Fanfic: Gotta Be You | Tema: One Direction
–Louis! –sussurrei, passando pela porta do quarto que se encontrava aberta... Não, ele a deixou aberta!
Ele não respondeu.
–Boo Bear! –cantarolei e nada.
Minutos se passaram.
Nada.
Tentei novamente.
–Louis! –um pouco mais alto, mas ele não pareceu ouvir.
Algo caiu no chão e eu resolvi entrar.
Louis estava abaixado, catando cacos de vidro molhados pelo vinho que ele tomava.
–Louis! –disse alto o suficiente para que ele finalmente ouvisse, ou parasse de me ignorar.
–O que você faz aqui? –sua voz era áspera, intocável, rígida... Ignorante...
–Estão todos preocupados! –disse, me aproximando e o ajudando a catar os cacos.
–Eu não quero falar com ninguém no momento...
–Então porque veio para cá?
Ele me fita confuso e recua quando nossas mãos quase se tocam para pegar o cabo da taça estilhaçada em mil pedaços.
–Porque eu sabia que só você viria.
Estou em pedaços.
Sua voz soa calma e ligeiramente boba novamente, como sempre fora.
Eu tomo coragem suficiente para levantar o olhar.
Nossos olhos se encontram e eu desvio rapidamente e continuo a juntar os cacos.
–Você acha que está em condições de conversar agora? –pergunto hesitante.
–Ai! –murmura quando um dos cacos corta suas mãos.
–Me deixa ver! –digo. Puxo suas mãos fechadas em volta do caco para perto de mim e as abro com cuidado. –Louis, não aperta... Você vai se machucar!
–Me machucar mais? Isso é possível?
–Boo...
–Não me chama de Boo Bear! –interrompeu.
–Olha, o que eu sinto por você não mudou...
–O que tinha entre a gente mudou! Eu não quero voltar pra...
–Eu não vou te obrigar a voltar pra mim, Louis! –interrompi. –Eu não vou te obrigar a nada... –disse no tom mais convincente que consigo. –Inclusive... No dia em que se interessar em conhecer seu filho, você pode me procurar, porque eu não vou ficar esperando por você! –me levantei, me desfiz dos cacos e de repente estava envolta em seus braços.
–Eu sinto sua falta! –suspirou em meu pescoço.
–Então porque não para com essa teimosia?
–Porque eu tenho medo... Medo de tentar de novo e ser magoado de novo. –ele disse passando as mãos sujas de sangue pela minha cintura sem se importar se mancharia minha roupa ou não e me virou.
–Eu juro fazer o possível...
–Eu não consigo acreditar... –Louis disse de um jeito tão... Não consigo encontrar palavras para descrever, então simplesmente me afastei.
–Se você não quer tentar de novo, porque faz isso comigo? Porque insiste em me torturar? Você sabe o que eu senti quando te ouvi dizer que não voltaria? Eu pensei em varias formas de me matar sem machucar esse maldito bebê que você enfiou na minha barriga... Até porque, não sei se você se lembra, mas você ajudou a fazer essa peste. –eu estava fora de mim, dizendo coisas que eu não queria, mas que saiam pela minha boca sem que eu pensasse antes. –No dia em que o Justin me beijou... Eu pensei que tudo fosse acabar, mas eu pensei melhor e disse “O Louis vai entender”, mas não... Isso não é o tipo de coisa que se passa pela sua cabeça, coisas como “Ela não teve culpa” ou “O Justin quem a agarrou” ou até mesmo “Eu confio nela”... SABE O PORQUÊ? PORQUE VOCÊ NÃO ME AMA O SUFICIENTE PARA CONFIAR E ACREDITAR EM MIM!
–EU TE AMO MAIS QUE TUDO NESSE MUNDO! –ele gritou, me segurando pelos dois braços com força e me sacudindo.
–ENTÃO PEGA E PROVA, PORQUE EU NÃO VOU MAIS FICAR ESPERANDO PELO SEU PERDÃO! –gritei de volta e o empurrei. –ESSA CRIANÇA VAI SER BEM MAIS FELIZ LONGE DE VOCÊ E DE TODO ESSE INFERNO! –depois de gritar isso eu saí correndo e chorando.
Depois de dirigir a caminho do hospital chorando e socando o volante e o banco o carro de todas as maneiras eu desisti e mudei a trajetória, me dirigindo para a campina, em busca de substituir o aroma de cimento, concreto, poeira e aromas artificiais pelo doce e natural aroma do campo enfeitado por flores e mais flores.
Algo que eu nunca tinha percebido antes é que a campina ficava acima de uma ladeira... Isso justifica o fato de eu ter rolado campina abaixo com Harry me fazendo cócegas!
Eu deixei o carro lá embaixo e quando comecei a subir, ouvi um suspiro vindo de uma pessoa ao meu lado.
–Boa tarde! –disse uma garota com mais ou menos a minha idade, cabelos longos e castanhos que possuem as pontas loiras e enroladas. Seus olhos são de um castanho profundo e convidativo. Ela tem bochechas rosadas e não parece usar maquiagem na pele pálida e natural. Em seu rosto, marcas de uma adolescência perfeita e sem espinhas, apenas uma marquinha nas laterais do nariz, sugerindo que ela usara óculos, mas a voltinha transparente em volta de sua íris indica que ela resolveu substituí-los por lentes.
–Boa tarde! –respondi e sorri. Algo em seu rosto me permite dizer que ela é extremamente familiar.
–Você ia caminhar? –ela perguntou sorridente.
–Quer uma companhia? –disse, quase esquecendo a dor que eu sentia dentro de mim.
–Claro, meu nome é Laís... Laís Loureiro! –disse e me estendeu a mão para um aperto.
Eu já ouvi esse nome!
Ignoro esse pensamento e estendo a mão para apertar a sua.
–Eu sou Luiza Rosa! –respondi, tentando estampar um sorriso falso no rosto.
–Eu conheço esse nome de algum lugar! –disse.
–Você é inglesa mesmo? –perguntei.
–Nope, eu sou brasileira!
–Aleluia, alguém para falar comigo em português! –disse, erguendo as mãos para o céu como se dissesse “Finalmente esse dia chegou!”.
–Você é brasileira? –ela perguntou quase espantada.
–Sim... E eu já sei de onde a gente se conhece! –disse, meio surpresa por ainda me lembrar disso. –Você era aquela menina que sonhava em ser cantora que andava comigo e com Leticia! Nós éramos o grupinho do L como Jason dizia.
Sim, eu ainda me lembro disso como se fosse ontem...
*Flashback*
Lá estávamos nós, sentadas na árvore da esperança, ou, como Jason e seu grupinho maldito chamava, árvore das Lesadas.
Eu comia meu sanduíche de peito de peru com maionese e alface e tomava um suco de laranja, quando o grupinho de idiotas passou correndo e derrubou nossos lanches.
–Ei, olhe se não é o grupinho do L de Lesadas... HAHAHAHAHA! –caçoou Jason.
–Jason, cai fora! –murmurou Leticia, se levantando, já com raiva.
–Lettys, deixa ele! –disse calmamente e puxei Leticia para se sentar novamente. –Ele vai se ferrar quando eu contar pra Johanna! –disse e dei uma gargalhada.
–Own, ela vai se esconder atrás da professora! –caçoaram e soltaram uma risada.
Eu me levantei furiosa e empurrei Jason. Ele caiu com as costas no chão e todos começaram a me encarar.
–Se quiser implicar comigo, tudo bem, mas deixa a Laís e a Leticia em paz! Ouviu? –disse, pondo o dedo em sua cara.
–Luiza! Pare com isso! –gritou Johanna. –Você e o Jason, na minha sala, AGORA! –disse no tom sério e autoritário de sempre.
Depois daquele dia, as provocações diminuíram rapidamente, mas vez ou outra ainda acontecia.
–Qual é o motivo de eles implicarem tanto com a gente? –Laís perguntou, indignada.
–Não sei! –menti.
A verdade é que desde pequena eu sabia o motivo. Desde pequena nós tínhamos grandes sonhos. Desde pequena eu estava decidida a ser a melhor estilista que esse mundo já conheceu. Desde pequena, Leticia estava decidida a entrar para a Royal e mostrar que era a melhor dançarina. Desde pequena, Laís acreditou em seu talento com instrumentos e em na voz maravilhosa que tinha. Estava decidida a ser uma cantora.
Nós nos empenhamos para realizar isso até hoje.
*Flashback*
Nós caminhávamos campina acima, enquanto relembrávamos tudo o que ocorreu em cerca dos últimos 10 ou 11 anos.
–O que aconteceu?
–Ahn? –questionei confusa.
–Você estava chorando... A Luiza que eu conheci nunca chorava!
–Eu briguei com meu namorado e... –meu telefone começa a tocar. –Ah, espera só um minutinho... Eu preciso atender! –peguei o telefone no bolso e analisei o visor.–Alô? –disse ao atender o celular.
–LUIZA ROSA, ONDE VOCÊ ESTÁ? –Leticia grita.
–Me dá isso aqui! –ouço Zayn dizer e lutar contra ela pela posse do telefone.
–GENTE! –grito e ouço o telefone cair.
–Oi, Luh! –Liam diz. Sua voz calma e sem nenhum vestígio de stress.
–Oi, Daddy! –digo. –Aconteceu alguma coisa? –pergunto. –Onde vocês estão? –pergunto.
–Nada... Estamos na minha casa, mas é que o Zayn precisa ir pra casa, mas você tá com o carro dele.
–O que vocês estão escondendo? –pergunto.
–Nada, porque a pergunta?
–Porque eu to com o carro do Niall e não o do Zayn... Quando eu saí do hospital o Zayn nem estava lá! –digo.
–Foi o que eu disse... Niall! –diz ele.
–Tá, eu já to indo! –disse e mesmo sabendo que ele está mentindo, deixo-o pensar que me engana. –Agora são 17... Lá pras 19 ou 20 horas eu chego aí! –afirmei.
Nós nos despedimos e desligamos.
–Laís... O que você acha de conhecer uns amigos meus? –pergunto.
Eu dirigi até a casa de Liam, enquanto escutávamos algumas músicas e cantávamos.
–Lembra-se da festa de despedida de vocês? Pra qual só nós três fomos? –pergunto, rindo.
–Aquela foi demais!
–Era essa música que tocava naquele dia!
–Eu não acredito que você tenha músicas da Xuxa em seu telefone.
–Mas é claro que tenho, ela era nossa musa inspiradora! –disse, tentando recuperar o fôlego depois da crise de risos.
O telefone toca mais duas vezes, mas não faço questão de atender. Só olho de quem é a ligação quando estaciono de frente para a casa de Liam.
–Vem! –disse para Laís, ignorando o fato de que as duas ligações são de Louis.
–Ah... Sim...
–Não precisa ficar com vergonha! –disse e a abracei.
Nós fomos abraçadas até a porta e eu a chutei para abri-la.
–Meninos, eu quero que conheçam alguém! –gritei.
–Olá! –eles disseram em coro, mas eu vi que Harry está um pouco distraído... Ele estava... CORANDO? HARRY STYLES ESTAVA CORANDO?
–Meninos, essa é Laís! Laís, esses são Liam, Zayn,que eu não divido porque ele é meu bebê, né? –disse e apertei as bochechas dele. –E esse é o Harry... Que também é meu bebê, mas ele eu posso dividir! –disse, mas calei a boca quando ele me lançou um olhar assassino.
–Vocês perceberam que eu sou o único que não é nada, nem tem nada, né? –Liam disse.
–Você sabe que você é meu bebê também... Só que... –eu comecei a me enrolar e Zayn me salvou.
–Vamos comer? –perguntou. –Eu to com fome!
–Esse não é o bordão do Niall? –brinquei.
–Eu to te salvando... Não reclame! –sussurrou.
Um cheiro forte e um tanto enjoativo me prendeu a uma realidade submersa em meus pesadelos.
Eu comecei a bambear e tateei todos os lugares do cômodo até achar algo em que me apoiar.
–Luh, você tá bem? –ouvi Harry sussurrar em meu ouvido.
Estava submersa em meus pensamentos pesadelos.
Estava presa em um circo de horrores.
Estava a milhões de quilômetros da superfície, sem ar para respirar. Eu nadava afobada para a superfície na esperança de encontrar conforto.
–Que... –eu comecei, mas minha garganta se fechou.
Tentei não respirar pelo nariz e me senti um pouco aliviada.
–Que cheiro é esse?
–Acho que é uma sobremesa que Liam disse que faria.
–É... De que?
Estava lutando com todas as minhas forças contra minhas náuseas, mas não parecia exercer muito efeito.
–Acho que de framboesa. –respondeu.
–Ah, não...
Parei de respirar, convicta de que isso funcionaria contra as náuseas, mas de nada adiantava.
–Vem cá! Vamos tomar um ar lá fora!
Harry me levou para fora por uns minutos e o ar fresco e livre do aroma das framboesas me libertou das náuseas.
–O que foi aquilo? –perguntou.
–Eu tenho um “trauma” de framboesas. –respondi. –Quando eu era pequena, eu e as meninas sempre íamos para a fazenda do meu pai e ficávamos no pomar comendo as frutinhas. Um dia eu estava andando por lá e fui pegar umas framboesas e... Tinha uma cobrinha no arbusto e... Eu tenho certo... Pavor de cobras!
–E?
–Eu saí correndo e caí. Foi a primeira vez que quebrei o meu pé.
–Novamente... E?
–Eu tenho trauma de framboesas por causa da cobra.
Ele me encarou com um olhar indignado.
–Era por isso?
–Sim.
–Meu Deus... E eu achava que a fobia do Liam era estranha! –disse e me guiou de volta para dentro.
A casa já estava livre do odor das framboesas e eu fiquei feliz por isso.
O dia passou voando, mas pelo menos conseguimos aproveitar.
Niall e Leticia deram uma passadinha rápida, mas já foram embora há muito tempo, levando consigo seu carro.
Zayn teve de ir embora, mas aproveitou para dar uma carona para Laís.
Estamos apenas eu, Liam e Harry ficamos assistindo Atividade Paranormal 2.
O filme acabou e já estava tarde.
–Harry, você vai para casa? –perguntei.
–Vou, quer uma carona?
–Claro! Tenho que buscar minhas coisas...
–Como assim?
–Você acha mesmo que eu vou dormir na mesma cama que aquele idiota?
–Dorme na minha... –ele sugere e, de repente, não me parece uma ideia tão ruim assim. Eu acho que gostaria de ver a cara de taxo de Louis a me ver sair do quarto com... AH, MEU DEUS! O QUE EU ESTOU FALANDO?
–E você? –perguntei.
–A gente já dividiu um sofá, já dividiu uma cama de hospital, então eu acho que conseguimos dividir uma cama de casal! –ele disse.
TÁ, TALVEZ EU ESTEJA EXAGERANDO... O HARRY PODE TER MUDADO, NÉ? TO ERRADA?
Ele dirigiu até sua casa e quando chegamos lá, um choque me atingiu a espinha, ao ver que Louis estava saindo... Acompanhado...
Era uma menina um pouco mais baixa que ele, mas que usava um salto que a deixava quase do mesmo tamanho, cabelos castanhos e longos, partidos ao meio que pendiam até um pouco abaixo dos seios. Ela usava uma camiseta branca, uma blusa verde aberta por cima e uma calça jeans clara.
Reconheci aquele sorriso de longe. Eleanor.
Uma repugnante vontade de sair daquele carro e ir até aquela vadia garota e arrebentar ela me dominou, mas quando uma de minhas mãos alcançou a maçaneta do carro, Harry me puxou pela outra.
A porta se abriu e ele me puxou de volta, selando nossos lábios num beijo.
Eu demorei alguns longos minutos para processar o que acabara de acontecer e me afastei.
–O que você está fazendo? –disse e senti suas mãos em meu rosto enxugarem uma lágrima que escorreu.
–Evitando que você veja o que aconteceu! –ele sussurrou.
Nossos lábios, ainda próximos, se moveram algumas vezes na tentativa de dizer algo, mas nada saiu pela minha boca e um zumbido em minha mente não me permitiu dizer se algo saiu pela de Harry.
Ele se afastou e saiu do carro, lançando um olhar decepcionado para Louis, que retribuiu o mesmo e veio abrir a porta para mim.
–Você está bem? –sussurrou, me abraçando.
–Não exatamente... –suspirei e deixei que ele me guiasse até a soleira, onde Louis e Eleanor estavam de mãos dadas.
Eu fechei os olhos com força, evitando que a lágrima cedesse e caísse. Quando os abri novamente, esbocei um falso sorriso em meu rosto e entrei.
–Boa noite, lindinhos! –disse e deixei que Harry fechasse a porta. Ele sorriu, parecendo orgulhoso pela minha força de vontade ao não voar no pescoço dos dois.
Eu fui até o sofá e me joguei nele e esperei por Harry, que estava trancando a porta.
–Você está bem? –perguntou novamente, num baixíssimo e quase inaudível sussurro.
–Uhum! –murmurei, fechando minhas mãos com força para conter a tremedeira.
Ele me estendeu um copo d’água e se sentou ao meu lado, puxando meu corpo contra o seu, onde depositei minha cabeça e recebi um beijo leve.
Lágrimas de desespero e dor escorriam quentes pelo meu rosto, enquanto Harry acariciava minha cabeça.
–Pelo amor, não fica assim! –ele disse, afagando meu rosto.
–Você viu o modo como ele nos olhou... Ele queria que eu visse aquilo! –disse, enxugando minhas próprias lágrimas.
–Ele é um idiota e não sabe dar valor ao que tem! –Harry disse. Seu tom sério e consolador.
Ele continuou me consolando o resto da noite, já estava quase amanhecendo quando finalmente adormeci infeliz como nunca, mas confortável.
Isso era o mais engraçado! Nos braços de Harry, minha dor fluía e eu me sentia calma... Eu me sentia acolhida e confortável como nos de ninguém!
Autor(a): maria_horan
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