Fanfic: Paradise | Tema: The Wanted

                E de repente tudo ficou branco. Eu já não sentia mais nada, não sentia mais dor e tudo estava melhor. Não era para ser assim, eu preferia sentir a dor novamente a estar aqui, pelo menos eu estaria com ele. Sua voz ainda ecoava “não se vá Manu, fique aqui comigo. Por favor, abra os olhos...”. Eu quero voltar, como eu faço para voltar?

                Mais ou menos, dois anos antes

                Meu nome é Emanuela, mas ninguém me chama assim, sou Manu. Moro em Jersey, uma ilha na costa da França, mas nem sempre morei aqui. Nasci em Southampton, Inglaterra. Não que eu me lembre disso, nos mudamos um tempo depois que nasci. Minha mãe é inglesa e meu pai é francês. Uma linda historia de amor que minha mãe sempre me contava antes de dormir, era melhor que os contos de fadas.

                Foi amor à primeira vista, se conheceram em um programa de intercambio. Ele disse que não consegue esquecer a primeira vez que a viu, ela estava sentada na mesa conversando com suas amigas quando o novato intercambiário entrou no refeitório. Claro, ele não conhecia ninguém e não quis chamar muita atenção, mas quando ele olhou para ela foi como se sua vida tivesse começado ali.

                Ela diz o mesmo, quando seus olhos se cruzaram seu coração disparou e ela sorriu, apenas sorriu. Ele se aproximou se apresentou e ela decidiu lhe mostrar a escola. Eles conversaram, mas nada aconteceu. Tornaram-se grandes amigos, melhores amigos e depois de um ano ele tinha que voltar para França. Ali ela sentiu seu mundo desabar e queria que ele ficasse, e ele queria ficar.

                Eles fizeram uma promessa, quando formados se encontrariam numa data especifica, numa hora marcada no lugar que se conheceram. E foi assim, dois longos anos se passaram e quando o dia chegou lá estava ela a espera, ele chegou pontualmente e eles souberam que seria para sempre. Eles começaram a namorar e apesar da distancia eram fieis e assim seguiram até se formarem, foi quando ele a pediu em casamento, um ano depois de casados eu nasci e eles resolveram se mudar para cá. Jersey, cidade de St. John.

                É claro que com essa linda historia dos meus pais eu espero veemente que aconteça comigo algo assim, na verdade eu quero que aconteça. Eu quero sentir esse tipo de amor avassalador que enfrenta tempo, distancia e qualquer coisa que se coloca no caminho, quero me sentir viva, apaixonada, completa... feliz.

                Mas é claro que não espero encontrar isso aqui, nessa ilha. Sempre sonhei grande, quero sair daqui assim que possível, Inglaterra, França, Estados Unidos... O mundo é o limite. Não que Jersey seja ruim, se você gosta de cidades calmas é ótimo, as praias são lindas, mas ao redor só água, não tem como fugir facilmente disso tudo. Olhe para Paris... Quanta coisa em volta, quantos países para se fugir rapidamente.

                Era só mais um dia normal em St. John. O sol nascia e decidi pegar o carro e dirigir para a praia. Alguns minutos e estava na praia. O nascer do sol era magico, dava vida, estava sentada em uma das pedras como eu fazia todo ano nessa data. Ficava imaginando como seria o futuro, no começo minha mãe sempre me trazia aqui, com a idade passei a vir caminhando, a primeira vez minha mãe achou que tinha fugido, mas agora já é costume, pego o carro e venho para cá. Sento nessa pedra e fico aqui por longos minutos, diria até horas.

                Olhar o horizonte é ter um pouco de incerteza. Desde que eu lembre já mudei muitas vezes meu futuro, essa é a única data do ano que gosto de planejar meu futuro, o resto do ano eu vivo o momento, aproveito a oportunidade às vezes penso em quebrar esse tabu e vir nessa pedra planejar outra coisa, mas sempre que chego não parece ser a mesma coisa.

                – Sabia que estaria aqui. – sorri ao ouvir minha mãe se aproximando.

                – Não poderia deixar de vir... – estava abraçada com meus joelhos, ela se sentou ao meu lado.

                – Tudo está para mudar minha filha, você sabe disso...

                – Eu sei... Só tenho medo do incerto. Olhar para esse horizonte me da confiança, sabendo que há um mundo além de Jersey, mas ao mesmo tempo me dá medo. Não sei o que vou encontrar por lá.

                – Encontrará tudo de melhor, e tudo do pior. Ninguém disse que a vida seria fácil. – ela me abraçou – Agora você já tem 19 anos e é sua vez de enfrentar o mundo com todas as forças.

                – Recebi uma carta ontem... De Paris... Passei para direito em Sorbonne...

                – Sério? Que ótimo minha filha...

                – Mãe... Não quero isso...

                – E o que você quer?

                – Não sei... Quero conhecer o mundo, não conheço nada e quero descobrir tudo...

                – Tem certeza? Sorbonne é uma ótima faculdade...

                – Absoluta...

                – Então acho que está decidido. Você vai conhecer o mundo filha. – ao dizer isso ela beijou minha cabeça e ficamos mais um tempo ali admirando o mar.

                Assim que voltamos para casa dei um beijo em meu pai e lá me esperava um lindo presente de aniversário. Minhas amigas também estavam lá, e alguns amigos também. Abracei todos. Ficaram lá para almoçar e depois fomos comprar algumas coisas na rua. Abriria meus presentes quando voltasse.

                Andamos, conversamos, tomamos sorvetes e logo já estava em casa novamente. Fui para meu quarto e decidi abrir meus presentes. Tinha muitas roupas, sapatos e enfim o presente dos meus pais. Abri-o e não acreditei no que via. Sai pulando pela casa a procura dos dois e os abracei fortemente.

                – Obrigada, obrigada, obrigada.

                – De nada filha. Está na hora de você conhecer a cidade onde nasceu... – meu pai dizia.

                Olhei a data e a passagem seria para daqui a uma semana, corri para o quarto e comecei a me preparar para viajar, avisei minhas amigas e todas ficaram eufóricas. Nunca saímos da ilha, o máximo que saímos de Jersey foi para França em uma excursão, e mesmo assim não podíamos fazer nada. Agora eu iria para Southampton, sozinha. Não via a hora de chegar à viagem.