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Fanfic: ~ SEGREDOS SUJOS, VONDY | Tema: Rebelde


Capítulo: ~

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   Com um dos ombros empurrei cuidadosamente a porta de vaivém, encontrando um cubículo branco espaçoso, entupido de pias e cabines sanitárias. Joguei meu fichário e os livros na bancada. Livre de me preocupar em sujar minha bolsa, eu a deixei deslizar pelo meu braço e cair no piso do banheiro, impecavelmente limpo. Ocasionando um barulho deprimente.


    Sozinha...


    Ergui meus olhos, encontrando meu reflexo, visivelmente normal. Mais que normal... Igual. Tinha chegado à conclusão que talvez houvesse a possibilidade de eu estar com alguma sujeira nojenta no rosto, que ocasionasse tanta esnobação. Tirando Lola. Mas duvidava muito que ela me alertaria se houvesse algo de errado. Nem hoje, nem amanhã e talvez nunca. Decidi ver por mim mesma.


    Encarei-me com mais intensidade.


    Normal queria dizer cabelos ruivos num tom absurdamente vermelho, natural, por incrível que pareça. Ultrapassando alguns centímetros da cintura em quase cachos, com direito a franja meio torta para o lado. Rosto pequeno, maças altas e bochechas carnudas. Os olhos verdes eram rodeados por olheiras e as sobrancelhas eram erguidas, sugerindo arrogância, coisa que abomino. Pele cor de pêssego. Boca pequena e lábios cheios. Olhos quase sempre preenchidos com uma maquiagem pesada, apenas para disfarçar as olheiras insistentes, não o suficiente para me transformar numa espécie de gótica sinistra e auto-multiladora.


    Meu estomago roncou.


    Apertei minha barriga com as duas mãos. Arrependendo-me pra valer de deixar meu estomago em segundo plano. Não tinha conseguido engolir nada durante o almoço. Muito dedicada com as minhas observações.


    Idiota, patética... xinguei-me em pensamentos.


   Fechei meus olhos com força, senti as lágrimas quererem virem... As engoli, amargamente. Chorar é parar os fracos e covardes, pensei. Odiei-me por isso. Era isso que eu era: fraca e covarde. Uns dois segundos depois o sinal tocou, indicando o termino do horário almoço e o inicio das aulas... intermináveis. Deixei a água fria escorrer entre meus dedos, palmas... Uma forma rápida de relaxar. A água sempre me trouxera tranquilidade. Colocar-me frente ao mar, era igual me drogar. Chegava a rir sozinha. Torci a torneira e sequei as mãos. Juntei meus pertences e saí do banheiro em direção ao terceiro andar, apressada.


   A escola Brooke Hill era uma espécie de prédio amplo, constituído por quatro andares largos, o primeiro era designado exclusivamente para o primeiro ano do ensino médio, o segundo ano e o terceiro eram misturados dentre os outros três andares, todos cheios de salas grandes, bem arejadas e iluminadas. Com mobília cara e uma leve decoração, como cortinas no estilo antigo chique e algumas salas com direito a almofadas gigantes, lembrando poltronas sem pés, muuuito confortáveis. Uma multidão de alunos mal intencionados me engoliu e me vomitou quase dentro da sala 304.


    Aula de história.


   Professor James Robert Harrison, mais conhecido pelos corredores como senhor Betovem. Apelidado assim, pois há três anos ficou meio surdo de tanto estudar Jazz, (ok, boato maldoso) mas sem duvida um excelente professor de história avançada. Professor Harrison, estava sentado na sua velha cadeira acolchoada, lendo um livro com seu aspecto sereno de sempre. Ele, como qualquer professor da idade dele é ou deveria ser: educado, antiquado e o melhor de todos... Nunca, nunca mesmo, tem ideias doidas, sobre renovar suas aulas aderindo ideias novas e “modernas”. Como um novo e mirabolante questionário idiota preparatório antes-do-teste. E provas surpresas? Não, isso não existia no seu vocabulário culto.


  Retirando toda a sua naturalidade de professor antiquado, seus olhos castanhos sempre me transmitiam uma tristeza sem fim e uma angustia contagiante. Como se lá no fundo, ele escondesse um segredo medonho que nunca ninguém suponharia existir.


    Temi que ele não houvesse escutado o sinal. Então, eu como uma boa garota, que sou, motivei-me a avisá-lo. Caminhei até a carteira dupla estacionada frente à mesa do professor. Contemplei a sala completamente vazia e silenciosa. Exceto por nós dois, é claro. Joguei meu fichário velho e os dois livros lado da carteira dupla resignada a mim. O impacto dos livros chamou sua atenção, que ergueu a cabeça redonda sem muita animação para mim. Retribui seu gesto de “simpatia contínua” com um sorrisinho cortês e um tantinho irônico. Erguendo somente os cantos dos lábios. Ele colocou o livro que segurava entre os dedos gordos sobre a mesa e acomodou os óculos de aro arredondado no seu nariz largo e que às vezes me parecia meio torto também.


    — Senhorita... — ele franziu os lábios secos — Su... Salivam, sim?


    Concordei com a cabeça.


    — Vamos lá! Diga-me a que devo a honra da sua visitinha? Ahn... Recuperação? Trabalho extra? Ajuda com os exercícios?


    Ele marcou uma página amarelada do seu livro e o fechou cautelosamente. Pestanejei identificando certo sarcasmo no ar... e na ponta da sua língua. 


    — Senhor Harrison, o sinal já tocou. Nós temos aula com o senhor após o almoço, nas sextas, digamos que não é uma “visitinha” — informei, achando-me prestativa.


    — Claro. Eu sei. Mas afinal, mal havia começado o horário de almoço... Acabou? — perguntou pasmo, sua ironia tinha sumido. — Como o tempo passa voando lendo-se um livro bom. Já lestes a versão antiga de Romeo e Julieta? — O professor indicou o livro, depositando uma serie de tapinhas nele. Fazendo a poeira agarrada à capa, invadir bruscamente minhas narinas.


    Espirrei uma, duas vezes.


    E três.


   Abri a minha boca para responder um “Não, mas, lerei quando possível”, quando minha voz foi reduzida á nada ao toque intimidador do segundo sinal.   


   Felizmente dúzias de garotos e garotas entraram porta adentro. Se empurrado, falando alto, tagarelando, fofocando, avançando-se sobre suas carteiras selvagemmente, outros não. Pensei em cumprimentar alguns conhecidos, quase amigos. Hesitei. Já estava pressentindo eles já deveriam ter sigo avisados sobre o dia nacional-colegial dedicado a mim, supostamente para me ignorar. Aproveitei a distração do senhor Harrison para sentar no meu lugar.


    — Crianças! Crianças, por favor! Sentem-se nos seus lugares designados, sem exceções. Por favor, — pediu — senhorita... — cutucou o ombro de leve, já ao lado de sua mesa — senhorita Russell! Guarde imediatamente este telefone. E sente-se no seu lugar. Vocês, alunos, já deveriam estar cansados de saberem que telefones celulares são restritamente proibidos aqui na sala, e em toda a escola, principalmente em horários de aula. Só são liberados para casos extremamente urgentes ou, muito, muito importantes!


    Suas palavras estavam sendo exclusivamente direcionada a senhorita Russel. Agora já sentada. Uma das doze barangas da torcida, obviamente.


    — Meu caso está encaixado nessas duas opções, pode apostar senhor J — rebateu Rebecca Russel com sua vozinha arrogante e o seu sorrisinho travesso.


   Uma gargalhada, meio retardada percorreu a sala, fazendo Rebecca girar sua cabeleira castanha minada de mechas louras para dar uma olhada. Lançando uma piscadela sedutora e nada discreta, para Miles Marshall. Miles estava sentado uma carteira atrás da minha, com os braços cruzados atrás na cabeça, com um olhar malicioso, um sorriso relaxado a admirando.


    Então Rebecca cruzou as pernas, deixando amostra boa parte da sua calcinha, opa, quis dizer, das suas coxas desnutridas, devida a sua saia minúscula, fazendo os olhos de Miles quase soltarem da cabeça.


    Ecaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!


    Enquanto, sentado ao seu lado, Allison Harvey assentia, com seu falso ar de ingenuidade, fazendo seus cachos negros e compridos pularem ao lado do seu rostinho angelical. Outra baranga, que vivia de debaixo da saia de Rebecca, parece inacreditável, mas ela vivia lá, mas no fim, tinha suspeitas de que talvez ela pudesse ser pior que todas elas, juntas.


    Rebecca voltou sua atenção para seu telefone supercaro, recomeçando a teclá-lo e soltar risadinhas estridentes, sendo acompanhada por Allison. Sentadas na carteira dupla ao lado da minha. Estava ficando terrivelmente incomodada com aquele misero meio metro de distancia segura.


    Como se senhor Harrison acreditasse que uma garota de dezesseis anos tivesse algo de importante para fazer, ou dizer, grudada a de um celular, além de futilidades e usufruir do acesso à internet e paquerar garotos via-torpedos. Ele deveria já saber que aqui, educação antiquada não gerava mudanças drásticas de personalidade superficial... em barangas. O professor limitou-se a rebater e a dar continuidade aquele beisebol verbal, era completamente inútil. Ele voltou a sua tentativa-barra-fracassada de manter ordem e silêncio durante intermináveis 120 minutos para iniciar seu conteúdo novo. Todos o ignoraram. Inclusive a senhorita Russel e a sua soberba, Allison.


    Em todas as aulas, — exceto as aulas de “educação física”, é claro — sentamos em carteiras duplas. Nas aulas de história, sento-me com o adorável Oliver Blake. E estava ansiosa pela sua chegada, para saber, se era paranoia da minha mente estar tendo um dia péssimo. Ou Blake, seria mais um que me ignoraria. Mas não o havia visto até agora, talvez não tivesse vindo... Ah, que beleza.


    Voltei a ler os últimos trechos da ultima aula, enquanto “senhor J” continuava discursando sobre as normas da escola e, como a escola é restritamente contra celulares nas salas de aula ou em qualquer parte territorial da escola. Parei de prestar atenção logo depois, quase automaticamente.         


    A visão sobre meu fichário escureceu de repente, fazendo as letras sumiram. Obviamente algum aluno, retardado certamente, deveria estar perfeitamente estacionado bem na frente da lâmpada que iluminava meu acesso aos textos do caderno. Tampando qualquer réstia de luz. Bufei silenciosamente e bati o punho na minha testa. Virei meu corpo para o lado, em direção ao cara de pau, pronta para soltar minhas angustias deprimentes em palavras hostis, garganta a fora. Quando me deparei com a figura ofegante e amarrotada de Blake... Oliver Blake.


   Blake era o cara de pau, mas também era minha dupla, não podia... Engoli minhas angustias novamente, o mais fundo que pude, para não voltarem mais, pelo menos não por hoje. Enterrei-me mais na cadeira, não querendo transparecer meu humor adorável logo de cara e me concentrei em algo curioso nas suas roupas. Amarrotadas.


    Digo, amarrotadas demais. Meu rosto se transformou num ponto de interrogação.


    Blake percebeu.


   Ele deslizou pela cadeira, quase caindo. E enterrou ainda mais o boné preto sobre os seus cabelos louros, como se estivesse se escondendo de alguma coisa ruim. Ou talvez, de alguém... ruim.


    — Antes que você pergunte... eu sei. São as mesmas de ontem, eu sei. É, que, bem... Eu não tive como ir para casa ontem á noite. Deve ter percebido que acabei de chegar. Bem atrasado... — explicou-se rapidamente, quase numa respirada só.


    Então foi quanto meus olhos se petrificaram na curva do seu pescoço e todo resto pareceu perder a importância e desaparecer numa neblina densa e imaginaria. Destacando uma enorme “coisa” roxa.


    Um hematoma. 


 



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Meu estomago encolheu e revirou dentro da minha barriga. Quanto minha inocência oscilou, entendi perfeitamente que aquilo não era um machucado real, não de verdade. Parei de olhar antes de ele percebesse que estava marcado pela vadia.    Arqueei as sobrancelhas, não me contendo:    — Ah, é... dormiu aonde, ent&ati ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1189



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  • miranda Postado em 06/02/2014 - 17:43:32

    Saudades :(

  • miranda Postado em 05/12/2013 - 04:32:48

    Ooh!! Eu sinto falta dos seus capitulos... volta por favor...

  • miranda Postado em 05/12/2013 - 04:29:28

    Leitora pirando em casa sem seus capitulos!

  • miranda Postado em 04/12/2013 - 06:52:29

    # Volta

  • miranda Postado em 04/12/2013 - 06:50:35

    To louquinha p saber os proximos capitulos... basta saber se vc vai ser uma boa escritora e postar p essa sua fã q morre de amores por *Segredos Sujos*

  • miranda Postado em 04/12/2013 - 06:40:33

    Amooor... eu to de volta! Agr vou poder comentar muiito... meu pai fez uma supresa ontem, acredita?! Rsrs' ele adiantou o meu presente de natal e me deu o smartphone, agr imagina a minha alegria... kkk Oooh, p q vc sumiu??? Vc ta bem??? Por favor de um sinal de vida... # VOLTA

  • beeal Postado em 15/10/2013 - 13:05:13

    Vai postar mais não :/

  • bola Postado em 26/09/2013 - 11:30:22

    Não vao + postar? :(

  • tahvondy Postado em 06/09/2013 - 20:40:46

    dulce quando vc vai poder postar?

  • miranda Postado em 29/08/2013 - 21:20:13

    que pena,volta logo por favor... estou com saudades!! :s


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