Fanfic: ~ SEGREDOS SUJOS, VONDY | Tema: Rebelde

Capítulo 1

 Dulce

   O horário de almoço na escola Brooke Hill estava pegando fogo. OK, não literalmente, mas digamos que não era totalmente mentira... As fofocas estavam prontas e embaladas, sendo servidas como prato principal de mesa em mesa. De ouvido em ouvido, num ciclo viciosamente sem volta... Mas minha atenção estava focada em outro lugar. Quer dizer, em uma mesa específica. Em uma pessoa específica. Talvez o centro de toda aquela fofoca. O protagonista de toda aquela hipocrisia. As pernas estavam estendidas e cruzadas, uma sobre a outra de modo tedioso. Invadindo o espaço da cadeira vazia a sua frente. Enquanto seu corpo largo estava atirado sobre a cadeira, quase desleixadamente. E o seu ar estupidamente arrogante estava mais do que presente... O rodeava.

    E eu... Eu o observava de soslaio do outro lado do refeitório, encolhida na minha cadeira, enquanto a curiosidade devorava a pele dos meus lábios e corroia minhas próprias unhas. Uma das únicas certezas que eu tinha era que obviamente não deveria ser a única que o observava, para variar.

    O que eu tinha feito? Torturei-me, mais uma vez. Se é que essa era a pergunta certa.

    Apesar da mesa dele estar rodeado por um bando de alunos metidos e tagarelas, ele continuava quieto. Com um olhar... vazio. Distante. Como se estivesse encarando algo que não estivesse vendo. Cego de mentira. Cego pelos seus pensamentos. Pensamentos que eu queria poder ter, naquele momento, a capacidade de ler. Ninguém deveria estar prestando muita atenção em mim para reparar a minha atenção descarada sobre ele, o que me dava certa liberdade para encara-lo, sem correr o risco constrangedor de ser flagrada. Todos estavam ocupados demais atrás de algum aluno esnobe ou megapopular, ou até... ambos. Interessado somente em aumentar seus níveis de ibope com a poderosa “sociedade” estudantil, a troco de virar poderoso-popular apenas por associações malignas. E o resto, bom... O resto não importava.

    Apoiei meu queixo nas palmas das mãos, finquei os cotovelos na mesa e soltei um suspiro frustrado. Foi quando escutei em meio às tagarelices do refeitório, uma voz irritantemente animada e inconfundível, pronunciando meu nome com ligeiro sotaque latino, sugando-me para realidade a minha volta. Novamente. Infelizmente não demorei a voltar a raciocinar logicamente e a ser obrigada a deixar de olhá-lo, para encarar Lola Reis.

    Minha velha problemática melhor amiga.

    — D! D, eu estou falando com você... tipo, sério. Diga alguma coisa... Sério! Diz “alguma coisa”.  Terra chamando D. Alô-ou, D! Estou falando com você, ei — Lola gesticulou uns instalares de dedos num momento débil, senta na ponta da mesa, me encarando impaciente.

  Subitamente suas feições divertidas, se tornaram sérias... até preocupadas.

    — Está se sentindo mal? É isso? Se for dor de cabeça... Olhe, acho que tenho uma cartela de Tylenol no meu armário, posso pegá-lo para você, se quiser.

    Descongelei os meus olhos e digeri a série de baboseiras.

  — Não Lo, eu não estou me sentindo mal... estou me sentindo péssima, dã! — grunhi dramática, sentindo-me totalmente, melhor, mais que obvia, como se ela não tivesse presenciado meu melhor amigo virar um arrogante prepotente comigo, simplesmente... por nada.

  — Ah, D... Eu sinto tanto. — Ela encolheu os ombros largos, “lembrando”. — Tinha me esquecido do quanto você ficou afetada na aula de educação cívica por...

  Afetada? Estava mais para acabada, isso sim. Fiz uma careta, cortando-a, eu não precisava ser lembrada.

    Ela ignorou e continuou:

    — Eu acho que não deverias se precipitar, pode haver uma boa... Uma ótima razão para Christopher ter agido daquela forma! — Lola sugeriu otimista.

    Pisquei várias vezes, não conseguindo crer ela tinha dito aquilo. Jesus!

    Respirei lentamente.

    — Tudo bem. Eu respeito sua opinião, Lo. — Declarei calma, tentando convencer mais a mim mesmo, do que ela. — Mas de qualquer forma, isso não justifica! E não da o direito de toda vez que ele tiver uma “boa, ótima razão” descontar em mim. E dizer aquelas coisas.

   — Eu também respeito sua opinião, D. Mas ou ele é um egocêntrico completamente gostoso ou, você fez algo e não quer me contar — Lola rebateu, imitando meu tom de voz, mas erguendo suas sobrancelhas acusadoras.

    — O quê? Ele é o egocêntrico e sou eu a mentirosa?

    Inacreditável! Lola tinha pirado de vez. Aterrissei minha bolsa no meu colo. Pronta para dar o fora dá li.

    Já.

    — Ora, quem tem que me dizer isso é você, o que foi que você andou aprontando nas suas horas em que não estava comigo? Mentindo? Falando demais? — provocou, com um sorriso sínico.

    Típico dela.

   — Lo por Deus, você está escutando o que esta saindo da sua boca? Eu. Não. Fiz. Nada. Nada! Entendeu? Caramba! — encarei Lola por uns segundos, ela não pareceu ter mudado de ideia, nem mudaria tão cedo. — Esqueça! Se não quer acreditar, problema é seu. Sério! Nós nos falamos depois — tentei voltar a sussurrar, em vão. Com certeza mais da metade do refeitório deveria ter parado o que estavam fazendo (fofocando, certamente) para assistir o espetáculo.

   Dei meia-volta, dando as costas para Lola e Sarah Reeve, uma loirinha, que estava quase sempre com cara de quem comeu e não gostou. E a até suas unhas sempre bem feitas, exalavam antipatia. Ah e fazia parte da torcida, é claro. E Bryan Ash-sei-lá-o-que, namorado oficial de Sarah, sentava-se conosco quase todos os almoços.  Um quase veterano, repetente, alto, olhos verdes, musculoso... Enfim a perdição, infelizmente mais metido a gostosão impossível. Só perdia para Christopher, de fixinha. Chegava a doer.

   Enquanto me distanciava em direção a saída do refeitório, era inevitável não ouvir e ignorar, Lola aos sapateios, chamando-me. Mas com muita força de vontade, apaguei Lola da minha a mente e a ignorei completamente. Nem a minha suposta amiga acreditava em mim. Desconfiava de tudo que fazia e dizia. Sendo que nunca dei motivos para tais atos... Ou será que dei?

    Reduzi meus passos, na vaga esperança de que ele tivesse escutado minha patética e melodramática “discussão” com Lola e estivesse vindo atrás de mim, para me dizer o quanto estava arrependido pelas grosserias, pois andava muito estressado com os... os estudos, talvez. Ou, ou sei lá, qualquer coisa que não me envolve-se nessa droga! Mas ele não veio. Alias, nem sinal dele, ele havia sumido. Não estava mais sentado desleixadamente na sua cadeira no meio dos ricaços, ou talvez, na mesa do time de futebol, zoando algum nerd atrapalhado, ou pior... Enroscado no meio das lideres de torcida... Que quase sempre estão rastejando atrás dele, tentando de alguma forma mostrar o quando são boas no que fazem... Enfim, só faltavam lamber o chão que ele pisava. Típico daquelas barangas. 

   Estava quase dobrando o corredor do segundo andar, quando dois caras do time beisebol, Derek Cooper, o capitão e seu inseparável amigo, Kevin Palmer, o cocapitão passaram por mim. Correção: passaram reto por mim.  Rindo, falando de como “Allie”, Allison é mais gostosa que “Becca”, apesar de Rebecca ser bem mais “experiente”, para não dizer uma baita cachorra safada. Um mais idiota que o outro.

    Ah, perfeito!

   Será que hoje é o dia colegial “ignorem a Dulce, ela é uma...” e eu não sei? Os conheço há séculos e eles passaram por mim como se fosse uma das nerd excluída da sociedade por ser descriminada por ter capacidade superior a somar dois mais dois, e acertar o calculo.

    Meus pulmões resmungaram por ar.

    Parei em frente ao meu armário. E bati minha testa na porta e grunhi baixinho, ecoando por quase o todo corredor, ou era coisa da minha cabeça, sorte ele estar parcialmentevazio. O abri e troquei o livro de educação cívica pelo de química e o de geometria pelo de história.

   Uma vontade de sair correndo em direção ao banheiro feminino estava me deixando muito, muito tentada. Enfiar-me em uma das cabines e berrar, chorar, espernear como uma criança indefesa sem saber como agir nesse mundo tão real, cruel e clichê. Afinal... O que eu tinha a perder?

    Que beleza! O questionário preparatório antes-do-teste.

   Isso nem deve existir de verdade. “Bendito” senhor Garner e suas ondas de criatividades! Ah, quem faltasse a essa aula, pelo motivo que fosse não poderia recuperar a nota nem se estive com todos os membros do corpo quebrados em pedaçinhos e um belo atestado médico. Deixou especificamente claro isso para nós, sem exceções. Tateei com o dedo indicador o interior da porta do armário, onde se encontrava uma folha de caderno colada com adesivos sem graças e risquei:

   QUESTIONÁRIO PREPARATÓRIO

   Fechei o armário e o encadeei. Não tinha muito tempo, cinco minutos para o desastre. 

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AHHHH, ESPERO QUE ESTEJAM GOSTANDOOO, meu nome é Glória, e realmente ficaria muito feliz com algum comentário...e  tal, para saber se tem gente lendo! obrigada pela atenção >.<