Fanfic: Academia de Vampiros - Laliter

Por mais que o encontro de Rochi com Nico me incomodasse, acabou me dando uma ideia no dia seguinte.

Lali: Hey, Funes... er, Sra. Funes. – Eu parei na porta de sua sala, não me preocupando em marcar um horário. Ela levantou seus olhos de alguns documentos, claramente irritada por me ver.

Funes: Sim, Srtª Espósito?

Lali: A minha detenção significa que eu não posso ir à Igreja?

Funes: Perdão?

Lali: Você disse que sempre quando eu não estiver em aula ou praticando, eu devo ficar no dormitório. Mas e quanto à igreja aos domingos? Eu não acho que seja justo me deixar longe das minhas necessidades... hum, religiosas. – Ou me privar de outra chance - não importando o quão curta e chata - de estar com Rochi.

Ela empurrou seus óculos até o meio do nariz.

Funes: Eu não estava consciente de que você tinha alguma necessidade religiosa.

Lali: Eu encontrei Jesus enquanto estava longe.

Funes: Sua mãe não é ateia? – ela perguntou com desconfiança.

Lali: E meu pai provavelmente é muçulmano. Mas eu sigo o meu próprio caminho. Você não deveria me afastar dele.

Ela fez um som que meio que pareceu como uma zombaria.

Funes: Não, Srtª Espósito, eu não deveria. Muito bem. Você poderá estar presente na missa aos domingos.

A vitória foi curta, no entanto, porque quando fui à missa alguns dias depois, vi que a igreja era tão chata quanto eu lembrava. Eu consegui sentar ao lado de Rochi, pelo menos, o que me fez sentir como se estivesse tendo algum lucro nisso tudo. Na maior parte do tempo eu apenas observei as pessoas. Ir à igreja era opcional para os estudantes, mas com tantas famílias do Leste Europeu, vários estudantes eram Cristãos Ortodoxos e frequentavam a igreja ou porque acreditavam ou porque seus pais lhes obrigavam.

Nico sentou no lado oposto do corredor, fingindo ser tão santo como tinha dito. Por mais que eu não gostasse dele, sua falsa fé me fez sorrir. Peter sentou atrás, sua face contornada de sombras e, como eu, não comungou. Por mais pensativo que aparentasse, eu me perguntava se ele sequer havia escutado ao sermão. Eu escutava apenas algumas partes.

– Seguir o caminho de Deus não é sempre fácil – o padre estava dizendo. – Até mesmo o Santo Vladimir, santo patrono dessa escola, passou por momentos difíceis. Ele era tão espirituoso que as pessoas sempre se reuniam ao seu redor, extasiadas por apenas ouvi-lo e por estar em sua presença. Tão grande era seu espírito, os textos antigos dizem, que ele podia curar os doentes. Ainda assim, apesar desses dons, muitos não o respeitavam. Estes zombavam dele, afirmando que era desorientado e perturbado.

O que foi uma boa forma bonita de dizer que Vladimir era maluco. Todo mundo sabia disso.

Ele era um dos poucos santos Moroi, por isso o padre gostava de falar muito sobre ele. Eu já tinha escutado tudo sobre ele, por muitas vezes antes de fugirmos. Legal. Parecia que eu teria uma infinidade de domingos para escutar a sua história de novo e de novo.

Padre: ...e assim foi com a Anna Shadow-Kissed.

Eu levantei a minha cabeça. Eu não fazia ideia do que o padre estava falando, porque eu não estava escutando por um tempo. Mas essas palavras arderam em mim. Shadow-Kissed. Já fazia um tempo desde que eu as tinha ouvido, mas nunca as tinha esquecido. Eu aguardei, esperando que ele continuasse, mas ele já havia passado para a próxima parte da missa. O sermão tinha terminado.

A missa terminou, e quando Rochi se virou para sair, eu virei minha cabeça para ela.

Lali: Espere por mim. Eu já volto.

Eu forcei o meu caminho pela multidão, indo até a frente, onde o padre estava conversando com algumas poucas pessoas. Eu esperei impacientemente até que ele terminasse. Natalie estava lá, questionando-o sobre algum trabalho voluntário que ela pudesse fazer. Ugh. Quando terminou, ela partiu, me cumprimentando enquanto passava.

O padre levantou suas sobrancelhas quando me viu.

Padre: Olá, Lali. É bom te ver novamente.

Lali: Yeah... Você também – eu disse. – Eu ouvi você falando sobre Anna. Sobre como ela era ‘shadow-kissed’. O que isso significa?

Ele fez uma carranca.

Padre: Eu não tenho certeza absoluta. Ela viveu há muito tempo atrás. Era comum se referir a pessoas por rótulos que refletiam algo de suas características pessoais. Devem ter lhe dado esse nome para que soasse de um modo feroz.

Eu tentei esconder meu desapontamento.

Lali: Ah. Então, quem ela era?

Dessa vez sua carranca foi mais de desaprovação do que pensativa.

Padre: Eu mencionei isso por diversas vezes.

Lali: Oh. Eu devo ter um... perdido essa parte.

Seu desapontamento aumentou, e ele se virou.

Padre: Espere só um momento.

Ele desapareceu pela porta próxima ao altar, aquela que Rochi usou para ir até o sótão. Considerei fugir, mas pensei que Deus poderia se vingar de mim por isso. Menos de um minuto depois, o padre retornou com um livro. Ele o passou para mim. Santos Moroi.

Padre: Você pode aprender sobre ela aqui. Da próxima vez em que eu te ver, gostaria de ouvir o que você aprendeu.

Fiz cara feia enquanto saia. Ótimo. Lição de casa passada pelo padre.