Fanfic: ~ SEGREDOS SUJOS, VONDY | Tema: Rebelde

Menos de meia hora depois, Oliver e eu estávamos sentados nos nossos assentos de história. Rebecca não tentava ser discreta ao ficar nos vigiando. Claramente acatando aos mandamentos de Justine. O professor Harrison já havia corrigidos o questionário da aula anterior e estava dividindo a turma em dois grandes grupos pela lista de chamada, para o debate. Não preciso dizer que estava animada ao ponto de estar tirando um cochilo em cima do exemplar de “Romeo e Juliet”, que o senhor Harrison me obrigou a aceitar emprestado. Logo que me encontrava entrando num estado inconsciente, Blake trilhou os dedos pela minha coluna, me fazendo contorcer na cadeira, devido aos arrepios e as cócegas. Mas o sono não me permitiu erguer a cabeça para manda-lo para aquele lugar mágico. Quando finalmente revolvi reagir encontrei os olhos de Rebecca me analisando com desprezo. Ótimo para autoestima. Forcei um sorriso sombrio.

   O debate foi um fiasco. Houve inúmeras discussões sem nexo, das quais não tentei remotamente participar. Que apenas contribuíram para o meu cérebro ameaçar suicídio. Desisti de ignorar a ressaca e pedi permissão ao professor para ir à enfermaria, antes que meus miolos começassem a fritar. Chegando lá, a enfermeira me examinou por não mais que um minuto, checou a minha pressão e depois sua expressão aflita anterior se tornou dura. A ponto de fazer acreditar que os próximos testes fossem ser efetuados por um bafômetro, e após teria que andar sobre linha reta. Foi então que percebi a burrada que fiz. Estava me recuperando de um porre, e era tão obvio.

   — Alergia a algum medicamento?

   Neguei, sentindo meu coração pulsar no mesmo ritmo das minhas têmporas.    

   — É só uma dor de cabeça, enfermeira Connor.

   — Oh, certamente — ela diz, agora de costas para mim. Notei uma ponta de reprovação na sua voz.

   A enfermeira me entregou um mine colo de plástico com dois comprimentos dentro.

   — Vão amenizar a pressão localizada, mas provavelmente não vai passar se a senhorita não começar a tomar bastante líquido e glicose.

   Ela me entregou também uma dispensa em folha antes de me guiar até a porta. Por pouco. Cantarolou meu subconsciente. Quando passei pelo refeitório conclui que havia glicose em latas de Coca, então peguei três da maquina de refrigerante. Como era proibido consumir bebidas, fora água, em sala, me encaminhei para o ginásio. E fiquei deitada nas arquibancadas até o final do período. Logo tive que ir para a última aula do dia, com senhor Garner. A melhor matéria, o pior professor.

Latas de Coca são potencialmente milagrosas, recomendo. Algumas horas mais tarde, a dor de cabeça havia passado completamente. Antes mesmo de Lola me dar carona até a minha casa. Ainda antes disso, ela trafegou até a costa, e após estacionar o Fiat no meio fio de uma calçada litorânea, saltou em direção a um bar. O lugar era um verdadeiro barato. A entrada era inteiramente envidraçada, revestida por uma película escura, que permitia apenas as pessoas de dentro enxergar os de fora. E havia poltronas luxuosas de couro e reclináveis, ao fundo do estabelecimento que sinceramente clamavam por mim. Quando Lola chegou ao balcão um rapaz uniformizado, atrás da bancada, voltou sua atenção para ela. Sentia-me tensa, realmente detestava ser avaliada. Era justamente por isso que evitava qualquer tipo de esporte que tivesse como objetivo vencer. Um emprego não estava nos meus planos, mas se tivesse um poderia começar a juntar uma boa quantia para enfim comprar meu próprio carro. Isso era animador. Depender de alguém para ir e vir é frustrante. Principalmente quando se a motorista do carro é uma garota desequilibrada. Não que eu pudesse falar muito, ultimamente quem estava assumindo o papel de vila era nada mais, nada menos, do que eu. Percebi de relance que Lola estava sorrindo enquanto falava. OK, não foi exatamente isso que me intrigou, ela estava gesticulando demais, se inclinando demais, seu rosto expressava simpatia, entretanto a sua postura corporal dizia “estou afim de você”. Argh. Não estava acreditando que ela estava flertando com nosso suposto chefe. Que embaraçoso. Bom, fiquei fingindo que não a conhecia até a mesma me chamar aos pulinhos. Oh, Deus. Marchei desanimada até eles.