Fanfic: ~ SEGREDOS SUJOS, VONDY | Tema: Rebelde

   O clima ficou mais pesado. E por um segundo pensei que ela fosse subir em cima de mim e começar a latir ordens como uma maluca. Mas não. Ela abriu um sorriso tenso e forçado, que dava para perceber de longe e se levantou. E começou a catar as suas roupas por todo o quarto. Percebi que ela só estava usando roupa intima depois que ela ficou certa distancia de mim e meus músculos “relaxaram”.

   Eu a olhei mais atentamente.

   Justine era linda, não dava para negar. Loira, alta. Postura sempre elegante, cansativa. Olhos azuis perfeitos, nariz fino e empinado e as feições duras, mas belas. Acho que nunca a vi relaxada, na verdade, sem pensar nos problemas e em outra coisa que não fosse à sociedade e os seus “benefícios”. Tirando seu gênio difícil e os momentos de discordância. Eu não me conseguia me ver longe dela, quer dizer, eu tenho carinho enorme por ela, sempre terei. Eu sempre fui apaixonado por ela. Ahn, loucamente. Mas de uns tempos pra cá, como própria disse, nosso namoro tinha mudado. E eu já tinha quase certeza que não era para um lado positivo. E na cabeçinha de Justine, agora, sexo era solução. Quer dizer, claro que não seria ruim tentar, mas eu não sentia que naquele momento que ia ser uma coisa legal. Não parecia o momento certo. Se é que ainda teria um momento para isso. Ainda mais que era nossa primeira vez juntos... num motel. Deus! E se o nosso problema era outro, certamente sexo ia nos distrair por um tempo, mas depois, tudo voltaria ao “normal” novamente. Talvez nos só estivéssemos nos distanciando do problema real, para não enfrentá-lo e com isso as consequências dele.

Justine

   Oliver estava me irritando. Estava a ponto de lhe meter uma porrada verbal daquelas. Querendo me lançar indiretas de que talvez fosse terminar. Pelo amor de Deus! Que desaforo. O que ele tem na cabeça? Merda, só pode. Nós somos o casal perfeição da escola, o exemplo a ser invejados por todas as garotas. E ele quer acabar com isso, por que do nada ele acha que não é tão mais divertido ficar ao meu lado. Eu bem que tento fazer as coisas ficarem legais, tipo, como tentar transar. Provocar ele e tudo mais, mas parece que ele é assexuado. Ou talvez ele nem me deseje. O que é frustrante demais para pensar na hipótese.

   Suspirei.

   Fazia mais ou menos uns quinze minutos que Oliver tinha me deixado em casa. Realmente não estava afim de pensar nas indiretas de Oliver, pelo menos não hoje. Tinha coisas mais interessantes para pensar, em fazer... Ahn, uh como ir ao salão de beleza, ou um SPA, receber massagens deliciosas, de caras deliciosos. Treinar e inventar novas coreografias para torcida ou sair com Melissa, minha melhor amiga dês do jardim de infância e sei lá, ir ao shopping, e, ahn... renovar o closet, de novo.

   Outro suspiro.

   Essas coisas pareciam ser tão... tão chatas e desnecessárias. Era o que o meu mundo subconsciente estava aos berros me gritando. Para dizer bem a verdade... eu não tinha coisas tão mais interessantes assim para fazer, só o de sempre, as coisas fúteis de sempre e eu as vezes me questionava se era realmente essa a imagem que eu queria transmitir as pessoas. Todos que me viam tinha certeza, que só enxergam uma garota fútil e mimada, sem escrúpulos e conteúdo. Mas eu sabia que não bem assim. Oliver já tinha me dito que só as pessoas realmente me conheciam sabia quem eu realmente era. Mas parecia que aquele meu lado “garota má” sempre me perseguia e por mais que eu tentasse dizer que não era verdade, a mim mesma até, sei que no fundo eu gostava de me sentir melhor que os outros, demonstrar que eu era superior aquele bando de bolsistas da Brooke Hill, que só sabem querer me julgar pelas costas, pelo que eu pareço ser, não pelo que eu sou de verdade. 

   E por eles nos seus devidos lugares, é o que eu sabia fazer de melhor.

   Para minha detestável “sorte” cheguei mega atrasada na escola. Cheguei apenas na hora do almoço, que maravilha. Dormimos demais... Pois meio que sequestrei Oliver para um lado afastado da cidade, depois que nós tínhamos acabado de jantar sanduiches naturais e refrigerantes diet, numa lanchonete perto da fazenda Blake, quando uma súbita ideia me surgiu. Desempenhar meu melhor papel de vadia para cima do meu namorado puritano seria a solução. Enfim, eu quis dizer o pior, por que... Pelo amor de Deus! Me senti totalmente horrível fazendo aquilo, mas no fundo, no fundo, pensei que talvez desse certo me jogar para cima dele, tipo, uh, com tudo! E eu e ele nos tornaríamos mais íntimos e digamos que tudo ficaria bom de novo, mas não foi assim. O pior não foi me sentir vagaba, foi me sentir tão suja, que nem ao menos pensei que um dia teria coragem de me oferecer desse jeito, ainda mais com meu namorado. E parando para pensar, que namorado recusaria uma oferta dessas? Que cara recusaria? Oliver sempre parece tão certinho que eu sempre pensei que talvez fosse o jeito dele de conseguir as coisas, mas não. Ele realmente é certinho e o namorado mais perfeito. Ele realmente se importava comigo. Ele realmente não achava que eu tinha que virar uma safada ou alguma imitação de prostituta barata para agradá-lo, nem a ninguém. E meio que acabei com tudo. Sou uma especialista em estragar tudo. Tudo, tudo e tudo. Só agora eu conseguia enxergar que quem fez tudo ficar estranho, era eu. Oliver não tinha culpa, não mesmo e nunca teve. Ele sempre quis o melhor para mim. Nunca me magoou nunca me forçou a fazer nada que eu não quisesse. Nunca sequer me traiu... E eu praticamente fiz tudo isso com ele e muito mais. Caramba! Eu. Sou. Um. Monstro. Como eu ainda consigo respirar? Sem doer... Merda. Oliver nunca fez mais do que me dar todo seu coração e o seu amor... e eu.... e eu estraguei tudo! Não sei nem como eu ainda consigo olhar para ele... e não desabar em choro catarrento e culpa.

   Eu sabia que podia fingir e afundar as verdades mais uma vez no fundo da minha mente. Sufocar a culpa. E esmagar a dor. Mas a minha consciência, não, isso eu não conseguia... não com Ele... Oliver não me merecia... Ele merecia alguém melhor do que eu. Eu merecia ter a mim como namorado, um monstro que me fizesse sofrer mesmo sem saber. Mas o meu egoísmo é tão gigantesco que só em pensar em abrir mão da única pessoa que se importava comigo, eu morreria. Uma das únicas pessoas que era verdadeira comigo. A única que me mostrou que o amor existe e que não é uma coisa física e sim emocional. Algo que se sente com a alma, com o coração. Não com o corpo. E a única coisa que eu dei a ele em troca, foi mentiras, ilusões e traições. E por quê? O que tem de errado comigo? Por que eu sou assim? Por que eu odeio todo mundo, por que faço metade das pessoas que me conhecem me detestarem com toda a sua capacidade de detestar alguém? Por que firo os que se importam? Por que eu sou um mostro. Debaixo de toda a maquiagem e da pele macia, tinha um ser, algo perigoso, feio, arrogante e pretensioso que me faz ser assim. Apesar de que o Oliver não enxergar isso. Ele é cego. Só vê o lado bom. O lado que não existe. Por isso parecia ser tão fácil o enganar, tão divertido, tão delicioso. Por ele ser tão perfeito, inocente... tão ridiculamente ingênuo. Tão ao contrario de mim e do mundo em que eu vivo. Do mundo que só destrói.

   Eu podia amá-lo, mas não o merecia. Não mais.