Fanfic: ~ SEGREDOS SUJOS, VONDY | Tema: Rebelde

Capítulo 3

Dulce

   QUE BELEZA! Confesso que de inicio imaginei que aquele soar irritante e vibratório fizesse parte do meu sonho terrivelmente bizarro e perturbador. Ou talvez fosse uma mera lembrança, divagando dentro do meu cérebro... Parecia tão real e ao mesmo tempo tão distante... Era madrugada de natal, a casa estava toda enfeitada: árvores, luzes piscando para todos os lados, enfeites natalinos.  Toda minha família, mais próxima, estava hospedada na casa dos meus avôs, no colorado, em Phoenix. Todos dormiam menos eu e a minha irmã. No último degrau da escada, do casarão antigo, estava Regina, encolhida, abraçando suas pernas magras, mantendo-as junto ao peito, parecendo uma bola de neve, de tantos casacos envolvendo seu corpo contra o frio que a neve que caia lá fora transmitia a poucos metros de nós, atrás das cortinas amareladas. Desci a escada silenciosamente, sem ranger nenhum dos degraus. Chegando mais perto, percebi que ela era pequena demais para ter a nossa idade atual. Olhei para meus pés, analisando-me também. Eles eram tão pequenos quantos os de Regina, calçavam meias de lã grossas. As mesmas meias que pus antes de me deitar.

   Subi os olhos atento pelo meu corpo. E tateei-me, notando que tanto ela quanto eu, não tínhamos corpo de uma garota dezesseis anos, pelo contrario, parecíamos ter rejuvenescido bons sete anos. Oscilando entre oito ou nove anos de idade.

   Assustador.

   Sentei-me ao seu lado. Ergui uma das mãos, inquietas, até seus cabeços curtos e ruivos, que há tanto tempo não via, afaguei-os. Apertei seu ombro com cuidado.

   Ela soluçou. Ergueu a cabeça e fungou nojentamente.

   — Eu disse que queria ficar sozinha! — grunhiu ela, secando os olhos, agora vermelhos.

   Sua voz continuava a mesma. Rude e manhosa.

   — Não queria chateá-la, só...

   Regina enfiou os cabeços curtos para trás das orelhas e fungou de novo, se recompondo.

   — Já estou bem, volte para quarto! Logo estou indo.

   Estávamos interpretando meu próprio sonho, qual é? Foi como um clique na minha cabeça.

   — O que está acontecendo? Por que parece tão real? Como se fosse uma lembrança... Não estou entendendo... isso tudo, o que ele significa? Esse sonho? — perguntei confusa.

   A essa altura já estava com os olhos ardendo, prontos para derramar minhas frustrações, em lágrimas suculentas.

   Ao menos lá poderia chorar, ninguém saberia.

   — O sonho é seu. Você tem que descobrir — um sorriso perverso nasceu em seus lábios roxos de frio. — Seus sonhos, seus problemas. Seus sonhos, seus problemas. Seus sonhos, seus problemas... Seus...

   Ela continuou repetindo, repetindo e repetindo. Minha cabeça começou a latejar e lágrimas descerem quentes sobre meu rosto frio e dando-me uma sensação de arrepiar. Tudo começou a vibrar a minha volta, a imagem de Regina começou a embaçar. Minha cabeça estava doendo pra caramba! Então uma música familiar, soou.

   Acordei.

   Finalmente consegui abrir os olhos.

   Remexi-me no colchão pouco macio, toda torta. Apalpei as coberta preguiçosamente, procurando o bendito telefone que não parava de berrar nos meus ouvidos. Droga. Não sabia se ficará feliz por ser acorda e sair daquele sonho perturbador, ou resmungar, pois o sol que atravessava a vidraça da janela estava me matando, literalmente.

   Achei.

   — Não, não e não, D! Cara, eu não acredito que você não me contou. Sua traidora!

   A indignação na sua voz me fez saltar da cama praticamente.

   — Ei, Lo, oi! Espera aí, eu posso explicar!

   — Aaah, mas que droga! Por que eu ainda tento confiar em você?

   Cambaleei até as cortinas e as fechando depressa.

   — Quem te contou? Garanto que foi Justine! Realmente ela, realmente ela é uma... uma... Você sabe.

   — Ah, saquei... então agora toda a besteira que você resolveu fazer é culpa da podre Justine?

   Podre Justine? Sem duvidas tinha sido ela. Ou alguma fiel “informante”.

   — Não é isso que importa agora. Eu não contei por que não achei que fosse importante. E se contar que fui ameaça... muda alguma coisa? — arrisquei, mordendo meu lábio.

   Lola ficou em silêncio por uns segundos.

   — Não sei, talvez... Por quem você foi ameaçada?

   Era agora ou agora.

   — Justine.

   Uma acidez inundou minha garganta. Acabando com qualquer confiança que me fizesse acreditar que um dia ela iria acreditar em minhas palavras simplesmente por serem minhas, por mais difícil que fosse.

   Então finalmente ela abriu a boca:

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DEDICADO A krisstew !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!