Fanfic: ~ SEGREDOS SUJOS, VONDY | Tema: Rebelde

Mas para o desgosto de Lola, Christopher estava prendido demais a sua partida de tênis, ou talvez... por usa loiríssima adversária. Para dar-se conta que nós estávamos ali e nós cedermos alguns minutos da sua “digníssima” atenção e presença. Mas como típico de Lola, ela achou rapidamente a maneira quase perfeita de chamar sua atenção, sem dar um pequeno escândalo. Quer dizer... mais ou menos.

   Ela me encarou.

   — Veja e aprenda com a Mestra Lola.

   Quase tive um enfarto quando a “Mestra Lola”, do nada, mesmo, se atirou em cima de um cara grandalhão, que estava observando o jogo agarrado ás grades que separavam as quadras uma das outras. Foi tão rápido, que só consegui ouvir um grito agudo e Lola jogada no chão.

   Corri até ela.

   O cara-porta se virou sobressaltado e se abaixou ao lado dela.

   — Se machucou? Nossa! Nem percebi que tinha alguém atrás de mim. Foi mal. Sinto muito!

   Lola grunhiu e segurou o tornozelo dramaticamente.

   — Não se desculpe, a culpa foi toda minha, sou uma desastrada, céus — disse ela, chorosa, ajeitando o cabelo, mordendo o lábio inferior.

   Nossa... ela não perdia um!

   A aquela altura várias pessoas já tinham se amontoado a nossa volta. Um bando de intrometidos, se pelo menos se estivessem ajudado. Voltei meus olhos para quadra B, por curiosidade. E senti meu coração ganhar um novo ritmo... rápido, muito rápido, rápido demais... Quando percebi que para variar mais um dos planos de Lola tinham dado certo. Christopher não estava mais jogando. Ele estava caminhando em nossa direção, se juntando a rodinha formada em volta de Lola. E digamos que pela cara dele, ele não estava muito feliz em nos ver. Ok, ok, ok me ver.

   Ele me encarou por um momento, abri a boca para dizer a primeira coisa coerente que me viesse à cabeça, mas nada saiu. Ele empurrou quem estava no caminho, parando na frente de Lola. Que continuava flertando descaradamente com o carinha-porta. Ele estendeu o braço até o dela, mas ela nem pereceu ter percebido sua presença. Ele agarrou o braço de Lola e a puxou, levantando-a. Sério, como se ela nem pesasse nada. Lola tomou equilíbrio e já estava pronta para soltar um berro daqueles, quando se assustou ao ver quem era. Ela soltou uma risadinha nervosa.

   — Christopher! Você por aqui? — cumprimentou Lola, bem humorada.

   Ele voltou a me encarar por mais dois segundos, como se não conseguisse acreditar no que estava acontecendo e depois voltou sua atenção novamente para Lola.

   — Como sempre muito engraçadinha Lola. O que diabos vocês estão fazendo aqui, hein? E como é que entraram? Que eu saiba isso aqui é particular.

   Lola como sempre já tinha se ofendido por nos duas.

   — Tenho meus métodos, OK. — ela piscou para ele e voltou a encarar o carinha-porta e depois voltou a encará-lo, de novo. — E não seja grosseiro, viemos apenas conversar com você.

   Pigarreei. Lola me olhou, meio que se tocando.

   — Quer dizer... D veio conversar... Tanto faz! Eu só vim aqui torcer meu pé e me agoniar de dor, mesmo — disse ela irritada, com respiração irregular.

   Ela mancou até uma cadeira de plástico branca e desabou. Lola realmente tinha se machucado ou ela fingia bem pra caramba!

   — Não tenho nada para conversar com “D” — ele respondeu me olhando de canto.

   Imbecil debochado, ele estava sorrindo.

   — Ei, graçinha. — chamou Lola, o cara-porta — Senta aqui e me faça companhia, o “bagulho” entre esses dois vai demorar. 

   Ele se aproximou e puxou uma cadeira para o lado dela com um sorrisinho sacana.

   — Namorados?

   Carinha mais abusado! Tomei ar para berrar um “Não é da sua conta, seu idiota” bem mal educado mesmo, mas Lola foi mais rápida.

   — Não, não. — negou ela e rolou os olhos. — Eles são tipo... aquelas coisas de superamigos, melhores amigos. Sabe... babaquices adolescentes — disse ela num tom maduro engraçado. Ele assentiu, achando graça. — Bem... mas ultimamen...

   Christopher agarrou os pulsos de Lola, de repente, levantando-a quase colando sua testa na dela, de um jeito intimidador, quer dizer apavorante!

   — Escuta aqui Lorena, tenho sido muito paciente com as suas brincadeiras. Mas, agora, estou de saco cheio de você! Um conselho: cala essa sua boca enorme, antes que até eu me arrependa do que estou com vontade fazer com você!

   Ele apertou ainda mais os pulsos. Fazendo-a os puxar de volta, tentando se soltar, sem sucesso.

   — Solta ela! Christopher... solta... ela! Está a machucando!

   Um segundo depois ele a soltou, jogando os pulsos dela contra o seu peito, como se eles lhes causassem nojo. Lola cambaleou para trás, caindo de volta em sua cadeira. Ele parecia realmente possuído, para Lola que nunca o tinha visto assim... ela parecia chocada, chegou a se encolher. Bem... eu já estava costumada com aqueles típicos momentos: “Todos tem que me respeitar. Ponto.”

   — Ei, cara, relaxa! A garota não tem culpa se você tem problemas aí — disse o carinha se pondo de pé, maneou a cabeça para mim.

   Nossa! Agora eu era o problema?!

   Que beleza!

   Apesar de o cara ser uma porta viva, foi Christopher dar uns paços na sua direção que ele voltou para sua cadeira com o rabinho entre as pernas. OK, impressão minha ou todos tinham medo dele?

   — Chris! — o repreendi.

   Coloquei a minha mão no braço dele. Ele se sacudiu e saiu andando, bufando e resmungando sem parar.

   O segui.

   Ele parou dentro do único bar que tinha no CLUBSPORTS, se debruçou sobre a bancada e pediu algo a um barman gorducho com tatuagem de cobra no braço direito. Christopher se virou para mim.

   — Se quiser pedir algo, peça logo — disse Christopher ríspido, se referindo ao bar.

   Como ele conseguia ser tão antipático?

   — Só quero conversar.

   O barman voltou e bateu um copo cheio do que me parecia uísque na bancada. Christopher encolheu os ombros e ergueu o copo até a boca e o esvaziou num gole só, como se fosse água.

   Caramba. Arregalei os olhos.

   — Não acha que está um pouco cedo para beber? — perguntei, apontando para um relógio na parede, depois para bebida. — E uísque?!  

   Ele olhou o relógio vagamente e deu de ombros.

   — Não disse que só queria conversar? Vamos, não tenho o dia todo.

   O barman ergueu a cabeça e nos encarou com curiosidade, me deixando desconfortável. Ergui as sobrancelhas indicando-o e Christopher assentiu, sem precisar de demonstrações maiores para “entender”.

   — Podia nos dar licença... agora?

   OK, aquilo não soou como um pedido e nem educado, alias.

   — Saquei. — ele sorriu, mostrando os dentes demais — A moça quer privacidade, pode deixar — disse e piscou malicioso para mim.

   Ele se virou e foi indo para outro lado do balcão, parecendo uma tartaruga fofocar com o outro barman alto e bonitinho, me deixando de queixo caído. Privacidade? O bar nem estava vazio para ele dizer tamanha baboseira. Limitei-me a insultá-lo pelas costas.

   — Ouviu o que ele disse? — soei indignada mesmo.

   — Dulce deixa de ser infantil. O que eu posso fazer se quase ninguém pensa que só somos amigos?

   — O que você pode fazer? Ora, dizer o contrário já seria um bom começo. Não acha?

   Ele virou para bar e bateu com força o punho fechado no balcão.

   — Outra, por favor. To ficando louco, já!

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