Fanfic: Menina Veneno | Tema: Restart
Pov’s Lanza
Um barulho irritante insistia em perfurar meus tímpanos.. Merda de toque do inferno. Comecei a tatear a mesinha de cabeceira em busca do meu celular. Quando o achei nem me dei ao trabalho de tirar o travesseiro da cara. Enfiei ele por baixo do travesseiro mesmo e encostei o celular no ouvido.
– Fala, porra!
– Bom dia para você também, meu querido amigo magricelo. - A voz de Thomas latejou dentro da minha cabeça. Nunca pensei que a voz dele fosse tão irritante.
– Cara sem sacanagem, eu tava dormindo pô...
– Nem tinha notado. Tá de ressaca né? Bebeu muito pra conter a frustração, não é?
– Não sei do que você está falando. - Eu até sei, mas é melhor me fazer de desentendido. Aquela garota me deixou literalmente na mão.
– Não sabe não é? Entendo você. Enfim, só liguei pra avisar que eu to indo buscar a ruiva gostosinha que você quase pegou ontem.
– E eu com isso Thomas? - A melhor coisa nesses momentos é a indiferença, apesar de alguma coisa me incomodar no que ele acabava de dizer.
– Você meu caro amigo palito, nadinha. Já eu? De repente faço a ruiva perceber a burrada que ela ia fazer ficando com você. E dou a ela, a chance de ter a maior e melhor experiência sexual da vida!
Meu estômago revirou. O que provavelmente era efeito da bebedeira passada, misturada a outras coisas que agora nem vem ao caso.
– Era somente isso que você tinha a me dizer? Já posso voltar a dormir?
– Pode sim. Só não esquece que às dez da noite nós já teremos que estar dentro do ônibus. Você não vai querer o Pedro putinho com você, não é? Ele tá um pouco tenso com esse lance de ter uma fã com agente. Vamos tentar não irritá-lo. Pelo menos não muito...
A imagem de Pedro irritado era um pouco assustadora. Quando nós éramos crianças, era fácil lidar com as crises raivosas do cara. Ele era mirradinho. Mas e agora? Agora ele era um monstro gigante e ninguém gostava de ficar por perto quando ele começava a gritar.
– Falou cara. Pode relaxar, às dez eu to dentro daquela porra. - E desliguei o telefone.
Até tentei voltar a dormir. Mas havia algo que me incomodava profundamente. Levantei e fui até o banheiro. Minhas mãos em formato de conchas jogavam a água gelada da torneira contra o meu rosto e então me olhei no espelho. Eu estava horrível. Minhas olheiras estavam mais fundas do que nunca e meu cabelo uma droga. Que falta fazia a Shopia, ela resolveria isso em dois tempos. Apesar de tudo, era uma ótima cabeleireira.
Ri dos meus pensamentos. Que coisa idiota de pensar da sua ex-namorada. E para que eu estava tão preocupado com a minha aparência? Era só o inicio de mais uma turnê. Eu não iria precisar me preocupar com isso enquanto estivesse trabalhando dentro daquele ônibus. E nos shows, nós sempre temos uma equipe de apoio maravilhosa que por pior que estejamos, sempre nos fazem parecer perfeitos. Talvez eu soubesse por que eu estava tão preocupado. Talvez eu quisesse chamar a atenção de uma certa pessoa...
Sai do banheiro e me atirei na cama. Flashes da noite passada não saiam da minha cabeça. Aquele sorriso, o jeito que ela joga os cabelos... A boca dela, tudo em Claire me deixava maluco desde a hora em que entrei naquele camarim.
Comecei a rir sozinho quando lembrei que jurava que ela tinha uns 16 ou 17 anos. Mas pudera. Nunca vi mulheres de 20 anos com aquele ar angelical e inocente que ela tem. Eu nem cheguei a conversar com ela, não flertei, simplesmente imprensei a garota do nada. Eu falei a verdade para o Pedro, eu não conseguia raciocinar. Eu a vi de costas para mim, e o desenho que as curvas dela faziam era de deixavam qualquer um louco. Pelo menos me deixava louco. Então apareceu um pouco da pele dela pela barra da blusa quando ela se inclinou para pegar a cerveja e maldição! Eu só queria sentir aquela pele perfeita e aveludada de encontro a minha.
Só de pensar nisso, certa parte do meu corpo começava a dar sinal de vida e isso era atitude de adolescente, não de um cara com quase 25. Tem alguma coisa nessa garota que tá me descontrolando e o pior de tudo, eu to gostando de ficar descontrolado.
Pov’s Claire
E para todos aqueles que acharam que depois que Pedro me deixou em casa eu revirei na cama até pegar no sono... Parabéns. Porque foi exatamente isso que aconteceu. Não conseguia pegar no sono de forma alguma. Também pudera. Foram muitas emoções para um coraçãozinho tão fraco como o meu. Enfim quando estava mais do que claro eu consegui pegar no sono. Mas esse sono foi interrompido 3 horas após com minha mãe entrando no quarto e abrindo as cortinas.
– Bom dia amor! - Se ela soubesse o estado deplorável no qual eu me encontrava ela não faria isso comigo. Abri os olhos contrariada e minha voz por pouco não saia.
– Bom dia mãe.
– Valentine, meu anjo. - Só minha mãe me chamava de Valentine - O porque dessa cara? Achei que você tinha se divertindo ontem.
– Me diverti sim...- Disse me sentando na cama. - Só não consegui dormir... Mãe, eu tenho que te contar...
– Já sei querida. A promoção. Eu já estou sabendo. Uma mulher ligou para cá o dia inteiro atrás de você, e a noite aquele rapaz do pôster no seu armário, aquele que fica escondido, ligou e me explicou o porquê estavam lhe procurando, aí eu disse onde você estava.
– Ué... Como a senhora sabe do meu pôster? - Então reformulei a pergunta. Era óbvio que mamãe mexia nas minhas coisas. Nunca existia privacidade em uma casa em que se encontrasse Kátia Collins - Como a senhora sabe que era o Pedro, mãe?
– Minha filha! - Ela me olhou fingindo que estava ofendida. - Há 5 anos eu escuto esse homem berrar no meu ouvido, impossível não reconhecer... E ele se apresentou - ela completou - Vamos tomar café da manhã. Você precisa de um... Está com a cara horrível...
Me levantei da cama e acompanhei minha mãe, pronta para fazer um escândalo e dizer que o Pedro não berrava... Era meu lado fã psicopata entrando em ação então, preferi reprimi-lo.
Aproveitei o máximo do dia com a minha mãe dentro de casa. Falei para ela sobre meus planos para o site dos meninos. Eu queria que fosse algo intimista. Um fã site baseado em informações quentíssimas. Afinal, seriam aprovadas por eles. Seria a visão de um fã, sobre seus ídolos sem ser infestado de rumores. Eu queria postar o cotidiano deles, vídeos que mostrassem eles sob a minha perspectiva. Minha mãe estava feliz por mim é claro, mas eu notava certo incômodo em sua voz. Meus dois irmãos já estavam casados e com suas próprias famílias para se preocuparem. E eu, a única filha mulher, me sentia na obrigação de cuidar da minha mãe desde que meu pai morreu. Até enquanto cursei a faculdade no Rio de Janeiro, todo o fim de semana estava aqui. Lógico que essa necessidade de cuidar da minha mãe, me anulou um pouco. Eu não corri atrás de nada que eu queria, e perdi inúmeros namorados por conta de nunca poder estar com eles. Mas agora era minha hora. E acho que no fundo, minha mãe sabia disso.
Tomei um banho e coloquei um short bem curtinho cinza, mas que era muito confortável. Peguei uma blusa imensa do Garfield que ficava gigantesca em mim e a coloquei. Ela cobria meu short e isso fazia que parecesse que eu não vestia nada além da blusa. Mas eu estava dentro de casa. Se alguém não quisesse ver minhas pernas branquelas, que não fosse lá, certo? Desci as escadas e fui para sala assistir TV. E para minha felicidade estava passando a maratona da terceira temporada de True Blood. E eu como boa viciada que sou nessa série, me sentei esparramada no sofá, abraçada ao travesseiro, com um sorrisão na cara toda a vez que Eric Northman aparecia. Ai ai... Não tem como não suspirar vendo Alexander Skarsgard.
A campainha tocou e eu amaldiçoei até a décima geração do infeliz que estava na porta. Como minha mãe não apareceu, eu fui obrigada a ir atender. Quando abri a porta com o pior humor do mundo dei de cara com Thomas e Bernardo.
– Wowwww! Cat! Já disse que sou fã do Garfield?... Se você tem o costume de atender as pessoas sempre assim, eu faço questão de tocar sua campainha dia e noite, baby.
– Eu to de short por baixo palhaço.
– E ela é nossa fã hein... Imagina se não fosse...- Disse Bernardo sorrindo.
– É a confiança meu caro amigo pigmeu. A confiança só faz duas coisas: divida e filho! E aí Cat? Quer tentar a segunda opção comigo? - Disse Thomas arqueando uma sobrancelha para mim. Ele era sexy sim, sem dúvidas, às vezes inconveniente. Mas era engraçado com toda a certeza
– Vocês querem entrar por favor, e parar de ficar falando sacanagem na minha porta.
– Claro Claire, agente pode falar sacanagem aí dentro se você prefere assim. - disse Bernardo que me deu um beijo estalado na bochecha e entrou seguido de Thomas, que logo puxou minha mão me arrastando junto com ele.
– Eu juro que não sabia que vocês viriam a essa...
– TÁ PASSANDO TRUE BLOOD !!! - Bernardo exclamou e se sentou no sofá olhando hipnotizado para a televisão.
– Você gosta? - Eu perguntei já com um sorriso se formando no meu rosto. Tudo o que um fangbanger precisa é encontrar outro fangbanger para poder falar horas sobre os livros e a série.
– É lógico! Eu sabia que você era foda no momento em que te vi garota!
Sentei ao lado de Bernardo e Thomas. E ficamos os três assistindo a série até que minha mãe se reuniu a nós na sala. Os apresentei, ela adorou os meninos o que a animou o suficiente para que fosse para a cozinha preparar alguma coisa para agente comer.
– Sua mãe é demais, Cat. - Disse Thomas, já se sentindo em casa. A jaqueta que ele vestia já estava jogada na poltrona ao que ficava ao lado do sofá. - Mas eu ainda não entendo o que vocês vêm de tão divertindo nessa série.
Eu e o Bernardo o encaramos sérios e então ele percebeu que era melhor não continuar o assunto... Ele era minoria. Se acomodou no sofá e me puxou para que eu deitasse minha cabeça em seu peito. Era muito cômodo estar ali. Ele era quente e seu perfume muito gostoso. Não pensem que era um ato maldoso, de forma alguma. Era mais acolhedor do que qualquer outra coisa.
Apesar de que qualquer um que presenciasse a cena não compreenderia. Eu deitando minha cabeça no colo do Thomas, enquanto ele fazia carinho em meus cabelos e Bernardo, completamente deitado no sofá com a cabeça em minhas pernas. Me sentia segura entre eles e foi então que percebi, e algo no meu inconsciente me informou que por mais que Thomas falasse aquelas besteiras todas para mim e Bernardo fosse sei lá... O Bernardo, eu seria amiga deles. E poderia contar com eles sempre.
Engraçado, eu sempre achei que os conhecia. E é essa a sensação que todo fã tem com relação ao ídolo. Mas naquele momento foi diferente. Eu não achava, eu tinha certeza de que os conhecia. Deve ser algumas coisa de outra vida, ou qualquer besteira desse tipo.
Lá pelo quarto episódio... Já eram umas oito da noite o celular do Thomas tocou atrapalhando meu momento especial. Ele atendeu o telefone, sem tirar os olhos da TV. Depois que ele viu a primeira cena de sexo da serie, ele mudou um pouco de ideia sobre gostar ou não...
– Olá Munhoz... Estamos na casa da Claire ué... Não foi o que você falou pra gente fazer?... Sim... nós vamos estar no ônibus as dez, cara. Que saco... Você tem estado muito estressado cara! Isso é falta de sexo, você sabe disso não é...
Eu estava perto o suficiente de Thomas, pois ainda me encontrava deitada em seu peito , para ouvir uma voz rouca, minha velha conhecida gritar um sonoro “Não fode, Thomas!”
– Mas eu to fodendo, cara... Quem não fode é você! Sacou... Por isso você ta assim... Tá.. Já estamos indo. - E ele desligou o celular. - Cat, me desculpe, mas temos que ir. - Eu me levantei e o encarei
– Agora? Então vamos falar com a minha mãe, comer o que ela fez, e agente vai. Tudo bem?
– Lógico... Você não achou que íamos embora sem comer aquilo que ta cheirando bem pra cacete que vem da cozinha? - Ele me encarou rindo
– Chocolate, e é bolo... E deve ter calda, porque eu senti cheiro de calda. - Disse Bernardo inspirando fundo com os olhos fechados.
– Hey!! Agora você me assustou cara. Incorporou quem aí?
– Idiota... Só estou com fome mesmo. Você não me deixou almoçar!
Fui para a cozinha e eles logo me seguiram. Comemos o bolo de chocolate, que por sinal realmente tinha calda. Conversamos um pouco mais com a minha mãe e então fui buscar minha mochila. Já tinha preparado antes de dormir. Tinha tudo o que eu precisava ali dentro e como eu iria receber por semana, era uma das informações que constavam no site do concurso, o que eu precisasse a mais eu compraria ao longo da vagem. Coloquei uma calça jeans clara e uma camiseta regata branca que deixava aparecer a alça do meu sutiã preto. Meu all star xadrez no pé. Afinal sem ele eu não sou ninguém , e desci.
Nos despedimos da minha mãe, que já estava quase desidratada de tanto chorar. A abracei com força e disse que ligaria todos os dias. Ela deu um beijo em cada um dos meninos. E tinha que soltar a famosa pérola “ Cuidem bem do meu bebe, ouviram?”
Thomas sorriu.
– Pode deixar senhora Collins... - Ele disse me abraçando - Vamos cuidar direitinho do seu baby - E então sussurrou no meu ouvido - Se bem que você prefere que o Lanza cuide de você, não é mesmo? - Arregalei os olhos e entrei no banco de trás do carro. Thomas assumiu o volante e Bernardo o carona. Quando ele deu a partida, Bernardo me olhou pelo retrovisor, viu minha cara vermelha e depois olhou pro Thomas.
– Você sacaneou ela com a história do Lanza, não é? - Disse balançando a cabeça.
– Você já sabe disso também... Mas você estava dormindo... - Eu disse quase que desesperada e Thomas também me olhando pelo retrovisor me informou muito calmo.
– Cat... Tem algumas coisas que você vai ter que se adaptar. Uma delas é que nada é segredo por muito tempo quando você esta cercado de amigos de infância. É quase uma corrente sabe. Mas pode confiar na gente. Prometo não te zoar na frente de estranhos.
– Isso é tão tranquilizador... - respondi irônica e eles riram. Bernardo se virou no banco de frente para mim.
– Pode relaxar Claire, nós somos legais... E só para você se sentir melhor, hoje a gente não vai ter nada para fazer mesmo, podemos assistir True Blood na sala de TV do ônibus a noite toda. A tela é grandona e o som digital...
Eu fui obrigada a sorrir depois dessa. O Bernardo era muito fofo. Ele sorriu para mim, e eu quase chorei. O sorriso era tão verdadeiro, aqueles sorrisos que você pode estar com mil pedras pra tacar no dono, ai ele sorri e te desarma por completo.
Autor(a): gabbe
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