Fanfic: Paradise | Tema: The Wanted

                – Seu idiota. Queria tanto que estivesse aqui comigo...

                Sentei-me ao lado da pedra e encostei a cabeça ali. Sentia saudades do meu amigo, depois dele foi muito difícil de confiar em outro homem. E por alguma razão eu confiava muito no Jay e no Tom. Sabia que eu podia contar qualquer coisa para eles, principalmente para o Jay.

                – Jay? – resolvi ligar para ele.

                – OOOI. Como você está?

                – Bem... Só preciso conversar, sei lá...

                – O que aconteceu?

                – Sinto falta de um amigo... E como você é o único que me escuta eu queria pelo menos ouvir sua voz hoje.

                – Não sei nem o que dizer...

                – Não precisa... Vou desligar...

                – Hey... Vai ficar bem?

                – Não sei... – Desliguei o telefone, já tinha ouvido a voz dele e foi suficiente para me fazer sentir melhor.

                Fiquei um tempo ali olhando as ondas, não pensando em nada. Decidi ligar para Nathan, como ele foi embora sem se despedir de mim? Liguei e no terceiro toque ele atendeu.

                – Nathan...

                – Oi...

                – Como você foi embora e não se despediu?

                – Desculpa... Você se trancou no quarto e não quis te incomodar... Mas a viagem foi tudo bem tá?

                – Chato. – acabei rindo – Foi bem mesmo?

                – Foi sim... Só Jay que me ligou agora pouco dizendo que você estava estranha...

                – É... To um pouco carente hoje...

                – Onde você tá?

                – Na praia... Naquela onde encontraram o carro do Dylan...

                – Entendi...

                – Que foi?

                – Nada por quê?

                – Sua voz mudou...

                – Você ainda gosta dele né?

                – O pouco que tenho da minha memoria... Como amigo sim... Por alguma razão desde o acidente não sinto mais... Paixão?

                – Mesmo? – podia ver um sorriso se formando no rosto dele

                – Sim... Quem sabe quando recuperar toda minha memoria eu saiba por que isso... Vou desligar, qualquer coisa liga...

                – Você também. Beijos

                Desliguei o telefone e voltei minha concentração. Queria me lembrar do que tinha acontecido nesses dois anos. Voltei então para a lembrança do meu aniversário, logo depois embarquei na balsa e estava indo para Southampton. Chegando lá conheci muitas pessoas, incluindo amigos da minha mãe.

                Tirava foto com todos e de tudo. Consegui visitar a escola onde meus pais se conheceram, onde mais tarde foi cenário de um pedido de casamento. Fui à igreja onde se casaram e ao hospital que nasci um ano depois. Depois procurei a casa onde morei por três meses e ela estava à venda. Que vontade de compra-la. Isso tudo foi cerca de um mês eu acho.

                Depois segui viagem para Hastings, escolhi pelo nome. A cidade era simplesmente linda, as praias, as construções tudo. Não conseguia achar muitas palavras para descrever as cidades, honestamente sou péssima com palavras.

                Segui para Crawley, fui para lá por causa do nome também e por causa da série Supernatural. É um subúrbio, mas as pessoas que conheci foram incríveis. Cada uma deixava uma marca. Todos foram bem receptivos e me ajudaram a não me perder por lá.

                De Crawley segui para Croydon. E de lá fui para Reading. As paisagens eram indescritíveis, cenários lindos para minhas fotos. Finalmente fui para Londres, acho que não preciso descrever a cidade certo? Simplesmente a melhor que fui até agora. Tudo era muito movimentado, vários cenários fotográficos mundialmente conhecidos. Fui a todos os pontos turísticos que pude. Londres foi à cidade que mais fiquei.

                Segui para Cambridge, visitei a universidade e até pensei em me matricular. Era incrível como minhas memorias vinham em onda como em um filme. De lá fui para Northampton e depois iria para Gloucester. Onde Nathan diz que o conheci. Estava começando a me lembrar quando sou interrompida.

                Em Northampton me lembro de conhecer uma senhora que contava historias. Ela havia me contado sua historia. Quando mais nova se apaixonou perdidamente em um rapaz, eles se tornaram amigos, mas ela nunca teve coragem de dizer a ele o que sentia. O tempo foi passando e a amizade deles só crescia e ela cada vez mais se apaixonava por ele.

                Foi assim dos seus 14 anos até os 24. Quando finalmente tomou coragem de dizer o que sentia nesses anos todos foi surpreendida pelo amigo. Quando se encontraram ele tinha uma linda jovem em suas mãos e apresentou as duas. Ela como sua melhor amiga e a jovem como sua namorada.

                Eles se conheceram em uma festa e trocaram mensagens durante um longo tempo. Quando finalmente saíram sabiam que estavam fazendo a coisa certa. Ela ficou com a esperança de que um dia ele terminaria o namoro e então ela se declararia para ele. Foi então que foi surpreendida novamente e recebeu um convite de casamento dos dois.

                Agora ela tem 57 anos e ele também. Sua esposa morreu de câncer e ela se declarou para ele. Ele perguntou por que ela não disse antes e ela não conseguiu responder, apenas disse “você parecia tão feliz...” e ele lhe respondeu “eu teria sido mais se fosse com você”. Agora aquela historia me parecia familiar... Mas qual parte?

                – É perigoso ficar sozinha na praia... Ainda mais se encontrar comigo pelo meio do caminho.

                Congelei. Meu coração começou a bater mais forte. Merda. Cadê meu celular, não queria abrir meus olhos, tinha medo do que ia encontrar, estava sem reação. Cada musculo do meu corpo implorava para que eu abrisse os olhos, levantasse e saísse correndo, mas ao mesmo tempo eu não conseguia executar essas ideias. Decidi abrir os olhos e tive vontade de gritar.