Fanfic: ~ SEGREDOS SUJOS, VONDY | Tema: Rebelde

   — Sabia que estava rolando algo entre você e o Blake. Primeiro te defendendo na Direção, depois vocês conversando no corredor... — ele não precisou terminar para me lembrar. Sua voz era vaga, sem emoção — Não sei como ainda tive duvidas. Faça o que quiser. Não somos exclusivos, entendi o recado.

   Traguei a saliva. De repente quis tirar mais vantagem.

   — Mais uma coisa. Faça Anthony ficar calado.

   — Como quiser — devolveu indiferente.

   Respirei lentamente, um alivio me inundou.

   — Não quero que ninguém saiba.

   — Minha especialidade, Doce — ele estava distante. — Mais alguma ordem?

   Deixei meus olhos desceram perigosamente, não era minha intenção, mas quando percebi me peguei indecisa quanto à boca inchada ou sumir com restante das suas roupas.

   Sacudi a cabeça, assustada comigo mesma.

   — Apenas mantenha seu amigo de boca fechada — digo.

   Ele confere as horas no celular, enquanto me ignora. Esfreguei minhas têmporas, que insistiam em latejar.

   — Analgésicos?

   — Banheiro, segunda porta a esquerda. Dentro do armário a cima da pia — disse secamente.

   Pressionei minha boca na dele antes de levantar, não houve resposta. Segui suas instruções tateando cegamente as paredes. Depois de pegar dois comprimidos de uma cartela laranja, voltei na mesma direção. Para minha facilidade as luzes da sala de estar e da cozinha estilo americana estavam acesas. Christopher segurava um copo com água, sentado numa bancada de mármore, quando me aproximei ele o ergueu. Deixei os comprimidos deslizarem pela minha garganta.

   Ele não estava mais sem camisa, e sua expressão não era convidativa.

   — Adam não vai ficar irritado em saber que estive aqui?

   Christopher pulou da bancada inquieto.

   — Ele não vai saber. Não se preocupe — escorria irônica da sua garganta.

   Pus o copo vazio entro da pia.  

   — Qual é o grande problema? Não era o que você tanto queria? — mudei de assunto repentinamente, a sua atitude estava me deixando furiosa.

   — O sol acabou de nascer, vamos — ele olhava através da cortina distraidamente, como se não tivesse escutado o que disse.

   — Está me dispensando?

   — Se sairmos agora, chegamos antes da seis horas.

   Peguei a gola da camisa dele, beirando o desespero, querendo a porcaria da sua atenção.

   — Porque diabo está agindo assim?

   Ele me encarou com uma intensamente surreal, como se a qualquer momento fosse me arrastar para o quarto do seu irmão, depois me lançaria em uma cama literalmente enorme e nunca mais me deixaria sair com as minhas próprias pernas.

    Como se respira, mesmo? O ar entra ou sai? Os dois? Mal conseguia lembrar-me.

    — Não vou dividir você com o Blake, simples.

   Sabia o que isso significaria, e não iria ceder.

    — Não sou sua. Ou aceita minhas condições, ou fim — por um segundo tremi com as minhas próprias palavras.

    Christopher tinha que aceitar.

    — Falamos sobre isso em outro momento. Preciso levar você para casa.

    Engoli a minha raiva, ele estava certo. Argh. Não era hora para brigas.

    — Não posso simplesmente chegar e dizer: “Ei, desculpem o atraso, o transito estava uma droga! Não vai acontecer novamente, eu prometo! Palavra de escoteira.”

    Ele não demonstrava nem um terço do meu nervosismo. Também não era o dele que estava na reta. O meu desaparecimento e o carro de Eric sumirem exatamente na mesma noite não ia passar despercebido. Precisava de uma desculpa. Uma muito boa.

   — Tenho um plano. Sua mãe e a minha foram amigas no colegial, certo?

    Tentei buscar essa informação no fundo da minha mente. A única imagem que me surgiu foi minha mãe tagarelando como achava Alexandra linda e educada quando estudavam juntas, que o pai de Christopher era um jovem “muito, muito desejado” e que Alex, como mamãe a chamou, era uma tremenda sortuda, ganhara na loteria, em total duplo sentido. “Amiga” não era a melhor palavra para rotular a relação delas, soava melhor: Inveja a Distância. Mas pensei melhor e assenti. Conclui rapidamente que ambas terem uma relação amigável no passado era a base para o plano decolar.

    — Ótimo.

    Ele caminhou até a porta principal do apartamento.

    — Anda Doce, estamos perdendo tempo.