculpa Bernardo, mas eu não sei se isso foi um elogio ou não.

– Elogio com certeza - Ele disse sorrindo. Se antes Lanza me ignorava, agora não parava de me encarar. Esse lance meio psicopata estava começando a me dar calafrios, mas resolvi que o melhor era deixar para lá.

– Eu disse que evita constrangimentos pedir pelo menos a ficha pessoal das pessoas que participam de um concurso. - Disse Thomas com sorriso brilhante. Às vezes seus argumentos são bem coerentes.

– Já que é assim...- Pedro foi até o frigobar e tirou duas garrafas de cerveja, abriu com os dentes na melhor pose “sou macho pra caralho” e me estendeu uma. - Vamos comemorar isso ao melhor estilo.

Eu peguei a garrafa um pouco sem graça. “ Então, bem vinda a família, Baby Doll.” Disse Pedro brindando comigo, logo os outros brindaram também. Dei um gole na cerveja tentando disfarçar a vontade doida que me deu de chorar. Eu sonhei com ele dizendo isso à minha humilde pessoa milhares de vezes.

Noite adentro e eu estava começando a estranhar só estarem eles ali e mais ninguém. Começamos a jogar uno. Ganhei algumas vezes o que fez o Bernardo ficar um pouco sentindo, já que ele não ganhou nenhuma. E por incrível que pareça, Lanza deixou de lado o note para ficar conosco. Quando eu levantei para pegar outra cerveja, senti uma presença nas minhas costas. Alguém pousava as mãos em minha cintura. Logo, seus lábios sussurraram em meus ouvidos:

– Vinte hein... Sonho de consumo de qualquer homem. Rostinho de anjo mas com idade o suficiente para se meter em encrencas. E o melhor, nem dá cadeia...

Como? Era o Lanza mesmo que estava falando aquilo? Vamos levar em consideração que algumas horas atrás eu achava que ele me odiava e agora ele falava esse tipo de coisa para mim. Normal? Não mesmo. Não me julguem por favor, mas eu não estava conseguindo pensar. Ele estava bêbado. Eu estava bêbada. E aparentemente, ninguém estava nos dando confiança. Fora que, vamos falar abertamente, Pedro Gabriel segurando a sua cintura e falando esse tipo de coisa no seu ouvido... tem como resistir? Eu virei de frente para ele e fiz minha melhor cara de não entendi o que você disse. Coloquei meu cabelo atrás da orelha e o encarei. Nossos corpos estavam muito próximos e o meu rosto estava em seu queixo. Juro que se eu, em cinco minutos não tivesse aprendido a me controlar eu tinha estuprado ele, sério.

– Como assim? Juro que não entendi.

– Eu posso fazer você entender - Ele apertou minha cintura e involuntariamente eu mordi meu lábio inferior. Ele sorriu. Tinha me ganhado. Ele abriu um pouco mais a perna, o que fez seu rosto ficar na altura do meu. Por que ele demorava tanto? Estava me torturando, só podia ser. Então finalmente ele inclinou seu rosto em minha direção, eu sentia sua respiração quente contra meus lábios. E finalmente seus lábios... Seus lábios quase encostaram no meu.

Bem nessa hora meu celular tinha que tocar e o pior, fazer com que todos olhassem na minha direção e pior ainda, Lanza não se moveu nem um centímetro.

– Não vai atender? - Pedro disse do outro lado da sala com o rosto confuso de quem tenta entender uma situação. Eu consegui empurrar um pouco o Lanza e tirei meu celular do bolso.

– Oi?

– Claire sua louca, onde você está? Tá ficando maluca? Sabe que horas são por acaso? E você não atende essa merda desse celular.

– Calma Alex! - Eu esqueci completamente do coitado do meu melhor amigo. - Me desculpa mesmo. Eu tive um imprevisto.

– Então onde eu te encontro?

– Você ainda está na rua?

– Estou na frente do clube.

– To indo aí. Beijos.

Desliguei o telefone e me voltei para os meninos.

– Eu preciso ir. Eu tenho que encontrar meu amigo.

Lanza bufou, pegou outra cerveja e se jogou no sofá, emburrado.

– Cat... Logo agora que você ia começar a se divertir, apesar do seu péssimo gosto. - Ele olhou para mim sorrindo e depois para Lanza que tomou metade da garrafa em um gole só. Às vezes, só às vezes, o Thomas perde a oportunidade de ficar calado. Eu fiquei muito vermelha. Bernardo, graças a Deus estava desmaiado na mesa. Menos um pra me fazer passar vergonha. E Heitor não apareceu a noite toda, portanto se eu tivesse sorte, ele nunca ia saber sobre isso.

– Vocês vieram de carro? - A voz de Pedro era muito fria. Bem diferente de quando o conheci.

– Não. - Balancei a cabeça negando.

Ele se levantou tirou as chaves do bolso, colocou os óculos e foi caminhando em direção a porta.

– Vamos - E assim eu fui, seguindo um Pedro muito, mas muito estressado.

Dia maluco esse. Conheço meus ídolos, descubro que vou trabalhar com eles, quase dou uma de puta e agarro um deles. E termino seguindo o suposto homem, que é casado com outra, da minha vida.

Maluco... Mas bem proveitoso, não?