Fanfic: ~ SEGREDOS SUJOS, VONDY | Tema: Rebelde

Dulce

Há quase duas as arquibancadas da Brooke Hill me serviam como cama e minha bolsa, travesseiro. Meus olhos se encontravam bem fechados. Mas fui obrigada mesmo assim a construir uma barreira com as próprias mãos contra o sol que insistia em queimar o meu rosto. A música reverberava dentro da minha cabeça ao volume máximo. Quando achei que em fim cederia ao tédio, uma sombra estacionou bem a minha frente. Tampando o sol por inteiro, aliviado o calor constante. Era Oliver, completamente uniformizado, dos pés a cabeça. Ele havia optado pelo beisebol em vez do futebol como esporte oficial, a quadra de treino ficava quase do outro lado da escola. O que ele estava fazendo aqui...?

   — Ora, ora tá perdido, Blake? — brinquei, me sentando avidamente.

   Um sorrisinho tímido surgiu no canto da sua boca.

   — O técnico nos dispensou mais cedo, tampinha. — revelou como se fosse obvio. — Imaginei que você devia estar vagabundeando por aí. Ah! E como não tinha ninguém mais interessante para incomodar... revolvi ceder minha companhia superagradável a caridade. Pode começar a pular de alegria. Não se acanhe!

   E desabou ao meu lado, sorrindo de orelha a orelha.

   — Obrigada pela parte que me toca! — tentei adotar uma expressão séria, sem muito sucesso. — E como sabia onde eu estava?

   Ele ficou me encarando um bom tempo antes de “lembrar” que havia feito uma pergunta.

   — Sei lá... a-acho que já tinha te visto aqui antes, só. Deve ser isso. Desencana Dulce, q-qual é!

   Meu olhar se tornou convencido.

   — E e-eu-eu acho q-que voc-cê m-m-m-me-mente m-muito-to mal! Admita Blake, você fica me cuidando...  se derretendo em segredo, é isso — disse lhe beliscando as bochechas.

   Ele tirou o próprio boné e cuidadosamente encaixou em cima da minha cabeleira vermelha, que literalmente pegava fogo.

   — E eu acho também que você anda se alcoolizando com muita frequência Dulce. Já está afetando sua capacidade de raciocínio, hein. Sério, te aconselho a começar um tratamento de desintoxicação o quanto antes.

   Virei à aba do seu boné para lado e fiz um bico.

   — Porque vocês adoram tanto relembrar a minha desgraça?! Eu nem bebo, Blake! Muito menos, vou a festas. Só me descontrolei um tiquinho aquele dia. Acontece!

   Ele gargalhou, colocando o braço na volta da minha cintura.

   — Um tiquinho, D?! — riu de mim, novamente. — Por pouco não perdi de te ver requebrando como se o mundo fosse acabar.

    Cadê o buraco fundo para me enfiar e nunca mais sair?!?!?!

    — Vou encarar isso como algo positivo.

    Ele hesitou.

    — Se pudesse... diria o que realmente pensei.

    Escorei minha cabeça no seu ombro.

    — Não vejo ninguém tentando te impedir — meu tom soou neutro, mas tive que morder meu lábio para não sorrir.

    Ele desviou o olhar. Parecendo triste, de repete.

    — O que foi...?! Ei? — me ignoro legal — Eu estou brincando com você! Blak, foi mal. Não vai ficar bravo comigo, não é? Ah fala sério! Achei engraçado, não quis...

    Ele negou, me impedindo de continuar.

    — Essa é a questão, eu não estava brincando. Esquece.

    Encontrei-me sem argumentos.

    — Er... então está tudo bem? — eu indaguei.

    Deu de ombros.

    — Está. Como sempre.

O sinal tocou minutos depois, finalizando as atividades de “inteirações físicas” entre os alunos. Despedi-me as pressas de Oliver e me mandei para minha última aula. Educação cívica. Dois contras muito graves já de cara: Christopher e Eric eram meus colegas. Maldita aula! E a professora desta matéria, chamada Minerva Vermont era uma baita bruxa velha. Ela amava implicar comigo, isso era um fato, mas dessa vez ela passou dos limites. A senhora Vermont acabava de rabiscar no seu caderno escolar os futuros grupos para o novo trabalho em ”equipe” da turma. Os grupos seriam divididos em cinco, cada. Enterrei pesadamente minha cabeça na mesa, notando que ainda usava o boné que Oliver havia me empresta. Droga! Que ótimo, agora se Justine me visse, com certeza teria que aturar um ataque ciúmes, imaginei. Lola também não era minha dupla nesta disciplina, ela fazia par com Sarah, a uma classe a minha frente. Enquanto eu era obrigada a compartilhar a minha com Bryan. O mais irritante é que a Sarah não parava de nos fitar um minuto sequer, como se a qualquer momento fosse o pegar desprevenido e o estuprar. Há.

   Antes de a professora Minerva começar a latir os integrantes dos grupos, exigiu silêncio da turma a gritos. A cada nome citado, o coitada ou coitada tinha que se locomover até o seu lado, para depois de formado o grupo, em conjunto escolherem o conteúdo do trabalho. É claro que eu estava de bobeira para variar, ainda com os fones grudados nos ouvidos, quando ela berrou o meu nome incontáveis vezes. Bryan me cutucou e caí na real. Marchei desanimadamente até a professora, observando que três já tinham sido escolhidos. Maggie, Eric e Sarah. Que porra. Apenas para desgraçar mais ainda, ela falou:

    — E o último... vejamos, — analisou a lista mais uma vez, sobre o óculos. — será o Uckermann.

    Quando mais eu rezava... mais assombração aparecia.