Fanfic: ~ SEGREDOS SUJOS, VONDY | Tema: Rebelde

   — Vem cá, D! Trevor, essa é a amiga que eu estava falando. Dulce, esse é o Trevor.

   Subitamente compreendi porque Lola não conseguiu conter sua cota de olhares sedutores. Os olhos verdes de Trevor me estudaram por uma fração de segundo duvidosa.

  — Essa garota falou muito bem de você, agora sei o que porque — ele riu, e foi uma daquelas risadas sonora.

  — Oi.

   O sorrisinho presunçoso de Lola desapareceu.

   — Então? — gesticulei para ela, me sentindo perdida.

   Trevor espalmou as mãos na bancada impecável, buscando nossa atenção.

   — Bem, como expliquei a Lorena, abrimos o bar quatro dias da semana, das quartas à sábado. Das seis às onze da noite. Gorjetas a parte. Dez dólares por hora.

   — Por mim, está ótimo — digo, imaginando que arranjar um emprego não podia ser tão fácil. Podia? — Não temos que fazer algum teste, algo do tipo?

   Ele se inclinou umedecendo os lábios. Por que diabos eu reparei nisso?

   — Fica a vontade — ele indicou com o queixo uma bandeja.

   OK. Agora eu estava soando. Peguei a bandeja sem pensar e fiquei observando um casal entrar no local coincidentemente, dois tempos depois Trevor me lançou um sorriso incentivador. Isso não foi animador. Nem um pouco. Caminhei até o reservado na qual o casal se sentou, e os esperei consultarem o cardápio de bebidas e petiscos. Ambos escolherem uma porção de batatas fritas e cerveja. Eca. Cerveja tem gosto de urina de gato. Não que já tenho experimentado, quis dizer a urina. Anotei em um bloco por precaução e retornei ao balcão. Trevor comunicou a cozinha sobre o pedido, após pegou duas cervejas long neck do freezer numa rapidez notável.

   — Trabalhou onde?

   Pestanejei lisonjeada.

   — Sou uma boa observadora, eu acho. Nunca trabalhei antes.

   Ele me entregou as cervejas beiradas ao congelamento, me olhando fixamente.

   — Quer começar hoje?

   Havia quase esquecido da existência de Lorena, ao meu lado, quando a mesmo se pôs na minha frente, rompendo nosso contato visual. Creio que estraguei sua possível paquera.  

   — Adorável. Querem saber? Eu encontrei essa droga aqui, beleza? E você — ela fitou Trevor, com raiva — deveria estar perguntando a mim o que eu quero. Mas respondendo a sua pergunta: não, ela não vai querer. Então, até quarta-feira, senhor Cornell.

   Depois dessa fala dramática, Lola retirou as garrafas dos meus dedos, então como se tivesse seis anos de idade ela me pegou pelo cotovelo e me arrastou para fora do lugar. Entrei no Fiat temendo abrir a boca e a minha vida.

   Ela me olhou furiosa, de repente.

   — Ele deve estar na faixa dos 25 anos, ou mais.

   — Ele é quente — a corrijo, me aconchegando no banco, lembrando.

   — E eu o vi primeiro — ela rebateu com uma carranca no rosto.

   — Calma aí. Não estou interessada. Em todo caso, mesmo que estivesse ele será nosso superior, nenhuma de nos poderá se envolver.

   — Besteira. Trevor foi encarregado de arranjar garçonetes, porém o seu trabalho original é como barman. E não há uma regra contra relacionamentos entre os funcionários, pelo menos não neste bar.

   — Uau. Andou pesquisando no Google? Achei que Anthony era o cara da sua vida — zombei.

   Ela desviou o olhar e ligou o motor barulhento.

  — Anthony é passado.

  — What? Dês de quando? Menos de 24 horas atrás encontrei os dois na maior pega...

  Ela disparou:

  — Não estou mais saindo com ele. Ponto. Deu para entender?

  — Ei, fale comigo. Ele terminou com você? Porque se for isso, não há do que se envergonhar. Anthony é estúpido por natureza, não se pode esperar mais de alguém como ele.

  Lola riu, mas captei uma expressão afetada por trás do sorriso.

  — Eu dei um fora nele. Fim da história.

  — Tem certeza?

  — Absoluta.

   Depois de dirigir por uma porção de quarteirões familiares em silêncio, ela estacionou em frente à minha casa. Algo me travou no momento em que decidi despejar aquele assunto. No entanto Lola não pareceu reparar em qualquer movimento meu, estava visivelmente distraída; talvez minha amiga precisasse realmente desabafar sobre o que tinha acontecido com Anthony, mas não me via como uma conselheira parcial se o caso fosse apoia-la a voltar a ter um relacionamento baseado em circunstâncias carnais e nada mais. Não mesmo. Se ela terminou, houve um motivo, e se Lola não queria me dizer, era direito dela. Eu também tinha os meus segredos, e não sentia orgulho nem vontade de expor verbalmente o nível em que deixei as coisas alcançarem, queria esquecer. Acreditava que ela também. Era o melhor ser feito.